O Estado de S. Paulo Bolsonaro tem forte crença de que há conspirações para tirá-lo do poder ["o preço da liberdade é a eterna vigilância." Thomas Jefferson]
Jair Bolsonaro é um homem de
convicção. Não se trata de convicção sobre princípios de política ou de
economia, mas, sim, da convicção trazida pela percepção de que ele, presidente
da República, está perdendo instrumentos de poder. Como o de demitir chefes de
estatais, ou de exigir deles obediência ao que Bolsonaro considere melhores
políticas – incluindo fechamento de agências do Banco do Brasil ou formação
de preços de combustíveis.
A convicção de Bolsonaro baseia-se na forte crença de que há sempre conspirações
em curso para tirá-lo do poder. Esses processos mentais, não importa a opinião
médica que se tenha deles, são fatores importantes para se entender a motivação
e as decisões do presidente brasileiro, segundo relatos em “off” de pessoas que
acompanharam diretamente como chegou a recentes posturas políticas. No caso
da Petrobrás, por exemplo, o presidente
acha que a conspiração foi armada via aumentos de preços do diesel para irritar
os caminhoneiros que, por sua vez, têm a capacidade de paralisar o País e criar
o clima de caos social para prejudicá-lo. [alguém duvida? se alguém duvidar, que tente fundamentar a dúvida - vai fracassar.]
O
mesmo ocorreu no caso do Banco do Brasil. O fechamento de agências, entende
Bolsonaro, foi urdido com o intuito de prejudicá-lo entre o eleitorado de
pequenas cidades e a pressão que elas exercem sobre deputados de várias
regiões. Mesmo a aprovação da autonomia do Banco Central (algo
que ele defendeu em público durante a campanha) caiu sob a mesma interpretação:
Bolsonaro acha que lhe foi retirado um poder efetivo, o de mandar na taxa de
juros.
[ocorre um processo crescente de redução dos poderes do presidente da República. Um processo gradual, mas inexorável.
Primeiro, tentaram derrubar o capitão - seja por boicote sistemático a todos os seus atos ou por acusações vazias, associação de supostos ilícitos que poderiam ter sido praticados por familiares do presidente, tentando preparar terreno favorável ao impeachment.
FRACASSARAM, e agora como último e desesperado gesto, tentam reduzir seus poderes.
Por inconformismo com a eleição do capitão, sua posse, o fato que vai concluir o mandato e ser reeleito para outro - exceto se for impedido por circunstância independente da vontade humana - fingem esquecer que JAIR MESSIAS BOLSONARO foi eleito presidente da República Federativa do Brasil com quase 60.000.000 de votos e ser presidente do Brasil implica em presidir nossa Pátria Amada, o que inclui governar.
Alguns exemplos da redução dos poderes presidenciais:
- não aceitação de que substitua cargos do segundo escalão do Poder Executivo = pode substituir no primeiro escalão, mas é acusado de interferência quando tenta substituir nos demais;
- a União Federal, presidida pelo presidente da República, é a maior acionista de empresas como BB, Petrobras, mas tentam impedir que a autoridade que presidente o maior acionista, efetue modificações na direção daquelas estatais e de outras;
- a falta de vacinas para covid-19 no mundo, no planeta Terra e proximidades, é notória, constatável, indiscutível, mas o Ministério da Saúde, do primeiro escalão da PR, foi obrigado a apresentar uns dez 'planos de imunização' incluindo calendários de vacinação, sendo que o ponto de partida, e os de manutenção, de um programa de vacinação é a data da disponibilidade dos imunizantes. Algum partideco sem votos, sem programa, sem noção, quando quer aporrinhar o presidente da República, entra com uma ação no STF e logo vem o despacho para que o MS apresente um plano em tantos dias.
- o presidente promulga decretos, alterando decretos, sem modificar leis = o que está em sua competência constitucional = e já estão recorrendo ao judiciário para anular os decretos.
Vamos parar por aqui, são inúmeros os exemplos,o que torna tedioso citá-los.
O objetivo tudo indica ser o de transformar o presidente da República em uma autoridade que preside, mas não governa = algo próximo, piorado, da rainha da Inglaterra.].
Auxiliares
têm se esforçado em explicar ao presidente que a formação de preços no setor de
energia, a política de pessoal em instituições financeiras públicas e a fixação
da taxa de referência de juros obedecem a mecanismos complexos e a fatores
entre os quais alguns (como o cenário internacional de juros e preços de
commodities) escapam a qualquer controle brasileiro. Mas o presidente, segundo
relatos confiáveis, não quer ouvir falar disso.
O
mundo político e pessoal de Bolsonaro, de acordo com interlocutores frequentes,
é completamente dominado pelo empenho pela reeleição e a luta para sobreviver
às conspirações para tirá-lo do poder e aplainar a volta de Lula. Frases ditas pelo
ex-presidente petista em entrevistas recentes, como a importância de se
preservar a atuação do Executivo sobre a Petrobrás, são mencionadas por
Bolsonaro em conversas privadas como “prova” do que diz ser necessário manter
como “instrumentos de poder”.
A
crença em conspirações tramadas por adversários estava presente também na
maneira como Bolsonaro reagiu à pandemia. Depois de acreditar que o alarme
sobre o vírus não passava de tentativa de desestabilização, o presidente passou
a enxergar nas medidas restritivas adotadas por prefeitos e governadores apenas
uma tática política de indispor a população contra o poder central. Ele
acredita, de fato, que seus adversários continuam tentando criar uma situação
de baderna à la Chile por meio do
desemprego, miséria e fome. E o que é pior: com o dinheiro que ele, Bolsonaro,
está disponibilizando via ajudas emergenciais. [por enquanto, os inimigos do Brasil, contam para tentar a consecução de seus objetivos antipatriótico com os efeitos maléficos da pandemia, mas com a fim da peste, tentarão usando os meios, digamos, tradicionais.]
Quem
conversa muito com o presidente afirma que ele só pensa em reeleição e submete
qualquer outro tipo de consideração – como “intervencionismo” ou “liberalismo”
na política econômica – ao cálculo político-eleitoral de prazo curtíssimo. É o
que o faz defender posturas aparentemente contraditórias. Intervir na formação
de preços de combustíveis (e a ação vai se estender também ao setor elétrico)
fez desabar os mercados, dos quais dependem os humores de investidores, mas
energizou seu núcleo eleitoral duro.
O
mesmo vale para a ajuda emergencial imediata, âmbito da ação política na qual
Bolsonaro conta com as fortes simpatias do Centrão e sua prática de fazer
agrados com o dinheiro do contribuinte. [usar o dinheiro do contribuinte - a única fonte de recursos disponível - para socorrer os mais necessitados, os miseráveis, é crime? é medida eleitoreira? aqui, leiam matéria, vejam vídeo, que mostram a miséria verdadeira, a miséria na Venezuela, em que as pessoas catam alimentos no interior dos caminhões de lixo.] Nas complexas discussões sobre ajuda
emergencial e teto de gastos Bolsonaro julga ter chegado ao fundo da questão.
As preocupações com a situação fiscal são tidas pelo presidente como pretextos
de cínicos gananciosos que não entendem nada de política.
Ainda
que seja apenas uma, Bolsonaro é um homem de convicção.
William Waack, jornalista - O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário