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domingo, 23 de julho de 2023

Possível fim do WhatsApp ilimitado pode ter impacto maior do que o previsto - Gazeta do Povo

Vozes - Madeleine Lacsko

Cidadania Digital

O cenário de comunicação no Brasil pode estar prestes a passar por uma mudança significativa, impulsionada pela economia e avanço tecnológico. 
As principais operadoras de telecomunicações do país, Vivo, TIM e Claro, estão atualmente em discussão sobre a viabilidade de encerrar a oferta de acesso ilimitado ao WhatsApp em seus planos de dados, devido aos custos crescentes relacionados à implementação da tecnologia 5G. 
Essa possível alteração poderá impactar diretamente a maneira como as pessoas se comunicam e consomem informações, uma vez que o WhatsApp se tornou uma plataforma central para a troca de mensagens e notícias.
 
Atualmente, o acesso ilimitado ao WhatsApp tem sido uma opção popular e conveniente para muitos usuários, proporcionando uma maneira rápida e acessível de consumir notícias e se manterem informados. 
No entanto, essa facilidade de acesso também pode acarretar alguns desafios. 
A dependência exclusiva desses aplicativos para a obtenção de informações pode limitar a busca por outras fontes e conteúdos verificados, levando a uma possível falta de contexto ou análise mais aprofundada das notícias recebidas.

    A combinação das empresas de telefonia com as Big Techs representa uma estrutura sobre a qual se sustentam negócios e também, ultimamente, o espaço cívico.

A discussão sobre o acesso ilimitado ao WhatsApp levanta questões importantes sobre como as mudanças na economia e na tecnologia estão moldando nossos padrões de comunicação e consumo de informações. Três das principais operadoras de telecomunicações do Brasil, Vivo, TIM e Claro, estão debatendo a possibilidade de encerrar a oferta de acesso ilimitado ao WhatsApp em seus planos de dados. A discussão surge em meio a preocupações com os crescentes custos associados à implementação da tecnologia 5G no país. 
A oferta do WhatsApp ilimitado era uma vantagem competitiva oferecida pelas operadoras, mas agora elas estão avaliando sua sustentabilidade financeira diante do aumento da demanda esperada com a expansão do 5G.

A mudança potencial na oferta de acesso ilimitado ao WhatsApp pode impactar a experiência dos usuários, que se acostumaram a utilizar o aplicativo de mensagens sem se preocupar com limites de dados. A decisão das operadoras de rever essa oferta ocorre devido às complexidades e altos custos envolvidos na implantação da infraestrutura necessária para suportar o 5G, que promete velocidades de conexão significativamente mais rápidas e maior capacidade de dados.  

Como o uso do WhatsApp é amplamente difundido no Brasil, qualquer alteração nas condições de acesso ao aplicativo pode ter um impacto significativo nas escolhas dos consumidores em relação aos planos de telefonia móvel.

Ainda não há uma decisão final sobre o assunto, mas as discussões em andamento entre as operadoras de telecomunicações indicam que a oferta de WhatsApp ilimitado pode ser revista em breve. O cenário reflete o desafio que as empresas enfrentam para equilibrar a oferta de serviços atraentes para os consumidores, ao mesmo tempo em que investem na expansão e aprimoramento de suas redes para atender às crescentes demandas de conectividade trazidas pela tecnologia 5G no Brasil.

Há dois cenários para a informação vindos dessa potencial mudança. Ou as pessoas finalmente ficam mais conscientes ou agora a coisa degringola de vez.

É possível que os consumidores busquem por alternativas para se manterem informados, já que vão pagaro acesso de qualquer jeito. Sem a comodidade do acesso ilimitado, as pessoas podem se voltar para fontes originais de notícias, explorando sites de veículos de comunicação, blogs especializados e outras plataformas que oferecem informações confiáveis e verificadas.

Por outro lado, o fim do acesso ilimitado ao WhatsApp também pode ter um efeito negativo no consumo de notícias. Com muitos consumidores enfrentando restrições financeiras, a falta de recursos para pagar pelo pacote de dados poderia resultar em uma redução do acesso à informação. As pessoas vão trocar menos notícias entre si e não vão checar essas notícias de jeito nenhum porque a ordem é economizar, pensando nesse cenário.

Além do impacto na disseminação da informação, o possível fim do acesso ilimitado ao WhatsApp nos planos de dados também pode ter implicações significativas para os negócios que utilizam a plataforma como ferramenta essencial para suas operações. 
Hoje em dia, o WhatsApp desempenha um papel crucial no mundo empresarial, sendo utilizado por muitas empresas, grandes e pequenas, para se comunicarem com clientes, fornecedores e parceiros de negócios. A facilidade de comunicação, compartilhamento de informações e a possibilidade de realizar vendas diretamente na plataforma tornaram o aplicativo uma ferramenta indispensável para muitos empreendimentos.

Além do WhatsApp, existem outros aplicativos que também oferecem acesso ilimitado em alguns planos de dados, e a possível extinção dessas vantagens pode afetar diretamente a dinâmica das operações de negócios. Muitas pequenas empresas e empreendedores se estruturaram em torno da gratuidade desse acesso, o que lhes permitiu manter custos baixos e eficiência nas comunicações comerciais. Com a perspectiva de terem que pagar por esse serviço, essas empresas podem enfrentar desafios financeiros adicionais ou terão que buscar maneiras alternativas de se comunicar com seus clientes e parceiros comerciais.

Enquanto grandes empresas podem absorver parte desses custos adicionais, as pequenas empresas são mais sensíveis a essas mudanças e podem ter que fazer ajustes significativos em seus modelos de negócios. O pagamento pelo acesso aos aplicativos de mensagens pode resultar em um aumento dos custos operacionais, o que pode afetar os preços dos produtos e serviços oferecidos ou diminuir a margem de lucro desses empreendimentos.

Vivemos a era da hipercomunicação. Toda mudança na comunicação afeta a dinâmica da sociedade. A combinação das empresas de telefonia com as Big Techs representa uma estrutura sobre a qual se sustentam negócios e também, ultimamente, o espaço cívico. Muita gente ainda não percebeu como pode ser afetada porque não sabe que o uso de determinados aplicativos simplesmente não é descontado do seu plano de dados. Precisamos ficar de olho nessa decisão.

Madeleine Lacsko, colunista - VOZES - Cidadania Digital - Gazeta do Povo 

 

 

domingo, 28 de julho de 2019

Crime cibernético - Nas entrelinhas

Correio Braziliense

“Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha minimizado a tentativa de roubo de mensagens dos seus celulares, esvaziando a tese da ‘ação subversiva’, subiu o tom contra o jornalista Glenn Greenwald”


Ainda bem, a Polícia Federal investiga uma “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos” e não uma conspiração para desestabilizar o governo Bolsonaro, como chegou a ser cogitado por alguns setores de governo, em razão da disputa política que se estabeleceu em torno do vazamento da troca de mensagens entre o então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato, entre os quais o procurador federal Deltan Dallagnol.

Na quinta-feira, a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselman (PSL-SP), chegou a anunciar que o Palácio do Planalto estudava aplicar a Lei de Segurança Nacional (LSN) para punir os responsáveis pela invasão de celulares de várias autoridades dos Três Poderes, entre as quais o presidente Jair Bolsonaro; os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Em caso de aplicação da Lei 7.170/1983, os quatro presos seriam enquadrados como “terroristas”.  A LSN foi promulgada durante a ditadura militar, pelo presidente João Figueiredo, e continua em vigor; porém, somente pode ser aplicada no caso de crimes que “lesam ou expõem a perigo de lesão: a integridade territorial e a soberania nacional, o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito, a pessoa dos chefes dos Poderes da União. É aí que mora o perigo, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha minimizado a tentativa de roubo de mensagens dos seus celulares, esvaziando a tese da “ação subversiva”, subiu o tom contra o jornalista Glenn Greenwald, que revelou a troca de mensagens no site The Intercept Brasil, ao afirmar que o americano pode pegar uma “cana” no Brasil.

O hacker Walter Delgatti teve a prisão temporária prolongada por mais cinco dias, pelo juiz federal Vallisney de Oliveira, que determinou a ampliação das investigações, principalmente sobre a origem do dinheiro movimentado pelos quatro envolvidos no caso. A tese conspiratória decorreu do envolvimento da ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), que foi intermediária entre o hacker e o jornalista americano radicado no Brasil Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, que divulgou as mensagens em parceria com o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja.

O hacker teve acesso ao código enviado pelos servidores do Telegram ao celular das vítimas para abrir a versão do aplicativo no navegador, assumiu que entrou nas contas de procuradores da Lava-Jato e confirmou que repassou mensagens ao site The Intercept Brasil; ele disse não ter alterado o conteúdo e não ter recebido dinheiro por isso. Manuela foi a intermediária entre ele e o jornalista. A ex-deputada confirmou que repassou ao hacker o contato de Glenn, conforme troca de mensagens cujas cópias entregou à Polícia Federal.

Segundo o juiz federal Vallisney de Oliveira, são investigados os crimes de organização criminosa (pena de 3 a 8 anos); invasão de dispositivo eletrônico (pena de 3 meses a 1 ano); e interceptação telefônica sem autorização judicial (pena de 2 a 4 anos). Entretanto, a PF ainda verifica o completo cenário e a profundidade das invasões praticadas; busca a origem da quantia de R$ 99 mil em espécie apreendidos com Gustavo Henrique Elias Santos e sua mulher, Suelen Priscilla de Oliveira; e investiga os 60 chips lacrados para telefone celular pré-pago da TIM em poder de Danilo Cristiano Marques, “laranja” de Walter, além de toda movimentação financeira dos envolvidos em bitcoin e outros criptomoedas.

Plano Cohen
A participação da ex-parlamentar comunista, bem como a agitação feita pelo PT em torno do conteúdo das mensagens de Moro, com objetivo de caracterizar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como fruto de perseguição política passível de anulação judicial, não justificam o uso da Lei de S
egurança Nacional. Isso seria uma espécie de novo Plano Cohen, documento atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelo antigo PCB. Mais tarde, foi comprovado que o documento fora forjado para justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937.

Em setembro daquele ano, realizara-se uma reunião da alta cúpula militar do país, na qual foi apresentado o Plano Cohen, supostamente apreendido pelos serviços de inteligência. Participaram dessa reunião o general Eurico Dutra, ministro da Guerra; o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército (EME); e Filinto Müller, chefe de Polícia do Distrito Federal. A autenticidade do documento não foi questionada, o Plano Cohen foi divulgado publicamente, para desencadear uma forte campanha anticomunista.

Vargas aproveitou-se em seguida para fazer com que o Congresso decretasse o estado de guerra. Em 10 de novembro, a ditadura do Estado Novo foi implantada. Em março de 1945, porém, o general Góes Monteiro denunciou a fraude produzida oito anos antes, isentando-se de qualquer culpa no caso. Segundo ele, o plano fora entregue ao Estado-Maior do Exército pelo capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB), o mesmo que, 27 anos depois, em Minas Gerais, daria início ao golpe militar de 1964.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

 

domingo, 22 de outubro de 2017

Crise da Oi pode provocar 'caladão' em 2.051 cidades



Documento do governo avalia que eventual falência da operadora afetaria serviços de telefonia e internet

Uma eventual falência da Oi pode deixar sem sinal os serviços de telecomunicações em 2.051 municípios brasileiros da noite para o dia. O número, que representa 37% do total de cidades do país, abrange locais onde só a Oi opera em telefonia fixa, celular ou banda larga e áreas atendidas por outras teles e provedores que usam apenas a infraestrutura da empresa carioca. Esse “caladão” nos serviços de telefonia e internet (voz e dados) pode afetar 46 milhões de linhas de celular, 14 milhões de telefones fixos e cinco milhões de pontos de acesso à banda larga. Os números constam de documento do governo, ao qual O GLOBO teve acesso, que retrata a preocupação com a companhia carioca, a maior concessionária do país. 

Um dos trechos do documento é enfático: “2.051 municípios estão em risco de apagão imediato dos serviços de voz e dados”. Segundo uma fonte do governo envolvida no grupo de trabalho criado há duas semanas e coordenado pela Advocacia-Geral da União (AGU), em caso de uma possível falência da Oi, os mais afetados serão os usuários de telefonia  e internet.

O objetivo do documento é criar esforços para evitar que a Oi entre em processo de falência. Para isso, a AGU está liderando as conversas entre a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Justiça e possíveis investidores para buscar uma solução conjunta entre credores e Conselho de Administração, que vêm se desentendendo com a diretoria executiva da Oi. A empresa está em recuperação judicial desde junho do ano passado e até agora não conseguiu aprovar seu plano de reestruturação. A assembleia de credores prevista para amanhã foi adiada para o dia 6 de novembro a pedido de credores, como bancos públicos, instituições financeiras privadas e fundos detentores de títulos. O objetivo é dar tempo para que se crie nova proposta de consenso.

O impasse em torno do futuro da Oi esbarra em problemas para seus concorrentes, TIM, Vivo e Claro, alerta o documento em análise na AGU e nos ministérios das Telecomunicações e da Fazenda. As teles alugam rede da Oi para prestar serviços em diferentes áreas do país, aponta o documento. Em quase 40% das cidades em que há alguma alternativa ao serviço da Oi, os concorrentes da tele carioca utilizam alguma parte da rede da concessionária, alugando equipamentos, circuitos ou até mesmo espaço nos imóveis da Oi. — Praticamente todo o tráfego telefônico do Brasil, exceto no Estado de São Paulo, passa pela rede da Oi. O mais preocupante, porém, é o nível de dependência das outras empresas Brasil afora. Todas as teles dependem da Oi em algum grau. Assim, um problema na Oi afetaria não só os seus clientes, mas também os de outras empresas que alugam a rede da Oi e dependem da infraestrutura da concessionária para oferecer os serviços de voz e dados — disse uma fonte do governo.

A crise da Oi começou quando a tele comprou a Brasil Telecom (BrT) em 2010. Na ocasião, a união das duas concessionárias, que contou com ajuda do governo dentro da política de campeões nacionais, criou a chamada supertele. [além da ajuda da politica de campeões nacionais, a OI, na época TELEMAR,  investiu US$ 5.00.000 em uma empresa de fundo de quintal, a GAMECORPS, de propriedade de um dos filhos do Lula, o Lulinha;
tudo indica que esta foi a primeira propina recebida pela família Lula da Silva. CLIQUE AQUI e saiba mais.] Com o negócio, a dívida da Oi aumentou, após a descoberta de passivos bilionários relativos à BrT. Quatro anos depois, a tele, endividada, decidiu se unir com a Portugal Telecom. E outra surpresa: no processo de unificação, a Oi descobriu rombo bilionário, desta vez em euros. Na última década, há diversas denúncias de uso político da Oi. Assim, a dívida da companhia aumentou ano a ano, forçando a empresa a entrar em recuperação judicial em junho de 2016, com débitos de cerca de R$ 64 bilhões.

ELEIÇÕES E HOSPITAIS
Desde o início do ano, a crise na companhia se agravou com as brigas envolvendo credores, acionistas e diretoria executiva. Com os desentendimentos ganhando força, o governo decidiu montar um grupo de trabalho interministerial para encontrar soluções para a Oi. Foram até o momento quatro planos diferentes de recuperação judicial, e um quinto pode ser feito ao longo de novembro.
— A situação da Oi foi ganhando complexidade. Como os credores podem reprovar o plano de recuperação judicial da Oi, o risco de intervenção cresce. A Anatel ainda analisa se abre ou não um processo para tomar a concessão — destacou outra fonte.

Assim, os reflexos podem ir além dos consumidores finais. O documento menciona efeito em serviços básicos de saúde e educação. Um dos trechos cita a importância da prestação de voz e dados da Oi em 40 mil unidades de saúde e cem mil estabelecimentos de ensino público. Quem também usa a rede da Oi é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para transmissão de dados. Nas últimas eleições, em 2016, a rede da companhia foi usada em 4.924 municípios em 23 estados e Distrito Federal. A tele atende 61 postos de fronteira controlados pelo Exército.

Segundo Hermano Pinto, consultor em telecomunicações, a Oi é a empresa com maior integração nacional. Para ele, uma eventual paralisia da concessionária vai afetar o desenvolvimento do setor de telecomunicações. — Norte, Nordeste e Centro-Oeste serão as regiões mais afetadas. Muitas cidades nessas regiões têm basicamente uma empresa com acesso fixo, que é a Oi. A empresa tem ainda todo um trabalho em escolas e hospitais, além da transmissão dos dados nas eleições do país — disse Pinto.

Segundo fontes do setor, nas regiões Nordeste e Norte, a dependência é maior, perto de 40% das cidades. Já no Sul e Centro-Oeste, esse número cai para cerca de 30%, chegando a 35% dos municípios de alguns estados. Isso ocorre, dizem analistas, porque a Oi tem a maior rede de fibra ótica da América Latina, com 363 mil quilômetros de extensão.

O especialista Ronaldo Sá, da Orion Consultores Associados, explica que as grandes empresas e provedores não tendem a investir na construção de uma rede em cidades onde não há renda suficiente. Com isso, explica ele, os conselhos de administração das companhias não aprovam o aporte de recursos, pois os investimentos são deficitários. A Oi aluga sua rede para cerca de 300 companhias.  — É uma decisão econômica. As empresas não investem em um local onde não haverá demanda para pagar todo o investimento — disse Sá.

AUMENTO DE INVESTIMENTO
Por outro lado, Eduardo Tude, da consultoria Teleco, minimiza os impactos de uma crise da Oi para o sistema de telecomunicações. Segundo ele, a grande força da companhia é em telefonia fixa e não em telefonia móvel e internet. Porém, reconhece que a tele tem papel relevante no aluguel de rede a outras empresas. — A situação de dependência da Oi já foi mais crítica sobretudo em banda larga. Em telefonia móvel, há muitas opções também. Nos últimos anos, as redes das outras empresas também cresceram no país. Mesmo assim, o aluguel da rede da Oi por outras empresas ainda existe. Um dos efeitos que se sente hoje com a crise na Oi é o baixo volume de investimentos, como em banda larga e celular — avalia.

A Oi afirma que vem desempenhando suas atividades normalmente. A tele disse que, desde o início do processo de recuperação judicial, teve aumento de 45,5% no caixa e o volume de investimentos cresceu 18% em 2016. “A empresa está focada em iniciativas que garantem aumento da produtividade e eficiência operacional, que no primeiro semestre impactaram em um corte de custos da ordem de R$ 1,2 bilhão e melhoria de qualidade com redução de 58% das entradas de processos nos Juizados Especiais Cíveis frente ao mesmo período do ano passado”, destacou a Oi em nota. Procurada, a AGU não comentou.

Segundo a Anatel, as prestadoras são obrigadas a tornar suas redes disponíveis para interconexão quando solicitado. “Deste modo, o tráfego de chamadas ou dados pode ser realizado pela rede de uma ou mais empresas, na medida em que pode envolver usuários de diferentes prestadoras”, disse a agência, em nota, ressaltando que temas como esse são acompanhados constantemente.

Fonte: O Globo

 

terça-feira, 21 de junho de 2016

Oi, um símbolo do lulismo vai ao chão

Recuperação judicial da Oi é a pá de cal na política dos 'campeões nacionais'

VÍDEO: Símbolos do lulismo ao chão

Crédito farto do BNDES para criar gigantes empresariais brasileiras deixou histórico de quebras de companhias e, agora, registra o maior pedido de recuperação judicial da história

 Mais a maldição do petróleo, a recessão e a má gestão populista assolando o Rio de Janeiro

Com pedido de recuperação da Oi, bancos terão que aumentar proteção contra calotes

Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa e BNDES são as instituições com maior exposição à companhia; débitos bancários da empresa somam 16,8 bilhões de reais

Nesta segunda-feira, a Oi entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida da companhia, de 65,4 bilhões de reais, faz desse o maior pedido do gênero já registrado no país - e joga de vez uma pá de cal sobre a malograda política de campeões nacionais, empreendida pelo governo petista a partir de 2008.

Apesar de toda a ajuda federal, essas companhias nem sempre se mostraram capazes de assumir a posição de liderança que almejavam. No caso específico da Oi, a "supertele nacional" jamais chegou a ameaçar a posição das rivais Vivo, Claro e TIM em telefonia celular.  Entre outros negócios que foram eleitos como prioritários pelo governo, o resultado foi variado: enquanto a JBS se tornou líder global em carnes e a Fibria é a maior empresa de celulose do país, a LBR, de lácteos, pediu recuperação judicial e saiu do mercado. O frigorífico Marfrig também tem atuado no vermelho e precisou vender ativos.

E mais: a política de eleger campeões nacionais para competir globalmente criou um grupo de "perdedores nacionais", segundo quem não estava no grupo dos ungidos. Em setembro do ano passado, o empresário Graciano Roberto Russo, ex-controlador do frigorífico Independência, compareceu ao Congresso para prestar depoimento à CPI do BNDES, que analisava, entre outras coisas, os critérios de escolha dos tais campeões nacionais.

As declarações de Russo foram didáticas e pungentes sobre os efeitos colaterais da estratégia criada pelo governo. "Quando se faz uma política de campeões nacionais e o governo arbitra, automaticamente cria-se uma cadeia de perdedores", disse ele. O Independência, um dos "perdedores", quebrou em 2009, enquanto a JBS virou uma gigante global - com as bênçãos do BNDES.

A "supertele nacional" surgiu em 2008, quando a Oi se fundiu com a Brasil Telecom, criando à época uma empresa com atuação em todos os Estados, à exceção de São Paulo. Para que essa fusão fosse feita, o governo teve de mexer na legislação - havia uma série de entraves legais ao negócios. [lembram que a OI, quando era Telemar, investiu a fundo perdido US$ 15 MI na Gamecorps - empresa de fundo de quintal, suposta produtora de jogos eletrônicos, de propriedade do Lulinha (filho do Lula e o primeiro da 'famiglia' Lula da Silva a se envolver com malfeitos)? Com tal investimento Lula assinou decreto mudando a legislação e com isso permitiu que a OI se espalhasse por todo o Brasil .]

Em 2013, também com uma ajuda do governo, a Oi, já em dificuldades, se uniu à Portugal Telecom. A ideia foi vendida, à época, como uma forma de criar uma multinacional de língua portuguesa capaz de concorrer até em outros continentes. Mas nada disso deu certo, a dívida da empresa não parou de subir e acabou culminando na recuperação judicial.

Insucessos - "O BNDES até ajudou companhias no passado. As que prosperavam eram aquelas que precisavam de capital e tinham bons projetos", Sergio Lazzarini, professor do Insper. A Embraer, por exemplo, foi um caso que contou com ajuda estatal e conseguiu prosperar.

O exemplo de sucesso da Embraer não tem paralelo com a política mais recente, em particular com a Oi. "No caso da Oi, houve uma conjugação política importante. Foi uma movimentação que buscava duas coisas: resolver os conflitos que estavam ocorrendo entre os acionistas e a decisão do governo Lula de criar grandes grupos", afirma o professor. De acordo Lazzarini, a política de campeãs nacionais acabou no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. "Um divisor de águas foi a tentativa do Abílio Diniz de fundir o Carrefour e o Pão de Açúcar, com o dinheiro do BNDES. Na época, foi extremamente criticado."

Em entrevista recente, Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral, disse que um dos problemas da política de campeãs nacionais foi não ter focado em setores estratégicos, mas sim em empresas que mantinham boa relação com o governo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2013, o então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a promoção da competitividade de grandes empresas era uma política que havia se exaurido. Coutinho contestou, à época, o termo "campeãs nacionais". O BNDES diz que associar o banco a campeãs nacionais pressupõe que há privilégios a poucas empresas, o que seria incorreto. No entanto, as empresas que não entraram na lista de eleitas dizem que o que ocorreu foi exatamente isso - o benefício aos amigos do governo -, como atesta o depoimento de Graciano Roberto Russo à CPI do BNDES em 2015.

Prioridade - Pelo menos, agora, com o pedido de recuperação judicial, o BNDES terá uma vantagem. Os credores com garantia real - casos do BNDES e o BRB (Banco de Brasília) - são os que deverão receber primeiro, além dos credores trabalhistas. Os demais credores entram em fila separada. "No fundo, o pedido de recuperação judicial não é ruim para a Oi. Eles caíram na real de que a situação é crítica e que a reestruturação terá de ser feita", disse uma fonte a par do assunto.

 O pedido de recuperação judicial da Oi, ocorrido nesta segunda-feira, terá impacto imediato no balanço dos grandes bancos brasileiros. Eles terão de elevar as despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, no segundo trimestre deste ano para fazer frente a esse novo evento. As dívidas inseridas no processo da Oi somam 65,4 bilhões de reais. Entre os principais credores da companhia estão Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal e BNDES.

De acordo com fontes, o BB teria exposição entre 4 bilhões de reais e 4,5 bilhões de reais. Já o Itaú tem cerca de 2 bilhões de reais em fianças bancárias e não em empréstimos, diz outra fonte. O Bradesco, afirma um executivo, tem 2,7 bilhões de reais, também em fianças bancárias. A exposição da Caixa é de cerca de 2 bilhões de reais, dos quais uma pequena parte conta com provisionamento, além de 1,8 bilhão de reais em debêntures (títulos de dívida) emitidos pela Oi. O BNDES tem exposição de cerca de 4 bilhões de reais. Na proposta feita pela Oi aos credores e divulgada na última sexta-feira, a empresa informava uma dívida de 16,8 bilhões de reais com as instituições financeiras.

Geralmente, os bancos provisionam 30% dos créditos de empresas que entram com pedido de recuperação judicial, segundo analistas. Isso ocorre mesmo sem o regulador exigir um provisionamento específico em casos de pedido de proteção feitos por empresas em dificuldades. Trata-se, no entanto, do mínimo exigido para provisionamento em caso de atrasos de 91 a 120 dias, conforme resolução do Banco Central.

Cada instituição tem sua política de provisionamento específica. No primeiro trimestre, os grandes bancos já tiveram seus resultados afetados pelo pedido de recuperação da Sete Brasil, que não chegou a um consenso com a Petrobras.

Sem intervenção - A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou nesta terça-feira que decidiu não intervir na condução do grupo de telecomunicações Oi, mesmo com o pedido de recuperação judicial apresentado pela companhia. A Oi é a maior concessionária de telefonia do país.

Em nota à imprensa, a autarquia afirma que acredita na possibilidade de recuperação de equilíbrio econômico-financeiro da empresa e que vai adotar "ações específicas de fiscalização". A agência não informou quais medidas serão tomadas.

Fonte: Estadão - Conteúdo

 

terça-feira, 3 de maio de 2016

WhatsApp derruba na Justiça bloqueio do serviço de mensagens



WhatsApp derruba bloqueio do serviço
Operadoras já começaram a reativar o bate-papo
O WhatsApp conseguiu derrubar o bloqueio do aplicativo, determinado pela Justiça da cidade sergipana de Lagartos. A decisão saiu no início da tarde, depois de a empresa pedir a reconsideração do parecer do Tribunal de Justiça do Sergipe, publicado nesta madrugada e que havia mantido o bloqueio do serviço.

O tempo para restabelecimento do serviço depende de cada operadora. Às 15 horas alguns usuários já começaram a conseguir trocar mensagens. Em dezembro, quando houve a primeira suspensão do WhatsApp, o acesso foi retomado totalmente em três horas. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Sergipe, a decisão favorável foi do desembargador Ricardo Múcio. A manutenção do bloqueio havia sido determinada pelo desembargador plantonista, Cezário Siqueira Neto, que negou a liminar do mandado de segurança impetrado pelo WhatsApp.

O bate-papo foi bloqueado às 14 horas de segunda-feira e a determinação judicial previa que o bloqueio durasse 72 horas. No fim da tarde de segunda, o escritório Trench, Rossi & Watanabe impetrou um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Sergipe pedindo a derrubada do bloqueio. Entre os argumentos usados pelos advogados estava a questão da proporcionalidade, já que a medida afeta milhões de usuários enquanto que os criminosos investigados são apenas alguns. Tanto o escritório quanto a argumentação do recurso são os mesmos usados no caso da suspensão de dezembro, quando a Justiça determinou o bloqueio do serviço por 48 horas, mas durou apenas 12 horas.

Em nota, o tribunal informou que a decisão já foi disponibilizada em seu site para dar ciência às partes e autoridades interessadas. Procuradas, as operadoras Vivo, Oi, Claro e TIM informaram que não foram notificadas da decisão. O relator do processo sobre a suspensão do WhatsApp era o desembargador Osório de Araújo Ramos Filho. Segundo o TJ-SE, no entanto, como havia um mandado de segurança anterior sobre um outro detalhe do processo — no qual Múcio era o relator — coube ao último desembargador a decisão. 

BLOQUEIOS ANTERIORES
Esta é a segunda vez que o WhatsApp é bloqueado pela Justiça. Em ambos os casos, a suspensão foi uma represália da Justiça por a empresa ter se recusado a cumprir determinação de quebrar o sigilo de dados trocados entre investigados criminais.

O primeiro bloqueio foi em dezembro do ano passado e ocorreu a pedido da 1ª Vara Criminal de São Bernardo do Campo, que determinou a suspensão do serviço por 48 horas. A decisão foi derrubada 12 horas depois, quando o próprio WhatsApp impetrou um mandado de segurança pedindo o restabelecimento do serviço.

Fonte: O Globo