Malu Gaspar
Então
fica combinado assim: de agora em diante, está liberado mentir em sessão de
Comissão Parlamentar de Inquérito. Também não tem problema chamar o colega
parlamentar de “vagabundo” para melar um depoimento. E tudo bem escancarar ao
distinto público a constatação de que, afinal, a apuração das responsabilidades
pelo descaso no combate à pandemia da Covid-19 só não é mais importante que uma
ampla gama de conveniências políticas. [digna jornalista: até o mais desinformado dos brasileiros - aquele que sempre escuta os 'especialistas em nada' que prestigiada emissora de TV insiste em disponibilizar na sua programação, entre os intervalos de contagem de cadáveres - sabe que o único objetivo da CPI Covid-19 era tentar incriminar o presidente Bolsonaro e impedir sua reeleição em 2022; quando perceberam que vão quebrar a cara, tentam mudar o jogo considerando FATOS: comentários de jornalistas (desde que acusando o presidente de alguma coisa que não ocorreu), desejos de fracassos que alguns militantes da mídia que odeia o nosso presidente, esperam ocorrer; comentários de indivíduos a serviço de ong's; depoimento de índigenas que se dizem vítimas até de tentativa de genocídio por falta de água potável e o que mais for encontrado e possa ser manipulado e permanecer por alguns minutos, no máximo horas, como indícios contra o capitão.]
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) chegou a tempo de ver o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), recusar-se a prender Wajngarten, delegando ao relator, Renan Calheiros (MDB-AL), a iniciativa de fazê-lo. Renan, que até então insistia na prisão, recuou de repente com um “não vou fazer, em respeito a Vossa Excelência”. Assim, abriu o flanco para Flávio chamá-lo de “vagabundo” e dar a deixa para Aziz decretar o final da sessão.
Findo
o espetáculo, não faltou quem justificasse a atitude de Aziz como um movimento
estratégico para não desmoralizar a CPI e deixar aberta a possibilidade de prender Pazuello mais adiante. Considerando
que a Advocacia-Geral da União está trabalhando para conseguir um habeas corpus
que garanta ao ex-ministro da Saúde o direito de ficar calado — expediente
bastante comum em CPIs —, dificilmente Pazuello terá chance de mentir como fez
Wajngarten.[sempre recomendamos ler alguma coisa sobre Renan e Aziz, fica mais fácil compreender sua estratégia.]
É claro que a investigação continua, a política é um jogo de estratégia, e a realidade brasileira não autoriza ninguém a alimentar ilusões quanto à pureza d’alma dos nossos parlamentares. Seria ingênuo imaginar que os veteranos da CPI não se guiem por uma teia de interesses que extrapolam a preocupação com a saúde dos brasileiros. Entram no cálculo desde a compra de tratores com dinheiro do Orçamento até o posicionamento mais conveniente aos diferentes partidos na disputa presidencial de 2022.
Mas a política também é feita de símbolos, e, nesse particular, a mensagem de ontem é inequívoca. Desde que tenha uma tropa de choque a seu favor, qualquer futuro depoente da CPI da Covid pode ficar à vontade para mentir quanto quiser sem ser incomodado.Fica difícil imaginar desmoralização maior para uma Comissão Parlamentar de Inquérito que se propõe a apurar responsabilidades e a revelar a verdade, mas se acovarda diante de transgressões tão toscas e evidentes.
Malu Gaspar, jornalista - O Globo
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