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quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Julgamento do 8 de Janeiro é histórico e desafiador - Editorial - O Globo

A opinião do GLOBO - 12 setembro 2023

Começa amanhã no Supremo Tribunal Federal (STF) o julgamento dos primeiros réus pelos ataques golpistas de 8 de janeiro contra o Palácio do Planalto, o Congresso e o próprio STF. Não se trata de um julgamento qualquer. 
O trabalho da Justiça faz parte da reação necessária das instituições na defesa do Estado de Direito contra a ação de forças antidemocráticas. 
O rigor das penas precisa refletir com fidelidade as provas colhidas, mas também a gravidade da ameaça que o país enfrentou.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pede, nesta primeira fase, a condenação de quatro presos em Brasília, acusados dos seguintes crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa armada, golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado. A PGR apresenta fartas provas para justificar as acusações, muitas produzidas pelos próprios réus — Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima de Carvalho — com seus telefones celulares.

Os quatro afirmam ter ido a Brasília para uma “marcha pacífica”. Mathar diz ter entrado no Palácio do Planalto só para se proteger do conflito violento nas imediações. Versões semelhantes deverão surgir no julgamento. A defesa também alega que não há provas capazes de vinculá-los a danos específicos, como janela quebrada, obra de arte vandalizada ou arrombamento (mas há inúmeros casos em que imagens ligam criminosos a ações específicas; num caso que não será julgado nesta fase, o acusado foi flagrado por uma câmera do Planalto destruindo um relógio trazido ao Brasil por Dom João VI).

O argumento da defesa é falho, pois não se trata apenas de vandalismo. A conspiração para atacar as sedes dos Três Poderes, a incitação à violência e a mobilização antidemocrática configuram crimes tão graves quanto os ataques em si. Ninguém ficou semanas acampado em quartéis bradando em favor de um golpe de Estado, à espera de um sinal para agir, sem saber o que fazia. É incontestável que houve um movimento golpista coletivo, e a mera participação nele é crime.

É certo que nem todos tiveram o mesmo grau de envolvimento na conspiração e na violência, portanto nem todos têm a mesma parcela de culpa. Justamente por isso, caberá aos ministros do Supremo analisar as provas com serenidade e afinco para estabelecer punições proporcionais à gravidade dos crimes cometidos.

Os magistrados podem se inspirar nos julgamentos que têm condenado os responsáveis pela invasão do Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. Os expoentes das cenas de selvageria para tentar manter Donald Trump no poder têm sido levados para trás das grades depois de processos exaustivos, em que têm exercido na plenitude seu direito de defesa (o último foi Enrique Tarrio, líder do grupo de ultradireita Proud Boys, condenado a 22 anos neste mês).

Relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, os processos têm tramitado com celeridade e, em razão de seu ineditismo, chamado atenção do público. Como Moraes e o próprio Supremo foram alvo de ataques, será fundamental que os ministros mantenham o equilíbrio, tomem suas decisões com base nos autos e façam o possível para que nem de longe o julgamento possa ser visto como um espetáculo de vingança política. Nada seria mais frustrante para a democracia. [Nota do Blog Prontidão Total: entendemos ser conveniente, para propiciar mais informações aos nossos leitores, a transcrição do presente Editorial, Jornal O Globo.
Porém, destacamos NOSSA DISCORDÂNCIA com quase 100% do que está escrito,
Porém, em respeito ao direito dos nossos leitores, optamos pela não apresentação de qualquer comentário fundamentando com minúcias nossa discordância.]

 Editorial - Jornal O Globo

 

domingo, 15 de janeiro de 2023

O Foro de São Paulo no poder - Flávio Gordon

Revista Oeste

Eleição de Lula consolida o projeto do Foro de São Paulo de tingir a América Latina de vermelho 

Gustavo Petro, Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Lula, Gabriel Boric e Fidel Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/Shutterstock/Reprodução redes sociais
Gustavo Petro, Nicolás Maduro, Cristina Kirchner, Lula, Gabriel Boric e Fidel Castro | Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons/Shutterstock/Reprodução redes sociais

“O que explica a confusão na América Latina é o Foro de São Paulo.”
Luiz Felipe Lampreia, ex-chanceler brasileiro,
em entrevista ao programa Painel da Globo News, em 30/6/2012

Há pouco mais de uma semana, no programa Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, irrompeu um bate-boca entre o deputado federal Nikolas Ferreira, entrevistado do programa, e o jornalista Diogo Schelp, um dos entrevistadores da bancada. 
A querela deu-se a propósito da qualificação do PT como um partido socialista e do estatuto preciso da entidade conhecida como Foro de São Paulo. Fundada nos anos 1990 por Lula e Fidel Castro, como se sabe, o Foro passou a reunir periodicamente os principais partidos, grupos e movimentos de extrema esquerda do continente latino-americano. Para o jornalista, o Foro de São Paulo — desde 2019 rebatizado como “Grupo de Puebla” — nunca passou de um inócuo fórum de debates, sem qualquer consequência política relevante.  
Para Nikolas Ferreira, ao contrário, trata-se ainda de uma organização decisiva para a ascensão do socialismo ao poder nos países da região.

Ora, os encontros anuais do Foro não são o Foro. Não seria exagero dizer, inclusive, que o Foro é tudo aquilo que acontece no intervalo dos encontros, nas conversas de bastidores e nos acordos privados entre os falcões do socialismo latino-americano

No decorrer da discussão, Schelp fez referência a uma antiga videorreportagem que ele havia preparado para a revista Veja, por ocasião do XIVº Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido em Montevidéu, no ano de 2008. Intitulada “Foro de São Paulo: o encontro dos dinossauros”, a reportagem pretendia-se crítica. Mas, com notável ingenuidade política — na melhor das hipóteses —, o jornalista acabou por dourar a pílula da entidade, reduzida a uma reunião de esquerdistas vetustos, inofensivos em sua embolorada retórica anti-imperialista, e dignos não da indignação, mas da misericórdia do público. “O figurino geral é um atestado da monotonia do evento” — Schelp narrava em off, distraindo-se com minudências e irrelevâncias. “Jaquetas de couro, paletó e, às vezes, gravata. Nada de militantes com camisetas do Che Guevara ou boinas.” A conclusão era uma só: extintos como os dinossauros, aqueles fósseis ideológicos já não representavam ameaça alguma.

Mas basta olhar para o mapa atual da América Latina para notar que, contrariamente ao que sugeria e continua sugerindo Schelp, os partidos e os movimentos articulados no Foro incluindo o PT — voltaram a ocupar a quase totalidade do poder no continente, e que, portanto, a entidade não pode ser tão inócua quanto ele queria nos fazer crer. O engano de Schelp quanto ao fenômeno é, todavia, bastante comum no ambiente midiático nacional.  
Ele consiste basicamente na tentativa de compreender o que é o Foro de São Paulo partindo exclusivamente da observação dos encontros anuais. Por ter presenciado um desses eventos, parcialmente abertos à imprensa, o jornalista acreditou captar de uma vez a natureza última da organização, uma crença tão inusitada quanto querer compreender a natureza de uma universidade a partir da observação da fachada externa de seus edifícios.
 
Ora, os encontros anuais do Foro não são o Foro. Não seria exagero dizer, inclusive, que o Foro é tudo aquilo que acontece no intervalo dos encontros, nas conversas de bastidores e nos acordos privados entre os falcões do socialismo latino-americano
Falcões como Lula, Fidel, Chávez, Maduro, Kirchner, Morales, Petro, Boric, que, ao chegarem ao poder em seus respectivos países, começam a pôr em prática, de maneira constante, estratégica e sempre articulada, o seu projeto comum e continental de poder.  
Basta ver a reação conjunta do bloco — notadamente manifesta nas posições do ex-terrorista Gustavo Petro (quanta ironia!) sobre ações estratégicas para combater o “terrorismo fascista” no Brasil em relação à “invasão do Capitólio” à brasileira.


Essas ações estratégicas e conjuntas vêm sendo tomadas há muito tempo, e só podem ser bem compreendidas à luz do projeto comum de poder, que, utilizando uma expressão cunhada por Hugo Chávez, poderíamos definir como “o socialismo do século 21”.  
Sem considerar a existência desse projeto comum, tornam-se incompreensíveis uma série de decisões e atitudes dos governantes dos países membros, que só se esclarecem vistas no todo, como peças de um vasto quebra-cabeça geopolítico. 
Hoje compreendemos melhor, por exemplo, as razões do empenho da então presidente argentina Cristina Kirchner para interferir nas investigações e encobrir a participação iraniana no atentado terrorista contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que, em 1994, matou 85 e feriu outras centenas de pessoas em Buenos Aires. 
 Como mostra o jornalista Leonardo Coutinho no indispensável Hugo Chávez, O Espectro, o acobertamento era parte de um acordo sigiloso de cooperação nuclear entre Kirchner e Ahmadinejad, que buscava avançar o seu programa nuclear com fins belicistas. 

Com mediação e participação de Hugo Chávez (um notório antissemita, fã declarado do regime dos aiatolás, e a quem Ahmadinejad foi pessoalmente pedir ajuda), o acordo envolveu toda sorte de crimes, incluindo o trânsito ilegal de dinheiro, equipamentos, produtos químicos, armamentos e tecnologia entre os três governos, nos moldes tradicionais do crime organizado, via empresas de fachada e lavagem de dinheiro. Recorde-se que investigações sobre a participação de Kirchner na trama culminaram no assassinato do promotor Alberto Nisman, que, justo às vésperas de apresentar os resultados de seu inquérito no Parlamento argentino, “se suicidou” no banheiro de casa.

Quem ignora o projeto continental do “socialismo do século 21” dificilmente entenderá também fatos cujos detalhes foram revelados pela Operação Lava Jato, a exemplo da construção do Porto de Mariel, em Cuba. Declaradamente destinado a fortalecer a ditadura dos irmãos Castro, o empreendimento resultou de um pedido direto de Hugo Chávez a Emilio Odebrecht. Obviamente, o trato contou com o aval e a mediação de Lula, que interveio junto ao BNDES para que fosse concedido um generoso empréstimo de quase US$ 700 milhões ao regime cubano. Para garantir a liberação do dinheiro a juros muito abaixo dos de mercado, o petista ignorou uma série de pareceres técnicos que afirmavam a inviabilidade do negócio, em tudo prejudicial aos interesses do Brasil. Como prova adicional do caráter espúrio do negócio, decretou-se sobre o empréstimo um sigilo que deveria durar até o ano de 2027.

A construção da Refinaria Abreu e Lima é outro caso emblemático de interferência de Hugo Chávez nos assuntos brasileiros, e mais uma prova inconteste de que, para as lideranças da organização, os objetivos estratégicos do Foro sempre prevaleceram sobre os interesses nacionais. Projetada com um custo inicial de US$ 2,3 bilhões, a obra foi parcialmente concluída com sete anos de atraso, a um custo final 20 vezes maior, e metade do rendimento da quantidade prevista de barris de petróleo processados.  

A coisa toda não passara de um desejo pessoal do ditador venezuelano, prontamente atendido pelo companheiro Lula, ainda que com sacrifício do Erário brasileiro. 
A parceria estimada entre a Petrobras e a petrolífera chavista PDVSA, que deveria arcar com 40% dos custos, terminou sem que os venezuelanos pusessem US$ 1 sequer no empreendimento
Coube ao Brasil arcar inteiramente com o prejuízo da refinaria mais cara e ineficiente do mundo.

Trata-se de uma confissão explícita, uma prova cabal de que as razões e as necessidades dos membros do Foro, discutidas interna e sigilosamente, se sobrepunham aos interesses nacionais que presidentes “eleitos”, como Lula, Chávez, Morales et caterva, deveriam atender

Poderíamos citar ainda o conluio entre Lula e Evo Morales para expropriar as refinarias da Petrobrás na Bolívia, causando ao Brasil um prejuízo de R$ 1,5 bilhão. “O Evo me perguntou: ‘Como vocês ficarão se nós nacionalizarmos a Petrobras?’. 
Respondi: ‘O gás é de vocês’” confessou Lula, em 2015, tratando um patrimônio do Estado brasileiro como propriedade particular a ser distribuída entre os coleguinhas de Foro. Na época, a imprensa brasileira não viu nada de mais na confissão, e, desviando o olhar, deu o assunto por encerrado.
 
Recorde-se também que, em 2011, a então presidente Dilma Rousseff anunciou mudanças no Tratado de Itaipu, atendendo a um pedido do companheiro Fernando Lugo, presidente do Paraguai e também membro do Foro. 
 Relatora do projeto no Senado, Gleisi Hoffmann defendeu a aprovação das mudanças, que triplicaram a taxa anual paga pelo Brasil ao Paraguai pela energia não utilizada da hidrelétrica de Itaipu, e enchia com dinheiro brasileiro os cofres paraguaios.
Poderíamos mencionar o famigerado programa Mais Médicos uma indústria de exploração de trabalho semiescravo de médicos cubanos enviados ao exterior, que rendia aproximadamente US$ 6 bilhões anuais ao caixa da ditadura castrista —, a criação por Lula e Dirceu de um comando estratégico no Brasil para a campanha de Hugo Chávez em 2012, que incluiu o envio dos publicitários João Santana e sua esposa, Mônica Moura (ver delação à Lava Jato), para cuidar do marketing eleitoral chavista, e uma série de medidas similares, todas com o mesmo sentido: a pilhagem dos recursos dos países governados por membros do Foro com o objetivo de atender aos interesses comuns da organização socialista. 
 Em todos esses casos, tratou-se sempre de uma ação entre companheiros. 
Quem o confessou, aliás, foi o próprio Lula.
pt
Encontro do Foro de São Paulo | Foto: DIVULGAÇÃO/PT

Em 2 de julho de 2005, em discurso oficial de celebração dos 15 anos do Foro, o hoje descondenado-em-chefe explicitou os termos daquelas relações, que envolviam decisões importantes de política externa e interna dos países membros, decisões tomadas às sombras, sem passar pelo escrutínio público e pelo aval dos Poderes Legislativo e Judiciário desses países (aliás, frequentemente comprados e submissos ao Executivo)

Nas palavras de Lula: “E eu queria começar com uma visão que eu tenho do Foro de São Paulo. Eu que, junto com alguns companheiros e companheiras aqui, fundei esta instância de participação democrática da esquerda da América Latina, precisei chegar à Presidência da República para descobrir quanto foi importante termos criado o Foro de São Paulo… Foi assim que nós, em janeiro de 2003, propusemos ao nosso companheiro, presidente Chávez, a criação do Grupo de Amigos, para encontrar uma solução tranquila que, graças a Deus, aconteceu na Venezuela. E só foi possível graças a uma ação política de companheiros. Não era uma ação política de um Estado com outro Estado, ou de um presidente com outro presidente. 
Quem está lembrado, o Chávez participou de um dos foros que fizemos em Havana. E graças a essa relação foi possível construirmos, com muitas divergências políticas, a consolidação do que aconteceu na Venezuela, com o referendo que consagrou o Chávez como presidente da Venezuela. Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política”.
 
Trata-se de uma confissão explícita, uma prova cabal de que as razões e as necessidades dos membros do Foro, discutidas interna e sigilosamente, se sobrepunham aos interesses nacionais que presidentes “eleitos”, como Lula, Chávez, Morales et caterva, deveriam atender. 
Esses e outros “companheiros” puseram-se sempre a serviço do projeto de poder do Foro, valendo-se dos cargos que ocupavam para esse fim. Como sugerem as revelações sobre a caixa-preta do BNDES, que Palocci começou a abrir, ao Brasil cabia especificamente o papel de caixa eletrônico da organização. 
Eis por que, em seu primeiro mandato, o lulopetismo não podia se dar ao luxo de solapar a economia nacional de uma vez por todas, optando por manter o tripé da política econômica que tinha sido construída durante o governo de FHC: metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal.  
Como todo projeto socialista, o lulopetismo pensa a longo prazo, avança por etapas e aproximações sucessivas. Ou seja, o período que Schelp enxerga como prova definitiva de que o partido “nada tem de socialista” — como se concessões circunstanciais e temporárias à economia de mercado fossem novidade na história do movimento comunista — era apenas uma etapa preparatória para avanços futuros.

Resta que, ao contrário de Schelp, os expoentes da organização nunca perderam uma oportunidade de destacar a importância estratégica da organização. Em julho de 2012, por exemplo, no vídeo de encerramento do 18° encontro, Lula celebrava as conquistas do Foro e prestava apoio à reeleição de Hugo Chávez: “Em 1990, quando criamos o Foro de São Paulo, nenhum de nós imaginava que, em apenas duas décadas, chegaríamos aonde chegamos. Naquela época, a esquerda só estava no poder em Cuba. Hoje, governamos um grande número de países”.  

Note-se o emprego da primeira pessoa do plural, sugerindo que o Foro como instituição é quem governa os países no continente, e não os presidentes individuais formalmente eleitos. No ano seguinte, discursando na abertura do encontro, Lula voltou a enfatizar a importância histórica da organização: “Eu quero debitar parte da chegada da esquerda ao poder na América Latina a essa cosita chamada Foro de São Paulo”. Também José Dirceu, ao ser perguntado por Antônio Abujamra se poderia ter previsto o espantoso avanço da esquerda na América Latina, respondeu: “Prever, não. Mas nós já lutávamos e trabalhávamos por isso. Inclusive porque nós criamos o Foro de São Paulo, que lutava para isso”. Já em 1997, durante a propaganda eleitoral, o então presidente admitira que o Foro havia sido “uma resposta direta e afirmativa da esquerda latino-americana à crise do socialismo, à queda do Muro de Berlim, à desintegração da União Soviética”. Uma década depois, no vídeo preparatório de seu 3º Congresso Nacional, o PT proclamava o objetivo de “extinguir o capitalismo e iniciar a construção do socialismo” na América Latina, caracterizando o Foro de São Paulo como “um espaço de articulação estratégica”, dedicado à consolidação de “um novo internacionalismo”.

Diante de tudo isso, cabe ao leitor decidir se acredita nas cândidas impressões do jornalista ou nas reiteradas confissões dos criadores e dos principais expoentes da entidade, bem como na correspondência fatual entre planos traçados e resultados políticos conquistados. Afinal, tal como no filme hollywoodiano, os “dinossauros” de Schelp parecem ter voltado à vida, e estão à solta pelo continente, ferozes e famintos, ocupando todos os espaços e destruindo tudo em sua passagem. Quanto ao socialismo… Esse, como se sabe, morreu há muito tempo. Mas passa bem.

Leia também “O vermelho é a nova cor da América Latina”

Flávio Gordon, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O “tudo ou nada” é para quem não tem nada a perder - Gazeta do Povo

Rodrigo Constantino - VOZES

Um blog de um liberal sem medo de polêmica ou da patrulha da esquerda “politicamente correta”.

Difícil dormir. Tenho orado pelo futuro do Brasil. Tempos estranhos e sombrios esses em que vivemos. A vitória de um corrupto não desce pela garganta de muitos brasileiros, ainda mais da forma suspeita que foi. Tudo muito preocupante.

Esticaram demais a corda. Quem planta vento colhe tempestade. Não foi por falta de aviso. Tomara que o Brasil consiga evitar o pior! 
Mas boa parte do povo não quer brincar do teatro da democracia criado pelo sistema podre, e teme o risco concreto de virarmos uma Argentina.

O problema é o que fazer diante disso. Muita gente fala em “tudo ou nada”. Isso é all-in no poker. Quem faz isso tem que ter uma mão muito forte, ou o A na manga. Se for por puro desespero ou pouca ficha, o risco de sair de vez do jogo é grande. E esse tipo de postura costuma vir de quem tem pouco a perder.

Nós temos muito a perder! Afinal, uma bancada mais conservadora foi eleita, temos os governos de São Paulo e Minas Gerais nas mãos de gente séria e competente, o povo despertou e está atento, e uma ala do centrão não quer perder a galinha dos ovos de ouro.

Entendo o pânico de quem acha que já perdemos a democracia, mas discordo. Minha premissa é que o sistema, por mais podre que seja, é maior do que Lula, e isso, com a forte oposição eleita, pode segurar o ímpeto totalitário petista. Aposta arriscada? Sim! Mas partir para uma revolução não é?! Lembrem que Dilma sofreu impeachment...

O "argumento" de que é fácil eu bancar o prudente pois não moro no Brasil e não vou sofrer as consequências de uma venezuelização não se sustenta, pois serve para o outro lado ainda mais: seria fácil ser incendiário de longe, sem risco de prisão ou guerra civil. Penso no Brasil. Sempre.

Não são golpistas os que foram para as ruas. Não são vagabundos. São brasileiros patriotas e trabalhadores, desesperados com os riscos à frente, revoltados com a eleição mais manipulada da história, com mídia e TSE agindo como partidos petistas.  
Os meios importam, mas não demonizar essa turma é crucial.

É preciso compreender o que foi feito com nosso país por essa elite que sonha com uma "democracia de gabinete". "Estamos lidando com um moleque", teria dito um ministro supremo sobre Bolsonaro, segundo a Folha. Esse tipo de comentário "vazado" em nada ajuda, pois o povo sabe que esses ministros são os principais inimigos da liberdade e da democracia no Brasil hoje, agindo como militantes partidários e abusando do poder. É lenha na fogueira!

O povo não quer virar a próxima Argentina. Mas é preciso pensar na melhor forma de agir. Tudo que o sistema carcomido quer é que Bolsonaro lhes forneça o pretexto para realmente impor uma ditadura completa, alegando que combate o "fascismo golpista". Não podemos dar a eles o 6 de janeiro dos Estados Unidos, aquela invasão do Capitólio que serviu apenas para destruir Trump de vez e alimentar narrativas esquerdistas que justificaram quatro anos de ataques institucionais para lutar contra o fantasma imaginário que criaram.

[Um ADENDO do que o General MOURÃO pousou há pouco:

General Hamilton Mourão
@GeneralMourao
Brasileiros, há hoje um Sentimento de frustração, mas o problema surgiu quando aceitamos passivamente a escandalosa manobra jurídica que, sob um argumento pífio e decorridos 5 anos, anulou os processos e consequentes condenações do @LulaOficial.

NOSSA RESPOSTA: 
Certíssimo General MOURÃO. Mas, com todo o respeito o que nós, POVO, iríamos fazer; lembro ao senhor que se esse seu twitter tivesse sido postado qdo houve a manobra jurídica a situação seria outra. No mínimo, o eleito estaria preso.]
 

Há alguma estratégia para os manifestantes? Pensaram no “day after”? Acompanho a indignação e o desespero de muitos, mas o fígado é mau conselheiro. 
Não forneçam o pretexto para implantarem de fato uma ditadura completa e irreversível.
 Ainda não estamos lá. E, creio, temos armas para impedi-la, se Bolsonaro se tornar uma trincheira na resistência democrática contra o petismo.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 18 de setembro de 2022

A grande mentira da imprensa mundial - Revista Oeste

J. R. Guzzo

A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre política, sociedade e a vida em geral

Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

 Foto: Montagem Revista Oeste/Reprodução

“Bolsonaro prepara a sua Grande Mentira no Brasil”, acaba de dizer em sua capa, dramaticamente, uma revista inglesa que já teve fama, no passado, de ser um dos mais potentes faróis do melhor jornalismo de linhagem anglo-saxônica — racional, objetivo e fiel, acima de tudo, à religião dos fatos. 
Que tal a declaração acima, como julgamento jornalístico imparcial? 
Este é o título do artigo de fundo; daí para a frente, até o ponto final, só piora. 
Justamente no momento em que mais de 1 milhão de pessoas, ou só Deus sabe lá quantas, vão para as ruas de todo o Brasil dizer, na mais perfeita paz, ordem e respeito à lei, que querem votar em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de outubro, a publicação informa que ele prepara um golpe de Estado. 
Já está desenganado pelas pesquisas, afirma o texto e, sabendo que vai perder, levanta acusações “sem provas confiáveis” contra a integridade das apurações, com o objetivo de melar os resultados. “Os brasileiros temem”, segundo a revista, que ele incite uma “insurreição” no estilo da invasão do Capitólio por “seguidores de Donald Trump”, após as últimas eleições americanas, ou coisa “talvez pior”.
Que “brasileiros” com medo seriam esses? Não se informa. E como se faria essa “insurreição, na prática? Segundo diz o artigo, Bolsonaro está dando armas aos seus apoiadores. Com “2 milhões” de armas de fogo nas mãos da população em geral, “bolsonaristas poderiam atacar o tribunal eleitoral caso Lula seja declarado vencedor”; eles estão “mais bem armados do que nunca”, informa o texto. O presidente pode contar também com os “400.000” homens da polícia, gente que “gosta de atirar”; uma das razões para esse apoio é que ele “prometeu imunidade legal” aos policiais que “matarem suspeitos”. Essa polícia, de acordo com a revista, poderia se mostrar mais fiel a Bolsonaro “do que à Constituição”; o Exército também. Na mesma balada, revela-se um fato prodigioso, e até agora inteiramente desconhecido dos brasileiros, ou de quem quer que seja no resto do mundo: “45 políticos foram assassinados nos seis primeiros meses de 2022” no Brasil. É mesmo? 
 
Quem são, exatamente, esses políticos assassinados? O artigo não dá nenhuma informação a respeito; apenas diz, imediatamente antes de mencionar essa onda de homicídios, que o presidente “rotineiramente incita à violência”. Conclusão: por tudo isso, e com a desordem, a insegurança e a matança em massa tomando conta das ruas, Bolsonaro vai invocar “poderes de emergência” para “adiar a transferência do governo” para Lula que é considerado pela revista, é claro, o único ganhador possível e legítimo das eleições que estão aí.

O resto do texto segue na mesma linguagem e com a mesma inteligência de manifesto aprovado em assembleia geral de centro acadêmico estudantil. Bolsonaro é descrito como um possível seguidor do “livro de regras sem princípios” de Donald Trump. Ele “semeia divisão”; o “outro lado”, na sua visão, não é apenas errado — é o “mal”. É um político de “boca suja”, que se elegeu presidente copiando os “truques” de outro homem de “boca suja”, Donald Trump. É “desonesto” no “mau uso” das redes sociais. Constrói uma realidade “paralela”. É uma “ameaça à floresta amazônica”, que estaria sendo destruída a um ritmo “70% mais rápido” do que antes da sua passagem pela presidência. A crítica que Bolsonaro faz a Lula é condenada como sendo “absurda”.  

Lula, por sinal, é definido no artigo como um político “pragmático”, que foi um presidente “razoavelmente bom” entre 2003 e 2010. 
Não há detalhes sobre as sentenças da Justiça que o condenaram por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, nem qualquer menção aos 20 meses que passou na cadeia cumprindo pena; tudo o que se diz a respeito é que ele “nega as acusações” e que o seu caso foi posto de lado pelos tribunais.  
Mais: Lula é um “defensor da democracia” e Bolsonaro não é — “por instinto”. Reconhece-se que ele até pode jogar dentro das regras democráticas, mas vive “procurando meios de evadir” as suas exigências. “Os eleitores brasileiros deveriam resistir à atração de um populista desavergonhado”, conclui a revista.

Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as ilegais

Questão de opinião? Opinião não é isso. Opinião, de qualquer um, só vale alguma coisa se estiver baseada na realidade objetiva dos fatos. Senão é apenas repetição de palavras vadias que não preenchem as condições mínimas para serem qualificadas como pensamento — ou, então, é propaganda de maionese barata com pose de análise política. Não há, em todo o artigo, nenhuma tentativa de se aproximar dos fatos. Não se diz que Bolsonaro foi eleito por quase 58 milhões de eleitores e não por “truques”
Não há a mais vaga menção à recusa permanente de Lula e do PT em tratarem Bolsonaro como um adversário político — ele é chamado publicamente de “genocida”, de fora-da-lei ou de “inimigo”, na definição de um juiz da suprema corte que faz militância declarada contra a sua candidatura.  
Não se menciona, por sinal, a atividade de um STF que usa diariamente a máquina judicial para combater Bolsonaro e seu governo anula as suas decisões, impede que reduza impostos ou construa ferrovias, e exige, de meia em meia hora, que dê as “explicações” mais extravagantes, sobre qualquer coisa. 

Não se diz nada sobre o fato de que Bolsonaro, em seus três anos e nove meses na presidência, não deixou de cumprir uma única ordem judicial, mesmo as claramente ilegais, sem nexo lógico ou de cunho político. Também não desobedeceu a nenhuma decisão do Congresso, nem a qualquer lei ora em vigência do país. 

Não se diz que o Brasil tem presos políticos, todos eles aliados ao presidente; é público que um dos seus principais apoiadores está em prisão domiciliar, e que um deputado federal que o apoia ficou preso durante nove meses, além de ser condenado pelo STF a quase nove anos de cadeia. 
Como, com todos esses fatos, o Brasil de hoje teria um governo autoritário? 
Quem está sendo autoritário aí?
 
O artigo não menciona o inquérito policial aberto pelo STF contra um grupo de empresários pró-Bolsonaro cujo crime foi falar de política num grupo de WhatsApp nem da clara e sistemática violação das leis e da Constituição pelo ministro Alexandre Moraes, há mais de três anos, na sua perseguição política a aliados do presidente. 
 
Não há nenhuma referência à atuação repressora do TSE na atual campanha eleitoral — como, por exemplo, a proibição de se exibirem imagens das manifestações de massa do dia Sete de Setembro. 
Lula, o homem “pragmático” que fez um governo “razoavelmente bom”, comparou as manifestações a uma “reunião da Ku Klux Klan” — mas é só Bolsonaro, e não ele, que busca a “divisão” do país e que define os oponentes como o “mal”. 
O leitor só lê que o presidente destrói a Amazônia. Não é informado que o Brasil reduziu em 25% o total das suas queimadas nos dois últimos anos. Não são números do governo brasileiro; é o que mostra o satélite AQUA M-T da NASA americana, com fotos que estão disponíveis para o público em seu site na internet. 
 Não se diz que o Brasil vai fechar o ano de 2022 com inflação abaixo dos 7%, um dos melhores resultados na área, em qualquer economia do mundo e nem que o crescimento estará entre os primeiros.

The Economist não se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, que tem preguiça de pensar e que obedece a todos os mandamentos do “politicamente correto”

A questão central em tudo isso, obviamente, não são as atribulações atuais da revista The Economist, que publicou o artigo acima. Em quase 180 anos de vida, uma longevidade fora do comum para qualquer publicação deste mundo, o semanário inglês se tornou um monumento ao jornalismo de primeira classe e ao espírito humano. Era o veículo, pelo menos segundo o que sempre se acreditou, dos “tomadores de decisão” mundiais. 
Cada parágrafo dos seus textos trazia um desafio intelectual genuíno para quem escrevia — e uma demonstração de tremendo respeito pela inteligência de quem lia. 
Hoje não há nem uma coisa e nem outra. The Economist não se distingue mais de qualquer outra aglomeração de prosa, entre tantas que há por aí, que tem preguiça de pensar e que obedece de olhos fechados a todos os mandamentos do “politicamente correto” — numa visão do mundo neurastênica, parcial e sem sinais de vida inteligente.
Não fica devendo nada, em termos de neurose e resistência à atividade de pensar, aos melhores editoriais do “consórcio nacional de órgãos de comunicação” a que se resume hoje a imprensa brasileira — ou, então, ao jornalismo do padrão CNN, que diz que o lema da bandeira do Brasil é “Independência ou Morte”, e parece se orgulhar disso. Pode ser triste que as coisas tenham se tornando assim — mas cada órgão de imprensa, em qualquer lugar do mundo, é livre para tomar o caminho que quer, ou que lhe é possível nas condições habituais de temperatura e pressão das sociedades de hoje.

O problema real é a descida de boa parte do jornalismo, através de todo o planeta, ao exercício aberto do totalitarismo
Não há preocupação em relatar os fatos; ao contrário, danem-se todos os fatos, como neste texto sobre o Brasil. 
A única coisa que interessa, a exemplo daquilo que acontece nas ditaduras, é transmitir uma doutrina, e apenas uma — sobre política, sociedade e a vida em geral. 
Ou você baixa a cabeça para a “linha oficial” ou cai em desgraça. 
É proibido achar, por exemplo, que só as mulheres ficam menstruadas, ou que o progresso social vem da liberdade econômica, ou que cada um tem direito a ter ideias individuais; se achar qualquer coisa dessas, o sujeito é um fascista. 
Exercer a sua liberdade de ser a favor de alguém como Bolsonaro, então, é crime político, social e moral inafiançável. É obrigatório, ao mesmo tempo, achar que o celular, o carro elétrico e a tela Retina 4,5 Apple com “Touch ID” foram trazidos até você por Che Guevara ou pela luta de classes e não pelo capitalismo que os deixa tão indignados. É o mundo da “despiora”, do “descondenado” e, no fim das contas, do “desjornalismo”. 
 É como querer se informar lendo o Pravda da ditadura comunista da Rússia de outros tempos.

Leia também “O Brasil de Bolsonaro foi para a rua”

J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Trump deve escapar da punição política que merece – Valor Econômico

Opinião

Dois terços dos eleitores republicanos acham que as eleições foram roubadas

A democracia americana saiu irremediavelmente ferida após quatro anos de governo de Donald Trump. A invasão do Congresso por hordas direitistas, incitadas pelo próprio presidente, foi o desfecho surpreendente, mas não imprevisível, da campanha sistemática de Trump a favor de seu próprio poder e contra todas as instituições, em um país que se orgulhava de apresentá-las como um modelo para o mundo.

Trump, afinal, manteve-se o escroque e embusteiro que sempre foi, mas sua convocação a atos de vandalismo e intimidação contra o Legislativo não tem precedentes na história americana. Ele não hesitou em usar métodos torpes para mudar os resultados de eleições limpas nas quais foi derrotado. Embora as instituições tenham resistido aos ataques autoritários de Trump, mostraram fissuras importantes, que não serão consertadas facilmente. Elas são produto de mudanças ao longo de anos no cenário político americano, entre elas a caminhada do Partido Republicano para os braços da extrema direita. O partido de Lincoln passou às mãos do Tea Party, que abriu espaço para que se curvasse a um aprendiz de déspota ignorante como Trump.

Na era das redes sociais, os passos dados e até os objetivos do presidente foram públicos. Os republicanos o apoiaram em todas suas ações inomináveis - pior ainda, ainda apoiam. Após a inédita invasão do Congresso por americanos, 191 deputados republicanos votaram contra um segundo processo de impeachment de Trump e apenas 10 a favor. Os democratas venceram na Câmara, mas dificilmente passarão pela barreira do Senado, de maioria republicana. Para ser aprovado, precisará receber a adesão de 17 republicanos - número tido como grande demais para ser factível no contexto conflagrado da política americana. [os inimigos do presidente Trump são tão sem noção que insistem em um processo de impeachment ridículo, sem sentido e cujo pior desfecho o presidente Trump é impedi-lo de exercer um mandato que se extingue em 20 janeiro 2021 - devido o fator tempo se, e quando, tal decisão se concretizar     EXTINGUIU define melhor.

Outro absurdo é criticarem os cidadãos que votaram no Partido Republicano por  continuarem favorável ao  candidato que recebeu seus votos - queriam que aplaudissem a Pelosi?

Falando em Pelosi - aos que não lembram quem  é:  trata-se da deputada que preside a Câmara dos Deputados  dos Estados Unidos - foi repreendida pelo comandante do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos (Marines), general David H. Berger, que recusou o pedido da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, em usar os Marines na segurança da posse de Joe Biden, no dia 20 de janeiro, contra partidários de Donald Trump. 

Entre outras verdades, disse o general:  “Não me dê sermões sobre patriotismo, Senhora Oradora. Servi este país com distinção por 40 anos. Eu derramei sangue por nossa nação. O que você, uma autoridade eleita em benefício próprio, fez por seu país? ” - “Eu respondo apenas ao presidente e, pelo que entendi, Donald J. Trump ainda é presidente e comandante-em-chefe. Eu cumpro a Constituição como foi escrita, não a sua interpretação” -  “Se você quer que ajudemos a combater seus apoiadores, sugiro que você ligue para ele e diga isso a ele. Se ele me mandar, eu o farei. Caso contrário, sugiro que você ouça com atenção as palavras que escapam de seus lábios rachados e venenosos; são equivalentes a traição. Não trabalhamos para você ”.

Saiba mais, clicando aqui.


Comandante Dos Fuzileiros Navais Americanos Repreende Pelosi: “Não Trabalhamos Para Você!”

Desde antes das eleições, Trump já avisara que seriam as “mais fraudulentas” da história dos EUA. A pressa em nomear uma jurista católica para a Suprema Corte, tornando-a de maioria conservadora, a 36 dias do pleito, indicou que o presidente se preparava para uma batalha judicial sobre os resultados da votação, que não aceitaria perder.

Trump já usara golpes baixos para se eleger disputando contra Hillary Clinton em 2016. 

(...)

A invasão do Capitólio foi estranha e relativamente fácil. O policiamento, numeroso e eficiente em distribuir pancadas em manifestações populares, foi insuficiente e displicente e os invasores, tratados com inusual gentileza. Havia militares em trajes civis na invasão. O ato de ousadia exibiu preocupantes rachaduras no aparato do Estado Legislativo.

Dois terços dos eleitores republicanos acham que as eleições foram roubadas. Dentro do Capitólio, 139 deputados republicanos votaram nesse sentido. Pesquisa do You.gov registrou que metade dos eleitores republicanos considerou acertada a invasão e só 25% deles a viu como ameaça à democracia.

Trump teve 75 milhões de votos e seus seguidores republicanos, bem como o partido, estão majoritariamente inclinados a desprezar as normas democráticas e se guiar apenas pelo que seu líder, uma fraude ambulante, diz e pensa. Não se consertam desavenças dessa magnitude em um par de anos. Joe Biden terá muito trabalho pela frente.

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