Bolsonarista Daniel Silveira empurra os três poderes para um acordão e enterra a ‘nova política’
O ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão em flagrante de Silveira, que faz apologia do AI-5 e agride violentamente os ministros do Supremo; o plenário da Corte ratificou a prisão por unanimidade e em tempo recorde; [vejam o que o ministro Marco Aurélio declarou quando classifica a rapidez do STF ser consequência de decisão combinada:
"O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, afirmou que são grandes as chances de os ministros do STF terem “combinado” a prisão do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ). Isso porque o plenário ratificou, rapidamente, a decisão de Alexandre de Moraes. O juiz mandou prender o congressista depois da publicação na internet de um vídeo com críticas aos membros da Corte. “Não tivemos aquelas ladainhas. Eles conversaram entre si. Não falaram comigo, porque não admito conversas na minha vida. Não quero estar atrelado a nada. Quero estar solto na bancada. Não tenho a menor dúvida de que os ministros combinaram que confirmariam a prisão. Não somos ingênuos”, declarou o magistrado, ao portal Uol."
Leia também: “Prisão de Daniel Silveira é inconstitucional, afirmam juristas”]
O presidente da Câmara, Arthur Lira, ouviu Planalto, Senado e líderes partidários e articulou o acordão com o próprio Supremo. Duas coisas podem atrapalhar tudo: as ligações do deputado com a milícia e os dois celulares encontrados com ele.
Por
isso o STF não aceitou a primeira proposta do Congresso: a Câmara derrubaria a
prisão, mas com o compromisso de abrir processo contra Silveira no Conselho de
Ética. Como confiar, se o conselho lava as mãos até para a deputada e pastora
Flordelis, condenada pelo assassinato do marido? Enquanto
os poderes têm de perder tempo e energia com gente assim, vale refletir em que
contexto Daniel Silveira foi eleito deputado federal, depois de expelido da
Polícia Militar do Rio por 26 dias de prisão, 54 de detenção, 14 repreensões e
duas advertências. Com esse currículo, ele só pôde ser eleito na onda Jair
Bolsonaro, ele próprio um militar que saiu cedo do Exército por
insubordinação. [a afirmação não encontra amparo na decisão do Superior Tribunal Militar.]
Essa onda da “nova política” tirou do Congresso (e de legislativos e governos estaduais) políticos experientes e de bons serviços prestados em comissões, lideranças e relatorias de temas essenciais. E pôs no lugar policiais, bombeiros, militares, procuradores – entre eles, toda uma gente que sempre passou ao largo da política. Pior: com horror à política e à negociação, diálogo, contraditório. Para não dizer democracia e instituições. Ao destruir a placa [ilegal, pirata, falsa, que desprezava o fato de que dar nome a logradouros públicos e aposição de placa dos mesmos, é competência das prefeituras.] para a vereadora assassinada Marielle Franco, Daniel Silveira atacou o que ela representava: a política (entrou nela para destruí-la por dentro), mulheres, negros, gays, inclusão social, justiça e humanidade.
Agora,
ele está preso e foi abandonado, mas não fala sozinho. O deputado Eduardo
Bolsonaro já defendeu a volta do AI-5, o mais feroz instrumento
da ditadura militar, e que “basta um cabo e um soldado para fechar o STF”. E o
presidente da República, além de ouvir em silêncio o então ministro da Educação
propor a prisão dos membros do Supremo, atiçou e participou de atos contra as
instituições. A
“nova política”, porém, envelheceu rapidamente, com Wilson Witzel afastado
do governo Rio por desvios, governadores do PSL e do PSC em apuros, a
deputada Bia Kicis (PSL-DF)
rejeitada por multidões para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), um
bando deles respondendo no Supremo por fake news e movimentos golpistas. [o que mais desespera os inimigos do Brasil = inimigos do Bolsonaro, inimigos da Pátria, arautos do pessimismo, adeptos do "quanto pior, melhor é que apesar de ciscarem desde antes de 2019 NADA ENCONTRAM, NEM ENCONTRARÃO, CONTRA O PRESIDENTE JAIR MESSIAS BOLSONARO.].
O próprio Bolsonaro está saindo de fininho, abraçado à “velha política” e ao Centrão e empenhado na aproximação com o Supremo. Os filhos que votem como bem entenderem sobre a prisão de Silveira, um bolsonarista raiz, porque papai Jair está mais preocupado em se dar bem no Congresso e no Supremo. Para os Silveiras e o resto, migalhas. Ou armas e munições à vontade.
Eliane Cantanhêde, jornalista - O Estado de S. Paulo
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