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segunda-feira, 1 de junho de 2020
A participação do ministro da Defesa em ato político rompe o apartidarismo dos militares - VEJA - Blog Thomas traumenn
O capitão Jair Bolsonaro tem mais ministros militares que qualquer
governo anterior, incluindo os dos generais do regime ditatorial. Hoje,
além do presidente e do vice, nove dos 22 ministros do governo são
egressos das Forças, incluindo o general da ativa Eduardo Pazuello, que
ocupa interinamente o Ministério da Saúde. São mais de 2.500 militares
com gratificações e cargos de confiança – um recorde para qualquer
tempo. Não é uma ocupação com respaldo na sociedade. Segundo a última
pesquisa do Datafolha, 52% dos brasileiros são contra a presença fardada
no poder político. [pesquisa realizada com 2069 entrevistados em 25 maio.Representatividade = 0 ZERO.] O presidente se apropria da imagem das Forças Armadas para poder
governar e intimidar. Quando tem um problema, nomeia um general. Assim,
ao mesmo tempo reparte a sua responsabilidade de escolha com as Forças,
tomando para si a credibilidade da instituição. Se der errado, ele
acredita que não apanha sozinho. Esta tática está sendo usada com péssimos resultados no Ministério da
Saúde. Os mais de vinte militares que ocupam os principais cargos da
pasta têm experiência em logística e conhecimentos nulos em
epidemiologia. Pessoas erradas no lugar errado no pior momento. Quando a
pandemia se for e as famílias das dezenas de milhares de brasileiros
mortos por Covid-19 forem procurar os culpados, os seus dedos vão
apontar Bolsonaro, alguns governadores e, agora, também os militares que
aceitaram uma missão para a qual não tinham capacidade. [o espaço para medidas de controle da pandemia foi fechado para Bolsonaro - O Supremo determinou que medidas de controle da pandemia, incluindo distanciamento e isolamento sociais, ficariam a cargo dos governadores e prefeitos. Não há possibilidade da culpa ser atribuída ao presidente Bolsonaro que, sabiamente, visitou o STF em caravana, e deixou bem claro quem era responsável pela aplicação das medidas de controle da pandemia. O presidente da República ficou de mãos atadas, já que medidas a serem adotadas pelo Governo Federal seriam contraditórias com as as determinadas por prefeitos e governadores.]
Tão grave para a reputação da Força é a licença que Bolsonaro se
permite para ameaçar outras instituições, mídia e adversários com o
espantalho do golpe militar. É fato que Bolsonaro convenceu a metade do
Alto Comando do Exército de que existe um complô de ministros do STF,
líderes do Congresso e empresários para impedi-lo de governar. A
solidariedade desses militares com o que consideram uma perseguição ao
presidente, no entanto, está se transformando em uma relação abusiva.
Bolsonaro usa os militares como se fossem sua milícia, sua tropa
particular para impedir vozes contrárias. É preciso aprender com a história. Quando deixaram o governo com João
Figueiredo em março de 1985, a imagem das Forças Armadas estava no
chão. Eram os culpados diretos pela falência do Brasil, então o país com
a maior dívida externa do mundo, inflação chegando a 200% ao ano e
desigualdade social recorde. Foram necessárias décadas de trabalho
sereno para as Forças recuperarem sua imagem junto à população. [recuperação que pouco adiantou, tendo em conta que continuaram desprestigiadas, suas demandas relegadas a planos secundários, desatualizadas e mesmo sucateadas.] Essa
reputação já se deteriorou nesses 500 dias de administração Bolsonaro.
Quando Bolsonaro se for, a conta de ter apoiado de corpo e alma um
governo tão incompetente cobrará o seu preço. Thomas Traumann - Blog em VEJA
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