O
sistema de produção rural do Brasil, o chamado agronegócio, é a maior,
melhor e mais relevante conquista da economia brasileira em nossa era.
O
agro transformou o Brasil, que até 50 anos era uma nulidade incapaz de
produzir mais do que café, num dos dois ou três maiores produtores e
exportadores de alimentos do mundo.
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O país, que tinha de importar comida, hoje produz cinco vezes mais do que consome; tornou-se um fator essencial para a segurança alimentar
da humanidade, a ponto de não haver mais nenhum cálculo sério sobre o
futuro mundial que não inclua o Brasil.
Neste ano vai ser colhida a
maior safra da história, mais do que o volume recorde de 2.022. O efeito
é decisivo para a economia brasileira como um todo.
O último Enem, o exame escolar mais importante antes do ingresso na universidade, exigiu que os candidatos respondessem que o agro é uma atividade nociva ao Brasil.
No ano passado o agro exportou 160 bilhões de dólares – e isso continuou a garantir o saldo na balança comercial.
É o que fornece ao Brasil os dólares necessários para comprar tudo o
que precisa no exterior, e ainda ficar com dinheiro de sobra; por conta
da agropecuária o Brasil está com reservas de 350 bilhões de dólares em moeda forte.
É
por isso que o Brasil, há anos, não tem mais “crise cambial” e a
economia não entra em parafuso por falta de dólar.
É por isso que não se
vê mais por aqui as “missões do FMI”,
dando instruções ao governo como condição para emprestar dinheiro.
Não
se fala mais em “empréstimo-ponte”, e o Brasil deixou de ser um
país-mendigo que fica passando o pires no mercado financeiro internacional.
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O
progresso do agro trouxe os milhões de hectares da região centro-oeste
para dentro da economia brasileira; o Mato Grosso, sozinho, produz hoje
mais soja do que a Argentina toda.
Um novo mercado foi criado pelo agro no interior do Brasil. São bilhões
de reais consumidos com produtos e com serviços fornecidos pelo
restante da economia brasileira.
Tão
importante quando isso tudo é o fato de que a produção rural do Brasil
cresce porque decidiu, definitivamente, andar junto com o avanço da
tecnologia.
É o que faz a diferença, hoje, para criar uma economia capaz
de competir nos mercados globais, aumentar a sua eficiência e crescer
em bases sustentáveis.
As exportações do agro em 2023 valem mais que
toda a produção de petróleo da Arábia – com a vantagem de que as safras
são renováveis a cada ano.
Os autores do Enem não se conformam com o fato de que o agro brasileiro é uma prova física de que a solução para a atividade rural está na aplicação do capitalismo, e não da “reforma agrária”.
Tudo isso são fatos objetivos; não é uma interpretação, e nem depende daquilo que o cidadão acha ou não acha. Mas o último Enem, o exame escolar mais importante antes do ingresso na universidade, exigiu que os candidatos respondessem que o agro é uma atividade nociva
ao Brasil, nas perguntas feitas sobre o tema.
Ou era isso, ou a
resposta estava errada – assim como era obrigatório responder que o capitalismo é uma doença social gravíssima etc. etc. etc.
Não
afeta em rigorosamente nada, é claro, nem o agronegócio e nem o
capitalismo. É apenas uma prova a mais da recusa dos mandarins da
educação brasileira em aceitar realidades; só acreditam nas suas
próprias ideias, ou ilusões.
Não têm nenhum interesse em determinar se
algo é falso ou verdadeiro. A única coisa que pensam é em ter razão.
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No
caso, os autores do Enem não se conformam com o fato de que o agro
brasileiro é uma prova física de que a solução para a atividade rural
está na aplicação do capitalismo, e não da “reforma agrária”.
Sua maneira de lidar com isso é se aproveitarem dos recursos da máquina
pública para defender seus interesses ideológicos particulares.
O
desastre, uma vez constatado, só piorou. O responsável pelo exame, nas
explicações que foi chamado a dar, sustentou uma ideia realmente
prodigiosa.
Segundo ele, os organizadores do exame “não são contra o
agro”. Sério? Por que raios, então, obrigaram os alunos a escreverem que
o agro é um horror?
Falou também de “editais”, para dizer que as
perguntas foram escolhidas de forma imparcial.
E daí? Alguém acredita
que uma licitação pública é garantia de honestidade neste país?
É
frequentemente o contrário, como está provado nas condenações da Lava Jato.
Mas a intolerância faz isso mesmo.
A posição contrária não pode ser
admitida, nunca – o Enem, segundo os seus responsáveis, está acima de
qualquer julgamento crítico.
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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