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domingo, 9 de dezembro de 2018

“Em nome do pai” e outras notas de Carlos Brickmann

Em política, quem fala não sabe, quem sabe não fala. E não pega bem ficar escolhendo filhos para tudo quanto é cargo de comando


Para boa parte do PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, os candidatos à sua liderança na Câmara e no Senado já têm nome ─ e sobrenome. Para o Senado, Flávio Bolsonaro; para a Câmara, Eduardo Bolsonaro. E, se mais cargos houvera, mais Bolsonaros indicara. Mas há outra ala no partido, talvez menos numerosa, mas mais aguerrida e cheia de ambição: a de Joice Hasselmann, que teve mais de um milhão de votos para a Câmara sem ter o sobrenome Bolsonaro. O que não quer, para ela, dizer muita coisa: segundo afirma, ela é a cara política de Jair Bolsonaro, sua gêmea ideológica, sua família de alma, mesmo sem ser da família.

Joice foi direto ao alvo: disse que Eduardo Bolsonaro falha como líder do partido e que sua articulação política está abaixo da linha da miséria. E Eduardo Bolsonaro se comportou como alvo: disse que não pode nem deve ficar falando o que faz por ordem do presidente. Mas já falou que age por ordem do presidente. Tirou de Bolsonaro a melhor arma: a de poder dizer que o filho agiu por conta própria, não em nome dele. Agora já se sabe: de acordo com Eduardo, para o bem ou para o mal, ele age em nome do pai. 

E Joice Hasselmann, excelente polemista, saberá usar essa informação. Em política, quem fala não sabe, quem sabe não fala. E não pega bem o pai escolher os filhos para tudo quanto é cargo de comando. Parece Sarney.
Enfim, a guerra foi declarada. O PT pode respirar: o PSL briga sozinho.

Fogo contra fogo
A propósito, “guerra” é a palavra correta. Num grupo de Whatsapp do PSL, Eduardo Bolsonaro e Joice se acusaram de rachar o partido, e Major Olímpio, senador eleito por São Paulo, entrou na briga dizendo que Joice não tem apoio de ninguém. Mas tem, sim, de algumas pessoas que jogam abertamente contra Eduardo Bolsonaro. E a briga, que começou por divergências políticas, hoje é também pessoal. Segundo Andréa Sadi, boa repórter de O Globo, políticos e militares mais próximos de Bolsonaro já pediram a ele que bote ordem no partido. Se a bancada não consegue se unir, como juntará 308 deputados para aprovar a reforma da Previdência?

(...)

Chegando lá
Amanhã, segunda-feira, é o dia da diplomação do presidente eleito Jair Bolsonaro e do vice, general Hamilton Mourão, em sessão solene no TSE, Tribunal Superior Eleitoral. Diplomados, ambos estarão aptos a tomar posse no dia 1º de janeiro e a exercer o mandato para o qual se elegeram.



Publicado na Coluna de Carlos Brickmann

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