O Globo
Vestido novo
[a esquerda se alimenta da crueldade existente nas mais cruéis repugnantes ditaduras; quanto maior a crueldade, melhor para os malditos esquerdistas.]‘O antissemitismo atual transformou-se no preconceito contra e na demonização do Estado judeu’, diz Pilar Rahola
No início deste mês, a representação do Irã na ONU foi designada para a presidência do Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos. O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, é o responsável direto pela execução de dissidentes e adversários. No final do ano passado, a jovem Mahsa Amini morreu num presídio, para onde fora levada pelo crime de não usar corretamente o véu. Mulheres e homens iranianos protestaram nas ruas. Muitos foram mortos.
O Irã sustenta e financia o Hamas, com o fim declarado de varrer o Estado de Israel e matar os judeus. O Irã jamais seria admitido na União Europeia. A comunidade não acolhe ditaduras. Também não acolhe países cujas legislações incluem discriminação por sexo, raça, religião, posições políticas. Exige, sem concessões, o respeito aos direitos das mulheres.
O Irã foi recentemente admitido no Brics, na origem formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O presidente Lula saudou o presidente Ebrahim Raisi. O PT havia parabenizado Raisi por sua eleição — duvidosa, sem observadores internacionais.
O Prêmio Nobel da Paz de 2022 foi concedido ao Centro pelas Liberdades Civis, organização sediada em Kiev, fundada pela ativista ucraniana Oleksandra Matviichuk. Dividiu a honraria com outra organização por direitos humanos, Memorial, russa, e com o ativista Ales Bialiatski, preso na Bielorrússia. A Memorial é perseguida pelo governo de Vladimir Putin. A Bielorrússia apoia a Rússia.
As manifestações que a esquerda vem promovendo mundo afora defendem o Hamas e o Irã, apoiam a Rússia contra a Ucrânia, esta considerada cabeça de ponte do Ocidente “imperialista”. Atacam a União Europeia e, especialmente, os Estados Unidos e Israel. Estes são “terroristas” ou aliados deles. Por uma mistura de miopia, ignorância, preconceito e, sim, antissemitismo, a esquerda do Sul Global apoia as ditaduras e seus crimes. E ataca as democracias ocidentais.
Israel é um Estado democrático, com eleições livres e regulares. Há liberdade de imprensa. Árabes podem frequentar suas mesquitas e se elegem para o Parlamento. Claro, comete pecados e erros — o maior deles, no momento, a ocupação da Cisjordânia com os assentamentos.
Ocorre que os israelenses há anos não conseguem formar uma maioria
parlamentar consistente. Em grandes linhas, tomaram dois caminhos.
Primeiro, com os sociais-democratas do Partido Trabalhista, tentaram a
negociação com o Fatah (Autoridade Palestina). Chegaram a dois acordos
(Washington e Oslo) que definiam os dois Estados. Nos dois casos, a
Autoridade Palestina, primeiro com Arafat, depois com Abbas, não obteve
aprovação entre os palestinos.[só haverá PAZ no Oriente Médio quando o povo palestino tiver seu Estado = o que torna imperioso que o caminho dos DOIS Estados - um para os judeus e outro para os palestinos - seja aprovado e implantado.]
O Partido Trabalhista foi afastado, e os israelenses colocaram no governo a direita, que defendia a solução militar. Também não deu certo. Agora, as eleições acabam sempre empatadas. E Netanyahu tem conseguido formar gabinetes recrutando pequenos partidos religiosos e de direita.O terrorismo do Hamas e o antissemitismo global reforçam essa direita.
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