Blog do Noblat
Bombeiros atuam para apagar o incêndio político provocado pelo presidente da República
O presidente Jair Bolsonaro desistirá ou
não do pedido que disse que apresentará ao Senado para abertura de processos de
impeachment contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal? Vai depender do que ele fizer a esse
respeito a decisão a ser tomada por Luiz Fux, presidente do Supremo, de
remarcar a reunião dos chefes dos três Poderes da República para aparar
divergências e tentar se entenderem sobre a condução do país.[duas perguntas que não conseguimos sufocar:
- se as leis se aplicam a todos - seja para impor obrigações ou conceder direitos - que crime, que ato ilícito o presidente da República, autoridade máxima do Poder Executivo Federal, comete se exercer a prerrogativa de denunciar ministros do Supremo ao Senado Federal?
- se os Três Poderes da União são harmônicos e independentes, o que impõe, no mínimo, igualdade entre eles - qual argumento concede ao presidente de um deles, qualquer que seja, convocar os presidentes dos outros para reunião?]
A ideia da reunião partiu do próprio Fux
que a cancelou depois da série de ataques de Bolsonaro ao Supremo e do anúncio
que ele fez de que atravessará a Praça dos Três Poderes, em Brasília, para ir
ao Senado pedir o impeachment de Alexandre e de Barroso. Nas últimas 48 horas, Rodrigo Pacheco
(DEM-MG) e Arthur Lira (PP-AL), respectivamente presidentes do Senado e da
Câmara dos Deputados, e Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil, foram
pessoalmente à Fux para acalmar os ânimos.
Os de Fux estão calmos, ele só não quer ser
feito de bobo, e tem razão. Pacheco, Lira e Nogueira disseram a ele que
Bolsonaro aparentemente está mais calmo e que poderá deixar para lá a história
do pedido de impeachment. Quem garante? Bolsonaro já avançou muito nesse sentido
para recuar e dar o dito pelo não dito, embora tenha agido assim de outras
vezes. Seus seguidores mais radicais esperam que ele mantenha a palavra, e
Bolsonaro depende deles para não cair mais nas pesquisas.
Em nome do pai, o deputado Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP) compareceu, ontem, a um ato de desagravo a Roberto
Jefferson, presidente do PTB e preso por ordem do Supremo, acusado de ter feito
manifestações hostis à democracia.
Eduardo disse que o Brasil já vive uma
ditadura, sugerindo que ela é comandada por ministros do Supremo. É o que seu
pai pensa e diz em conversas com políticos e militares. Esses últimos estão
convencidos de que é isso mesmo, e que não pode ser assim.
Você aposta no quê?
Em um Bolsonaro sob
freios temporariamente?
Ou no velho e conhecido Bolsonaro, o fabricante de
crises?
Ricardo Noblat, jornalista - Blog do Noblat - Metrópoles
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