Petrobras não consegue dimensionar suas perdas
Todo dia
a Petrobras compra e vende petróleo e derivados no mercado mundial. Durante a
última década e meia, negociou em média 400 mil barris a cada jornada de 24
horas, a preços variáveis. Agora
descobriu-se que parte dessas transações não teve qualquer registro e deu
prejuízos à empresa estatal, mediante subornos pagos a funcionários,
intermediários, políticos do PT e outros partidos políticos.
Eles
receberam propinas entre dez centavos e US$ 2 por barril de petróleo e
derivados nas negociações diárias, com pagamento à vista, e em contratos de
longo prazo — mostram os novos processos abertos na Operação Lava-Jato. O grupo
fazia a Petrobras comprar a preços acima de mercado e a vender a preços mais
baratos. Numa negociação de 300 mil barris, por exemplo, acertavam com o
cliente estrangeiro “comissão” de US$ 1 por barril e embolsavam US$ 300 mil.
Chegaram a “sumir” com 17,5 mil toneladas métricas de combustível da estatal
embarcadas em três navios. Em 2012, celebraram o recorde de US$ 2 de propina sobre
uma carga levada a Fortaleza.
A
Petrobras não consegue dimensionar suas perdas na área, onde obtém dois terços
do seu faturamento. Contou ao Ministério Público, em abril:
“Não é
possível localizar todas as aprovações (dos gestores), visto que algumas ocorreram
em despachos presenciais ou por telefone, principalmente para os casos mais
antigos.” São 15 anos de contratos informais, diários, sem controle de
auditores e de órgãos como CVM e TCU. Entre os
principais beneficiários se destacam três trading companies, irmãs na hegemonia
sobre o mercado mundial de petróleo e derivados. Vitol, Trafigura e Glencore
somam receitas de quase US$ 500 bilhões por ano, seis vezes mais que a estatal
brasileira, equivalente ao PIB de Minas.
Os
processos deixam claro que “a alta cúpula dessas empresas tinha total
consciência do que estava ocorrendo”. Devem ir a julgamento no Brasil, nos
Estados Unidos e na Suíça.
José Casado, jornalista - O Globo
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