Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador morticínio. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador morticínio. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Se o problema é só a sanguinolência, que tal uma bomba nuclear? - Gazeta do Povo

Bruna Frascolla

 O cogumelo da Little Boy em Hiroxima, de urânio, e o Fat Man, em Nagasáqui, de plutônio.

O cogumelo da Little Boy em Hiroxima, de urânio, e o Fat Man, em Nagasáqui, de plutônio.| Foto: George Caron & Charles Levy/Domínio público
 
Estou preocupada com a prontidão da direita brasileira em aceitar um eventual genocídio em Gaza como uma resposta legítima de Israel aos covardes ataques do Hamas.  
Na caixa de comentários do meu último artigo, não faltaram leitores dispostos a interpretar um cerco a toda uma população como um ataque exclusivo ao Hamas
O ministro da defesa diz que vai deixar Gaza (inteira) sem água nem comida por se tratar de um combate a "animais humanos", mas o leitor quer porque quer entender que ele se referia unicamente ao Hamas.
 
O debate no Brasil anda tão mal que agora politizamos marca de chocolate ruim. Bis é de esquerda, Kit-Kat é de direita.  
LGBTs são de esquerda, religiosos são de direita. 
Barbárie contra civis israelenses é de esquerda, cerco criminoso contra palestinos é de direita. 
E no fim das contas, se você não correr para justificar morticínio algum, você é nazista. 
Não sei vocês, mas faz anos que estou cansada dessa competição para ver quem chama mais o outro de nazista. 
Esse ethos histérico da esquerda identitária foi replicado com tudo pela nova direita. Agora, se você come Bis, é de esquerda, portanto nazista.

A defesa do genocídio em Gaza se baseia, para a maioria dos brasileiros (e ocidentais), em duas coisas: na redução da linha temporal e na ênfase exclusiva sobre o barbarismo como Mal absoluto. Comecemos pela primeira.

No calor do momento, faz perfeito sentido o mundo se deter na abjeção do crime cometido pelo Hamas e na solidariedade aos judeus que perderam familiares e amigos (ou que têm familiares e amigos em Israel). Na medida em que se inicia uma guerra, porém, é obrigação de qualquer cidadão politicamente engajado tentar entender o que aconteceu. O inglês Carl Benjamin, youtuber e político defensor do Brexit, revelou notável poder de síntese na seguinte frase: "O apoio a Israel não é tão inequívoco [como pretendem as lideranças ocidentais] por causa do poder que ele exerce sobre a Palestina, e isso complica enormemente a equação moral."

Gaza tem uma pequena fronteira com o Egito; por isso seria natural que cultivasse proximidade política com ele. 
Outra localidade que lhe interessaria, e mais ainda, é o resto da Palestina, o território referido como "Banco Ocidental" e que faz fronteira com a Jordânia. 
Essa área é controlada pelo Fatah, o partido político do notório líder Yasser Arafat. 
Tudo muda quando o Hamas ganha uma eleição em Gaza em 2006 e nunca mais sai do poder. E mais: o Hamas é aliado da Irmandade Muçulmana, inimiga do Egito e da Arábia Saudita. 
Por isso a fronteira com o Egito foi fechada. Quanto ao Banco Ocidental, ele continua governado pelo Fatah. Resultado: Gaza fica isolada dos seus aliados árabes, inviabilizando a criação do Estado da Palestina e aumentando (em comparação ao Egito) a dependência de Israel, que concede vistos de trabalho e assim abastece o Hamas com dinheiro de trabalhadores
Quanto às relações do Hamas com a Arábia Saudita e o Egito (más), e com o Catar (boa), recomendo esta e esta coluna do colega Filipe Figueiredo.

Não sei vocês, mas faz anos que estou cansada dessa competição para ver quem chama mais o outro de nazista. Esse ethos histérico da esquerda identitária foi replicado com tudo pela nova direita

Em vez de fazer de conta que tudo começou neste mês, voltemos só quatro anos no tempo. Eis o título de uma matéria de 12 de março de 2019 do Jerusalem Post, tradicional jornal de língua inglesa cuja existência remonta aos tempos coloniais britânicos da Palestina: "Netanyahu: Dinheiro para o Hamas é parte da estratégia para manter os palestinos divididos".  
A matéria alude às notórias remessas do Catar para o Hamas, e gira em torno da permissão dada por Netanyahu para que tal dinheiro entrasse em Gaza. 
A questão é tão notória em Israel, que é objeto de discussão político-partidária. 
O Partido Azul e Branco tinha em seu programa "parar de permitir a transferência dos fundos para o Hamas, chamando-a de pagamentos por 'proteção' ao estilo mafioso";
-  já um político trabalhista não parecia crer que eles sequer tivessem tal proteção, pois acusava Netanyahu de não levar a sério os projéteis lançados de Gaza. "Nós, residentes da fronteira com Gaza, estamos pagando o preço pela falta de políticas e pela arrogância ao lidar com terror", disse.

A palavra é certeira: arrogância. Porque, como informava o jornal, Netanyahu, na reunião do seu partido (o Likud, ou Consolidação), defendia o financiamento do Hamas. Cito a matéria, que ouviu uma fonte interna: "o primeiro ministro também disse que 'quem quer seja contra um Estado palestino tem que ser a favor' de transferir os fundos para Gaza, porque estabelecer uma separação entre a Autoridade Palestina no Banco Ocidental e o Hamas em Gaza ajuda a impedir o estabelecimento de um Estado palestino."

No dia seguinte ao maior ataque do Hamas, o Times of Israel publicou o artigo de opinião de Tal Schneider intitulado "Por anos, Netanyahu apoiou o Hamas. Agora, explodiu na nossa cara". Nele lemos uma crítica à estratégia de Israel de considerar "a Autoridade Palesitna um ônus e o Hamas um bônus", além de negligenciar, cada vez mais, os ataques vindos de Gaza. 
Agora, uma pergunta para o leitor ingênuo: se a elite política de Israel não quer que exista um Estado palestino, o que será que ela quer fazer com as áreas ocupadas pelos palestinos?

Vejam bem, isso tudo é opinião publicada em Israel. Se for recuar mais no tempo e meter a mão em vespeiro, dá pra encontrarmos, no Wall Street Journal, agente aposentado de Israel botando a boca no trombone e dizendo que o Hamas é uma invenção de Israel, um erro do qual ele se arrepende. Quem voltou ao assunto recentemente foi o veículo do Green Greenwald, judeu étnico, nesta matéria.

Então ficamos assim: Israel, do alto de seu poderio econômico, militar e político, coloca a sabotagem do Estado palestino como uma prioridade superior à segurança dos seus próprios cidadãos (isso sem nem falarmos dos árabes, que também são gente), e depois, quando dá ruim, empurra ao público imagens sangrentas de bebês para exigir apoio incondicional para matar outros bebês que não serão fotografados. E quem achar ruim é nazista! Diz-se que os palestinos são vítimas do Hamas. 
Decerto os israelenses são vítimas de Israel também.

Agora vamos ao segundo ponto. Se assumirmos que mortes sanguinolentas são moralmente piores do que quaisquer outros tipos de mortes, caímos naquele velho conto, frustrado pelo século XX, de que o progresso técnico leva ao progresso moral. Ora, como se sabe, o século XX demoliu essa crença justo por ter mostrado como é possível um país muito avançado (tecnologicamente) usar a sua bela infraestrutura para criar assépticas fábricas de morte, que faziam suas vítimas saírem em pó pela chaminé. Se acreditarmos que bárbaros ensopados de sangue são a pior coisa do mundo, então os campos de Auschwitz ficam para trás.

Lembra-me a reflexão de Bernanos em A França contra os robôs durante a II Guerra: "O que me faz desesperar do futuro é justamente o fato de que o esquartejamento, o esfolamento, a dilaceração de milhares de inocentes seja uma tarefa que um gentleman possa levar a efeito sem sujar os punhos da camisa, e nem mesmo a imaginação. Se o companheiro de Pizarro estripasse uma única mulher grávida, mesmo sendo ela uma índia, é provável que ela viesse a reaparecer desagradavelmente em sonhos. Já o gentleman não viu nada, não ouviu nada, não tocou em nada — foi a máquina que fez tudo; a consciência do gentleman está em ordem, sua memória apenas se enriqueceu com algumas lembranças esportivas, com as quais ele deleitará, na hora de dormir, 'a mulher da sua vida', ou aquela com quem ele engana 'a mulher da sua vida'."

Se acreditarmos que bárbaros ensopados de sangue são a pior coisa do mundo, então os campos de Auschwitz ficam para trás

Durante a II Guerra, Bernanos não tinha como saber dos campos de extermínio nazistas; mas, pela sua experiência na I Guerra, já sabia de como era diferente matar a sangue frio e bombardear. Bombardeio mata muito mais; ainda assim, o burguês tão criticado em seus livros acha muito civilizado atirar bomba na cabeça dos outros, sem saber direito quem está matando.

E se o Holocausto foi o exemplo escolhido para marcar a catástrofe humanitária da II Guerra (sem dúvida muito mais traumático porque foi uma catástrofe europeia intestina), os acontecimentos do Japão não ficam atrás. No entanto, se a mera negação do Holocausto é crime em muitos países ocidentais, a justificação do bombardeio atômico de Hiroxima e Nagasáqui é encontradiça por todo o Ocidente.  

Vá lá que aceitássemos que o Japão Imperial não seria detido sem uma medida drástica e criminosa: o que explica uma segunda bomba? (Para não dizer que não encontrei nenhuma explicação para a segunda bomba, ouvi uma tão plausível quanto infame: experimento científico. As duas bombas eram de tecnologias diferentes.)

Não há imagens sangrentas; as fotos dos cogumelos atômicos não embrulham o estômago de ninguém e são exibidas por aí. 
Os gentlemen que soltaram Little Boy e Fat Man puderam voltar limpos para casa, cheios de histórias aeronáuticas para contar.

Volto a Bernanos: "admito que esse ditado: 'Existem coisas que não se fazem', embora aparentemente inspirado pela Moral, tenha um significado muito menos respeitável: este, por exemplo — 'Existem abominações que não me sinto capaz de fazer.' Mas não se apressem em tirar conclusões tranquilizadoras demais. Os bandos de soldados da Guerra dos Cem Anos ou, pior, os companheiros de Pizarro, eram seguramente bestas-feras. Para o soldado, a hora da pilhagem era, naqueles tempos, hora privilegiada em que 'todas as coisas são permitidas'. Quando todas as coisas são permitidas, não é necessariamente verdadeiro que elas sejam todas possíveis. Se vocês perguntassem a um companheiro de Pizarro, ou ao próprio Pizarro, se ele se sentia capaz de degolar dez criancinhas, ele talvez respondesse com uma afirmativa. Mas vinte? Cem? Na impossibilidade de enternecer o coração deles, essa carnificina lhes teria provavelmente revoltado o estômago; eles acabariam por vomitar em suas mãos vermelhas. Esse vômito mais ou menos tardio teria assinalado, para eles, o limite da crueldade que não se poderia ultrapassar, sob pena de vir a ser um monstro irresponsável, um louco. Qualquer um, atualmente, do alto dos ares, pode liquidar com o máximo conforto, em vinte minutos, milhares de criancinhas, e só sentirá náusea em caso de mau tempo e se por infelicidade for sujeito a enjoos em aviões..."

E vocês vão achar bonito, claro, porque não são nazistas. São civilizados que não apoiam a barbárie. Matar criança, pode; o que não pode é sujar as mãos.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima
 
 

Bruna Frascolla, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Atenção para os próximos passos - Valor Econômico

Martin Wolf 


Quarentenas são necessárias para controlar o contágio, mas têm de ser breves

Uma jornada de milhares de quilômetros começa com um único passo. A jornada por esta pandemia será longa e difícil. Não temos como saber onde ela vai terminar, embora seja difícil não especular. Em vez disso, o que precisamos fazer é nos concentrar nos passos que temos logo à frente se quisermos evitar cair de nosso caminho estreito, num morticínio de um lado ou numa devastação econômica do outro.

Se não evitarmos essas calamidades num futuro próximo, corremos o risco de mergulhar no caos mais à frente. E mesmo que conseguirmos fazer isso, não retornaremos à normalidade que até recentemente tínhamos como certa. Para isso, precisamos pelo menos esperar por uma cura ou uma vacina. Os danos econômicos e sociais durarão ainda mais.

Análise da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) esclarece a ruptura econômica que vem por aí. Esta não é uma recessão comum ou mesmo uma depressão causada por um colapso na demanda. A atividade econômica está sendo desligada, em parte porque as pessoas temem entrar em contato umas com as outras e em parte porque os governos disseram que elas precisam ficar em casa. O impacto imediato dessas ações poderá ser uma redução no PIB do G-7, o grupo das sete nações mais industrializadas, em algo entre 20% e 30%. A cada mês que grandes partes de nossas economias permanecerem fechadas, o crescimento anual poderá cair 2 pontos porcentuais.

Além disso, os custos são repartidos de forma desigual. Os trabalhadores não capacitados sofrem mais com a perda de empregos. Pessoas e empresas capazes de trabalhar online continuam trabalhando. Aqueles que não conseguem fazer isso, não.  E os custos também não são divididos igualmente em termos globais. Muitos países emergentes e em desenvolvimento estão sendo afetados pelo colapso da demanda externa, a queda nos preços das commodities e uma fuga de capital sem precedentes, ao mesmo tempo em que têm de administrar a pandemia com sistemas de saúde altamente inadequados. As quarentenas são particularmente brutais nos países com assistência social limitada ou mesmo nenhuma, e com grandes números de pessoas que subsistem com o que ganham diariamente numa economia informal frágil.

É correto perguntar se essa carnificina econômica pode ser justificada. Entre os países de alta renda, a Suécia vem adotando a postura menos restritiva. Uma comparação com a Noruega torna essa concessão clara: o desemprego vem crescendo menos na Suécia também, mas muito menos do que no país vizinho; mesmo assim, o número de mortes também é maior na SuéciaDeveríamos ser gratos pela experiência sueca. Podemos aprender com ela, de uma maneira ou de outra.

Minha opinião, porém, em linha com a dos especialistas em saúde e grandes economistas, é de que as quarentenas são necessárias para evitar um colapso dos sistemas de saúde e controlar a doença. Mas elas precisam ser breves. É impossível manter as pessoas confinadas indefinidamente sem que haja grande sofrimento e danos sociais e econômicos. Isso obviamente é verdade onde os governos são incapazes de oferecer as custosas medidas de proteção social possíveis nos países de alta renda.

As quarentenas precisam ser um espaço curto para respirar, antes de passarmos para o que um grupo de especialistas alemães chama de uma “estratégia adaptada ao risco”. Durante as quarentenas, os governos precisam fazer tudo o que for necessário para evitar essas intervenções pesadas novamente. Eles não têm muito tempo para fazer isso: uns poucos meses, não mais.

Fazer os confinamentos valerem a pena, para permitir que vivamos sem eles, é o primeiro passo essencial. O segundo passo é minimizar os danos econômicos. Aqui, o foco precisa estar no dia de hoje, e não no elevado endividamento público e outros fardos do futuro. Assim como na guerra, é preciso sobreviver ao presente se quisermos ter um futuro que valha a pena. Levando-se em conta o que é preciso fazer para gerenciar o impacto econômico devastador, além de reabrir as economias o mais rapidamente, dentro de uma maneira razoavelmente segura, há três considerações essenciais.

Primeiro, proteger os fracos, tanto dentro dos países como entre eles. Uma doença ameaça a todos. A maneira de responder é uma medida de nossos padrões éticos. É indispensável garantir uma segurança econômica básica para todos se esses não puderem trabalhar. Uma renda básica universal e temporária é uma opção óbvia. De modo parecido, e tão importante quanto, é preciso encontrar meios para apoiar economias vulneráveis. Há muitas possibilidades radicais.

Uma delas é uma nova e enorme emissão de Direitos Especiais de Saque do Fundo Monetário Internacional (FMI), com doações por países de alta renda de suas parcelas em um fundo em benefício dos países em desenvolvimento mais vulneráveis. Também crucial será uma suspensão dos pagamentos de serviços das dívidas enquanto a crise durar.

Em segundo lugar, não provocar danos. O maior golpe viria da destruição completa do sistema comercial. Isso tornaria imensamente mais difícil restabelecer a prosperidade global depois do fim da crise.

Em terceiro lugar, abandonar crenças desgastadas. Governos já desistiram de velhas regras fiscais, e com razão. Os bancos centrais também precisam fazer tudo que for preciso. Isso significa financiar o orçamento dos governos. Os bancos centrais fingem que o que eles estão fazendo é reversível e portanto não se trata de financiamento monetário. Se isso os ajudar a agir, isso é bom, mesmo que provavelmente não seja correto.

Na zona do euro, eles falam muito em eurobônus. Mas o apoio que importa terá de vir do Banco Central Europeu. Não há alternativa. Ninguém deveria se importar. Sempre há maneiras de gerenciar as consequências. Até mesmo “dinheiro jogado de helicóptero” poderia muito bem ser justificado numa crise tão profunda.

Escolhas mais dolorosas que essas surgem. Uma emergência como esta será usada por aspirantes a tiranos para aumentar seu poder. Ao mesmo tempo, algumas liberdades terão de ser deixadas de lado temporariamente. Administrar concessões tão dolorosas depende de altos graus de confiança e integridade, características pouco evidentes nas democracias de hoje. Mas o teste é agora. Os governos que não conseguirem enfrentar esses desafios correm o risco de colapsar. Sistemas políticos que produzem tais governos correm o risco de perder sua legitimidade. Precisamos acertar nos próximos passos. Tudo vai depender disso. (Tradução de Mário Zamarian)

Valor Econômico - Martin Wolf , editor e analista do Financial Times



terça-feira, 7 de maio de 2019

Depois dos tiros sobre a carne preta e pobre, Witzel vai para hotel de luxo



O despudor do governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), em temas relacionados à segurança pública, dentre outros, deve assombrar até os fãs mais entusiasmados do presidente Jair Bolsonaro, que costumam regurgitar por aí aquela frase que vale como divisa de um esquadrão da morte: "Direitos humanos para humanos direitos"


[Witzel começa a trabalhar e a bandidagem vai ter que aprender a respeitar autoridade policial;

"Direitos humanos", é lícito que existam e sejam respeitados, desde que DIREITOS HUMANOS para HUMANOS DIREITOS.]


Witzel pretende ser uma alternativa ainda mais truculenta ao, vamos dizer, bolsonarismo de raiz. Se o presidente conta com generais no Palácio que lhe servem, ainda que precariamente, de elemento de contenção, Witzel pode atuar sem freios. E seu despudor é assombroso.

Na tarde de sábado, nós o vimos embarcar num helicóptero da polícia que depois é flagrado despejando uma chuva de balas sobre comunidades necessariamente pobres de Angra dos Reis — ou havia mansões do outro lado do cano? Na sequência, o governador se hospedou com a família no hotel Fasano da cidade, considerado de altíssimo luxo. Passou lá o fim de semana. A diária mais barata sai a R$ 1.600. Por pessoa. A assessoria do governo não quis dizer quem pagou. Um fim de semana e tanto para a sua visão de mundo e a de seus admiradores, não é? Depois de participar de uma operação que despejou uma saraivada contra áreas em que moram pobres, o governador foi curtir um pouco a vida entre os ricos. Tentei saber quantas arrobas de carne preta e pobre a operação rendeu neste fim de semana, enquanto o governador se esgueirava entre lençóis de algodão egípcio, mas não há dados disponíveis. ´[infelizmente, a bandidagem sempre procura se esconder no meio das camadas menos favorecidas da população;
ações como a realizada pelo governador do Rio, vai desestimular a bandidagem do hábido de usar os mais pobres como escudos humanos.
O bandido precisa entender que ele não está seguro em nenhum local.]

 À frente de um helicóptero já com os motores ligados, Witzel grava um vídeo ao lado de Fernando Jordão (MDB), prefeito de Angra, e anuncia: "Olá pessoal, estamos começando aqui em Angra dos Reis, a pedido do prefeito, Fernando Jordão, uma operação em Angra dos Reis. Começando com a Core, com a Polícia Militar, com a Polícia Civil, para acabar de vez com a bandidagem que está aterrorizando a nossa cidade maravilhosa de Angra dos Reis. Fernando Jordão, tá aqui o pessoal, ó, o pessoal da Core, o helicóptero, vamos começar hoje a operação. Acabou a bagunça. Vamos colocar ordem na casa. Vambora!" 

A Core é a Coordenadoria de Recursos Especiais do governo. Num outro vídeo, o governador está dentro do helicóptero e diz: "Estamos iniciando, hoje aqui, uma operação aqui em Angra dos Reis, com a Core, trouxe aqui o nosso pessoal, o delegado (Fábio) Baruck, o delegado Marcus Vinicius, o prefeito Jordão. Vamos botar fim a bandidagem de Angra dos Reis. Acabou" 

(...)

MILÍCIAS
 Em recente entrevista, indagado sobre o poder das milícias, o governador disse o seguinte: "Eu não acredito que a milícia seja a principal chaga do estado. Ela é uma organização criminosa e estamos combatendo." 

Há nada menos de 2 milhões de pessoas que vivem hoje no Rio em áreas comandadas pelas milícias e que estão sujeitas à sua governança. A tragédia dos desabamentos da Muzema tem a sua marca. A organização está infiltrada nas polícias, na Assembleia Legislativa e nas Câmaras de Vereadores de várias cidades, incluindo a Capital. Adriano Magalhães da Nóbrega, o chefão do "Escritório do Crime", uma das organizações que atuavam na Zona Oeste do Rio, está foragido. Ele é um dos investigados no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL). Ninguém aposta que vá ser encontrado um dia… Witzel, como esquecer?, integrava a turma que resolveu rasgar uma placa que fazia uma homenagem simbólica à vereadora assassinada por milicianos. [detalhe que não pode ser esquecido: 
colocar placas em logradouros públicos, dando nomes a ruas, praças, etc, é COMPETÊNCIA de LEI MUNICIPAL;
após aprovada pela Câmara dos Vereadores uma lei dando nome a determinado local, o prefeito sanciona a lei - que deve conter um dispositivo revogando a lei anterior que dava o nome a ser substituído   - e então a PREFEITURA providencia a troca da placa.

Devotos, admiradores e assemelhados não podem sair pelas ruas arrancando placas existentes e substituindo por outras como nomes de pessoas que eles entendem que merecem ser homenageadas.

Assim, o governador Witzel agiu corretamente ao destruir placa clandestina.
O atual governador do Rio foi Juiz e com certeza conhece bem as leis e jamais participaria de um ato ilegal.
Entendemos que de um lado ficam os a favor da LEI e da ORDEM e do outro os que querem resolver as coisas na bagunça, desrespeitando as leis e todo o ordenamento legal.]  Atenção: se fôssemos dividir as personagens todas em dois grupos, é fatal considerar que, de um lado, ficou a morta e, de outro, seus assassinos e aqueles que rasgaram a placa — ainda que isso não implique que tenham vínculo direto com a execução. O vínculo moral é inegável.

(...)

O Ministério Público do Rio vai acordar para o morticínio da carne preta e pobre que se está a promover no Estado? E, com efeito, caras e caros, convém que fiquemos atentos ao número de pessoas mortas no Brasil inteiro. Quando um governador de Estado faz o que fez Witzel, é sinal de que se considera que está dada a licença para matar — como, de resto, propõe Sérgio Moro, o queridinho de jornalistas que ainda dizem se preocupar com direitos humanos e com o combate à corrupção — em seu pacote anticrime. A pior corrupção sempre será a do caráter. É a mãe de todas as outras. Quem vai tirar a mão de Witzel do gatilho por força da lei?