Que
não se pode esperar de Lula apreço à verdade e raciocínio lógico é coisa
sabida.
Faltam-lhe sapatos para seguir esse caminho.
A exemplo de todo
radical, o que ele entende por lógica é um pensamento custodiado pelo
interesse político. Se necessário, deixa de lado os fatos e a verdade
adaptando-os às próprias conveniências.
Por isso, conforme o público que
tenha diante de si, Lula adota com naturalidade discursos divergentes
ou mesmo contraditórios.
Ao receber os brasileiros que quiseram sair de Gaza, ele disse:
“Eu já vi
muita violência, mas eu nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana,
contra inocentes. Se o Hamas fez o que fez, Israel comete o mesmo
terrorismo. Crianças e mulheres não estão em guerra. Completa destruição
de tudo com uma simples bomba, sem ninguém assumir responsabilidade.
Que vocês tenham algum dia a liberdade de reconstruir seu país, como os
judeus tiveram”.
Logo depois,
afirmou nunca ter sabido de uma guerra em que crianças fossem as
“vítimas preferenciais”. Tal afirmação constitui falsa denúncia! “Sem
apresentar provas”, como dizem a Globo, a CNN e tantos outros veículos
de igual calibre quando contrariados, pretende atribuir um
ânimo infanticida à reação de Israel ao ataque do Hamas. A leviana
acusação serve tão bem aos atuais interesses políticos do grupo
terrorista que poderia ter sido proferida em árabe.
Na frase
acima transcrita, Lula faz uma cortesia adicional ao Hamas, colocando o
ato terrorista inicial do conflito no condicional: “se o Hamas fez o que
fez” ...
Esperteza demais é burrice e se revela quando ele alerta para o
fato de que “crianças e mulheres não estão em guerra”, como se alguém
não soubesse que a guerra começou exatamente porque o Hamas a iniciou
atacando jovens civis numa festa rave e chacinando crianças, mulheres e
homens em assentamentos civis nas proximidades de Gaza. Note-se: foram
os alvos não apenas preferenciais, mas as exclusivas vítimas daquelas
ações.
Já afirmei
antes, repito: o Hamas colocou em risco a população civil palestina ao
se valer dela como escudo humano.
O Hamas sequestrou centenas de judeus e
já havia sequestrado a inteira população de Gaza. Age como o criminoso
que se protege covardemente com o corpo da vítima que capturou,
instalando-se em prédios habitados pela população civil, escolas e
hospitais, servindo-se até de ambulâncias para se evadir entre feridos
da área de conflito!
O que nunca se viu, Lula, é um país em guerra
ocultar suas instalações militares, seus arsenais e suas tropas em meio à
população civil que lhe caberia proteger.
Lula pode
querer arrastar o Brasil ao esgoto da geopolítica mundial. Mas a pátria –
a pátria de Bonifácio, Pedro II, Isabel, Caxias, Rio Branco, Mauá,
Silveira Martins, Nabuco, Ruy e tantos outros que a história crítica
esquerdista trata de esconder – não irá!
Esse governo, ao mesmo tempo que constrange, torna a virtude da esperança absolutamente indispensável.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
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