Em política, quem fala não sabe, quem sabe não fala. E não pega bem ficar escolhendo filhos para tudo quanto é cargo de comando
Para boa parte do PSL, partido do presidente eleito Jair Bolsonaro, os candidatos à sua liderança na Câmara e no Senado já têm nome ─ e sobrenome. Para o Senado, Flávio Bolsonaro; para a Câmara, Eduardo Bolsonaro. E, se mais cargos houvera, mais Bolsonaros indicara. Mas há outra ala no partido, talvez menos numerosa, mas mais aguerrida e cheia de ambição: a de Joice Hasselmann, que teve mais de um milhão de votos para a Câmara sem ter o sobrenome Bolsonaro. O que não quer, para ela, dizer muita coisa: segundo afirma, ela é a cara política de Jair Bolsonaro, sua gêmea ideológica, sua família de alma, mesmo sem ser da família.
Joice foi direto ao alvo: disse que Eduardo Bolsonaro falha como líder do partido e que sua articulação política está abaixo da linha da miséria. E Eduardo Bolsonaro se comportou como alvo: disse que não pode nem deve ficar falando o que faz por ordem do presidente. Mas já falou que age por ordem do presidente. Tirou de Bolsonaro a melhor arma: a de poder dizer que o filho agiu por conta própria, não em nome dele. Agora já se sabe: de acordo com Eduardo, para o bem ou para o mal, ele age em nome do pai.
E Joice Hasselmann, excelente polemista, saberá usar essa informação. Em política, quem fala não sabe, quem sabe não fala. E não pega bem o pai escolher os filhos para tudo quanto é cargo de comando. Parece Sarney.
Enfim, a guerra foi declarada. O PT pode respirar: o PSL briga sozinho.
Fogo contra fogo
A propósito, “guerra” é a palavra correta. Num grupo de Whatsapp do
PSL, Eduardo Bolsonaro e Joice se acusaram de rachar o partido, e Major
Olímpio, senador eleito por São Paulo, entrou na briga dizendo que Joice
não tem apoio de ninguém. Mas tem, sim, de algumas pessoas que jogam
abertamente contra Eduardo Bolsonaro. E a briga, que começou por
divergências políticas, hoje é também pessoal. Segundo Andréa Sadi, boa
repórter de O Globo, políticos e militares mais próximos de
Bolsonaro já pediram a ele que bote ordem no partido. Se a bancada não
consegue se unir, como juntará 308 deputados para aprovar a reforma da
Previdência?(...)
Chegando lá
Amanhã, segunda-feira, é o dia da diplomação do presidente eleito
Jair Bolsonaro e do vice, general Hamilton Mourão, em sessão solene no
TSE, Tribunal Superior Eleitoral. Diplomados, ambos estarão aptos a
tomar posse no dia 1º de janeiro e a exercer o mandato para o qual se
elegeram.Publicado na Coluna de Carlos Brickmann
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