No
ano que vem, quando você estiver pagando mais impostos e seu dinheiro
acabando ainda mais cedo no final do mês, os preços subindo mais
rapidamente e o desemprego voltando a crescer, lembre-se destes dias!
Lembre-se de que fora alguns privilegiados que terão sido contemplados
com as “exceções” e as “isenções” de praxe, o Senado aprovou uma Reforma
Tributária que aumenta impostos para engrossar o caldo dos recursos
destinados às facilidades e desperdícios do setor público.
Os votos que
proporcionaram ao governo este novo saque aos frutos de seu trabalho, ao
produto do suor de seu rosto, leitor, foram obtidos mediante pagamento.
O preço da infidelidade foi um miserável prato de lentilha.
Assim como
Jacó comprou de Esaú a primogenitura por um prato de lentilhas,
senadores vendem a honraria inerente à representação dos eleitores de
seus estados por uma diretoria de empresa estatal, pela presidência de
uma sinecura qualquer, pela liberação de emendas pix, por uma conversa
ao pé do ouvido.
Saiba, porém,
que a lustrosa experiência desses representantes infiéis assegura a
eles que na próxima semana poucos ainda lembrarão desta deliberação e,
menos ainda, de quem votou como e por quais razões. No próximo do
pleito, dentro de três anos, as decisões de voto da imensa maioria dos
eleitores serão tomadas ao sabor das emoções do momento. Apenas uns
poucos chatos, nas redes sociais, com o mau hábito de apontar relações
de causa e efeito, estarão lembrando dos dias em que o Senado aprovou a
Reforma Tributária para infortúnio de dezenas de milhões e para bem de
uns poucos privilegiados.
O Estado
brasileiro, mau servidor, jamais corta em si mesmo! Estes 10 meses do
governo Lula valem por uma aula dessa matéria. Durante todo esse tempo,
em vez de governar, o governo exercitou seu principal talento: buscar
novas fontes de custeio, como se houvesse outra que não fosse o bolso
dos cidadãos.
Vale a
comparação. Enquanto uma empresa, para aumentar seu faturamento e
rentabilidade, busca mercados e inova sua linha de produtos, o “mercado”
do Estado é o cidadão que trabalha e o ganho que ele obtém com isso.
Enquanto a empresa reduz custos, o Estado eleva os seus. Nada simboliza
isso tão bem quanto a já longa história das viagens de Lula. Elas me
fazem lembrar uma frase que ouvi de alguém após uma reunião de
presidentes de vários partidos: “Quanto menos relevante a tribo, mais
enfeitado o cacique”.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
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