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domingo, 2 de setembro de 2018

Caso de extorsão - Esquema Cearense - testemunha diz que Ciro Gomes sabia de tudo

Testemunha diz que Ciro Gomes sabia de "esquema cearense" da Lava Jato

Um dos episódios mais polêmicos da Operação Lava Jato, que envolveu a delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios da JBS, em maio passado, também teria se estendido ao candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes. Em entrevista à revista Veja, uma testemunha relatou que o presidenciável, embora se declare ficha-limpa, não só está cercado de alvos da operação como tinha ciência e, inclusive, participação em esquema criminoso de extorsão no Ceará em 2014.

O esquema cearense

O irmão de Ciro, o marqueteiro de Ciro e o ex-chefe de Ciro estão enrolados na Lava-Jato. Uma testemunha, agora, diz que o próprio Ciro também sabia de tudo

O candidato Ciro Gomes tem feito questão de lembrar ao eleitor que não é investigado pela La­va-Jato, mas a Lava-Jato está no seu encalço. A pedido da Procuradoria da República no Ceará, a polícia vem apurando a existência de um esquema de extorsão contra empresários no governo do Ceará. Entre os suspeitos de promover o achaque figuram um dos irmãos, o marqueteiro e um ex-empre­gador de Ciro Gomes — e, agora, apareceu uma testemunha afirmando que o próprio Ciro participava do esquema criminoso.


As investigações apontam que um braço do grupo JBS teria pagado R$ 20 milhões em propina em troca da liberação de créditos fiscais junto ao governo cearense para financiar campanhas eleitorais nas eleições passadas. Parte do dinheiro seria destinada aos cofres do Pros, partido ao qual Ciro e seu irmão, Cid Gomes, foram filiados entre 2013 e 2015. O acerto teria sido feito diretamente com Cid, então governador do estado, o hoje deputado federal Antônio Balhmann e o atual secretário estadual Arialdo Pinho, ex-chefe da Casa Civil do governo de Cid.

“Ciro sabia e participava, com certeza”, afirmou à revista Niomar Calazans, 48 anos, ex-primeiro-tesoureiro do Pros. Segundo Calazans, os irmãos Gomes teriam pagado R$ 2 milhões para manter o controle sobre o partido no estado, em negociação feita pessoalmente por Ciro. Já os irmãos Batista, segundo a reportagem, se questionam se o esquema seria restrito apenas à JBS, embora a companhia tenha sido a única a denunciar o ocorrido.

Pinho e Balhman teriam sido encarregados de pedirem propina aos sócios da JBS ameaçando não liberar créditos da União para investimento no estado. Após uma reunião, acertaram que parte do dinheiro (R$10,2 milhões) seria repassada como contribuição oficial. Os R$9,8 milhões restantes cairiam no caixa dois.

Arialdo Pinho, dono do parque aquático mais famoso do estado, o Beach Park, é um dos amigos mais antigos de Ciro Gomes. Outra pessoa apontada pelos delatores como beneficiária da propina é o governador Camilo Santana (PT), que concorre à reeleição com o apoio de Ciro e do PDT.

Cid Gomes, Arialdo Pinho e Antônio Balhmann são alvos de denúncia do Ministério Público do Ceará, que pediu, na semana passada, a abertura de um inquérito para apurar o suposto pagamento de propinas em 2014.

“No Ceará, um não faz nada sem o outro. Cid Gomes era governador por indicação do Ciro. Quando um está em um partido, o outro também está. Trabalham em conjunto”, disse Calazans sobre a relação entre Cid e Ciro.

Na última terça (28), Calazans depôs à Polícia Federal em inquérito que investiga a falsificação de documentos do Pros — o próprio ex-tesoureiro realizou a denúncia, em 2015, enquanto ainda estava no partido. Pouco depois, foi expulso da sigla por infringir o código de ética e disciplina da legenda.

“Ciro sabia e participava”

O administrador de empresas Niomar Calazans, 48 anos, ajudou a fundar o Pros e foi primeiro-tesoureiro nacional do partido por mais de dois anos. Durante esse tempo, também exerceu o cargo de secretário da presidência da legenda. As duas funções colocaram-no à cabeceira da mesa das principais negociações políticas e financeiras do Pros entre 2013 e 2015, período em que o partido, sabe-se hoje, foi usado como incubadora de várias tramoias, principalmente nas eleições de 2014. 

No âmbito federal, a sigla vendeu seu apoio à presidente Dilma Rousseff. Nos estados, vendeu diretórios regionais para abrigar candidaturas e dar suporte a alianças de conveniência.

Uma das tramoias aconteceu no Ceará. A Lava-Jato descobriu que uma empresa do grupo JBS pagou 20 milhões de reais em propina em troca da liberação de créditos junto ao governo — e parte do dinheiro foi parar nos cofres do Pros. Os delatores da empresa contaram que o acerto foi feito com o então governador Cid Gomes (Pros), o hoje deputado Antônio Balhmann e o hoje secretário estadual Arialdo Pinho.

Em entrevista ao repórter Hugo Marques, o ex-tesoureiro conta o que viu e ouviu sobre esses pagamentos de propina e diz que Ciro Gomes, candidato a presidente da República, sabia e participava de todas as negociações — as lícitas e as ilícitas. Afirma também que o presidenciável chegou a negociar pessoalmente a “compra” do diretório do partido no Ceará. Na terça-feira 28, Calazans prestou depoimento como testemunha num inquérito na Polícia Federal que investiga a falsificação de documentos da sigla — denúncia que ele mesmo fez em 2015, ainda na condição de tesoureiro, e que resultou em sua expulsão da legenda “por ter infringido o código de ética e disciplina do estatuto do Pros”. Calazans, na época, acusou Euripedes Junior, o presidente do partido, de fraudes e desvio de dinheiro público.

Leia a conclusão, clicando aqui

Publicado em VEJA de 5 de setembro de 2018, edição nº 2598

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