Alexandre Garcia
Até as convenções, no final de julho e início de agosto, essas emoções que rimam com traições serão como sismos subterrâneos na busca de ajuste na superfície, em que traídos e traidores se misturam. Moro, que começou como o ícone de terceira via, para se sobrepor a Lula e Bolsonaro, já está descartado. Saiu do Podemos, foi para o União Brasil, onde foi trocado por Luciano Bivar, que parece estar guardando a cadeira para Leite sentar. Do alto de sua autoavaliação, Moro não aceita a humilhação de ser candidato a deputado federal. Mas, quem diria, ontem acabou anunciado como apresentador de um curso anticorrupção chamado de O Sistema.
O PT, o PV e o PC do B recém registraram o estatuto comum para uma federação que deveria ter também o PSB de Alckmim, o neo-companheiro e vice de Lula. Ocorre que o PSB tem Marcio França, concorrente de Fernando Haddad, do PT, ao governo de São Paulo. Aí, estranhamente, não fecha federação com o partido do vice de Lula. Aliás, como Lula vai resolver São Paulo, o maior colégio eleitoral do país? O ex-presidente tem feito declarações que parecem ter a intenção de inviabilizar sua candidatura. Se indispõe com religiões, militares, deputados federais, os CACs, a classe média, os proprietários. Nem tudo está unânime no partido, onde rumores circulam sobre uma desistência dele em favor de Haddad, para aliviar o PSB de França em São Paulo e poder casar tranquilo no mês das noivas, como ele anunciou.
São tempos que devem preocupar as pesquisas, que agora mostram o eleitor como um pusilânime, que ora está com Lula e depois vai para Bolsonaro. O presidente Bolsonaro, com experiência de 30 anos de legislativo, não mexeu no governo agora que ministros saíram para ser candidatos. Vão ficando os substitutos técnicos, para não criar problemas. Ele deixou Luciano Bivar com o PSL para ocupar ACM Neto. Foi para o PL, que virou a maior bancada na Câmara; não formou federação para não engessar seus apoiadores nos estados, escolheu Tarcísio para São Paulo e está entre os poucos que neste turbilhão eleitoral sabem qual é a via.
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
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