Bernardo Mello Franco
Fachin leva três anos para reagir a pressão militar sobre STF
[ou conveniência? reagir tardiamente costuma não ser danoso - registra apenas uma reação tardia e nada mais; também pode ser uma tentativa de acirrar os ânimos, agora serenos ou uma forma de aporrinhar o presidente Bolsonaro - que agora começa a governar.]
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A manifestação do comandante do Exército foi festejada pelo então deputado Jair Bolsonaro e por defensores da chamada "intervenção militar", um eufemismo para golpe. Na época, quase todo o Supremo silenciou sobre a interferência indevida do general. O ministro Celso de Mello foi o único a protestar, já no fim do julgamento.[quando a decisão para manter o criminoso preso,já havia formado maioria.]
A pressão de Villas Bôas deu certo. Emparedado, o tribunal autorizou a prisão de Lula. O maior beneficiário da decisão foi Bolsonaro, que concorria ao Planalto com apoio dos quartéis. [tendo em conta que as Forças Armadas do Brasil não possuem efetivo bem inferior a 1.000.000 de homens e Bolsonaro foi eleito com quase 60.000.000 de votos, se conclui que o apoio dos militares teve grande importância, mas sem nenhuma influência no resultado final da eleição 2018.]
Em livro lançado na semana passada, o general conta que os tuítes foram previamente discutidos com o Alto Comando do Exército. Ele não expressou arrependimento pela afronta ao Judiciário. [alertar e afrontar possuem significados diferentes e alerta soa mais como uma ação respeitosa e amiga.] Nesta segunda de Carnaval, Fachin afirmou que o relato de Villas Bôas é "gravíssimo e atenta contra a ordem constitucional". É verdade, mas parece que o ministro levou quase três anos para descobrir.
Bernardo M. Franco, colunista - O Globo
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