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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Novo pedido de impeachment de Barroso e manobras de Pacheco e Lewandowski no Senado - Gazeta do Povo

Cristina Graeml
 

Impeachment: o que o Senado anda discutindo

Impeachment do ministro bravateiro, que usou a frase chavão de assaltantes "perdeu, mané" para responder a um brasileiro que o abordou durante passeio em Nova York, era algo esperado. Nesta quarta (23), eis que o pedido foi protocolado no Senado.

É mais um, o 59º pedido de impechmanet de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) pelas contas do senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Ele é um dos autores do novo pedido de impeachment, agora contra o ministro Luís Roberto Barroso.

Na entrevista, publicada aqui, faço a pergunta que a maior parte dos brasileiros faria: de que adianta apresentar novos pedidos se o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, assim como fizeram seus antecessores, finge não haver fundamentos para sequer colocar esses e os anteriores em votação.

A resposta tem a ver com o momento que o Brasil vive. A pressão sobre os políticos é o melhor caminho para as mudanças que queremos para o país. O fato de milhões de brasileiros sequer estarem se importando com a Copa do Mundo, por excesso de preocupações com a política, é um bom começo. [e o Brasil inteiro já sabe que a omissão criminosa do Pacheco é por excesso  de falta de coragem, talento que ele possui por demais.]

Senado revisa lei do impeachment na surdina
Outro tema abordado pelo senador nesta entrevista é a manobra que está sendo feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
, em parceria com o ministro do STF Ricardo Lewandowski. Juntos eles pretendem aprovar, a toque de caixa, mudanças na lei do impeachment.

Lewandowski foi o ministro que, por conta própria e à revelia do que prevê a Constituição, decidiu fatiar a lei do impeachment em 2016. Como presidente da comissão que julgou o afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República, por irresponsabilidade fiscal, ele aceitou a sugestão de aliados para manter seus direitos políticos.[só que o eleitor mineiro revogou a manobra de Lewandowski = Dilma foi candidata em 2018 e levou um chute no traseiro dos eleitores.]

Será que esta é uma das alterações que pretende implantar agora de forma definitiva? Como pressionar senadores para que não permitam mudar a lei de impeachment de modo a beneficiar presidentes da República que venham a sofrer o mesmo processo de Dilma?

Como impedir que o próprio Lewandowski e seus colegas do STF, eternamente ameaçados de afastamento do cargo, venham a ser beneficiados por uma mudança na lei, caso algum dia sejam efetivamente julgados no Senado?

Fato é que Pacheco e Lewandowski andam se reunindo em manhãs de segunda-feira, como fizeram esta semana, enquanto parte do Brasil se distrai com jogos de Copa do Mundo e outra parte, com preocupações diversas envolvendo o futuro do país e denúncias de irregularidades nas eleições 2022.


Senado, impeachment de ministros do /STF – mudanças da leina surdina

 
Audiência pública para discutir anomalias nas eleições
Eduardo Girão também comenta, na entrevista, sobre a audiência pública que sugeriu e conseguiu aprovar para a semana que vem.

O Senado vai finalmente debater, publicamente, as diversas denúncias já apresentadas ao TSE e ignoradas pelo ministro Alexandre de Moraes. Vai ser na quarta-feira (30), às 9:30, com transmissão pela TV Senado, YouTube e redes sociais do Senado.

Assista à entrevista com o senador Eduardo Girão clicando no play da imagem que ilustra esta página. Depois deixe sua reação a este conteúdo e um comentário que contribua para o debate. Você está no time dos distraídos com Copa do Mundo ou está de olho nas manobras do Senado?

terça-feira, 15 de março de 2022

VOTO POPULAR - IMPEACHMENT DADO PELA CIDADANIA - Percival Puggina

Tudo bem, já vivemos períodos melhores, já tivemos políticos melhores e o século XXI está marcado pela má qualidade média de nossas representações parlamentares. Mas a Câmara Alta da República, o Senado Federal, façam-me o favor...! A Casa dos mais experientes virou abrigo dos mais espertos e dos conchavos. 

São duras estas palavras? São, mas não há lugar para palavras macias em minha opinião. Aliás, se um dia eu quisesse ouvir conversa mole e desistir do Brasil, assistiria a TV Senado.

Desde 2003, nossos senadores escolheram em sequência, os seguintes presidentes para representá-los e dirigi-los: José Sarney, Renan Calheiros (duas vezes), Garibaldi Alves Filho, José Sarney (mais duas vezes), Renan Calheiros (mais duas vezes), Eunício Oliveira, Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco.

Desculpem senhores senadores, mas algo assim não acontece por acaso. Essa lista fornece o roteiro de uma tragédia moral. Estão aí as pegadas coletivas. Elas não abrem uma trilha, proporcionam, isto sim, uma avenida para irmos até a necessária conclusão: nem os senhores senadores se levam a sério. 

O Brasil poderia ter um número maior de petistas, comunistas e consectários. Poderia conviver com mais universidades a serviço de si mesmas e de estapafúrdias ideologias. Poderia ter ainda maior corporativismo, mais bandidolatria, mais ativismo judicial, mais impunidade. Poderia. E mesmo assim, haveria esperança, se tivéssemos um Senado que fizesse por merecer o apreço da sociedade. Estaria cumprindo seu dever perante a nação. Ali, a política faria soar o clarim das mudanças, dos princípios, dos valores, do amor ao Brasil e seu povo.

No entanto, acantonados na longevidade de seus mandatos, exceção feita a escassas e honrosas exceções, nossos senadores vivem como se não houvesse amanhã. Abastecem-se na democracia, mas rejeitam os anseios nacionais. Fortalecem-se no poder da própria instituição, mas conspiram para fazer dela seu paraíso privado. Nunca a “busca da felicidade”, enfatizada por Thomas Jefferson, esteve tão bem saciada, quanto no Senado Federal brasileiro.

Na última sexta-feira, 9 de março, o senador Rodrigo Pacheco, o omisso, tomou a iniciativa de criar uma comissão para propor uma nova lei de impeachment. 
Logo ele, que está sentado sobre todos os processos de impeachment entregues à Casa resolve exibir interesse por tão relevante tema! E adota uma providência cujo efeito natural é sustar todas as denúncias existentes posto que o Senado produzirá nova lei para regulamentar a questão. Reina a paz nos cemitérios da democracia.
 
A tal comissão tem 11 membros, cinco ligados ao Poder Judiciário, cinco juristas ou advogados e o ex-senador Antônio Anastasia, hoje ministro do TCU. A juristocracia vive dias de glória e esplendor. 
Quem dentre os 11 tem independência absoluta, entende o sentimento nacional e conhece o clamor popular?

Não bastasse isso, o presidente da comissão, escolhido a dedo pelo omisso senador Pacheco, atende pelo nome de Ricardo Lewandowski. Sim, ele mesmo, o ministro do STF que fatiou a pena da ex-presidente Dilma, preservando-lhe os direitos políticos. [a decisão do supremo ministro foi sabiamente revogada pelo sábio eleitorado mineiro, que chutou, via não votando na ex-presidente, já 'escarrada' da presidência.] Alguém acredita que essa comissão vai propor algo para favorecer a instauração de impeachment contra membros de poder?

Bem, o voto popular não deixa de ser uma forma tardia de impeachment. Tudo contribui para tornar ainda mais relevante a eleição de outubro. Cabe à nação ser, nas urnas, o que seus representantes não têm sido nos espaços de poder. 

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sábado, 22 de maio de 2021

Circo Parlamentar de Inquérito - Revista Oeste

Edição de arte Oeste | Fotos: Shutterstock

No plenário da CPI, equipado com chapas acrílicas de proteção nas bancadas e tubos de álcool em gel, Renan ajeitou a placa que deveria levar sua identificação, trocada propositadamente com o placar das mortes da covid — na quarta, o alagoano era o senador 439.379. O presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM), anunciou a abertura dos trabalhos. Respeitável público, vai começar o espetáculo!

9 horas
Pazuello surpreende e fala (muito)
A grande questão que agitou a bolsa de apostas dos parlamentares e dos analistas da CPI foi dirimida logo na primeira fala do militar, que escolheu para o dia uma gravata com listras verdes e amarelas em lugar da farda. O ex-ministro não só respondeu a todos os questionamentos, como suas respostas irritaram desde o primeiro minuto a Renan, para quem ele foi prolixo e escapista. Mais: Pazuello lançou mão de um discurso de apresentação de 40 minutos, no qual narrou sua trajetória desde o colégio militar na infância à Academia das Agulhas Negras, com menções saudosas aos pais — uma gaúcha da fronteira de Bagé e um paraibano judeu.

10 horas
A estrela do espetáculo entra em cena
Para quem acompanha diuturnamente as apresentações teatrais do escrete da CPI, a impaciência do relator 439.379 e de Omar Aziz com as falas do ex-ministro pôde ser notada desde as primeiras horas. Uma das características do seu interrogatório é repetir perguntas em contorcionismo retórico até fisgar a resposta que se encaixe na conclusão que parece estabelecida antes mesmo de a comissão começar a funcionar — em entrevistas, Renan afirmou que pretende culpar o governo pela condução das políticas públicas na pandemia. A expressão “Vamos ser mais objetivos” foi certamente a mais utilizada.
— Vossa excelência está aqui para responder às perguntas dos senadores, e para muitas delas basta um “sim” ou um “não”. Quando a gente fala muito e não consegue explicar nada, fica difícil para a gente ficar ouvindo — reclamou Aziz. [senador Aziz, é simples: peça para sair da presidência da Comissão, ou melhor, privilegie o Brasil, a começar pelos que se enganaram e votaram no senhor, com sua renúncia ao mandato parlamentar.]
— Está compreendido, senador — assentiu o militar.

Espécie das mais sofisticadas na rapinagem política em atividade, Renan parece satisfeito com o papel de protagonista depois de um longo calvário no banco dos réus das manchetes em 2007, ano em que caiu da cadeira de presidente da Casa para não ter o mandato cassado, por exemplo, estampou cinco capas da revista Veja de maio a setembro. Ex-defensor de sessões secretas na Casa, ele agora monitora as transmissões pela internet e faz perguntas enviadas pelos seus seguidores nas redes sociais.

— Por que não tomou o comando e o protagonismo dessa negociação com a Pfizer? — disse Renan.
— Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o decisor, eu não posso negociar com a empresa. O senhor deveria saber disso.

A maranhense Eliziane Gama (Cidadania) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) — nervoso, ele tem dificuldade com decibéis — quase saltaram das cadeiras em rodopio:
— Isso é desrespeito, presidente!
Renan olhou para o celular e lembrou-se da audiência nas plataformas de streaming de emissoras e dos portais de notícias:

— Estamos sendo acompanhados pelo Brasil inteiro! [comentário do Prontidão Total - só após a CPI Covidão é que nos tornamos sabedores que a senadora em questão não nasceu no Gama (cidade satélite do DF) e sim no MA,estado que a elegeu,  e a vimos por foto (apesar dela frequentar o Congresso desde 2016... falta de produtividade, atrapalha a visibilidade do congressista.
Já o senador do Acre dispensa apresentação - qualquer investigação que não leve a nada conta com a presença dele.]

12 horas
Sobre o Covidão nos Estados, não!
Há um momento crucial nas sessões: quando as oitivas enveredam para além do governo Bolsonaro, é o caso de freá-las só na CPI, dois integrantes são pais de governadores: o filho de Renan administra Alagoas, e Jader Barbalho (MDB) é o pai de Helder, no Pará.  
Até agora, nenhum depoente, seja ele político, empresário ou lobista, foi ouvido sobre o “Covidão”.  
Já quase na próxima hora cheia, depois que a bateria do relator perdeu a energia, Aziz derrapou e por muito pouco não comprometeu o acordo velado entre os seus pares para impedir que a investigação siga os bilhões da União destinados aos demais entes federativos:

— Os gestores desses Estados e municípios, vendo essa experiência no Amazonas, por que eles não se prepararam para isso?
Deveriam ter se preparado — disse Pazuello.
O petista Humberto Costa (CE) [codinome 'drácula' pelo seu envolvimento, quando ministro da Saúde do Lula, na roubalheira nos bancos de sangue, investigada na operação sanguessuga.percebeu a barbeiragem e entrou em ação:
Para corrigir aqui, já temos o acesso a um inquérito do Ministério Público que trata de Manaus, e a informação é de que o Ministério da Saúde foi informado da iminência de falta de oxigênio em janeiro.

Pazuello resolve, então, falar sobre o tema:
Deixa eu dizer para o senhor. Isso causou toda essa confusão, foi na leitura do e-mail que a White Martins mandou para… Esse e-mail, eu também tenho aqui, eu vou lhe passar, é o e-mail que foi mandado para a Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas…
Mas Aziz achou melhor encerrar o diálogo:
— Não precisa responder porque esse processo está sob sigilo. Eu espero que a gente não toque mais nesse assunto aqui. Vamos passar essa parte.

13 horas
O “pixulé” e a campainha
No picadeiro da CPI qualquer CPI, porque quase nenhuma terminou em algo sério —, uma das cenas favoritas do público é o faroeste engravatado. Quem assiste aos vídeos aguarda ansiosamente pelo momento do dedo em riste, sempre interrompido pela clássica campainha — esta, aliás, uma espécie de despertador de que o show está em curso. Na quarta-feira, o duelo foi entre Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Omar Aziz sobre recursos da União transferidos ao Amazonas.
Você não está falando a verdade, rapaz! É um mentiroso! — disse Aziz.
Não me chame de mentiroso! Não sou! Não sou! Vou lhe mostrar agora! — reagiu o gaúcho.
As notas taquigráficas da sessão registraram assim:
Tumulto no recinto. Campainha.

Sete minutos depois, de volta aos microfones, Renan quer saber de Pazuello o que ele quis dizer com o termo “pixulé”, utilizado quando era ministro. Ele explicou:
É porque eu morei muito tempo no Rio de Janeiro, e a gente tem algumas palavras que saem. Todo final de ano é normal ter recursos não aplicados em projetos e programas. Então, se você tem um programa que tem R$ 100 milhões e aplicou R$ 92 milhões… Então, você tem saldos não aplicados. Chega no final do ano, começa prefeitura, começa hospital… Não tem nada aí de ilegítimo, mas são as sobras…
Ao falar em “pixulé”, quis citar alguém?
Claro que não! Se eu quisesse citar, teria citado.
Enquanto isso, Heinze foi às redes sociais.

14 horas
Ajuda dos universitários
Com cinco horas transcorridas de depoimento, as sirenes das agências de checagem nas redações já estavam a mil. Era hora de incluir nos títulos que, aqui ou ali, de um jeito ou de outro, Pazuello mentiu à CPI — e, como isso pode ser imputado como crime lá na frente, nada melhor do que a “polícia da notícia” chamar a atenção do xerife Renan desde já. Um giro rápido pelos portais tradicionais na internet aponta de quatro a dez “informações falsas” e devidamente marcadas com o selo de quem ostenta ter o monopólio da informação. A sessão é suspensa para o lanche — é servido sanduíche com frios, suco, café e frutas.

15 horas
Precisamos falar sobre a cloroquina
Às 15h11, Randolfe Rodrigues, vice-presidente e autor do requerimento da CPI, assume o comando para a reabertura do espetáculo. O próximo a elaborar perguntas é o petista Humberto Costa, ainda irritado com a informação de que circula no Twitter um meme no qual ele cita “a fronteira do México com o Brasil” numa fala na CPI — apenas um lapso por confundir Donald Trump com Jair Bolsonaro, argumentam os petistas em mexericos, “deve ser coisa do gabinete do ódio”. A bronca da vez é com o descumprimento do uso de máscara — Pazuello foi flagrado em um shopping center sem máscara, embora o alvo sejam as aglomerações promovidas por Bolsonaro. Quem pega carona na cena é Tasso Jereissati (PSDB-CE), chamado pelos jornais do país de “Joe Biden brasileiro”. Além das máscaras, ele quer levantar a bola para o assunto predileto da turma: a cloroquina. O áudio falha, já que o tucano participa por meio de videoconferência de casa, e nada fica muito claro. Aí surge novamente a maranhense Eliziane Gama, sobre Manaus:
— Mas o senhor tinha conhecimento de que estava indo hidroxicloroquina e não o oxigênio, que era a necessidade premente do momento?
Vamos para a próxima hora.

16 horas
Apagam-se as luzes
Alertado pelos colegas de que fora iniciada a ordem do dia no plenário, o que retira regimentalmente a prioridade das transmissões das comissões pela TV da Casa, Omar Aziz faz um alerta ao elenco:
Foi cortada a sessão daqui. Acho melhor a gente suspender, depois a gente volta.
Renan Calheiros dá a palavra final, fora do microfone (as notas taquigráficas, contudo, registraram):
— É a melhor providência.

17 horas
Cenas dos próximos capítulos
Nesse intervalo da sessão, surge o break news do dia: o ex-ministro teria passado mal na antessala da comissão e foi socorrido pelo senador Otto Alencar (PSD), que é médico. O Twitter explode em hashtags. A sessão seria retomada no dia seguinte. No estacionamento do Congresso, porém, Pazuello negou aos repórteres ter sentido mal-estar. Marcos Rogério (DEM-RO), aliado do Palácio do Planalto, foi ao Twitter esclarecer.

Quinta-feira 20 – Dia 2
O público pediu e teve bis
De volta ao palco no início da manhã, depois de uma exaustiva sessão, Eduardo Pazuello foi informado de que enfrentaria perguntas de mais 23 senadores. Sim, 23, porque, além dos 11 titulares e 7 suplentes, outros parlamentares sempre conseguem uma ginástica regimental para pegar carona nos holofotes — a manobra da vez nessa comissão é argumentar que a bancada feminina tem pouco espaço de fala, ainda que, proporcionalmente, elas sejam 12 em 81 na Casa. [proporcionalme4nte, 12 x 81, permite na Covidão, menos de meia pergunta. Dói, mas democracia é em função da maioria - desconsiderar a maioria é implantar a ditadura da minoria = acabar coma democracia.]  Quem roubou a cena logo no início foi o escudeiro do governo Marcos Rogério, ao exibir por meio de um tablet um vídeo no qual governadores críticos ao presidente avaliavam positivamente, no começo da pandemia, o uso da cloroquina contra a covid, entre eles João Doria (PSDB-SP), Wellington Dias (PT-PI), Renan Filho (MDB-AL) e Helder Barbalho (MDB-PA). [David Uip, braço direito do governador de S. Paulo usou a cloroquina para seu tratamento quando teve covid - temos o receiturário.] 

Como citar governadores é assunto proibido, houve nova troca de farpas, só resolvida pela campainha. Durante a bagunça, o primogênito dos Bolsonaro, o senador Flávio (Republicanos-RJ), sugeriu que o pastor Silas Malafaia fosse convocado já que a comissão quer ouvir alguém com quem o presidente mantém contato frequentemente
Otto Alencar ainda tentou sabatinar o ex-ministro sobre seus conhecimentos médicos e o criticou por não ter feito um curso intensivo sobre doenças virais quando assumiu o cargo. No mais, até o apagar das luzes, às 17h05, o espetáculo cumpriu rigorosamente o roteiro.

Em cartaz
Extras
Do lado de fora do plenário da CPI, ainda restam as entrevistas no chamado “cercadinho da imprensa”, instalado no corredor e devidamente preparado para que os detetives da covid com mandato, por ordem de chegada, anunciem a próxima atração: na terça-feira 25, estará em cartaz o episódio “Capitã Cloroquina” (como foi apelidada a depoente Mayra Pinheiro, secretária da pasta da Saúde).

Revista Oeste -  MATÉRIA COMPLETA

 


terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Educadores, tremei! - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo


A TV Escola vai acabar ou virar veículo de propaganda da extrema direita?
O ano vai terminando, mas o presidente Jair Bolsonaro parecer disposto a atrair chuvas e trovoadas e causar marola até o último dia, o último minuto. Xingar o patrono da Educação brasileira de “energúmeno”? Acusar a TV Escola de ser esquerdista e “deseducar”? É, no mínimo, chocante.  Energúmeno significa endemoniado, possuído, mas costuma ser usado para denegrir a imagem de alguém como idiota, louco, bobo, às vezes fanático e exaltado. Quem, em sã consciência, pode achar que Paulo Freire é merecedor de algum desses adjetivos? Um homem que dedicou a vida à educação, sonhou e trabalhou pela igualdade, pelos direitos dos mais desvalidos, pela consciência coletiva de que, sem condições iguais na largada, ou na infância, o Brasil jamais será um país igual para todos.

Fica ainda mais trágico quando quem chama Paulo Freire de endemoniado enaltece demônios como Pinochet, Stroessner, Brilhante Ustra. Freire lutou pela vida, pelo bem. Os ídolos do presidente geraram morte, tortura, desaparecimentos, destroçando vidas e famílias cruelmente. Nada anda na educação, que acaba de perder mais um ano e acumula déficits há décadas (inclusive porque jogaram fora os princípios e métodos de Paulo Freire). Veio o patético Vélez Rodriguez, que demorou, mas caiu. Veio o performático Abraham Weintraub, que está demorando e, segundo Bolsonaro, não vai cair. E a política para o ensino básico, o ensino médio, o ensino superior? Ninguém sabe, ninguém viu. No MEC, o foco está em ideologia.

Só se ouve um ministro mandar professores e alunos decorarem e entoarem o slogan de campanha do presidente da República e o outro acusar as universidades de só servirem para “balbúrdia” e plantação de maconha, enquanto imita Gene Kelly num vídeo, faz palhaçadas em outro, ataca todo mundo e não perdoa nem Paulo Guedes.  E por que o presidente Bolsonaro avisa que não vai demitir ministro nenhum e classifica Weintraub como “excelente”? Provavelmente porque o ministro da Educação participa de um amplo plano político para 2020, quando haverá eleições municipais.

Sem partido, depois de abandonar o PSL e os laranjais, Bolsonaro pode não ter condições para viabilizar o Aliança pelo Brasil a tempo de concorrer a prefeituras e câmaras legislativas. Logo, ele precisa de um plano B para eleger os futuros militantes da nova sigla. A campanha maciça pela internet, tão eficaz na eleição de 2018, tende a ser de novo importante, mas não tão determinante em 2020. Eleição municipal exige presença, cara, voz, líder local. E onde se encontram esses fatores de campanha? No caso de Bolsonaro e de seu futuro partido, nos templos evangélicos e nas escolas. Sempre haverá pastores, pais e professores prontos a acreditar que “ser de direita” é ser isso aí
contra a igualdade, a educação inclusiva, o respeito às diferenças, os direitos das minorias. [igualdade em exagero prejudica - citando regra comum = igualdade para todos, mas, respeitando as desigualdades; 
educação inclusiva é eufemismo para agredir a moral, deseducar nossas crianças, disseminação da imoralidade;
respeito as diferenças, tem que ser limitado e sem contrariar a natureza;
direitos para as minorias, estão se tornando excessivos, cassando os direitos das maiorias.]

Enquanto xinga Paulo Freire e promove quem xinga Fernanda Montenegro, Bolsonaro fecha a TV Escola com um pretexto daqui, outro dali, mas no fundo por um único motivo: ele acha, ou foi convencido de que ali só tinha esquerdista.  A TV Escola, porém, não era de esquerda e era muito importante para divulgação de métodos, técnicas e informações relevantes para um nicho específico: professores e estudantes. Com o perfil institucional, não seria justo exigir que competisse com TVs comerciais, mas tinha boa audiência, maior do que a TV Câmara e a TV Senado.

Agora, não se sabe o que é pior: fechar a TV Escola pura e simplesmente ou transformá-la num instrumento de propagação em massa de ideologias conservadoras e virulentas. Ela não era de esquerda, mas pode vir a ser de extrema direita. [mudanças com tendência ao conservadorismo estão se impondo por todo o mundo e o governo do presidente Bolsonaro tem o DEVER de extirpar a ideologia esquerdista e todos os seus procedimentos malévolos.
Gostem ou não o mundo está se tornando conservador.]

Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Temer ganha “respiro de governabilidade” com aprovação da reforma trabalhista na CCJ



O resultado favorável foi obtido mesmo em meio à enxurrada de críticas da oposição. O teste final será no plenário do Senado, possivelmente antes do recesso parlamentar 

A reprovação da reforma trabalhista pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, na semana passada, acendeu a luz amarela da equipe econômica do governo Michel Temer. O resultado, de 10 votos contrários e 9 favoráveis, foi interpretado como uma sinalização ruim para o avanço das medidas essenciais à retomada econômica no Congresso Nacional. Nesta quarta-feira (28), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado fez diferente. Aprovou o texto do relator, o senador Romero Jucá (PMDB-RR), por 16 votos favoráveis, 9 contrários e 1 abstenção em linha com a expectativa do governo. Com duas vitórias – a primeira foi na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em 6 de junho –, o governo ganha um “respiro de governabilidade”. A vitória, no entanto, não estanca a crise política, agravada pela denúncia contra Temer feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que o acusa de corrupção passiva.

Antes do início da votação, a oposição lançou mão de diversas estratégias para adiar a apreciação da reforma. “Não é correto fazer votação neste momento em que o governo acabou”, afirmou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), em referência à instabilidade política que coloca em risco a continuidade do mandato de Temer. “O deputado que ficar com Temer estará morto na próxima eleição”, disse, sugerindo a votação de um projeto alternativo. [na próxima eleição, com o Brasil em processo acelerado de recuperação econômica os  deputados que estão apoiando Temer terão reeleição garantida;  já quanto ao Lindbergh há grandes chances de que seja condenado em vários do processos que responde e esteja dividindo cela com Lula.]  

A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) reclamou que os dois relatores, Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Romero Jucá, rejeitaram todas as 686 emendas apresentadas. “Do alto de seus poderes, eles não aceitaram nenhuma. Isso não é razoável.” Ainda no time da oposição, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu a suspensão da sessão deliberativa do plenário do Senado. “A votação mais importante desta Casa é esta. A população merece assistir [pela TV Senado]”, disse a presidente do PT, que chegou a bater boca com Jucá.

Fonte: Revista Época