Por Renata Bueno
O empenho dos políticos para escapar de punições
Além dessa esfera, há a
possibilidade de o condenado apresentar recurso à Corte de Cassação, que
conta com cerca de 360 juízes e que constitui a cúpula do Poder
Judiciário na Itália. As apelações a esse tribunal, entretanto, não
impedem a execução das penas restritivas de liberdade. A operação Lava Jato no Brasil é comumente comparada com a operação “Mãos Limpas” (Mani Pulite) na Itália, também conhecida como Tangentopoli. A série de inquéritos
abertos pela Justiça italiana, no início da década de 90, levou para a
prisão políticos de quase todos os partidos do Governo, investigados por
crimes como extorsão, corrupção, ganhos ilícitos, associação criminosa e
violação da lei sobre financiamento público de partidos políticos.
O impacto da operação na
sociedade italiana foi tão forte que resultou no fim da chamada Primeira
República, com a substituição de partidos políticos históricos no
Parlamento, por outros recém-formados ou que eram minorias.
Entretanto, a fim de reduzir os efeitos da operação Mani Pulite, afim aprovada medida que impedia a prisão de políticos envolvidos em crimes de corrupção.
No dia 13 de julho de
1994, dias após uma onda de prisões de personalidades conhecidas, entre
as quais o irmão do então presidente do Conselho de Ministros, Silvio
Berlusconi, além de outros nomes importantes da indústria e das finanças
italianas, o governo emitiu um decreto-lei, o chamado “decreto Biondi“, assinado pelo então ministro da Justiça Alfredo Biondi. Apelidado
depreciativamente de “decreto salvaladri”, a lei favorecia com a prisão
domiciliar a maioria dos acusados pelo crime de corrupção. Por mérito,
esses réus só poderiam ser presos se o risco de fuga fosse efetivo e
qualquer outra medida parecesse inadequada.
Ao entrar em vigor, imagens de políticos acusados de corrupção saindo da prisão, graças ao decreto Biondi,
foram divulgadas e provocaram a ira da população. A oposição ocupou as
ruas e o próprio governo passou a defender a revogação do decreto. Após
uma sessão convulsiva no parlamento, no dia 19 de julho, o decreto
Biondi foi bloqueado.
Renata Bueno é
advogada, e a primeira deputada ítalo-brasileira eleita
pela Circunscrição América do Sul para ocupar uma cadeira no Parlamento
Italiano.
VEJA - Transcrito do Blog do Noblat
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