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segunda-feira, 19 de julho de 2021

Administração Segura de Medicamentos - Utilidade Pública

Nosso cuidado vai sempre além de oferecer assistência médica e, para promover ações preventivas, separamos algumas dicas sobre as melhores formas de manipular medicamentos.

Primeiramente, é necessário que eles estejam armazenados corretamente em seu domicílio, em local fresco e longe de calor, da umidade, da luz e dos produtos de limpeza. Por isso, não devem ser guardados no banheiro nem na cozinha, o que comumente costuma ocorrer.

Quando necessário armazenamento em geladeira, coloque-os dentro de um pote plástico,  jamais na porta deste eletrodoméstico. Além disso, eles não devem ficar ao alcance de crianças nem de animais de estimação. 


Outro aspecto muito relevante é que você deverá seguir corretamente as orientações  de seu médico, prescritas na receita. Caso tenha alguma dificuldade relacionada à dosagem e à periodicidade, você poderá pedir ajuda a um farmacêutico no momento da compra, quando realizada em loja física. A CNU dispõe de uma rede de drogarias parceiras com profissionais capacitados para lhe ajudar. Além de descontos exclusivos aos beneficiários da  Central Nacional Unimed, nelas você também poderá descartar adequadamente os seus medicamentos vencidos ou em desuso.

 

quarta-feira, 16 de junho de 2021

"Uma característica de Bolsonaro é não perder contato com a população"

Correio Braziliense

 "O presidente costuma entrar no boteco, na padaria, na sinuca, pede licença para entrar nas residências — onde gosta de conferir o abastecimento da geladeira"

A passeata de motos em São Paulo, no último sábado, revela uma caraterística do atual presidente da República: a de não perder contato com a população. Ele tem saído de Brasília praticamente todas as semanas, para todos os cantos do país, em viagens de inauguração, inspeção, celebração, confraternização — enfim, por vários motivos, mas o principal é sentir o povo. Onde quer que vá, é alvo de demonstrações. A de sábado foi uma reunião de motociclistas e motos que, um dos participantes, o ministro Tarcísio, calcula em 120 mil veículos.

A região mais visitada nessas viagens semanais tem sido a do Nordeste. Esteve, há duas semanas, nos confins do noroeste brasileiro, na região da Cabeça do Cachorro, onde conviveu com brasileiros cujos ancestrais já estavam aqui quando Cabral chegou, e inaugurou uma ponte de madeira, recém-refeita. Tem feito isso às quintas e sextas-feiras, e em alguns fins de semana, aproveita para visitar de moto a periferia de Brasília.

Outro dia, escrevi aqui sobre os males de quem se isola na bolha de sua atividade e fica alienado do Brasil real. Não é o caso do presidente que, em campanha eleitoral, percorreu o país inteiro. E depois de eleito, não se recolheu aos palácios da Alvorada e do Planalto. Continua percorrendo o país, sondando, ouvindo, aprendendo, sentindo. Costuma entrar no boteco, na padaria, na sinuca, pede licença para entrar nas residências — onde gosta de conferir o abastecimento da geladeira.

Aí se entende porque o porta-voz ficou ocioso, e o cargo foi extinto. [um comentário; o estilo franco, solto do  presidente Bolsonaro, facilita ciladas armadas por integrantes da mídia militante - jogam a isca (pergunta), o presidente responde ao seu estilo e a resposta é 'trabalhada' em uma tentativa, quase sempre fracassada, de comprometer o presidente.
O ideal seria que ele se dirigisse ao povão = seus admiradores =  com a espontaneidade que o caracteriza e ignorasse perguntas lançadas por jornalistas a serviço dos inimigos do Brasil. 
Sem entrevistas de corredor ou de cercadinho; entrevistas só quando convocada e perguntas apresentadas previamente e por escrito. Qualquer manifestação sobre temas específicos seria sempre do porta-voz.]

Devido esses inconvenientes é que a presença do porta-voz é essencial.] O presidente não tem intermediários. Nunca teve. Ganhou a eleição sem marqueteiro. Porta-voz de si próprio, deixa seus recados nos encontros quase diários com os que vão ao portão do Palácio da Alvorada, residência oficial. Contato direto, espontâneo, com todos, inclusive com essa multidão recordista de motociclistas que foi por conta própria. Por isso, seu gabinete no palácio não corre o risco de ser ilha da fantasia. O contato com o povo, sem intermediários, o imuniza dos áulicos de corte.

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense 

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Um furto de R$ 4 desnuda a crise do Judiciário - José Casado

VEJA

A lei, a lógica e o bom senso indicam que deveria ter acabado na delegacia mineira mas o caso do par de bifes de frango avançou e mostrou a crise da Justiça

O par de bifes de frango reluzia na geladeira do supermercado, ao lado do aviso iluminado: cada um custava dois reais — o equivalente a uma fatia de 0,42% do salário mínimo daquele 2017. Ele olhou, embolsou e saiu apressado. Flagrado, detido, foi parar diante do delegado de polícia, surpreso com um caso de valor tão baixo.  O policial entendeu a “condição de miséria” e fez questão de listar no boletim de ocorrência todos os indícios de que aquele homem roubara dois pedaços de carne porque tinha uma necessidade urgente e relevante: fome.

O que diz o Código Penal
A lei é clara sobre essas situações. O Código Penal prevê (artigo 155) o “furto famélico”, uma criação doutrinária para absolver quem, na extrema penúria, rouba alimento para matar a própria fome ou da família. A lei e a lógica indicam que tudo deveria ter acabado na delegacia de um bairro de Belo Horizonte. Mas o furto de R$ 4 avançou e desnudou a crise do Judiciário brasileiro.

O Judiciário de Minas Gerais resolveu deixar de lado o bom senso. Fez desabar toda sua força sobre uma pessoa pobre e faminta, aprisionando-a por quatro anos num processo de bagatela — dois bifes, quatro reais na época, hoje seis, se aplicada a correção monetária (IGPM-FGV).  O epílogo só ocorreu na segunda-feira, mais de 200 semanas depois de muito dinheiro público desperdiçado, quando o Superior Tribunal de Justiça proclamou um basta em habeas corpus (nº 126272) apresentado pela Defensoria Pública.

Os juízes da Sexta Turma do STJ registraram sua perplexidade com a insistência do Ministério Público e do Judiciário de Minas “levar adiante um processo criminal de tão notória inexpressividade jurídico-penal”.  O caso do furto famélico saiu das mãos dos promotores locais, percorreu inúmeras mesas da burocracia judiciária e aterrissou na pauta do Tribunal de Justiça de Minas Gerais.  O Judiciário mineiro é dos mais caros do país. Em 2017, quando o tribunal se dedicou ao processo, cada juiz local custava R$ 52.832,96 por mês aos 21 milhões de habitantes, segundo o Conselho Nacional de Justiça. Em valores atualizados, significa R$ 80.846,66 mensais.

Como ocorre nos outros Estados e em Brasília, o custo é inflado pelo pagamento de uma série de penduricalhos que derivam em supersalários, como auxílio-moradia (mesmo com casa própria), auxílio-saúde e até auxílio-livro, além de carro oficial, motorista e segurança. Os critérios de férias (60 dias por ano) permitem “indenizações”em 2019 um deles recebeu R$ 674 mil.

Os desembargadores mineiros realizaram um profundo debate sobre a aplicação do princípio da insignificância jurídico-penal. Concluíram, por maioria, que se aplicado a esse episódio de fome explícita o resultado prático seria um “desprestígio” da função preventiva da lei, passível de estimular até mesmo uma escalada “criminosa” no Estado.

Assim, depois de três anos de passeio pela burocracia judiciária mineira, um recurso da Defensoria Pública fez o caso do um par de bifes de frango roubado migrar de Belo Horizonte para Brasília. O Superior Tribunal de Justiça é o organismo responsável por uniformizar a interpretação das leis federais, instância de solução definitiva dos casos civis e criminais comuns.

O juiz Rogério Schietti Cruz, relator da ação do furto famélico, concluiu que promotores e juízes de Minas agiram “com excessivo rigor” e à margem de toda a jurisprudência consolidada.  Outro juiz, Sebastião Reis Júnior, resumiu o clima de perplexidade na Sexta Turma em uma única palavra: “Absurdo”. Lembrou o volume crescente de processos (de 84,2 mil em 2017 para 124,2 mil no ano passado) e a tendência a novo recorde neste ano (132 mil).

“Essa situação ocorre” — comentou — “porque a advocacia e o Ministério Público insistem em teses superadas, mas também porque os tribunais [estaduais] se recusam a aplicar os entendimentos pacificados aqui. E no Legislativo, discute-se o aumento das penas, mas não se debate a ressocialização e a prevenção de crimes.”  É problema antigo. Em 2017, quando aconteceu o furto famélico em Belo Horizonte, a Câmara dos Deputados aprovou a criação de uma espécie de filtro de acesso ao STJ, obrigando à uma prévia demonstração de relevância em relação às leis federais.

Trata-se de uma proposta de emenda constitucional (nº 209), do deputado Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara. Há quatro anos ela está estacionada no Senado, à espera de votação.  Enquanto isso, os casos de bagatela se repetem, provocando congestionamento judicial e, principalmente, desperdício de dinheiro público numa máquina burocrática reconhecida como das mais caras do planeta.  O Judiciário brasileiro consome anualmente 1,3% do Produto Interno Bruto. Significa uma despesa anual de cerca de R$ 456 (US$ 91,2) no bolso de cada um dos 212 milhões de habitantes.

Os pesquisadores Luciano Da Ros, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e Matthew M. Taylor, da American University, têm demonstrado que esse nível de gasto com o Judiciário só é encontrado na Suíça, cuja população é 25 vezes menor e a renda média cinco vezes maior.

+ Os líderes de Bolsonaro no Congresso estão atordoados

José Casado, jornalista - Blog - VEJA

 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Oxford: Anvisa recebe pedido da Fiocruz para uso emergencial da vacina

Trata-se da segunda solicitação do tipo realizada junto à agência hoje

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recebeu nesta sexta-feira, 8, o pedido de uso emergencial da vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica Astrazeneca.  O parecer positivo ou negativo do órgão regulador de medicamentos deve ocorrer em até 10 dias.

Trata-se do segundo pedido de uso emergencial protocolado na agência hoje. Mais cedo, o Instituto Butantan, que produz no Brasil a CoronaVac, da farmacêutica Sinovac Life Science, realizou a mesma solicitação. De acordo com a Anvisa, as primeiras 24h serão utilizadas para fazer uma triagem do processo e checar se os documentos necessários estão disponíveis. Se houver informação importante faltando, a Anvisa pode solicitar as informações adicionais ao laboratório.

O  sempre figurou como a principal aposta do governo federal para promover uma campanha de vacinação contra a Covid-19. É esperada a produção de 100,4 milhões de doses até julho pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A autorização solicitada, contudo, diz respeito à distribuição inicial de 2 milhões de doses já prontas que devem ser importadas do Instituto Serum, da Índia. De acordo com o Itamaraty, as primeiras unidades do antígeno devem chegar ao Brasil ainda neste mês.

Em estudos de fase 3, a vacina de Oxford apresentou eficácia média de 70%. Em entrevistas, o CEO da AstraZeneca, Pascal Soriot, afirmou que o medicamento tem 100% de eficácia contra desdobramentos severos da doença. Ou seja, ainda que a pessoa contraia Covid-19, o caso deverá ser de pouca complexidade médica.  A posologia no Brasil deve ser feita em duas doses completas. Como principal ganho, a vacina pode ser armazenada em temperatura comum de geladeira e tem preço mais acessível do que outras vacinas contra a Covid-19 já conhecidas, algo em torno de 3 dólares.

Saúde - VEJA Online

 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Como o pacote anticrime livrou investigados da prisão em ação da PF

Por Robson Bonin 

Operação contra fraude em fundos de previdência municipais ficou mais de oito meses na geladeira até ser deflagrada 

Há duas semanas, a Polícia Federal colocou na rua uma grande operação para cumprir 71 mandados de busca em cinco estados do país contra um esquema de fraudes em 65 institutos de previdência municipais que desviou cerca de 500 milhões de reais dos cofres desses fundos públicos.  A operação não chamou tanta atenção do noticiário, mas a decisão do juiz que autorizou as buscas revelou curiosidades no caso.

Os mandados cumpridos em julho haviam sido deferidos pela Justiça em 29 de outubro de 2019 pelo juiz Marcelo Elias Vieira, da 2ª Vara Federal de Ji-Paraná. Na ocasião, o juiz autorizou a prisão preventiva de 12 investigados, além das 71 buscas, e estipulou um prazo de validade de 120 dias para a realização da ação. Por motivos desconhecidos, a operação ficou na geladeira até este mês. Nesse período parada, o Congresso aprovou o pacote anticrime de Sergio Moro e redefiniu critérios para a decretação de prisões preventivas. Como os investigadores deixaram o prazo de validade das preventivas expirar, um juiz do TRF da 1ª Região reanalisou os pedidos já sob a nova lei.

Em 5 de março, o juiz federal Nelson Pitanga, citando o pacote anticrime, para sorte dos investigados, entendeu que as ordens de prisão preventiva já não eram mais aplicáveis. Foram cumpridos então apenas as buscas, mais de oito meses depois do primeiro pedido de prisão. As preventivas foram solicitadas “com finalidade de impedir a continuidade da prática criminosa e a colheita de provas” dos crimes. O juiz citou a aprovação do pacote anticrime que obrigou magistrados a “observar na decretação da prisão preventiva: ‘perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado’, além da prova da existência do crime e indício suficiente de autoria”. Resultado, nada feito. Sorte dos investigados.

Veja - Blog Radar