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segunda-feira, 30 de setembro de 2019

A estratégia por trás do veto - Valor Econômico

Bruno Carazza

Bolsonaro beneficiou a si mesmo e ao Congresso

Na última sexta-feira Jair Bolsonaro vetou diversos dispositivos da reforma eleitoral aprovada pelo Congresso no âmbito da Lei nº 13.877. Atendendo à pressão das redes sociais, o presidente posicionou-se contra a possibilidade de aumento do fundo eleitoral, a eliminação de brechas para a não aplicação da Lei da Ficha Limpa e o retorno da propaganda partidária “gratuita” em rádio e TV - sem falar na farra que seria a permissão de adoção de sistemas de contabilidade paralelo à prestação de contas exigida pelo TSE.
 
[cabe lembrar que o Brasil vive sob uma ditadura do Congresso e que simplesmente o Poder Executivo só trabalho se o Poder Legislativo concordar;
não concordando, derruba veto presidencial, emite decreto legislativo e o que mais lhe aprouver.
Em complemento, tem o Poder Judiciário que, na maioria das vezes, atende ações contrárias às decisões do presidente da República. 
Espremido entre dois Poderes, duas ditaduras oficiosas mas, reais, fica dificil governar.]
 

Apesar de ter agradado àqueles que temiam que a sanção do projeto tal qual aprovado pela Câmara e pelo Senado contribuiria para a total degeneração da política em corrupção, o veto parcial de Bolsonaro merece ser analisado com bastante cuidado, pois revela uma bem arquitetada estratégia política. Começamos pelo que não foi vetado. Bolsonaro fez vista grossa para três dispositivos relacionados ao uso do fundo partidário, uma bolada que gira em torno de R$ 1 bilhão de dinheiro público distribuída todo ano aos partidos. De acordo com a nova lei sancionada pelo presidente, os partidos agora poderão utilizar esses recursos para defender judicialmente seus membros em processos relacionados à eleição, para adquirir bens imóveis e móveis (inclusive veículos, jatinhos e helicópteros) e também no impulsionamento de conteúdo na internet.

Não é difícil perceber que, ao não vetar esses pontos, Bolsonaro colocou os seus próprios objetivos à frente do interesse público. Para começar, seu partido, o PSL, defende-se judicialmente de várias acusações de uso de laranjas nas últimas eleições - e a partir de agora poderá usar o fundo partidário para pagar seus advogados.  Além disso, dada a sua expressiva votação nas últimas eleições, o PSL será o maior agraciado na distribuição do fundo partidário - e poder gastar esse dinheiro para adquirir imóveis Brasil afora (e, talvez, jatinhos e helicópteros para facilitar o transporte) pode ser de grande valia para expandir os domínios do bolsonarismo nos rincões do país. Por fim, o uso do fundo para o impulsionamento de conteúdo nas redes sociais dará ainda mais força para a principal estratégia de marketing de Bolsonaro rumo a 2020 e 2022.

Também faltou tinta na caneta Bic do presidente para vetar a utilização dos recursos bilionários dos fundos partidário e eleitoral para o pagamento de consultorias, assessorias contábeis e serviços advocatícios. Bolsonaro não apenas sacramentou essa imensa brecha para o caixa dois, como ainda aceitou a proposta dos parlamentares de deixar essas despesas fora do teto de gastos de campanha e de poderem ser objeto de contabilidade paralela na prestação de contas junto ao TSE.

Chega a ser chocante admitir uma norma dessa natureza depois de tantos escândalos de corrupção comprovando o desvio de recursos por meio de serviços fictícios ou superfaturados. PC Farias já fazia isso com a sua consultoria EPC na década de 1980 e todos os grandes casos subsequentes (Anões do Orçamento, Mensalão, Castelo de Areia, Lava Jato) tiveram fartos exemplos de recursos milionários transitando entre contas de corruptores e políticos por meio de uma rede subterrânea de serviços de assessorias e escritórios de advocacia.

Chama mais atenção ainda o silêncio do ministro Sergio Moro nessa questão. Na mensagem de veto encaminhada ao Congresso, Moro se posicionou contra apenas dois aspectos: a possibilidade de compra de passagens aéreas para não filiados ao partido e a alteração na regra de verificação de inelegibilidade de candidatos. Sobre os dispositivos que poderiam levar a desvios de recursos nas campanhas, Moro calou-se - logo ele, que conhece como ninguém o funcionamento do “mecanismo” de corrupção nas eleições. As principais sugestões de veto acabaram vindo do Secretário-Geral da Presidência, Jorge Francisco.

A despeito da sanção parcial do presidente sobre o projeto com as novas regras eleitorais, o jogo não está encerrado. No nosso modelo de freios e contrapesos, o Congresso tem a palavra final sobre os vetos presidenciais, podendo derrubá-los se houver maioria absoluta de deputados e senadores. E aqui reside mais um ponto interessante da estratégia política bolsonariana. Assim como aconteceu com a lei sobre abuso de autoridade, também na nova lei eleitoral Bolsonaro foi bastante pressionado por seus apoiadores para vetar integralmente o projeto - em ambos os casos, havia o risco de enfraquecimento do combate à corrupção, um assunto caro a boa parte de seus seguidores. Tivesse o presidente cedido ao clamor popular, caberia ao Congresso decidir, numa votação única, derrubar ou manter o veto do projeto em sua inteireza, o que certamente mobilizaria todos os olhares do país sobre essa decisão.

A opção adotada por Bolsonaro, entretanto, foi vetar apenas um grupo limitado de dispositivos. Dessa forma, o Congresso não terá que se posicionar sobre os vetos em conjunto, mas sim ponto a ponto, decidindo se mantém ou rejeita cada dispositivo sobre o qual o presidente se manifestou contrariamente. Ao agir dessa forma, Bolsonaro beneficia os parlamentares, pois além de aliviar a pressão popular sobre sua decisão, podem moldar a versão final da lei ao seu bel prazer, pois em vez de decidirem no modelo “tudo ou nada”, têm à sua disposição um cardápio de opções, podendo rejeitar ou aceitar cada dispositivo isolado do projeto.

Do ponto de vista eleitoral, Bolsonaro também se sai melhor com a opção do veto parcial, pois reforça junto a seus seguidores o discurso de que está fazendo o possível para evitar o esvaziamento do combate à corrupção no Brasil, mas o problema está na velha política do Congresso que derruba seus vetos. Ao colocar a grande massa bolsonarista contra os outros Poderes, Bolsonaro não apenas polariza o eleitorado - ele enfraquece a democracia. Para aqueles que fazem chacota de discursos na ONU, é bom avisar que de bobo Bolsonaro não tem nada.

Bruno Carazza, professor do IBMEC, escritor, mestre em economia e doutor em direito - Valor Econômico


segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Morte de menina no Alemão segue sem esclarecimentos da PM - O Globo


Corporação diz seguir "protocolos rígidos com a preocupação de preservar vidas", mas não esclarece se trocar tiros com suspeitos em fuga é procedimento mais adequado 

 Criticada por especialistas, artistas e políticos, a ação da Polícia Militar que resultou na morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão , permanece com inúmeras perguntas sem respostas. Apesar do resultado trágico da ação, o governo estadual afirmou, em nota enviada ontem, que o trabalho da polícia "segue protocolos rígidos de execução, sempre com a preocupação de preservar vidas". 
 
No entanto, até o momento, o Estado ainda não se pronunciou acerca do que, de fato, ocorreu no local: contrastando com a versão da PM — que diz ter sido atacada por traficantes moradores alegam que não havia troca de tiros entre policiais e traficantes na comunidade e, portanto, a rua estava movimentada. O governo também ainda não informou se trocar tiros com suspeitos em fuga é o procedimento mais indicado mesmo em uma rua cheia de inocentes.

[um esclarecimento indispensável: claro que a morte de qualquer inocente em um confronto é algo lamentável, especialmente quando a vítima tem oito anos de idade - uma criança inocente e indefesa.

Só que a polícia não pode ter suas ações pautadas pelos bandidos, ficar sujeita a ter policiais abatidos por bandidos armados com fuzis, para não trocar tiros, não realizar disparos.

Os bandidos a eles interessa duas coisas no que concerne a operações nas favelas;

- que elas cessem - e o clamor publico por vítimas inocentes é imenso e temuma força que precisa ser ignorada;

- ou então que os policiais subam nos morros sem revidas aos disparos.

Qual a forma mais eficiente para alcançar, ou pelo menos tentar, um dos dois objetivos citados?

Óbvio que produzindo vítimas inocentes e a favor dos bandidos, no que ajudados pela forte tendência dos moradores em acusar a polícia - talvez, até acusem por pressão dos traficantes.

Alguém acha que aqueles ônibus que são atravessados bloqueando as ruas é resultado de ação espontânea dos moradores? ou são obrigados pelos bandidos?

Fiquem certos que os bandidos são capazes de atirar contra moradores, inclusive crianças, durante um tiroteio, para que a polícia seja responsabilizada.

A polícia deve seguir rigorosamente os protocolos nessas operações nos morros - as operações necessitam continuar e até se intensificarem - evitando morte de inocentes, mas, lembrando que um dos primeiros itens dos protocolos é que o policial não morra.

Que Deus se apiede da população carioca, que inocentes não morram em confrontos bandidos x polícia, sendo conveniente até o estabelecimento de alguns padrões a serem seguidos pela população durante tiroteios.]


Tristeza: Elias César, tio de Ágatha, chora na porta do IML Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Tristeza: Elias César, tio de Ágatha, chora na porta do IML Foto: Pedro Teixeira / Agência O Globo
Caso Ágatha : Bala encontrada em corpo vai permitir comparação com armas de PMs
Também contrariando a versão dada pelos moradores, a Polícia Miitar diz que os agentes de segurança foram atacados por traficantes e, por isso, revidaram. Mas ainda não se sabe quantos policiais militares participaram da troca de tiros, quantos atiraram e nem se o tiro que atingiu a menina partiu de um fuzil. [os fuzis apesar de no papel serem armas de uso restrito, são usados sem restrições pelos bandidos, assim, se a criança foi atingida por um projétil de um fuzil, a principio, não indica se o disparo foi dos policiais ou dos bandidos.]
A corregedoria da PM informa que abriu um Inquérito Policial Militar  (IPM) para apurar a ação dos policiais envolvidos no episódio, sem detalhar quantos policiais responsáveis pelo patrulhamento da região serão ouvidos pela  Delegacia de Homicídios  (DH).
Outras perguntas que permanecem abrindo margem para dúvidas são a respeito da troca de tiros alegada pela PM: ainda não foi esclarecido se algum tiro supostamente disparado por traficantes acertou alguma viatura, e nem quantas viaturas estavam no local. [se percebe que há um interesse não disfarçado de encontrar indícios que lancem suspeitas sobre os policiais - desmoralizar a polícia, não parece ser objetivo apenas dos traficantes.]

Ontem, o porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess , disse ao "RJTV" que os números de homicídios estão em queda e, portanto, o estado "não vai recuar" no protocolo hoje seguido pela corporação. Procurada pelo GLOBO, a assessoria de imprensa da PM não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.

Uso de helicópteros
Marcus Vinícius Braga, secretário de Polícia Civil, revelou no dia 20 de agosto, detalhes do protocolo sigiloso da instituição para uso de helicópteros em operações da corporação. No último dia 8 de agosto, a Secretaria de Polícia Civil do Rio aprovou um manual operacional de uso das aeronaves da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), cujo conteúdo não foi revelado.

A aprovação foi publicada no Diário Oficial e assinada pelo secretário, que atribuiu grau secreto ao documento. Isso significa que o sigilo tem validade de 15 anos. O acesso é restrito a quem participou de sua elaboração, ao secretário e autoridades acima dele, como o governador Wilson Witzel.



O Globo

domingo, 4 de agosto de 2019

O infame Bolsonaro - Isto É

[fosse o presidente JAIR BOLSONARO o que parte da imprensa diz ser, este artigo não estaria sendo publicado, devido sua natureza ofensiva ao nosso presidente. 

A sua publicação e ampla divulgação,  mostra que o presidente do Brasil é um democrata, aceita críticas, ainda que ofensivas. Está acima delas.]

A perversão verbal do mandatário Bolsonaro atingiu nos últimos dias decibéis intoleráveis, gerou uma repulsa quase generalizada a sua figura e expôs de uma vez por todas a truculência e rudeza da personalidade que ele carrega. Foram disparates em série. Cruéis, insensíveis, desumanos. Além de atentar contra a memória dos familiares de um morto pela ditadura, o pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz – e, por tabela, ofender todos aqueles martirizados pelo regime de exceção que nos idos de 60/70/80 ceifou a vida de inúmeros brasileiros -, ele também afrontou índios e vítimas do brutal massacre numa cadeia do Pará. [vamos por partes: 
o regime militar estabelecido em 1964 - que livrou o Brasil do comunismo - não martirizou brasileiros e sim combateu com a energia necessária, maus brasileiros que promoveram ações de guerrilhas e atos de terrorismo, de forma covarde, repulsiva, e que mataram centenas de brasileiros inocentes.

Não é ignorando os mortos pelos terroristas - hoje considerados por muitos como 'santos' - que vão conseguir transformar aqueles criminosos em vítimas inocentes.

Os presos massacrados no Pará foram alvo de um comentário adequado do nosso presidente, ao questionar se os que lamentavam a morte dos presos, lembravam das vítimas dos mesmos - que agora,  na concepção de muitos,  são  mártires; eles foram mortos em brigas de facções criminosas, buscando o domínio do tráfico de drogas. Estão presos por opção. São merecedores de pena, os milhares de brasileiros e brasileiras que padecem as portas dos hospitais, sem atendimento médico, já que ninguém adoece por querer. 
Esses sim, são vítimas da quadrilha que se instalou no governo do Brasil, desde 2003.]  

Dias antes, atacou jornalistas, membros do próprio governo, instituições federais como Ancine e INPE, meros servidores. Bolsonaro vem ultrapassando todos os limites, mesmo os seus, costumeiramente rasos. Confrontado com fatos e evidências, tripudiou. Classificou de “balela” os documentos oficiais do próprio Estado onde se assumia a responsabilidade pelo desaparecimento do dissidente político depois de sua prisão. Pelas insinuações e versão, o presidente pode vir a ser considerado cúmplice em conhecimento de causa e terá de responder nos tribunais, caso não esclareça o que quis dizer na condição de chefe de Estado. A OAB entende que ele incorreu numa lista de crimes e vai interpelá-lo judicialmente, inclusive por desmerecer o trabalho da Comissão Nacional da Verdade. [a interpelação apresentada pela OAB foi encaminhada ao presidente da República que tem a opção de simplesmente ignorar o assunto e não responder nenhuma das questões objeto da interpelação - art. 144 do Código Penal.]

A organização internacional Human Rights Watch classificou de irresponsáveis e cruéis as declarações e o ministro do Supremo Marco Aurélio Mello chegou a sugerir que se passe uma mordaça no presidente para evitar seus impropérios. Bolsonaro se converteu em um mitômano. Dado a devaneios em suas “lives”, enquanto corta o cabelo ou em coletivas de improviso, não apenas distorce eventos e circunstâncias para estabelecer uma realidade paralela, adequada a seus interesses, como nega descaradamente e com a maior candura do mundo fatos de domínio público. [Essa Human Rights Watch se preocupa em demasia com o Brasil quando poderia, nos limitando ao continente, se preocupar com a verdadeira violação dos direitos humanos que ocorrem em Cuba, Nicarágua, Venezuela e outros países.

Quanto ao ministro Marco Aurélio é sempre bom ter presente em dezembro passado ele, em uma só canetada, tentou libertar mais de 100.000 presos.]
Um presidente com esse pendor tende a levar o País a caminhos sombrios e imprevisíveis. Mesmo auxiliares e interlocutores mais próximos estão atônitos com tamanho destempero. Os flertes autoritários sempre o acompanharam na trajetória de deputado do baixo clero, quando ele saudava torturadores e práticas da repressão – chegou a reclamar quando a Justiça Federal determinou a busca por restos mortais no Araguaia, alegando que “quem procura osso é cachorro”, e fez pouco caso do notório assassinato de Vladimir Herzog nos porões do DOI-Codi, dizendo que “suicídio acontece” -, mas agora tais disparates assumem dimensões assustadoras e inaceitáveis para um chefe de Estado. Todos esperavam que ele moderasse o tom.

Lembrasse que no seu novo papel lhe cabe a missão de pacificador das vozes, em busca de uma conciliação nacional, e não a de indutor do ódio e da selvageria. Mas Bolsonaro não tem o menor traquejo ou noção de como se portam os estadistas. Fica evidente, dia a dia, a falta de vocação para o posto e tal ignorância não é apenas sobre os assuntos a resolver como no trato propriamente dito. Messias parece não compreender procedimentos elementares, como o de prestar obediência à Constituição, sob a qual jurou governar. Quase que diariamente, com o comportamento tresloucado e sem filtro, vem quebrando o decoro e a liturgia do cargo, na fronteira das práticas de crimes de responsabilidade. O que pode arrancá-lo do Planalto. Na Carta Magna está previsto em um dos artigos que caso o mandatário proceda “de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro” estará sujeito ao processo de impeachment. O histrionismo dos últimos tempos já afastou dele tradicionais aliados, deve prejudicar o andamento de projetos no Legislativo e pode ainda, por deveras humilhante, lhe impor sanções através do Supremo Tribunal Federal que em breve irá julgar a petição da OAB e terá de se pronunciar a respeito. [o destino da petição da OAB foi apontado em comentário acima; 
optando o presidente Bolsonaro por não responder, a Ordem dos Advogados  pode tentar outras medidas, certamente fadadas ao insucesso.] Será uma forma legal de lhe mostrar as fronteiras do certo e do moralmente aceitável que ele não pode transgredir, sob pena de uma retirada prematura. A palavra de um presidente, por exemplo, tem de estar sustentada pelo manto da verdade factual. Fundamento elementar. Injúrias e infâmias não cabem nesse figurino.

No plano do comportamento, a profusão de equívocos e desvios do capitão reformado, repetindo costumes de antecessores, também não é menor. Como se estivesse fazendo o papel de bom provedor do lar, o presidente chegou a justificar o uso de aeronaves oficiais por seus familiares, que foram ao casamento do rebento Eduardo a bordo de helicópteros da FAB. Indignado com as cobranças, reagiu: “vou fazer o quê? Mandar de carro?”. [o trajeto percorrido a bordo de helicópteros, foi minimo - Aeroporto Santos Dumont x Jacarepaguá - e por razões de segurança. A opção por transporte terrestre, implicaria em atravessar áreas de favela, com alto risco.
Da mesma forma que os ministros do STF e outras autoridades tem direito a segurança pessoal, familiares do presidente da República também tem direito a segurança em situações especiais.]
Não, prezado mandatário, se for de seu desejo, e com as suas posses, o senhor paga a passagem aérea deles. Não deixa a conta para o contribuinte que não tem nada a ver com o pato. Costumeiramente é esse o grande erro dos que são por aqui escolhidos para o poder. Chegam lá, se aboletam como se estivessem na própria casa, adotam medidas e acertos paralelos de acordo com as vontades pessoais – a do eleitor jamais é levada em conta – e pior: usufruem à vontade dos bens do Estado como se fossem de sua propriedade privada. Tais hábitos estão no quadrante das infâmias de outra natureza. O ex-governador preso Sergio Cabral fazia direto, com entourage de serviçais, cachorro e quetais, e Bolsonaro achava ruim. Agora crer ser natural. Com certeza alguns governadores, juízes e parlamentares compartilham da mesma opinião. São, afinal, beneficiários diretos da mamata às expensas do contribuinte. Bolsonaro também parece querer se locupletar, e a seus familiares, por meio de outros expedientes. Está determinado a colocar o filho na embaixada de Washington, em um nepotismo escancarado, porque deseja dar a ele, como disse, o “filé” e não “carne de osso”. Alastra a sua benevolência aos convivas e concede férias antecipadas a pelo menos cinco ministros, com apenas seis meses de governo, que deveriam estar submetidos às regras convencionais e aos anseios de seus reais patrões: os contribuintes que bancam o Estado. Mas Bolsonaro não pensa assim.

Para o Messias ele quem manda, talquei? Chatos são os que lhe cobram disciplina republicana. O mandatário dá de ombros, tá se lixando. Foi eleito e é o que basta – como reitera costumeiramente. Flávio, o filho número três, se envolve em um laranjal para ganhar “mensalinho” e papai barra as investigações. Cheques no nome dele, empréstimos inclusive para a primeira dama e acertos com um intermediador que foge da justiça são possíveis porque sob a guarida do capitão vale tudo. Bolsonaro está agora determinado a colocar alguém “terrivelmente evangélico” – não importando se é “terrivelmente” competente – no STF. Tem a ver com as suas preferências religiosas.

E o povo com isso? E os católicos, os umbandistas, espíritas, muçulmanos, judeus e demais serão representados como na Suprema Corte? O Estado é laico, reza a Constituição. Mas para Bolsonaro não importa. Mero detalhe. Ele confunde a cadeira do Planalto com o quintal da casa da Mãe Joana. Não vai dar dinheiro público para “fins pornográficos”, como classifica parte da produção cinematográfica brasileira, e ponto. [as maiores produções da tal Ancine foi um filme que faz apologia à prostituição e um outro que faz apologia a um ex-presidente que agora é um presidiário em Curitiba.] Implode com a Educação e a Cultura porque considera professores “comunistas”. Comete heresias sociais e fica tudo como está. Não é nada razoável que um presidente se comporte como um senhor feudal, capaz de esquisitices, hostilidades e infâmias a rodo que afetam o direito e o interesse de seus governados. Um presidente intolerante impondo uma doutrinação que flerta com o fascismo é a maior das infâmias. E essa precisa ter fim.

Editorial - Carlos José Marques - IstoÉ



Bolsonaro promete e faz - Blog do Noblat/Veja

Por Ricardo Noblat

Governo da morte

Se o presidente da República defende o acesso irrestrito à posse de armas, se para ele bandido bom é bandido morto, e a tortura um método legítimo de se obter informações, por que policiais militares não podem gritar versos pedindo a decapitação de criminosos? Podem, sim, como fizeram na semana passada diante do governador do Pará Helder Barbalho (PMDB), que a tudo ouviu calado. No caso do Rio, estimulados pelo governador, podem até atirar do alto de helicópteros na cabecinha de bandidos armados com fuzis.

Se o presidente da República defende pelo bem do Brasil que empresas de mineração possam explorar riquezas em áreas indígenas [áreas que estão 99,9% ociosas - sendo que os índios são os maiores latifundiários do Brasil.], por que garimpeiros não podem ser os primeiros a chegarem por lá mesmo que à custa da morte dos que oferecerem resistência às invasões? Há 10 dias, tombou um cacique no interior do Amapá. A Polícia Federal foi investigar e não encontrou marcas de que ele tenha sido morto por invasores de terras. [a PF está acima de qualquer suspeita e não encontrou nenhum indício da existência de invasores, que alguns índios dizem ter visto.] Seu corpo foi exumado com base na informação de que ele levou um tiro e teve os olhos furados. Uma barbaridade. 
 
Se o presidente da República acha que o meio ambiente não está a perigo e que essa história de aquecimento global não passa de uma balela, por que ele haveria de se preocupar com o desmatamento galopante da Amazônia medido em tempo real por satélites?  É tudo mentira! A Amazônia vai bem, obrigado, e tanto que o capitão convidou o presidente da França e a primeira-ministra da Alemanha para sobrevoá-la e conferir. Só não se reuniu para discutir o assunto com o chanceler francês em visita ao país porque tinha que cortar o cabelo. [o mesmo não se pode dizer das florestas destruídas por países industrializados e que agora se julgam, apoiados com ONGs que não merecem crédito, com moram para impor regras ao Brasil sobre Meio Ambiente.
Não cuidaram de suas florestas e agora querem obrigar o Brasil a seguir regras que eles desprezaram.

Por fim, e como o presidente disse antes de se eleger e repete desde que tomou posse: se é necessário destruir tudo que foi feito de errado para só depois se começar a construir, não é exatamente o que faz o seu governo há mais de sete meses? Seja franco!  Temos um governo da morte, como se vê, mas coerente, e que cumpre ao pé da letra o que prometeu. Se não for capaz de em apenas quatro anos derrubar e levantar um novo país, é natural que queira mais quatro. E – quem sabe? – depois mais quatro.


Blog do Noblat - Veja 

 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Qual o motivo de tanto ódio a Bolsonaro? inconformismo diante do fato que ele vai ganhar as eleições e os que não gostam dele vão ter que aturá-lo no cargo de presidente da República?



 Lembrete: após apresentar sua sugestão Bolsonaro foi aplaudido pelo público


Jair Bolsonaro deu a sua receita para resolver a guerra da Rocinha, num grande evento promovido na semana passada pelo BTG Pactual. Uma solução simples — e idiota.

A uma plateia de mil executivos do mercado financeiro, Bolsonaro disse que mandaria um helicóptero derramar milhares de folhetos sobre a favela, avisando que daria um prazo de seis horas para os bandidos se entregarem.

Findo este tempo, se a bandidagem continuasse escondida, metralharia a Rocinha.
Sinal dos tempos, foi aplaudido pelo público.

(Atualização, às 18h34. A assessoria de Jair Bolsonaro enviou a seguinte nota: 

"O deputado esclarece que, ao mencionar a Rocinha no evento, se referiu exclusivamente à guerra travada entre traficantes, em setembro do ano passado, quando 200 marginais fugiram pela mata no alto da comunidade e se espalharam e se refugiaram em outras favelas na zona norte do Rio, levando pânico e terror à população carioca. A fuga foi acompanhada por helicópteros da polícia e de emissoras de TV, sem que os policiais os tivessem detido, pois o Estado não os permite agir, pela falta de retaguarda jurídica. 

Ao falar daquele episódio específico da Rocinha, uma vez que os marginais estavam claramente afastados da comunidade e, portanto, passíveis de sofrer efetiva ação policial para prisão, sem o risco de ferir os cidadãos de bem que moravam no local, o deputado tomou tal exemplo para se manifestar, no sentido de ser favorável a ações efetivas por parte do Estado, inclusive atirando em casos de confronto ou não rendição. 

O deputado lembra que, em episódio bastante similar, o Brasil também assistiu, estarrecido, à fuga em massa de traficantes armados da Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão em novembro de 2010. O deputado afirma que tais episódios não voltarão a ocorrer caso seja eleito este ano.")

Lauro Jardim - O Globo