Com a
indicação de Flávio Dino, Lula mostra como o amor torna tudo mais
lindo.
Onde iria ele encontrar alguém mais simbólico da vitória do amor?
Cuidadosamente, escolheu uma pessoa aplaudida por sua cordialidade e
afabilidade, que muito contribuirá para amansar a conduta ouriçada de
alguns senhores ministros...
Ao mesmo tempo em que exibe à nação seu
sólido compromisso com nossa liberdade de expressão, realiza o sonho de
seu saudoso camarada Luís Carlos Prestes, que sempre quis ter um líder
comunista raiz sentado no STF.
Os
adversários que os comunistas mais combatem em suas dezenas de
experiências mundo afora ao longo de 106 anos não são indivíduos, não
são pessoas concretas com nome e sobrenome.
Um Estado que adote o
comunismo precisa eliminar ou silenciar grupos sociais inteiros. A força
do Estado só eventualmente age contra “alguém”, pois seu alcance
precisa ser “multitudinário”, para usar a palavra da moda após as
prisões e julgamentos em massa referentes aos eventos de 8 de janeiro.
Então, para o governo, é bom colocar no Supremo um jurista com essa
visão pragmática de como a banda deve tocar.
Quero
sublinhar três problemas que antevejo como decorrentes da indicação.
O
primeiro se refere ao ciúme que Flávio Dino vai suscitar.
Como reagirá o
ministro Alexandre de Moraes quando perceber que mão visivelmente mais
pesada que a sua chega à Casa com ganas de provar serviço?
Quem vai
mostrar mais os dentes?
O segundo,
diz respeito aos cidadãos bem-aventurados que têm “fome e sede de
justiça” e consciência da importância dos tribunais superiores. Nestes
muitos, se consolida a ideia de que não serão saciados por quem tem fome
e sede de poder.
O terceiro
diz respeito aos milhões que a elite política governante e sua torcida
organizada gostariam de ver surdos e mudos, ou idiotizados no sofá da
sala, assistindo à Globo.
Digo isso porque não será fácil convencer o
Senado que o ministro Flávio Dino é tão manso e pacífico quanto ele se
revelará nas audiências com senadores e na sabatina final.
Pode ser
difícil aprová-lo e tudo que é difícil para o governo no Congresso custa
caro para a sociedade.
É nosso dinheiro ganhando asas e tomando rumo
que gera as maiorias conseguidas pelo governo no parlamento.
E não vejo
motivos para que seja diferente no caso de Flávio Dino.
Isso é
firmeza de caráter. A maioria tem seu padrão de conduta e não abre mão.
Aliás, é sobre isso que escrevi desde que sentei para desabafar neste
texto, usando sarcasmos e ironias para ser menos depressivo.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
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