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sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Jorge Abeidt - E-mail recebido de um amigo que mora no Canadá.

Acabei de ver na Jovem Pan o Prof. Paulo Kramer falar sobre a esquerda: " A esquerda perdeu a guerra 50 anos atrás e, ao ser derrotada, trilhou um outro caminho que foi aparelhar o corpo docente do Brasil"

Não poderia concordar mais, eu vivi essa derrota. Eu tinha 13 anos no dia 31 de marco de 1964, meus pais estiveram na marcha da família com Deus pela liberdade.

Em 1971 era aluno do primeiro ano do curso de Engenharia Civil da Universidade Mackenzie e o primeiro ano era cursado no chamado Ciclo Geral que reunia todos os cursos de exatas.  
Assim, os alunos de Engenharia dividiam salas de aula com os de Arquitetura e com os de licenciatura como Física, Química e Matemática. Havia um fato que me deixava curioso: aqueles caras dos cursos de licenciatura ou Filosofia.  
A turma tinha passado num vestibular similar ao nosso, fazia cursos apenas um ano a menos que os nossos e sairia para a vida profissional ganhando 9% do salário que nós Engenheiros ou ainda: iríamos receber 11 vezes o salário de um Professor, qual era a deles?

Qual é a deles? Hoje olhando para trás, eu tenho a resposta. Ela foi dada, sem o saber,  pelo senhor Paulo Kramer naquela entrevista: IDEOLOGIA.

Aqui no Canadá, onde vivo com minha família há 22 anos, a situação não é diferente. Embora no Canadá, os meus 9 netos (a mais velha com 16 e o mais novo com 3) nunca foram à escola. Minhas três meninas (a nora e duas filhas) todas portadoras de sólidos diplomas universitários, obtidos aqui na América do Norte, abandonaram suas rendosas profissões para cuidar da educação dos meus netos, seus filhos, e educação no caso inclui escolaridade. 
Meus netos se juntam a milhões de outras crianças norte-americanas do movimento home schooling que significa dizer um enorme não ao Wokismo, novo nome dado ao politicamente correto.

Um grande abraço

Jorge Abeid  - Publicado no Site Percival Puggina

Nota do Editor: Imagine, leitor, o que pode acontecer na hipótese, tenebrosa, de uma vitória petista no dia 30 com a volta de Haddad (ou de alguém como ele) para o MEC em 2023. [

[Graças a DEUS, quem vai vencer o segundo turno no próximo dia é JAIR MESSIAS BOLSONARO - Capitão do Povo]


                                           
Capitão do povo
[Atualizando: sumiram com o vídeo, mas votou e com umdetalhe: o abaixo que é formidável.]
 
 
Apoiadores de Bolsonaro lançam jingle com apelo aos nordestinos
  
 
As inserções de vídeo são do Blog Prontidão Total

domingo, 7 de agosto de 2022

Rasteiras e mandonismos - Alon Feuerwerker

Análise Política

O período de definição das alianças e candidaturas fechou com o costumeiro espetáculo de rasteiras proporcionado pelas direções partidárias. Nem nomes competitivos escaparam do festival de mandonismo, que reforçou uma regra básica da política brasileira: ou você é dono de partido ou está completamente à mercê de um deles, que faz o que bem entende.

Poder agora reforçado pelo monopólio de facto do dinheiro disponível para as campanhas.  Não por acaso, o debate da sempre propalada reforma política, mesmo descrita como “a mãe de todas as reformas", nunca chega a resvalar nessa questão fundamental. Entre as anomalias teratológicas resultantes da Carta de 1988 e seus desdobramentos, o Brasil restringiu a disputa do poder a donos de agremiações generosamente contemplados com recursos vindos dos impostos, mas totalmente desobrigados de praticar qualquer traço de democracia interna.

O mecanismo ainda exibe alguma, digamos, legitimidade quando o dono do partido também é o dono dos votos. Mas é exceção da exceção. Na ampla maioria dos casos, a força do proprietário da legenda deriva da posição burocrática ocupada. Esse poder absoluto permite-lhe dissolver instâncias, nomear à vontade comissões provisórias, dizer quem vai ter dinheiro e quem não vai, etc.

E usar pré-candidatos como laranjas para na reta final mercadejar apoios e alianças em condições mais favoráveis.

Mas isso agora é passado, segue a partida, e entramos no segundo tempo de um jogo de mais dois ou três tempos:  1) o “início oficial” das campanhas no primeiro turno, 2) o horário eleitoral e, talvez, 3) o segundo turno. Doravante, e tirando os imprevistos, dois aspectos devem chamar a atenção: 1) a taxa de transferência entre a percepção de melhora na economia e o desempenho de Jair Bolsonaro e 2) o que a Justiça deixará que seja dito na campanha.[UTILIDADE PÚBLICA: Os preços dos combustíveis tiveram uma redução importante, nos últimos dois meses. = Em Brasília, só a gasolina baixo em torno de 30% = de quase oito reais para cinco reais e 34 centavos; na região do Entorno do DF, a baixa foi maior.]

Sim, pois, como previsto, a dito “combate às fake news” vem servindo menos para limitar a difusão de mentiras no debate político e mais para os bem situados em posições de poder chamarem para si, com objetivos políticos, o poder absoluto de definir o que é “a verdade”. Isso já tem sido bastante relevante no dia a dia, mas adquire importância decisiva na eleição.

É altamente improvável que se consiga proibir os políticos de mentir (quem conseguisse isso mereceria um Nobel, talvez de Química), então o mais provável é o processo escorregar para outro mandonismo: os detentores (ou detentor) da prerrogativa de definir o que é verdade ou mentira usarem o “combate às fake news" para ajudar uns e atrapalhar outros.

E a elasticidade economia-votos de Bolsonaro? Será preciso olhar a relação entre quatro variáveis: 1) as condições objetivas, que costumam se expressar em números e não dependem de interpretação, 2) a percepção do eleitor sobre a própria situação, 3) a percepção do eleitor sobre a situação do país e 4) a percepção do eleitor sobre a conveniência de manter Bolsonaro no cargo para que a situação da economia, pessoal e geral, melhore.[atualizando: a economia melhora em todos os aspectos = inflação em queda, alguns estados com deflação; combustíveis com baixa de até 30%; PIB com discreta melhora; desemprego em queda, com níveis inferior a antes da pandemia. E outros indicadores com melhora.]

A guerra da informação influi pouco ou quase nada nas duas primeiras variáveis, que estão melhorando, mas pesa bem nas duas últimas, que parecem meio paradas. 

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político 

 

domingo, 21 de novembro de 2021

O estranho desfile - Alon Feuerwerker

Análise Política

Conte a alguém de outro país que o Supremo Tribunal Federal brasileiro dia destes estava discutindo e decidindo se artistas podem ou não cantar em atos de campanha eleitoral, mesmo de graça. 
E que a Corte resolveu proibir a atividade. 
Informe também que ela decidiu, ao mesmo tempo, autorizar atos artísticos para arrecadação de recursos para campanhas. Faça mais: tente explicar a exata diferença entre as duas coisas, e por que uma pode e a outra não. [´Vá um pouco adiante e lembre que entre as matérias que merecem atenção da Corte Suprema do Brasil está a de decidir se banheiro público pode ser unissex. Como subsidio para eventual formação de opinião, leia: "ele reclamou que a filha foi estuprada na escola e foi preso por transfobia",   também clique aqui.]

Boa sorte.

Na melhor tradição brasileira, assiste-se desde a redemocratização a um fluxo de produção legislativa - inclusive da lavra do Judiciário - destinada a “aperfeiçoar” e “corrigir” o sistema eleitoral. Esse furor legisferante tem picos em resposta a revelações de malfeitos, reais ou supostos, e aí os políticos, instados pela opinião pública, correm a dar “repostas à sociedade”.

A bizarrice sobre os “showmícios” é apenas um exemplo. Tomemos o financiamento de campanhas. Em reação a escândalos derivados do financiamento eleitoral ilegal e associados à corrupção, aboliu-se a possibilidade de empresas doarem para candidatos e criou-se - e depois engordou-se- o fundo eleitoral estatal.

O resultado? Conferir uma vantagem decisiva para candidatos ricos e atribuir aos presidentes de partido um superpoder, pois junto à generosa verba estatal não veio um aperfeiçoamento igualmente decisivo da distribuição dos recursos. Os partidos brasileiros são aliás um caso único de entidades financiadas quase totalmente por dinheiro dos impostos mas de que não se exige nenhum compromisso de funcionamento democrático.

E mais. Como a verba pública para cada partido é calculada a partir da votação na eleição anterior, mesmo se a legenda tiver desmilinguido desde o último pleito terá vantagem sobre entrantes.

O desfile é longo. Agora mesmo assistimos ao desabrochar da campanha eleitoral presidencial (e de governadores, senadores, deputados), mas sem os candidatos poderem dizer-se candidatos. Têm de ser chamados “pré-candidatos” para não correr o risco de punição pela Justiça Eleitoral. E não podem pedir voto, pois ainda não são candidatos, apesar de precisar se comportar como tal pois, afinal, a campanha começou.

Mas a campanha que agora inicia (a largada “oficial” será só em meados do ano que vem) promete extrapolar nas coisas estranhas. Informaram-nos outro dia que a Justiça Eleitoral vai punir “fake news” na eleição, e candidatos que mentirem poderão até ser cassados. E presos.

Se de fato o Brasil conseguir evitar que os políticos mintam, ainda mais nas eleições, será uma inovação merecedora do Nobel de Química. Ou de Alquimia.

O primeiro desafio do Tribunal Superior Eleitoral neste ponto será estabelecer qual o órgão competente para decidir o que é “verdade” e o que é “mentira”. [o STF já promulgou Resolução que estabelece quem pode dizer o que é mentira e o que é verdade.] Quem sabe se, à guisa de aperfeiçoamento, a Justiça não poderia definir um rol de verdades oficiais para abastecer as mensagens dos candidatos e evitar que o público, esse coitado indefeso e que precisa ser tutelado pelos sábios de Brasília, fique exposto à desinformação?

Para concluir, conte a seu certamente já espantado interlocutor estrangeiro que nosso sistema eleitoral praticamente impede o vencedor da eleição presidencial de eleger com ele algo próximo de uma maioria parlamentar. E ao final pergunte se esse estranho desfile tem alguma chance de dar certo.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

sábado, 6 de novembro de 2021

Estados Unidos divulga relatório sobre o poder militar Chinês

DefesaNet

O crescimento das capacidades militares da China surpreende analistas do Pentágono como indicado no relatório deste ano.

O Departamento de Defesa divulgou hoje (03NOV2021) seu relatório anual sobre desenvolvimentos militares e de segurança envolvendo a China, comumente referido como Relatório do Poder Militar da China.(Nota DefesaNet - O relatório na íntegra pode ser acessado clicando aqui)

O relatório fornece informações sobre a estratégia nacional da China, objetivos de política externa, planos econômicos e desenvolvimento militar.

"O relatório fornece uma avaliação básica do principal desafio do departamento e traça a modernização do PLA [Exército de Libertação do Povo] ao longo de 2020", disse um oficial de defesa na terça-feira. "Isso inclui o desenvolvimento de capacidades do PLA para conduzir ataques de precisão conjuntos e de longo alcance em todos os domínios; capacidades cada vez mais sofisticadas de espaço, contra-espaço e cibernética; bem como a expansão acelerada das forças nucleares do PLA."


Uma revelação importante no relatório são os avanços da China em sua capacidade nuclear, incluindo que o ritmo acelerado de sua expansão nuclear pode permitir que a China tenha até 700 ogivas nucleares entregues até 2027.

"O ritmo acelerado da expansão nuclear do PLA pode permitir que a RPC [República Popular da China] tenha até cerca de 700 ogivas nucleares entregues até 2027", disse o funcionário. "E o relatório afirma que a RPC provavelmente pretende ter pelo menos 1.000 ogivas nucleares até 2030 - excedendo o ritmo e o tamanho que projetamos no relatório 2020 China Military Power."




O relatório também revela que a China pode já ter estabelecido uma tríade nuclear, que inclui a capacidade de lançar tais mísseis do ar, solo e mar.

"A RPC possivelmente já estabeleceu uma nascente 'tríade nuclear' com o desenvolvimento de um míssil balístico lançado do ar com capacidade nuclear e a melhoria de suas capacidades nucleares terrestres e marítimas", diz o relatório.

 

Novo no relatório deste ano é uma seção sobre os esforços de pesquisa química e biológica das forças armadas chinesas. Ele afirma que a China se envolveu em atividades biológicas com aplicações potenciais de uso duplo e que isso levanta preocupações em relação ao cumprimento da Convenção de Armas Biológicas e Toxinas e da Convenção de Armas Químicas.

O relatório conclui que a China continua sendo clara em suas ambições de ser competitiva com potências militares de classe mundial, disse o funcionário do DOD.   “As capacidades e conceitos em evolução do PLA continuam a fortalecer sua capacidade de lutar e vencer guerras, para usar sua própria frase, contra o que a RPC chama de 'inimigo forte' - novamente, outra frase que aparece em suas publicações. inimigo forte ', é claro, é muito provavelmente um eufemismo para os Estados Unidos ", disse ele.

De acordo com o relatório, uma grande parte do esforço da China para igualar a força de um "inimigo forte" envolve grandes esforços de modernização e reforma dentro do exército chinês. Esses esforços incluem um esforço contínuo para alcançar a "mecanização", que o relatório descreve como os esforços do exército chinês para modernizar suas armas e equipamentos para serem conectados em um "sistema de sistemas" e também utilizar tecnologias mais avançadas adequadas para "informatização" e guerra "inteligente".


LEIA TAMBÉM: Como a China Está comprando o Brasil - Revista Crusoé


Nota DefesaNet

Recomendamos cautela ao ler a matéria da Revista Crusoé. Pontos importantes são omitidos. Não parece ser por acaso, pois todos estão relacionados com o Governo de São Paulo e gruposs políticos vinculados tradicionalmente ao Grupo Antagonista.


Nota DefesaNet  a referência ao Brasil está como o quinto fornecedor de petróleo para a China

 

DefesaNet, MATÉRIA COMPLETA


quinta-feira, 2 de julho de 2020

Forças Armadas, para que servem? - Míriam Leitão

O Globo

Forças Armadas acertam quando atuam como órgão de estado


O relato do que as Forças Armadas estão fazendo neste momento é interessante porque ilumina exatamente o seu papel no meio de uma pandemia num país continental, com gigantescos desafios. Sendo, como têm que ser, uma instituição do Estado, e não braço de um governo, tudo fica mais fácil de ver e de valorizar. Lá dentro se diz que é nisso que as tropas estão realmente pensando, no seu papel tradicional. Enquanto isso, manifestantes bolsonaristas fazem passeatas pedindo intervenção militar, e o próprio presidente fez constantes ameaças que alimentaram velhas dúvidas e temores. Certos fatos incendiaram ainda mais o debate, como o dia em que o ministro Azevedo sobrevoou com o presidente uma dessas manifestações que pediam o fechamento do Supremo.


Na época das Olimpíadas havia uma grande preocupação com o risco de atentados terroristas. Houve um investimento nas Forças Armadas em treinamento e qualificação para ações de defesa contra ameaças química, nuclear e radiológica. Isso ficou como um legado e foi usado agora no combate ao Covid-19. Militares fizeram mais de duas mil descontaminações de espaços públicos. E até por ser em áreas de muita população essas ações tiveram mais visibilidade. Estiveram em locais de mais difícil acesso, ilha de Marajó, por exemplo, para distribuir cestas básicas. Ao todo, em vários pontos do país, e até aldeias indígenas, em três meses distribuíram mais de meio milhão de cestas básicas. — Tem um programa que nasceu também na esteira dos Jogos Olímpicos, em que crianças carentes saíam da escola e iam no contraturno para os quartéis para a prática de esporte. Trinta mil crianças nesse programa. De uma hora para outra, as escolas fecharam, e eles não iam mais para o reforço escolar. Ficaram sem duas refeições. O dinheiro foi revertido em kit alimentação para a família dos jovens — conta um oficial.

Um programa entre CNI, Senai e hospitais, para consertar respiradores no Brasil inteiro, foi possível porque os aviões da FAB ou caminhões do Exército ficaram no leva e traz de equipamentos. Foram 1.500 respiradores consertados. Quando os restaurantes à beira das rodovias pararam, o país poderia ter tido um colapso logístico, porque os caminhoneiros não teriam onde se alimentar. Os militares fizeram pontos de parada e distribuição de quentinha para os motoristas.

Médicos militares foram deslocados para alguns hospitais com falta aguda de pessoal. Saíram, por exemplo, do Sul, que estava pouco afetado, para regiões de quase colapso como Macapá, São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga. Porque estiveram em várias frentes de combate o índice de contaminação de militares foi de 2%, considerado alto. Morreram 20 dos 7.500 contaminados, mas já estão recuperados 80%. — O militar mesmo está com pouco tempo para discussão política. Há pontos no país onde só nós conseguimos chegar com rapidez, uma ONG bem intencionada consegue ajudar, mas as Forças Armadas fazem em grande volume. Isso sem falar em todo o trabalho de sempre, de patrulhamento, de vigilância de fronteira — me disse um oficial.

A politização das Forças Armadas foi evitada durante 30 anos. O presidente Jair Bolsonaro, de forma deliberada, fez uma mistura entre seu governo e o poder que elas têm. Se os militares forem viabilizadores de um governo que estimula o conflito, e que está em crise, será, como tenho dito aqui, um risco para o país e para a própria instituição.

Míriam Leitão, jornalista - O Globo


quinta-feira, 16 de abril de 2020

Uma desgraça raramente vem sozinha. É assim com o coronavírus - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo

Uma desgraça, conforme nos ensina a sabedoria popular, raramente vem sozinha. No caso do coronavírus, mais uma vez não veio. Junto com a Covid-19 temos direito, no Brasil, a demonstrações quase diárias de agressão às liberdades públicaspraticadas por 27 governadores, 5.500 prefeitos e dezenas de milhares de fiscais, com a cumplicidade geral do Poder Judiciário.

Teremos corrupção maciça do Oiapoque ao Chuí, com a suspensão da exigência de se fazer concorrência pública em contratos dos governos – a epidemia só existe até agora em 1.000 municípios, mas cerca de 2.000 já decretaram “estado de calamidade pública”, o que lhes permitirá fazer tudo o que você imagina. Temos a transformação de uma doença, e do seu possível tratamento, em questão abertamente política: até na química se formou uma divisão entre “direita”, que é pró cloroquina, e “esquerda”, que é contra.


Leia também:  Acabar com a quarentena agora é melhor ou pior para a economia? O que dizem os especialistas

Um dos piores aspectos dessa onda de desgraças suplementares – é difícil dizer qual é realmente o pior – é a agonia em que vive hoje no Brasil a virtude da tolerância. Não se admite, de jeito nenhum, que haja pessoas com pensamentos diferentes dos seus em relação ao problema; não se aceita que outras pessoas tenham ideias que você não goste. A coisa ocorre nos dois grandes “lados” que se formaram, em termos gerais, quanto ao combate da epidemia – os que defendem o máximo rigor no isolamento das pessoas (“não saia da casa”), e os que defendem um abrandamento nas regras de controle do contágio e uma retomada mais rápida da produção e do trabalho. Os primeiros são, para não ficar encompridando conversa, contra o governo federal. Os segundos são a favor – ou simplesmente não aceitam a paralisia do país e de suas vidas.

A turma do “confinamento social”, até o momento, está levando vantagem clara, na maior parte do mundo político, das elites “pensantes” e da mídia, nessa competição para mostrar quem é mais intolerante. É proibido, aí, achar que há alguma alternativa para o isolamento radical – ou é isso ou é a calamidade. Não é permitido questionar os números de casos e de mortes divulgados diariamente; não a sua exatidão aritmética, mas a recusa dos divulgadores em fazer relações e comparações com outros números e outros aspectos da realidade. Não se admite a cogitação de que haja qualquer medicamento capaz de ajudar no combate à doença; enquanto não houver uma vacina, a única medida possível é a quarentena sem prazo de duração. [o fim da quarentena está vinculado à chegada do pico da pandemia, que é adiado em 15 dias a cada semana.]

O cidadão que imagina ter o direito de não concordar com qualquer dessas coisas é acusado, logo de cara, de ser “a favor da morte”. É um crápula que prefere o “lucro” à “vida”; acha que “a economia” é mais importante que “o ser humano”. Isso só para começar. Para continuar, pode ser acusado de “genocídio”. Com certeza vai ser excomungado como “bolsonarista” e “vendido ao governo” – além de fascista, inimigo do estado de direito e a favor da “volta dos militares”.

Tem pé ou cabeça uma coisa dessas? Não tem nem uma e nem outra, claro. Mas é assim que ficou. Da próxima vez que o Imperial College de Londres disser que o Brasil “pode” chegar a mais de 600.000 mortos, ou que a ex-presidente Dilma Rousseff prever até 1 milhão de mortes”, é melhor ficar quieto. Quem achar que talvez não seja bem assim vai ser denunciado, na hora, como inimigo do povo brasileiro.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


sábado, 11 de abril de 2020

O Brasil dividido entre o partido antivírus e o pró-vírus - J. R. Guzzo - Gazeta do Povo





A epidemia oferecida ao mundo pelo coronavírus da China conseguiu produzir, no Brasil, um fenômeno talvez sem precedentes: pela primeira vez na história uma substância química passou a servir como linha de divisão entre a direita e a esquerda. É essa hidroxicloroquina, um clássico trava-língua do qual ninguém jamais tinha ouvido falar até hoje fora da comunidade envolvida com o universo da química, mas sobre a qual todo mundo passou a ter, subitamente, opiniões apaixonadas – do presidente da República ao porteiro do seu prédio. A discussão é se essa droga, disponível através da indústria farmacêutica, serve ou não para curar a Covid-19.


Química é química, e política é política, mas no Brasil irracional em que estamos vivendo, as coisas não são assim. Se você é de direita, e a favor do presidente Jair Bolsonaro, você acha que a hidroxicloroquina é um santo remédio para curar a Covid-19. 
Se você é de esquerda, e contra o governo, acha que é um veneno – ou, no mínimo, uma substância suspeita, de efeitos desconhecidos e que não pode, de jeito nenhum, ser receitada para ninguém.

Ouça: 
[No podcast tem:
- detalhes sobre a hidroxicloroquina e mais
- oito tratamentos contra a Covid-19 que estão sendo analisados;
- o 'solta geral' da bandidagem 'recomendado' pelo CNJ.]

Naturalmente, como de costume, quanto menos o sujeito sabe sobre química, farmácia e medicina, mais certeza ele tem de que está com a razão. Não ajuda em nada, para se melhorar os níveis clareza do bate-boca, o fato de que os próprios médicos e pesquisadores estão amargamente divididos sobre os efeitos do medicamento. Não é uma questão difícil de entender quando se leva em conta que, desde a chegada da epidemia, o Brasil se dividiu entre o partido antivírus e o partido pró-vírus. O primeiro quer que a Covid-19 seja eliminado o mais cedo possível, que o confinamento seja encerrado e que o país volte a funcionar rapidamente. O segundo quer que a epidemia apresente estatísticas cada vez piores, que a quarentena seja reforçada e que o país demore o máximo possível para voltar ao normal.

O Brasil antivírus, é claro, é o do governo – quanto mais cedo a praga acabar, melhor para ele. 
O Brasil pró-vírus é o da oposição. Quanto mais o país demorar para recuperar a normalidade, tanto pior para o governo e o seu futuro político.

O resto dessa história toda é bem conhecido. A hidroxicloroquina está disponível e sendo aplicada, é claro, nos hospitais dos ricos e dos planos médicos “top de linha”; é tomada, também, pelos médicos que pegaram o vírus e podem controlar o seu próprio tratamento.
O raciocínio que está valendo, aí, é o seguinte: 
os conhecimentos já obtidos sobre a droga ainda não são completos, mas já são suficientes para aplicá-la, sem riscos, num vasto número de pacientes.
No SUS, e para o povão, o raciocínio é esse mesmo, só que ao contrário: os conhecimentos sobre a substância ainda não são completos e, portanto, ela não deve ser aplicada. O jornalismo investigativo deu a si próprio a missão de investigar, em todos os seus detalhes, as possíveis contraindicações da hidroxicloroquina e, sobretudo, em demonstrar que não há certeza científica sobre os seus benefícios. As “instituições”, como um todo, também se colocam contrasalvo quando seus próprios membros passam a precisar de tratamento. A oposição age da mesma forma.

É muito fácil, obviamente, exigir consenso absoluto sobre a eficácia, o alcance e a conveniência da aplicação da substância quando você próprio não precisa esperar, para tomá-la, pelos próximos vinte ou trinta anos – tempo que a ciência médica, em geral, demanda para ter certeza suficiente sobre medicamentos e terapias. O duro, justamente, é a espera. Mas isso é coisa para pobre e os pobres, como sempre, que se explodam.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo



quarta-feira, 15 de maio de 2019

Professora Joana D'Arc Félix fala sobre diploma contestado: 'Não menti'

‘Eu não menti’, diz Joana D’Arc Félix após revelação sobre diploma

'A gente se empolga e acaba falando demais', afirma a química, que ganhou visibilidade ao narrar uma história de superação

Joana D’Arc Félix de Sousa, química brasileira, ganhou visibilidade na imprensa e em palestras como o TEDX por contar uma história de superação: a menina pobre, filha de empregada doméstica com operário de curtume, que entrou na faculdade aos 14 anos e concluiu um pós-doutorado em Harvard. Recentemente, a professora foi questionada sobre o seu currículo.


 Joana D'Arc Félix de Souza: "O meu legado não será apagado" (FEBRACE/Youtube)

Uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revela que a universidade negou ter emitido certificados que comprovem a formação e alertou para um erro de grafia no papel: estava escrito oofem vez de “of”. No suposto diploma, há duas assinaturas. Uma delas é do professor emérito de Química em Harvard Richard Hadley Holm, que, procurado por e-mail, teria dito: “O certificado é falso. Essa não é a minha assinatura, eu não era o chefe de departamento naquela época. Eu nunca ouvi falar da professora Sousa”.

No currículo Lattes, escrito pela própria pesquisadora, está publicado que ela recebeu bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do Ministério da Educação (MEC). A Capes também negou a existência do nome de Joana em seu sistema, segundo a publicação.
Há outra revelação na reportagem sobre o histórico da pesquisadora: ela fez a graduação, o mestrado e o doutorado na área de Química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No entanto, a data da matrícula na Universidade é de 1983, quando tinha 19 anos, e não aos 14 como informou.

A atriz Taís Araújo, que coproduz um filme sobre a vida da cientista, afirmou estar surpresa com a notícia. Joana falou com VEJA sobre a polêmica:

Qual é a história por trás da imagem do diploma?
Não tenho um diploma do pós-doutorado [em Harvard] porque eu voltei antes. Fui lá algumas vezes, mas tive muitas orientações à distância. Quando o jornalista do Estadão veio, no segundo semestre de 2017, ele pegou várias fotos e eu tinha feito uma encenação, em que a gente apresentava vários diplomas. Depois eu vi que ele estava com uma cópia daquilo e eu falei para ele ‘aquilo lá não é válido’, e ficou por isso mesmo, lá em 2017. Também falei recentemente que aquele diploma não era verdadeiro. Ele foi feito para uma encenação.

Com que idade a senhora começou a faculdade?
Passei no vestibular aos 14 anos. O que aconteceu foi que eu não consegui ir, não teria condições, então cursei mais tarde. Eu fui no primeiro momento, mas depois voltei. O TED, por exemplo, é uma coisa reduzida. Tem que falar em 17, 20 minutos. Não dá para falar em detalhes.


(...)
As palestras da senhora são sobre uma trajetória de superação e vitória, em Harvard. Isso não fica em xeque? 
 Eu tive orientações à distância. A gente se empolga e acaba falando demais. Mas fica a lição para nos policiarmos. O legado que eu construí, de reduzir a evasão escolar, de transformação social, de tirar crianças do tráfico de drogas e da prostituição, eu acho que não vai ser apagado.

Matéria completa, Revista Veja



 

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Americano e japonês dividem Nobel de Medicina por tratamento contra o câncer


Os imunologistas James P. Allison e Tasuku Honjo venceram nesta segunda-feira (1) o Prêmio Nobel de 2018, graças às pesquisas que conduziram sobre uma terapia natural para conter o avanço de câncer.


 Nobel de Medicina (Crédito: Sam YEH / AFP)

A Academia Sueca anunciou que o americano e o japonês dividirão o prêmio de 9 milhões de coroas suecas.  Os dois desenvolveram pesquisas separadas sobre uma terapia contra o câncer por meio da inibição da regulação imune negativa. De acordo com especialistas da área, o estudo é inédito pois, pela primeira vez, uma terapia se foca nas células do sistema imunológico, e não no próprio tumor. 

Amanhã, o comitê do Prêmio Nobel, localizado em Estocolmo, anunciará o premiado em Física e, na quarta-feira, o de Química. Neste ano, não haverá o Nobel de Literatura devido ao caso do francês Jean-Claude Arnault, de 71 anos. Já o Nobel da Paz será anunciado em 5 de outubro. 

ANSA