O desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios ordenado por Bolsonaro, justamente na semana em que a PEC do voto impresso deve ser analisada pela Câmara dos Deputados, foi recebido com preocupação por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Eles afirmam, no entanto, que o evento não deve ser “foco de alarde” por parte de integrantes do Judiciário.
A avaliação de magistrados ouvidos pela coluna é que, agora, a bola do voto impresso está com o Congresso e que é hora de as cortes superiores acompanharem esse episódio sem “potencializá-lo”. Parte deles também vê o desfile de blindados como mais um factoide criado por Bolsonaro diante da grande probabilidade do voto impresso ser derrotado.
Ministros apontam que o acirramento da crise traz problemas para o próprio governo Bolsonaro, que tem mostrado pouca força para avançar com seus projetos no Legislativo. Para eles, o Palácio é quem mais sofre as consequências do acirramento de debates envolvendo o voto impresso. A expectativa no STF e TSE é que, com a derrota da proposta no plenário, o presidente abaixe o tom do seu discurso. Isso tem sido prometido, inclusive, pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Integrantes das cortes superiores apontam que temas caros ao governo, como à indicação de André Mendonça ao STF, estão se perdendo em meio à crise, que tem dominado a pauta política do país. O desfile de blindados acontece em meio às ameaças de Bolsonaro de não realizar eleições em 2022 e à crescente escalada de ataques ao Judiciário.
Bela Megale, colunista - Blog em O Globo
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