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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A hora da onça beber Brahma”



A panela de pressão está em fogo máximo: o promotor Cássio Conserino, do Ministério Público paulista, intimou o ex-presidente Lula, sua esposa Marisa Letícia e o ex-presidente da empreiteira OAS, Leo Pinheiro, para depor como investigados no caso do apartamento de Guarujá. Acabou a fase do disfarce, em que todo mundo sabia quem estava sendo investigado mas ninguém confirmava nada. Lula, sua esposa e Leo Pinheiro devem depor no dia 17, às 11 horas

Não é este o único problema do Número 1, como era chamado por amigos empreiteiros. Atribui-se à Odebrecht e à OAS o patrocínio da reforma do sítio de Atibaia, o que pode configurar retribuição por favores recebidos do governo federal. O alto funcionário da Odebrecht que coordenou a construção do estádio do Corinthians, Frederico Barbosa, foi identificado por fornecedores e empregados como executor da reforma; e disse que colaborou mesmo, mas só para ajudar, sem cobrar nada, porque, afinal, estava de férias e tinha tempo sobrando. Pois é.

E o Ministério Público Federal vem alcançando pessoas próximas de Lula.
Junte-se tudoe aquele personagem coberto de Teflon, em que nenhuma acusação grudava, passa a apresentar falhas no revestimento. O curioso é que, normalmente, investiga-se alguém que diz que é dono de algo e se suspeita de que não é. Aqui é o oposto: Lula diz que não é dono do apartamento na praia, nem do imóvel de Atibaia conhecido como Sítio do Lula, que sua família e amigos (entre eles o ex-governador Zeca do PT, de Mato Grosso do Sul) costumam frequentar. Frase de Zeca do PT: “Eu que ensinei o Lula a pescar. Ele é bom de pesca, mas no sitio dele os peixes são criados para que só ele consiga fisgá-los”.

É mas não é
A esposa de Lula comandou as obras de reforma do apartamento na praia. O engenheiro Armando Dagre, da Talento Construtora, executou o trabalho, encomendado e pago pela OAS. Disse que nunca teve contato com Lula, mas sempre com a esposa Marisa Letícia. Numa das vezes, Marisa Letícia visitou o apartamento que, segundo Lula, não é do casal, em companhia de um filho, Fábio Luís, do então presidente da OAS, Leo Pinheiro, e de um engenheiro da empreiteira.

Não é mas é
O Instituto Lula diz que o ex-presidente tinha uma cota do prédio mas não exerceu a opção de compra ─ logo, o apartamento de Guarujá não é dele. Mas, conta Lenir de Almeida Marques, gente de casa, prima do ministro de Lula Luiz Gushiken, lulista desde o tempo de sindicato, “todos pegamos as chaves no dia 5 de junho, inclusive dona Marisa”.
Lula quis processar o repórter Germano de Oliveira, do Globo, que deu a notícia, mas a queixa foi rejeitada pela Justiça.

Hora da arrumação
Seria interessante alguém dar um balanço na série de escândalos, para esclarecer quem é quem e o que de fato está acontecendo. Uma das coisas mais curiosas, por exemplo, se refere ao sítio de Atibaia. A reforma foi feita, afinal, pela OAS, pela Odebrecht ou por um consórcio informal das duas gigantes da empreita? Terá a OAS se limitado, no caso de Atibaia, à reforma da cozinha?

Outra dúvida: se o ex-presidente Lula não é dono do apartamento da praia, por que foi lá tantas vezes? Teria convocado motorista, seguranças, convidado a esposa, simplesmente para dar um passeio e assistir à obra do apê que deixara de comprar? Teria vontade apenas de se solidarizar com os cumpanhêro operários?

Mais uma: o lobista que prometeu aos procuradores que, em troca da redução da pena, diria que José Dirceu lhe sugerira que passasse um tempo fora do país, depois desmentiu tudo ao juiz Sérgio Moro, depois confirmou tudo, diz que mudou de posição porque seus netos foram ameaçados. Mas por que terá levado mais de 24 horas para relatar a ameaça a procuradores e juiz?

Pode ou não pode?
Em primeiro lugar, este colunista é contra tudo que atrapalhe o funcionamento normal da cidade e prejudique o direito de ir e vir da grande maioria da população. Mas é preciso ver o que se pode fazer e o que não se pode. O Movimento Passe Livre, em suas marchas (sempre no horário que mais prejudicava o trânsito), teve de enfrentar a Polícia Militar, que usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Mas um movimento de manifestantes favoráveis à volta da ditadura militar, que ocupou por mais de três horas uma das avenidas mais importantes de São Paulo, a Marginal, estrangulando todo o trânsito da cidade, não foi incomodado.  Por que a diferença de tratamento? Menino mimado não pode, filhote da ditadura pode? O governo tucano paulista precisa explicar sua passividade no caso dos saudosistas dos militares no poder. [os moleques do MPL promovem depredações, incêndios, destroem o patrimônio público, agridem policiais e prejudicam o trânsito – como bem diz o colunista suas manifestações ocorrem sempre no horário que mais prejudica o trânsito.

Já os manifestantes favoráveis à volta do GOVERNO MILITAR apenas causaram transtornos no trânsito, no mais a manifestação transcorreu tranquila.
Enquanto os marginais do MPL além de prejudicar o trânsito,  cometeram vários outros delitos, os que são favoráveis ao retorno dos militares = restabelecimento da LEI e da ORDEM = apenas prejudicaram o trânsito.]

Fala, Geraldo Alckmin!

Onde está a autoridade?
O presidente do Sindicato dos Motoristas de Táxi de São Paulo, Antônio Matias, postou vídeo numa rede social criticando o Uber, serviço de transporte compartilhado, e ameaçando: “A palhaçada na cidade acabou e, agora, é cacete. Acusa também o prefeito Fernando Haddad, do PT, de não cumprir compromissos que assumiu com a categoria. Prefeito, quem vai dar queixa à Polícia? Ameaçar a ordem pública, com cacete ou não, é crime.

Fala, Fernando Haddad!

Notas de Carlos Brickmann - Publicado na Coluna de Carlos Brickmann


domingo, 16 de agosto de 2015

PT: de mais amado a mais odiado

Como o maior partido do país se tornou alvo dos maiores protestos desde o fora-Collor

Em 20 de junho de 2013, a avenida Paulista foi tomada por simpatizantes do Movimento Passe Livre (MPL) que comemoravam a queda do aumento da tarifa de transporte público, uma vitória da onda de protestos que durou 13 dias e se espalhou por todo o país. Atrás da massa, seguia um pequeno grupo de militantes petistas, que até então tinham participado timidamente dos atos, constrangidos pelo aumento decretado, na cidade, por um prefeito do partido.
 Manifestantes queimam bandeira do PT (Foto: Divulgação)
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Ao darem os primeiros passos, os petistas foram cercados por homens que se diziam “antipartido”. Após um bate-boca acalorado, a bandeira vermelha que carregavam foi agarrada e queimada. Em protesto ao gesto, chamado de “antidemocrático”, os simpatizantes do MPL se retiraram com os representantes de outras agremiações e as manifestações brasileiras, que se estenderiam ainda por semanas, passaram a ser protagonizadas, ainda que não somente, por um grupo mais conservador, o mesmo que no hoje exigirá o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

A batalha na Paulista foi simbólica. Ela mostrou que o Partido dos Trabalhadores havia perdido seu posto de grande mobilizador popular, adquirido nas décadas de 80 e 90. A vitória do MPL era a primeira conquista de movimentos populares que não contava com a participação ativa dos petistas em décadas. O episódio também deixava claro que o PT tampouco havida sido acolhido pelas camadas mais ricas e conservadoras, apesar de ter implementado, ao longo de sua década de poder, uma série de medidas que beneficiaram essa parcela da população. Criticada por todos os lados, Rousseff mergulharia em uma queda livre de aceitação popular, ao lado de seu partido.

Em março de 2013, três meses antes dos protestos, o PT era o partido preferido de 29% dos entrevistados pelo Instituto Datafolha. A agremiação, que aparecia a frente de todas as demais desde 1989, atingia seu ápice de aceitação. O Governo de Rousseff também nadava em maré favorável: era considerado ótimo ou bom por 65% das pessoas entrevistadas, um índice alavancado pelos programas sociais, como o Bolsa Família, e pelos índices positivos da economia. Neste mês, quando o instituto divulgou sua última pesquisa, apenas 8% dos brasileiros disseram considerar o governo Rousseff bom ou ótimo –uma rejeição recorde desde a redemocratização. E 9% dos brasileiros afirmaram preferir o PT, que ainda aparecia na dianteira, mas colado a PMDB e PSDB, ambos com 6% das preferências. A diferença que é tucanos e peemedebistas exibiam seu patamar histórico e relativamente estável em quase três décadas.

Manifestantes rasgam a bandeira do PT em 20 de junho de 2013. / Joel Silva (Folhapress)

O ódio pelo PT por parte de um segmento mais rico e conservador se tornou evidente e até perigoso— nas ruas. Três prédios ligados ao partido foram alvos de ataques de bombas caseiras e comprar um simples isqueiro vermelho se tornou passível de questionamentos raivosos, como presenciou o EL PAÍS. [esses ataques foram efetuados pela própria corja petralha para comprometer os adversários;
quebraram a cara, até os idiotas dos petistas não acreditaram. Se o ataque fosse para valer seria usado material mais potente.]

Mas a insatisfação com o Governo também atinge suas bases. Dentre os que afirmavam preferir o PT, 40% disseram considerar o Governo atual ruim ou péssimo e 27% afirmaram que ele é regular. A rejeição é um sintoma do paradoxo que começou a afugentar muitos simpatizantes desde a primeira vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002: o partido que durante muitos anos alavancou as lutas populares dos trabalhadores agora era o que aumentava a tarifa de transportes públicos, o que promovia ajustes que afetavam os trabalhadores, e o que adotava uma política econômica similar a do “neoliberal” Fernando Henrique Cardoso (FHC), que na década de 90 era alvo da fúria dos petistas, que marchavam pela mesma Paulista aos gritos de “Fora já, fora já daqui. Fora FHC e o FMI [Fundo Monetário Internacional]”. Desde que chegou ao poder, o partido também teve sua imagem desgastada por se envolver com escândalos de corrupção, como o mensalão e o petrolão.

Outras bandeiras de segmentos históricos da sigla também ficaram em segundo plano. O Governo de Rousseff também foi o que menos demarcou terras indígenas e o que menos promoveu reforma agrária nos últimos 20 anos. “O PT, que surgiu como o partido dos pobres, da ética e das transformações sociais abandonou esse propósito ao chegar ao poder, em 2003”, afirma Frei Betto, um dos fundadores do partido, amigo de Lula, e coordenador no primeiro governo petista do programa Fome Zero, embrião do Bolsa Família. “O PT se afastou das suas bases e adotou uma política de consumismo populista, quando deveria promover seu objetivo de organizar a classe trabalhadora.”

A fórmula funcionou enquanto havia condições favoráveis para financiar esse modelo. O ex-presidente Lula, que governou até 2010, se beneficiou de um cenário internacional positivo, com o auge da China e o boom das matérias primas ao mesmo tempo em que ampliava o crédito popular que multiplicou o consumo dos brasileiros e ajudou a criar quase 20 milhões de empregos. Se vendia uma imagem de prosperidade que parecia não ter fim, inclusive após 2009, quando o mundo entrou em colapso com a crise financeira que começou nos EUA.

Ao suceder Lula, em 2011, Rousseff manteve a mesma política econômica, mas nem tudo funcionou como antes. As despesas públicas aumentaram para que o povo continuasse consumindo e a economia girando, e o cenário externo não voltou aos níveis de antes de 2008. A cobrança desse excesso de otimismo começou este ano, com as desconfianças sobre a capacidade de Rousseff de manipular a economia. A mandatária recorreu, então, a Joaquim Levy, um ministro de Economia de escola ortodoxa, para promover cortes, o ajuste fiscal, um paradoxo para os que defendiam seu Governo e um contraste inclusive com o prometido na campanha da reeleição.

A nova alma de 2002

Depois de alguns anos em que o partido acreditou poder ensaiar uma "nova matriz econômica", de caráter desenvolvimentista, com um pé na exploração do petróleo e corte de juros, o PT voltava à política econômica com a qual havia se comprometido em 2002. Foi nesse ano eleitoral, que antecedeu a primeira vitória de Lula, que o partido divulgou a Carta ao Povo Brasileiro, em que se comprometia com os “sólidos fundamentos econômicos”. O mesmo PT que perdeu a eleição presidencial de 1989 por se negar a fazer aliança com o fisiológico PMDB aliou-se em 2002 a José Sarney, o maior nome peemedebista na época. “Era um verdadeiro mergulho no pragmatismo tradicional brasileiro, cuja recusa fora antes bandeira do partido”, ressaltou o cientista político da USP André Singer, ex-ministro de Lula, em um artigo de 2010 em que analisa tais mudanças.

Com isso, a identidade petista mudou. A classe média, mais conectada à ideologia do partido, se afastou. E as camadas de baixa renda, beneficiadas por programas sociais e pelo crescimento econômico, se aproximou. Em 2010, o Datafolha apontava que a proporção dos apoiadores do PT situados à esquerda teria se reduzido 32%, ao passo que subiu 35% entre os mais à direita, ressalta Singer no artigo. A desconexão crescente com a alma original do partido levou o PT a perder para o PSDB, pela primeira vez, o posto de agremiação com a maior votação na legenda para a Câmara, nas eleições de 2014.

O descontentamento crescente explodiu após a reeleição de Rousseff, quando as investigações da Operação Lava Jato chegaram a nomes de peso do partido, como o tesoureiro João Vaccari Neto. A frente de esquerda que se uniu para assegurar a vitória dela, temendo a eleição de Aécio Neves, também recebeu um balde de água fria. Esperavam que o apoio, que se mostrou crucial na reta final do pleito, faria Rousseff  optar por uma guinada à esquerda em seu novo Governo. Mas ocorreu o oposto. A economia foi dada a Levy, em uma formação ministerial que incluía ainda Kátia Abreu, na Agricultura, uma ruralista contrária à reforma agrária.

Neste primeiro semestre, Rousseff realizou ainda um ajuste fiscal e cortes em direitos trabalhistas. Em meio a um Congresso conservador comandado pelo antipetista Eduardo Cunha, não teve forças, nem uma articulação política hábil, para aprovar a reforma eleitoral pedida pelo partido, que queria o fim do financiamento privado de campanha. 

 Também não conseguiu evitar a aprovação, em primeira votação, da redução da maioridade penal. “A ampla frente de esquerda, democrática, que conquistou a vitória de outubro, se afastou”, resume Paulo Skoromov, de 68 anos, sindicalista que presidiu a assembleia que fundou o partido, em 10 de fevereiro de 1980, no colégio Sion, em São Paulo. “A gente apoia a presidenta, até com a última gota de sangue, contra o golpe do impeachment. Mas é o que dizem: com Levy e Kátia Abreu fica difícil dizer que o Governo é meu.”

Como num último suspiro de confiança e diante do que acreditam ser uma ameaça maior, uma frente de esquerda formada por movimentos sociais e sindicatos promete voltar às ruas no próximo dia 20, quatro dias após a mobilização pró-impeachment. Para evitar o constrangimento de serem acusados de defenderem cegamente o Governo, fazem questão de enfatizar que pedirão respeito à democracia, mas também o fim do ajuste fiscal.

A pedido de Lula, a presidenta recebeu parte desses militantes no último dia 13, em Brasília, em um evento público. Guilherme Boulos, liderança do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), foi convidado a assumir o microfone e, diante de uma Rousseff visivelmente desconfortável, avisou: “A agenda do Brasil é a da distribuição de renda, a de reformas sociais (...) Estaremos firmes e decididos nas ruas para defender essa agenda com unhas e dentes. A saída para o nosso país é com o povo e pela esquerda, presidenta”.

Fonte: El Pais 
 

domingo, 11 de janeiro de 2015

Saem os bilhões, voltam os centavos

Como é difícil saber para que lado o Buscapé corre depois de aceso, a turma de Dilma terá de pensar em algo melhor do que receber patrocinadores de vândalos no Planalto 

Começou de novo. E, um ano e meio depois das manifestações que sacudiram o país em junho de 2013, governo algum tem noção do que fazer com isso. Muito menos como coibir o vandalismo, o desrespeito com a coletividade, o quebra-quebra. Tudo do mesmo jeitinho: uns poucos provocam, incendeiam lixo, estraçalham vitrines, forçam a reação da polícia, que, como patinho, cai na provocação, arreganha o cassetete, lança gás e atira balas de borracha na turba. Prende e depois solta.

De um lado, não dá mais para o Movimento Passe Livre (MPL), que organiza os eventos contra as tarifas de transporte urbano, se eximir de responsabilidades quanto às depredações. De outro, já teria dado tempo de os governos se prepararem. No mínimo, adquirir caminhões com jatos d’água, algo usado em todas as partes do mundo. Os motivos dos organizadores são os mesmos: impedir os reajustes de passagens já concedidos em pelo menos 10 capitais e em outras grandes concentrações urbanas, como Campinas (SP).

Na cidade de São Paulo, a exigência é mais aguda: não se trata de anular o aumento das tarifas - congeladas desde 2011. Querem ampliar ganhos, até por que saíram absolutamente vitoriosos nas jornadas de junho, derrotando de uma só vez o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), agora reeleito. Parece absurdo, mas para vários lados o melhor é ser assim mesmo.

A quebradeira garante ao MPL cobertura televisiva e primeiras páginas na internet e nos jornais. Dá repercussão ao movimento. Ao mesmo tempo, beneficia o PT, afastando das ruas aqueles que querem ocupá-las sem baderna e por motivos que vão muito além do reajuste das tarifas. A lista vai de Fora PT ao impeachment de Dilma, do não à corrupção à imbecilidade – felizmente isoladíssima – da volta dos militares ao poder. [respeito a colunista mas asseguro que um País que elegeu e reelegeu uma coisa como o Lula, elegeu e reelegeu um  estrupício como a Dilma, só tem a ganhar se MILITARES PATRIOTAS - não me refiro aos melancias - assumirem o Governo.]

Ainda que possam incomodar os petistas Haddad e o recém empossado governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, o reinício da pendenga do passe livre pode ser benéfico a Dilma. Redireciona o foco.Em vez dos bilhões afanados da Petrobrás, o país começará discutir os R$ 0,50 a mais cobrados nos ônibus e trens de São Paulo ou os R$ 0,40 adicionados ao transporte público do Rio.

Black blocs e as bombas da PM substituirão as manchetes dos escândalos diários de corrupção patrocinados pelo governo. Marqueteiro algum poderia pensar coisa melhor.
Mas, como é difícil saber para que lado o Buscapé corre depois de aceso, a turma de Dilma terá de pensar em algo melhor do que receber patrocinadores de vândalos no Planalto ou na balela de um pacto nacional, que começaria pela reforma política por meio de um plebiscito inconstitucional.

Não colou em 2013 e não há a menor chance que emplaque agora. Dilma e o MPL terão de entender que o país já não é o mesmo. Algo dificílimo para ambos.

Fonte: Mary Zaidan É jornalista. E-mail: zaidanmary@gmail.com 
Twitter: @maryzaidan

 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Manifestação contra aumento das passagens traz baderna às ruas de São Paulo - Dilma, vai piorar: 'pede pra sair'

Manifestação contra aumento de tarifas em SP tem confronto e mascarados detidos

Manifestantes tentaram atear fogo em lixo e chegaram a quebrar vidro de agência bancária na Rua da Consolação. PM reagiu com tropa do braço e bombas de efeito moral

A primeira manifestação do ano contra o reajuste das tarifas de ônibus, Metrô e trens em São Paulo teve confronto entre mascarados e PMs e tumulto generalizado na região da Rua da Consolação, centro de São Paulo, no início da noite desta sexta-feira. A confusão teve início quando um grupo de manifestantes mascarados se adiantou, , na Rua da Consolação, à caminhada organizada pelo Movimento Passe Livre (MPL), ultrapassou o cordão de isolamento formado por policiais militares e tentou atear fogo em sacos de lixo. 
 Na rua da Consolação, policiais e manifestantes se enfrentaram durante protesto contra aumento das passagens - Fernando Donasci / O Globo

Eles ainda depredaram os vidros de uma agência bancária do Santander, de uma outra do Banco do Brasil e picharam um ponto de ônibus. Na Avenida Angélica, os mascarados atearam fogo em sacos de lixo. Ainda na Consolação, alguns manifestantes atiraram pedras em carros da PM, que reagiu com a “tropa do braço” e bombas de efeito moral. Houve tumulto, correria e 32 mascarados foram detidos até as 20 horas. Os detidos foram encaminhados para o 78 Distrito Policial.
 
Em meio à confusão, alguns manifestantes entraram em bares da região. Os comerciantes, com medo de depredação, baixaram as portas. As estações de Metrô Consolação e Trianon-Masp foram fechadas. Por conta do tumulto, a PM encerrou o protesto impedindo que a manifestação chegasse à Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, onde terminaria.
Ato contra aumento de tarifas em São Paulo teve a concentração em frente ao Teatro Municipal, no centro - Fernando Donasci / Agência O Globo

Na Rua Augusta, durante o confronto, houve uma tentativa de retomar a caminhada, que teve início na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal, mas a PM impediu que os manifestantes seguissem até a Paulista utilizando bombas de efeito moral. Cerca de 2 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, participam da manifestação, várias deles mascarados. O Movimento Passe Livre (MPL) chegou a dizer que reuniu 10 mil no ato.

Cerca de 800 PMs, 110 deles da chamada tropa do braço, acompanharam o protesto. Pelas ruas, antes do confronto, os manifestantes chamaram a população para o protesto aos gritos de “Vem,vem,vem pra rua, vem, contra o aumento”. A Polícia Militar informou que planejou operação policial com 800 agentes "para garantir a livre manifestação de pensamento" sem que houvesse "ruptura da ordem pública, dano ao patrimônio ou outros danos”. Parte do grupamento utilizado na manifestação é também conhecido como "tropa de braço", por ser especializado em treinamento de defesa pessoal e artes marciais.

Os PMs foram orientados a impedir a entrada de pessoas na manifestação com máscaras de proteção contra gases e bombas de efeito moral. Também está proibida a entrada de pessoas portando vasilhames com vinagre. Durante a manhã, o Movimento Passe Livre (MPL) criticou um convite que teria recebido do comando da Polícia Militar, convocando uma “liderança” do grupo para uma "reunião de planejamento" do ato. Criticou também o efetivo destacado pela PM, além da decisão de revistar pessoas que se aproximarem da manifestação. "Nos perguntamos porque a polícia militar precisa de um efetivo tão grande e de ameaças lançadas de antemão para garantir o direito à livre manifestação", escreveu o MPL, em texto publicado nas redes sociais.

Entidades de defesa dos direitos humanos como Conectas e Artigo 19 assinaram com integrantes do Núcleo Especializado em Direitos Humanos da Defensoria Pública carta endereçada à PM, criticando a decisão de revistar pessoas antes do ato. “Cercar e revistar pessoas indiscriminadamente é um atentado às liberdades e garantias da Constituição e dos tratados internacionais firmados pelo Brasil. Se permitir que o anúncio se concretize, o governo do Estado abrirá mais um grave capítulo na longa lista de violações cometidas contra manifestantes”, escreveu Marcos Fuchs, diretor adjunto da Conectas, em texto divulgado nesta sexta-feira.[a Constituição garante o direito de livre manifestação de forma ordeira e garantindo o também constitucional DIREITO DE IR E VIR - JAMAIS a Constituição garantirá a baderna e por isso a PM tem que agir com energia, usando da força necessária para restabelecer a ORDEM PÚBLICA, a LIVRE CIRCULAÇÃO e o PATRIMÔNIO PÚBLICO E PRIVADO.]

A tarifa no transporte coletivo subiu de R$ 3 para R$ 3,50. Na tentativa de amenizar protestos, tanto o prefeito Fernando Haddad (PT) quanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciaram gratuidade para estudantes das redes públicas municipal e estadual de ensino, respectivamente.