Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Plano Cohen. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Plano Cohen. Mostrar todas as postagens

domingo, 28 de julho de 2019

Crime cibernético - Nas entrelinhas

Correio Braziliense

“Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha minimizado a tentativa de roubo de mensagens dos seus celulares, esvaziando a tese da ‘ação subversiva’, subiu o tom contra o jornalista Glenn Greenwald”


Ainda bem, a Polícia Federal investiga uma “organização criminosa que praticava crimes cibernéticos” e não uma conspiração para desestabilizar o governo Bolsonaro, como chegou a ser cogitado por alguns setores de governo, em razão da disputa política que se estabeleceu em torno do vazamento da troca de mensagens entre o então juiz federal Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, e integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato, entre os quais o procurador federal Deltan Dallagnol.

Na quinta-feira, a líder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselman (PSL-SP), chegou a anunciar que o Palácio do Planalto estudava aplicar a Lei de Segurança Nacional (LSN) para punir os responsáveis pela invasão de celulares de várias autoridades dos Três Poderes, entre as quais o presidente Jair Bolsonaro; os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Em caso de aplicação da Lei 7.170/1983, os quatro presos seriam enquadrados como “terroristas”.  A LSN foi promulgada durante a ditadura militar, pelo presidente João Figueiredo, e continua em vigor; porém, somente pode ser aplicada no caso de crimes que “lesam ou expõem a perigo de lesão: a integridade territorial e a soberania nacional, o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito, a pessoa dos chefes dos Poderes da União. É aí que mora o perigo, embora o presidente Jair Bolsonaro tenha minimizado a tentativa de roubo de mensagens dos seus celulares, esvaziando a tese da “ação subversiva”, subiu o tom contra o jornalista Glenn Greenwald, que revelou a troca de mensagens no site The Intercept Brasil, ao afirmar que o americano pode pegar uma “cana” no Brasil.

O hacker Walter Delgatti teve a prisão temporária prolongada por mais cinco dias, pelo juiz federal Vallisney de Oliveira, que determinou a ampliação das investigações, principalmente sobre a origem do dinheiro movimentado pelos quatro envolvidos no caso. A tese conspiratória decorreu do envolvimento da ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), que foi intermediária entre o hacker e o jornalista americano radicado no Brasil Glenn Greenwald, do site The Intercept Brasil, que divulgou as mensagens em parceria com o jornal Folha de S. Paulo e a revista Veja.

O hacker teve acesso ao código enviado pelos servidores do Telegram ao celular das vítimas para abrir a versão do aplicativo no navegador, assumiu que entrou nas contas de procuradores da Lava-Jato e confirmou que repassou mensagens ao site The Intercept Brasil; ele disse não ter alterado o conteúdo e não ter recebido dinheiro por isso. Manuela foi a intermediária entre ele e o jornalista. A ex-deputada confirmou que repassou ao hacker o contato de Glenn, conforme troca de mensagens cujas cópias entregou à Polícia Federal.

Segundo o juiz federal Vallisney de Oliveira, são investigados os crimes de organização criminosa (pena de 3 a 8 anos); invasão de dispositivo eletrônico (pena de 3 meses a 1 ano); e interceptação telefônica sem autorização judicial (pena de 2 a 4 anos). Entretanto, a PF ainda verifica o completo cenário e a profundidade das invasões praticadas; busca a origem da quantia de R$ 99 mil em espécie apreendidos com Gustavo Henrique Elias Santos e sua mulher, Suelen Priscilla de Oliveira; e investiga os 60 chips lacrados para telefone celular pré-pago da TIM em poder de Danilo Cristiano Marques, “laranja” de Walter, além de toda movimentação financeira dos envolvidos em bitcoin e outros criptomoedas.

Plano Cohen
A participação da ex-parlamentar comunista, bem como a agitação feita pelo PT em torno do conteúdo das mensagens de Moro, com objetivo de caracterizar a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como fruto de perseguição política passível de anulação judicial, não justificam o uso da Lei de S
egurança Nacional. Isso seria uma espécie de novo Plano Cohen, documento atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelo antigo PCB. Mais tarde, foi comprovado que o documento fora forjado para justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937.

Em setembro daquele ano, realizara-se uma reunião da alta cúpula militar do país, na qual foi apresentado o Plano Cohen, supostamente apreendido pelos serviços de inteligência. Participaram dessa reunião o general Eurico Dutra, ministro da Guerra; o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército (EME); e Filinto Müller, chefe de Polícia do Distrito Federal. A autenticidade do documento não foi questionada, o Plano Cohen foi divulgado publicamente, para desencadear uma forte campanha anticomunista.

Vargas aproveitou-se em seguida para fazer com que o Congresso decretasse o estado de guerra. Em 10 de novembro, a ditadura do Estado Novo foi implantada. Em março de 1945, porém, o general Góes Monteiro denunciou a fraude produzida oito anos antes, isentando-se de qualquer culpa no caso. Segundo ele, o plano fora entregue ao Estado-Maior do Exército pelo capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB), o mesmo que, 27 anos depois, em Minas Gerais, daria início ao golpe militar de 1964.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo - CB

 

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Riscos à democracia

Manipulando assim os medos e promovendo desinformação, candidatos podem ter acesso estável ao poder, sem ter que liderar um processo de melhoria expressiva e não excludente de seus países


Na semana passada, tivemos o primeiro debate entre candidatos à Presidência na televisão, um embate que foi percebido pela imprensa e por boa parte dos telespectadores como morno ou desprovido de propostas concretas.   O ponto alto, nos comentários das redes sociais, foi um tal dePlano Ursal”, que, segundo um dos candidatos, estaria pondo em risco a nação por propor o fim das fronteiras e uma pretensa união das repúblicas socialistas da América Latina.

As postagens jocosas incluíam duas versões de um hino da Ursal, uma delas recuperando uma música cantada pela Xuxa nos anos 1990 e memes, os mais diversos.
Independentemente da diversão proporcionada pelo infeliz candidato, há muito o que se refletir a partir do que vem ocorrendo recentemente no Brasil e sobre os riscos (estes reais) que estamos correndo.  A História nem sempre se repete, mas pode ser boa conselheira. Ao ouvir o debate, lembrei-me do Plano Cohen, de 1937, um documento forjado pelo então capitão integralista Olímpio Mourão Filho (com um título que diz muito sobre o antissemitismo dos anos 1930).

Este foi utilizado para justificar a decretação do estado de guerra e, certamente, parte do clima de medo que precedeu o golpe do Estado Novo. Mas não é esse, sem dúvida, o único candidato que, ao adotar uma retórica voltada a instilar o temor no eleitorado, deixa de falar de suas propostas de políticas públicas e de divulgar sua visão para o futuro do país. Além disso, o Brasil não está sozinho, nestes tempos sombrios, ao tentar ressuscitar práticas associadas ao período em que floresceu o nazifascismo.

Madeleine Albright, em seu livro “Fascism, a Warning” (fascismo, um alerta, em tradução livre), chama a atenção para os riscos do uso de expedientes parecidos em países como a Hungria, a República Checa, a Turquia ou a nossa vizinha Venezuela.  Em cada um destes casos, candidatos ou governantes que querem se perpetuar no poder usaram o medo como arma e o ódio em seus discursos.  O perigo adviria da modernidade, com seus costumes “devassos” a corromper as novas gerações, da insegurança advinda do aumento da violência (atribuída a um menor rigor com o crime ou a “esse pessoal dos direitos humanos”), do afluxo de imigrantes ou de uma conspiração em curso, seja dos “comunistas”, seja dos americanos (de acordo com a narrativa mais conveniente ao contexto de cada país).

Manipulando assim os medos e promovendo desinformação, candidatos podem ter acesso estável ao poder, sem ter que liderar um processo de melhoria expressiva e não excludente de seus países. Esse sim é o risco real à democracia que precisa ser enfrentado!

Claudia Maria Costin, professora universitária 

sábado, 23 de setembro de 2017

O Risco da Radicalização - sem radicalizar o Brasil não tem conserto - Reunião reservada com a presença do Alto Comando do Exército discute intervenção militar no País

O risco da radicalização

Reunião realizada na surdina com a presença do Alto Comando do Exército, em que se discutiu a possibilidade de uma intervenção militar no País, revela que a voz do general Antonio Hamilton Martins Mourão, com notas extremistas, não é isolada na caserna. É preciso ficar alerta

 EXTREMISMO Bolsonaro (acima) capitaliza o discurso radical, que insinua intervenção militar para se contrapor ao caos político, como fez o general Mourão 

Segunda-feira, 11, às 9h, o ar estava seco e o tempo quente em Brasília, a despeito de ainda ser inverno no País. Nesse exato instante, o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, fazia a abertura formal da 314ª reunião do Alto Comando do Exército, realizada no Quartel General do Exército, em Brasília. O encontro, de cinco dias de duração, foi convocado para discutir os problemas que afligem os militares, entre os quais, a crise política do País e a falta de recursos para manter soldados nas casernas e garantir as atividades básicas da força, alvo de um significativo contingenciamento de verbas do governo federal. Os generais que comandam as tropas nas principais unidades do Exército demonstravam inquietação. Sentiam a necessidade de se posicionar sobre a corrupção e a barafunda reinante nos poderes da República. Mas a pauta, por assim dizer, foi extrapolada, ultrapassando as fronteiras do razoável.

Na surdina, a cúpula do Exército pôs em debate ali o que o general Antonio Hamilton Martins Mourão ecoaria dias depois, mais precisamente na sexta-feira 15, durante um evento da Loja Maçônica Grande Oriente: uma eventual necessidade de uma intervenção militar no País, “diante da crise ética e político-institucional”. Ou seja, Mourão não falava sozinho nem havia cometido um arroubo imprevidente, quando defendeu a solução radical tornada pública na última semana. Ele entabulou um discurso, com tintas golpistas, respaldado por um encontro prévio do Alto Comando do Exército. Não se trata de um foro qualquer.  
PASTEL SEM RECHEIO Preferido do militares, Bolsonaro cresce nas pesquisas em meio ao clima anti-estabilishment, mas falta-lhe substância (Crédito:LINCON ZARBIETTI )


O colegiado é o responsável pelas principais decisões do Exército. Estavam presentes 16 generais quatro estrelas, entre eles Fernando Azevedo e Silva, chefe do Estado-Maior e Comandante Militar do Leste, cotado para substituir Villas Bôas, prestes a encerrar seu ciclo no comando do Exército. Compareceram também os demais seis comandantes militares, entre os quais o da Amazônia, general Antonio Miotto, e o do Sul, general Edson Leal Pujol. Fontes ouvidas por ISTOÉ, presentes à reunião, ponderam que não estavam ali a fim de tramar um golpe militar, mas confirmam que o que os motivou a realizar o encontro foi a preocupação com o ritmo acelerado da deterioração do quadro político brasileiro. E, sim, deixam claro que, se houver necessidade, estarão prontos “para uma intervenção com o objetivo de colocar ordem na casa”.

Ao invés de punir o general Mourão, o Comandante do Exército elogiou o colega: Grande soldado”

Foi munido desse espírito que Mourão desembarcou na maçonaria. O encontro teve início às 20h de sexta-feira 15. Lá, ele disparou a metralhadora giratória sem maior cerimônia. Disse que seus “companheiros do Alto Comando do Exército entendiam que uma intervenção militar poderá ser adotada se o Judiciário não solucionar o problema político”, referindo-se à corrupção. Pediu a “retirada da vida pública desses elementos envolvidos em todos os ilícitos” e advertiu que “vai chegar um momento em que os militares terão que impor isso (a intervenção militar na política)”. E, por fim, acrescentou: “O que interessa é termos a consciência tranquila de que fizemos o melhor e que buscamos, de qualquer maneira, atingir esse objetivo. Então, se tiver que haver, haverá (ação militar)”, pregou Mourão.

A fala do general provocou o maior alvoroço no País. Apesar disso, em entrevista na noite de terça-feira 19 ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo, Villas Bôas foi taxativo: “Punição não vai haver. Essa questão já está resolvida internamente”, disse o comandante, acrescentando: “A maneira como Mourão se expressou deu margem a interpretações amplas, mas ele inicia a fala dizendo que segue as diretrizes do comandante”. Ainda chamou Mourão de “um grande soldado, uma figura fantástica”. E ateou ainda mais lenha à fogueira ao dizer que “a Constituição concede às Forças Armadas um mandato para intervir se houver no País a iminência de um caos”. Não é verdade. De acordo com o artigo 142 da Constituição, as Forças Armadas podem agir, desde que “sob a autoridade suprema do presidente da República”. Em nenhum lugar da Carta Magna está escrito que o caos confere um “mandato” para atuar à revelia do presidente. O que Villas Bôas deveria ter feito, e não o fez, foi punir o subordinado.
ELE NÃO ESTÁ SÓ Quando o general Mourão (à esq.) diz que os militares podem fazer uma intervenção na política, o radicalismo se exacerba (Crédito:Divulgação)
 
Claro, quando a existência de uma reunião prévia com a participação do Alto Comando do Exército vem à tona, tudo faz mais sentido. Como é que o Comandante do Exército, o general Villas Boas, poderia aplicar uma sanção a um subalterno que tornou público um dos cenários debatidos num encontro em que ele mesmo estava presente, participou da abertura dos trabalhos e comandou as discussões? Não poderia, evidente, e, por isso, não puniu. Em audiência no dia seguinte, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, defendeu ao menos uma reprimenda pública a Mourão, ao que o comandante do Exército de novo resistiu. Ficou combinado apenas que Villas Bôas conversaria com o subordinado para deixar claro que a voz oficial do Exército é a dele e de mais ninguém. Coube aos comandantes militares da Marinha, Exército e Aeronáutica defender publicamente, por meio de comunicados, o respeito à Constituição, aos poderes constituídos e aos princípios democráticos.

Mero formalismo. Embora não lidere nenhum movimento de insurreição militar, o general Mourão conta com amplo apoio não só do comando do Exército, como da tropa. No início da semana, o coronel Muniz Costa distribuiu para um grupo de companheiros de farda uma carta sob o título “Do que falou o General”. Nela, promoveu uma contundente defesa do general: “Quando um general de quatro estrelas afirma que o Exército tem planejamentos para atuar na eventualidade de uma falência das instituições nacionais, num momento que o País enfrenta a mais grave crise em mais de cinquenta anos, as cassandras do ‘pseudolegalismo’ se agitam”, afirmou. O primeiro comandante da Força de Paz no Haiti (2004), general da reserva Augusto Heleno, seguiu na mesma toada.“Meu apoio irrestrito ao respeitado chefe militar (Mourão). É preocupante o descaramento de alguns políticos, integrantes da quadrilha que derreteu o País, cobrando providências contra um cidadão de reputação intocável”. Outro que demonstrou estar no mesmo compasso de Mourão foi o general de Brigada Paulo Chagas. A seu grupo de amigos nas redes sociais afirmou que num cenário de um caos total, os militares não poderiam ficar “inertes aguardando ordens”. O presidente da Associação de Oficiais da Reserva do Distrito Federal, o tenente Rômulo Nogueira, foi além, ao divagar sobre uma eventual queda de Temer. “Quem assume? O rapazinho lá, não sei o quê Maia. Será que ele teria pulso forte para dar uma ordem? Num clamor, numa desordem, alguém tem de tomar conta da casa”.

A população minimamente instruída precisa ficar alerta a manifestações dessa natureza. Pouco importam os panos quentes manuseados pelos militares, ao longo dos últimos dias, para abafar o indisfarçável. É inadmissível qualquer vestígio, rastro ou laivo capaz de representar uma chance mínima que seja de retrocesso de 53 anos na história do País. A retrospectiva histórica ensina: militar não tem de se arvorar a fazer política. Cabe constitucionalmente às Forças Armadas a garantia da ordem interna e das fronteiras. [é óbvio que estando o Brasil caminhando para uma situação de CAOS o que ocorrer atualmente -  e a Chefia de nenhum dos Três Poderes tomando a iniciativa de adotar medidas que garantam a ORDEM INTERNA, as Forças Armadas tem o SAGRADO DEVER de adotar todas as medidas necessárias para cumprir a Constituição e adotar as medidas necessárias para garantir a ORDEM INTERNA.
Não se trata de fazer política e sem de cumprir a Constituição, um DEVER de todos os brasileiros, especialmente dos militares;
portanto, não recebendo ordens para fazer cumprir a Constituição os militares estão obrigados a agir por ordem dos seus Comandantes.] Quando os militares se meteram a fazer política, pela última vez, mergulharam o País em 21 anos de trevas, os quais não podemos esquecer para que jamais novamente aconteça.

FILME REPETIDO
Em 2015, o mesmo Mourão havia sido afastado do Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, depois de tecer críticas a presidente Dilma, dizendo que seu governo era corrupto e incompetente o que não constituía uma mentira, por óbvio. Mas tratava-se de uma insubordinação. Punido, Mourão foi transferido para Brasília, onde assumiu o cargo de Secretário de Finanças do Exército, sua atual função, uma das mais importantes na força. Por isso, as perguntas que mais circulavam em Brasília na última semana eram: o que aconteceria agora? O general perderia o cargo e seria preso por pregar uma intervenção militar no País? Seria repreendido? Nem uma coisa, nem outra.

Crédito: Jorge Couri

Pelo sim, pelo não, a ordem unida no Planalto é de baixar a bola. Na verdade, desde que assumiu o poder, o presidente Michel Temer evitou criar embaraços às Forças Armadas. Por exemplo, bastou um ranger de dentes para que os militares fossem retirados da reforma da Previdência. Depois de uns muxoxos, também ficaram imunes à proposta de congelamento dos salários dos servidores federais. De outro lado, não convém desconsiderar que prevalece entre setores da caserna o espírito corporativista. Apesar de o governo tê-los poupado de eventuais maldades, há uma espécie de sentimento de sabotagem ao estado de penúria experimentado pelas Forças Armadas desde 2012 pelo menos. Nos últimos cinco anos, o Orçamento despencou de R$ 17,5 bilhões para R$ 9,7 bilhões.

Em geral, as insatisfações são ecoadas por militares, da ativa e da reserva, por ‘WattsApp’. Pelas redes privadas, formam grupos de comunicação direta, trocam informações e opiniões. É por elas que circulam as críticas pela falta de verbas, como também todos os passos do candidato do coração da caserna: o deputado Jair Bolsonaro (PSC). Os militares constituem a principal base eleitoral do capitão da reserva do Exército, que já anunciou sua pré-candidatura à presidência da República em 2018. Pelas recentes pesquisas, ele figura em segundo lugar. Por frases como “soldado meu que vai à guerra não senta no banco dos réus”, Bolsonaro frequentemente é ovacionado por seus seguidores abnegados em discursos pelo País afora. “Não se faz democracia aceitando a corrupção por governabilidade. Reagir a isso é obrigação de qualquer civil ou militar”, afirmou o parlamentar, ao comentar o discurso de Mourão.  O deputado desperta amores e ódios.  Fala pouco, e admite parco conhecimento quando o assunto é economia ou políticas públicas –, o que representa um grave defeito para quem quer comandar os destinos do País –, mas provoca aplausos na mesma intensidade das vaias quando discorre sobre direitos humanos, tortura e comunismo. Constantemente comparado a Donald Trump, Bolsonaro é o pré-candidato com o qual ninguém sabe como lidar, ao menos por ora.

Para manter aquecida sua tropa eleitoral, em suas quase três décadas na Câmara, o deputado dedicou-se a atender os interesses de militares e à área de segurança pública. Questões que deverão estar no centro dos debates em 2018, como os rumos da política econômica do País, parecem não ser uma prioridade para o militar da reserva. “Um País violento não tem economia. Eu, por exemplo, raramente vou sair para comer uma pizza à noite na Barra da Tijuca”, afirmou o deputado recentemente, depois de reclamar da insegurança no Rio, onde mora.

INDISCIPLINA
Apesar de Bolsonaro ser um proverbial entusiasta da ordem, sua carreira no Exército não foi isenta de atos de indisciplina. Em 1987, segundo documentos do Superior Tribunal Militar divulgados pela “Folha de S.Paulo” recentemente, o então capitão foi acusado por cinco irregularidades e teve que responder a um Conselho de Justificação formado por três coronéis: ele escreveu um artigo para a revista “Veja” pedindo aumento salarial para a tropa, sem consultar seus superiores. Meses depois, a mesma publicação afirmou que ele e outro oficial haviam elaborado um plano para explodir bombas-relógio em unidades militares do Rio. Os superiores de Bolsonaro chegaram a avaliá-lo como dono de uma “excessiva ambição em realizar-se financeira e economicamente”. Isso porque em 1983, o na época tenente, com 28 anos, “deu mostras de imaturidade ao ser atraído por empreendimento de ‘garimpo de ouro’”. [até o presente momento, o deputado Jair Bolsonaro, caso tenha a excessiva ambição mencionada, a exerce de forma honesta, comedida, dentro dos principios legais, tanto que NUNCA foi acusado de nenhum ato de corrupção, ou mesmo alvo de suspeita.]
 
Para o cientista político e professor da Unesp, Marco Aurélio Nogueira, apesar da popularidade atual, “Jair Bolsonaro tem essa força demonstrada agora porque o caos está instalado, mas quando outros candidatos se lançarem ele deve perder gordura”, aposta. O fato é que, independentemente de como marchará Bolsonaro, os militares sob sua influência ou não sacudiram o País nos últimos dias. Se o diabo mora nos detalhes, ele começou a se insinuar inadvertidamente. E sem ser admoestado. Faltou pulso firme ao governo, ao mesmo tempo em que sobrou irresponsabilidade à caserna. Em qualquer democracia do mundo deve haver espaço para ideais de todos os espectros políticos. E isso é salutar para o processo democrático. Mas não há dúvida de que o flerte com o radicalismo – à direita ou à esquerda – é o mais perverso dos caminhos, ao nos remeter a tempos que acreditamos ter ficado definitivamente para trás. [perguntem aos que tiveram a felicidade de viverem sob o Governo Militar, 1964 a 1985, o Brasil era melhor naquela época ou agora?
E os cariocas daquela época, milhões ainda vivos, e residindo no Rio: morar no Rio, era melhor naquela época ou agora?]


Não é essa a primeira vez que um sobrenome Mourão aparece na história política brasileira, de farda e com quatro estrelas nos ombros – ou seja, estamos falando de um general do Exército. Não é essa a primeira vez que um general Mourão fala mais do que o bom senso tolera, e mais, muito mais, do que as regras de sua instituição permitem. Trata-se, aqui, de Antonio Hamilton Martins Mourão e de Olímpio Mourão Filho. O primeiro é atual, está na ativa e conseguiu ser notícia porque insinuou na maçonaria que as Forças Armadas podem atropelar a democracia se assim cismarem. 

O segundo Mourão foi ideólogo e hábil operador de um trágico passado: o golpe de 31 de março de 1964 que rasgou a Constituição, apeou do poder o presidente João Goulart e mergulhou o País na noite de vinte e um anos de ditadura militar. [impediu que o Brasil se transformasse em uma CUBONA, em mais um satélite da extinta União Soviética.] 
 Mourão, não o Antonio boquirroto do presente, mas o Olímpio silencioso e golpista do passado, atravessou a vida conspirando. 

A rigor, 1964, para ele, foi a decorrência lógica do que começou a aprontar na década de 1930. Eis um registro marcante: como dirigente máximo do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (que tinha o fascismo enquanto discurso e Plínio Salgado enquanto boca), o general Mourão Filho arquitetou o mentiroso Plano Cohen, segundo o qual o Partido Comunista Brasileiro se preparava clandestinamente para golpear as instituições. A consequência imediata foi a decretação, por Getúlio Vargas, da ditadura do Estado Novo.

Fonte: Revista Isto É - Colaborou Eliane Lobato

 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

CONSPIRAÇÕES – Lula e Janot logo vão ressuscitar os Protocolos, o Plano Cohen e a traição de Dreyfus…

Nem existe um plano maligno para destruir Lula nem existe uma urdidura diabólica para pôr fim à Lava Jato

Minha coluna na Folha desta sexta trata do embate entre duas teorias conspiratórias: de um lado, haveria um complô para destruir o PT e impedir a candidatura de Lula; de outro, estaria uma armação para destruir a Lava Jato. O mais curioso é que os que quereriam solapar a operação não seriam os mesmos que gostariam de proteger Lula e o PT.

O que isso significa? Que estão em curso duas mistificações, duas tolices, duas armações, duas mentiras. Nem existem os que querem destruir Lula nem existem os que querem destruir a Lava Jato. A verdade é que o chefão petista ambiciona a inimputabilidade e a impunidade, e alguns membros da Lava Jato ambicionam o poder absoluto.

Se você é absolutista de um lado ou de outro, escolha a teoria que o faz feliz. Eu, como sou um liberal, nego as duas coisas por uma simples razão: são duas mentiras. Naquele evento de nome exótico “Por um Brasil justo para todos e para Lula” —, que faz dele um verdadeiro Deus (o que está acima de todos), o chefão petista acusou a existência de um pacto diabólico para destruí-lo: juntaria imprensa, procuradores, juízes, sei lá quem. Entendi: como todo discurso que remete à conspiração, este também é redondo: Lula é Deus; logo, seu inimigo é o diabo.

Rodrigo Janot respondeu num café da manhã com jornalistas. Disse que todo mundo é livre para externar a sua opinião e que não é religioso. Resolveu, em suma, ser irônico com Lula. É possível que, de fato, a assertiva não peça muito mais do que isso.  Mas Janot também resolveu vender a sua barata teoria da conspiração: estaria em curso uma tramoia para acabar com a Lava Jato. Evidências disso? Ora, o projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade e o relatório do deputado Ônix Lorenzoni (DEM-RS) sobre as medidas contra a corrupção.

Janot insistiu que um procurador ou um juiz estariam ameaçados apenas porque a sua interpretação não prevaleceu numa instância superior. Bem, como respondo a isso? Simples! Trata-se de uma mentira.  Mais uma vez, o procurador fala fora dos autos e faz política. É por isso que acho que ele deve aceitar o convite que lhe fez Renan Calheiros e debater o assunto no Congresso. Até agora, nenhum dos críticos do projeto de abuso de autoridade disse qual trecho do texto ameaçaria a Lava Jato. E sei por que não fazem isso: porque não há trecho nenhum.

O projeto pune, sim, juízes e procuradores, mas só os que faltarem com seus deveres funcionais. Há legislação parecida em todo o mundo democrático. Quando um e outro falam, formam-se imediatamente as duas correntes: a do “Lula está inteiramente certo” e a do “Janot está inteiramente certo”. Pois eu digo que os dois estão inteiramente errados. E essa questão nada tem a ver, na essência, com a Lava Jato.

Nem Lula pode se achar inimputável, considerando conspiração a atuação da Justiça e do Ministério Público, nem os membros do MP e da Justiça podem achar que tudo aquilo que não atende a seus anseios é só uma forma de desmoralizar a Lava Jato.  Daqui a pouco vai ter gente ressuscitando “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, “O Plano Cohen” e o “Caso Dreyfus”


Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo - VEJA

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Rigidez de Eduardo Cunha muda rotina na Câmara - Lula pensa em criar novo partido para substituit o PT golpista e moribundo

Acostumados a deixar Brasília já no fim da manhã de quinta-feira, os deputados foram informados de que haverá votação à tarde também nesse dia da semana

A primeira semana de presidência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na Câmara dos Deputados deixou muitos dos 513 parlamentares da Casa em alerta. Em sua estreia, o presidente eleito há sete dias já deixou claro o ritmo que pretende imprimir aos trabalhos da Câmara: pontualidade no início das sessões, punição a deputados faltosos, votações nas tardes de quinta-feira e nada de pronunciamentos desnecessários.

Cunha chega cedo, por volta das 8 horas, e segura a sessão até que a pauta que estabeleceu seja esgotada. A primeira sessão que presidiu, na terça-feira, terminou pouco depois das 23 horas. "Acabou cedo. Achei que ia até umas 3 horas", brincou com os jornalistas, após encerrar a discussão em que conseguiu aprovar a admissibilidade da proposta de reforma política, contrariando o governo e o PT. O presidente disse que, em sua gestão, ninguém morrerá de tédio.

Em três dias de trabalho, reuniu-se com líderes partidários e com a presidente Dilma Rousseff, autorizou a criação de uma CPI para investigar corrupção na Petrobras e aprovou medida provisória que adia a entrada em vigor das regras de relacionamento entre organizações da sociedade civil e diferentes esferas de governo.

Cunha só não pôs em votação a proposta que torna obrigatória a execução de emendas parlamentares por parte da União, o chamado Orçamento Impositivo, porque o PT não aceitou acordo e exigiu o cumprimento do intervalo de cinco sessões entre a primeira e a segunda votação do texto. Foi uma das poucas boas notícias para o Palácio do Planalto na semana. [conforme informado em POST anterior Cunha já colocou em votação, e aprovou, o chamado Orçamento Impositivo, impondo mais uma derrota ao desgoverno Dilma e ao PT.]
 
Expediente – Acostumados a deixar Brasília já no fim da manhã de quinta-feira, os deputados foram informados de que haverá votação à tarde também nesse dia da semana. Faltas só serão abonadas em caso de licença médica ou de viagem em missão oficial da Câmara. Cunha disse que justificativas feitas pelas lideranças partidárias sob alegação de missão político-partidária não serão mais consideradas. "Ele está protagonizando. É um presidente à la Roberto Carlos: com muitas emoções", afirmou o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), fazendo alusão a uma das mais famosas músicas do cantor. Um peemedebista ironizou o correligionário, dizendo que a Câmara elegeu um "bedel". Informado sobre a ironia do colega de partido, Cunha retrucou: "Deixa ele. Quem não quiser trabalhar não dispute mandato".

Essa postura mais rígida no expediente serve como uma maneira rápida e eficiente de tentar melhorar a imagem do Legislativo, tradicionalmente visto pela sociedade como pouco produtivo. Ao mesmo tempo, também serve de antídoto para Cunha, ao longo de sua gestão, cumprir promessas corporativistas feitas aos deputados, como a construção de um prédio anexo e equiparação dos salários dos parlamentares ao de um ministro do Supremo, teto do funcionalismo público.

Sem show – Ao contrário de seu antecessor, o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Cunha não permitiu que seus colegas arrastassem discussões e tentassem atrapalhar votações. "Não vou te dar a palavra. (...) Vossa Excelência não vai fazer show aqui, não", afirmou o presidente da Câmara ao interromper o deputado Sílvio Costa (PSC-PE), na sessão de terça-feira.

Apartes feitos pelos congressistas só foram autorizados quando fundamentados, como ficou evidente em discussão com o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), na quarta-feira, 4:
- Questão de ordem, sr. presidente, disse o petista.
- Questão de ordem com base em que artigo, deputado Paulo Teixeira?, questionou Cunha.
- Artigo 95, sr. presidente.
- Não existe artigo 95.

Interesses próprios – Cunha também foi alvo de críticas em sua primeira semana no novo cargo. Na sessão em que se discutiu a reforma política, o peemedebista foi acusado de defender interesses próprios. "O presidente defende o financiamento privado (de campanha) e escolhe no primeiro dia pautar essa PEC (Proposta de Emenda Constitucional)", afirmou o deputado Henrique Fontana (PT-RS), que deixou a liderança do governo na Casa por pressão, entre outros, de Eduardo Cunha.

Em seu 11º mandato, o deputado Miro Teixeira (PROS-RJ), diz acreditar que o peemedebista "foi bem" em sua primeira semana. "Se ele seguir nesse ritmo, pode fazer uma boa presidência. É preciso criar uma cultura de recuperação do conceito do parlamento", afirmou o deputado mais longevo na Casa.

O “Plano Cohen” do PT golpista, mas moribundo. Será que é por isso que Lula já pensa em criar um novo partido?

O PT ainda não percebeu seu estado de penúria e acredita que pode fazer o seu próprio “Plano Cohen”. Os leitores certamente farão uma pesquisa rápida, mas sintetizo. Forças de extrema direita do entorno do já ditador Getúlio Vargas anunciaram, em 1937, a descoberta de um suposto plano comunista para tomar o poder, sintetizado num documento — que era, obviamente, uma farsa — chamado “Plano Cohen”. Vargas, o farsante, levou a denúncia à “Hora do Brasil” — hoje “Voz do Brasil” —, fez aprovar o estado de guerra e deu o golpe do Estado Novo no dia 10 de novembro de 1937. Governou como ditador até 1945. Matou a rodo.

Na sexta-feira, o PT assinou uma resolução, que veio a público nesta terça, em que inventa o “Plano Cohen da Direita”. Assim como Getúlio tinha propósitos golpistas ao dar curso àquela farsa, os petistas têm propósitos golpistas ao dar curso a esta. Só que há uma diferença: o ditador, em 1937, infelizmente, estava forte. O PT, felizmente, não consegue enfrentar nem seus adversários da base aliada no Congresso.

Ao ler a resolução, senti o desconforto que sinto diante das coisas ridículas, pequenas, cretinas… Ao ler o texto, senti a ojeriza que em mim provocam os farsantes, os tolos, os vigaristas. Ao ler o texto, senti a preguiça a que me conduzem a ignorância, a mentira e a arrogância sem lastro. Que ocaso patético vive esse partido!
O Diretório Nacional do PT decidiu, segundo o documento, “condenar a ofensiva e denunciar as tentativas daqueles que investem contra a Petrobrás, pois, a pretexto de denunciar a corrupção que sempre combatemos, pretendem, na verdade, revogar o regime de partilha no pré-sal, destruir a política de conteúdo nacional e, inclusive, privatizar a empresa. É nosso dever fortalecer a Petrobrás e valorizar seus trabalhadores. É nossa tarefa também defender a democracia e as conquistas do povo, denunciar as tentativas de desqualificar a atividade política e de criminalizar o PT.”

Como? O PT sempre combateu a corrupção? Inclusive nos 12 anos em que a quadrilha operou na Petrobras? A propósito: além do Reinaldo Azevedo, quem mais está querendo privatizar a estatal? Estou enganado, ou os petistas estão tentando arrastar os trabalhadores da Petrobras em sua pantomima?

Como estaria em curso um golpe de direita, então os petistas pregam a resistência. Como? Dizem ser preciso “conclamar a militância a contribuir para a criação de uma articulação permanente de partidos, organizações, entidades – uma força política capaz de ampliar nossa governabilidade para além do Parlamento e de criar condições para realizar reformas estruturais no País”. Entendi. Querem também “reforçar as campanhas pela reforma política e pela democratização da mídia”. Como se vê, eles não abrem mão da censura à imprensa.

E vão adiante: “Frente ao permanente flerte com o golpismo daquelas elites que não conseguem vencer e nem convencer pelas ideias, o PT deve tomar a iniciativa de propor a unificação das propostas democráticas pela reforma política e construir uma ampla mobilização social para formar em torno da reforma política democrática uma vontade majoritária na sociedade. Partindo da proibição do financiamento empresarial e da garantia do financiamento público, buscaremos construir uma plataforma unitária na qual seja incorporada o voto em lista preordenada e paritária em termos de gênero. Além disso, o DN apoia a declaração de inconstitucionalidade do financiamento empresarial às campanhas eleitorais em curso no Supremo Tribunal Federal”.

Esse é o partido que conseguiu reunir 136 dos 513 votos possíveis na disputa pela presidência da Câmara e que, nesta terça, sofreu duas derrotas humilhantes na Casa. O que vai acima, se pensarem bem, é um plano de resistência a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e uma das principais lideranças do maior partido aliado ao governo. Partido cujas pernas o PT pretendia quebrar, antes de quebrar a cara. A propósito: o PT não deixa claro se entre as elites que não prestam estão os empreiteiros que repassavam dinheiro a operadores de partidos que estavam incrustados na Petrobras — inclusive o do PT. Que coisa asquerosa!

O Diretório Nacional recomenda ainda a Dilma uma guinada à esquerda como saída para o governo. Uau! E, claro!, como não poderia deixar de ser, o texto chega ao fim com esta pérola: “Por fim, no curso desta celebração histórica do nosso 35o aniversário, saudamos o heroísmo do povo cubano que, por sua resistência, começa a quebrar o bloqueio imposto durante décadas pelo imperialismo. Saudamos também a vitória do novo primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, do Syriza, derrotando a política de austeridade fiscal, a quem desejamos êxito em sua batalha contra as políticas neoliberais que vêm revogando direitos e promovendo recessão e desemprego na Europa. Congratulamo-nos, ainda, com o presidente da Bolívia, Evo Morales, que há pouco iniciou seu novo mandato presidencial – conosco irmanado na luta internacionalista, especialmente na integração latino-americana e caribenha.”

Se o PT não concluísse um documento exaltando um ditador, um maluco e um populista mixuruca, não seria o PT.

Vai ver é por isso que até Lula anda pensando em criar um novo partido… Mas falo disso outra hora. Deixo aqui apenas a semente da curiosidade.
 
Fonte: Estadão Conteúdo e Blog do Reinaldo Azevedo