Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia discute assuntos como a percepção da sociedade sobre o câncer e as dificuldades do SUS
[presidente Bolsonaro: bem mais importante que dar moleza a caminhoneiro é resolver o problema exposto nesta matéria;
a biópsia e o passo inicial e custa bem menos do que ficar refém de caminhoneiro - SAÚDE SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR.]
As dificuldades em concluir exames de biópsia estiveram entre os temas mais discutidos no primeiro dia do IX Fórum Nacional de Políticas de Saúde em Oncologia, do Instituto Oncoguia. O evento reuniu especialistas de diversas áreas para discutir assuntos como a percepção da sociedade sobre o câncer, o acesso justo à oncologia, as dificuldades do Sistema Único de Saúde (SUS) com as biópsias e o resultado parcial de uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer.O presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Clovis Klock, comentou que há uma grande desistência de residentes na área de patologia do sistema de saúde devido às más condições de trabalho e à incapacidade de concluir um grande número de exames em tecidos de pacientes com suspeitas de câncer. Segundo Klock, em vários estados, há pacientes que aguardam até quatro anos por um exame simples. Quem tem de realizar esses testes não conta com equipamentos adequados, ou recebe os materiais mal-acondicionados, em frascos e imersos em formol em dosagens inadequadas. Segundo ele, a tecnologia usada no sistema é a mesma da década de 1980, e muitos pacientes morrem à espera de um diagnóstico.
Auditor da CGU, Rodrigo Eloy apresentou dados da auditoria feita pelo órgão na Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer. Os dois principais problemas do setor são estruturais, pois existem municípios sem tratamento oncológico num raio de 400km; e financeiros, pois o Ministério da Saúde transfere verbas a hospitais por expectativa de atendimentos. Com isso, não consegue nem ampliar a rede nem otimizar os serviços que já são prestados. Os auditores concluíram que o melhor seria o governo federal transferir a verba por atendimento.
O levantamento constatou também a falta de padronização na compra de medicamentos, e a CGU teve de barrar licitações para impedir gastos abusivos. “Outro problema é a judicialização dos tratamentos, que aumenta ainda mais os custos. A área de oncologia avança muito rapidamente, mas o SUS tem dificuldades em incorporar essas novas tecnologias”, disse. “Para ter acesso a um tratamento melhor, o paciente aciona a Justiça. Com isso, o Estado paga mais caro do que se tivesse feito a compra de um novo medicamento, por exemplo.”
Percepção
O Instituto Oncoguia apresentou, também, uma pesquisa do Ibope que mostra o entendimento e a relação do brasileiro com o câncer. A pesquisa foi realizada em fevereiro de 2019, com 2.002 pessoas entre 16 e 55 anos, sendo 48% mulheres e 52%, homens. Constatou-se que 8% da população ainda não relaciona o tabagismo à doença, por exemplo. Além disso, 62% ainda não relacionam o mal à obesidade e ao sobrepeso, e 1/3 acredita que a doença é resultado de traumas psicológicos.
Por sua vez, 60% da população tem uma perspectiva positiva sobre a doença: 43% acham que o câncer pode ser curado se for detectado no início, e 56% ainda não acreditam que é possível um diagnóstico rápido da enfermidade. Um total de 73% não acha possível iniciar o tratamento em até 60 dias no Brasil. O maior motivo é a fila de espera nos hospitais. De acordo com a pesquisa, 38% têm uma perspectiva negativa sobre o câncer: desses, 16% veem a doença como uma sentença de morte, 15% pensam nela como uma fonte de sofrimento e dor e 7% temem até usar a palavra. Para a diretora executiva do Oncoguia, Luciana Holtz, a perspectiva da população pode mudar para melhor se o Estado promover políticas robustas para combater a doença.
Correio Braziliense
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