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quinta-feira, 23 de março de 2023

O - Percival Puggina

       

Agora se entende por que o governo Lula está, visivelmente, empenhado em um processo de destruição nacional. 
Após a fala do presidente é o que se depreende dos anúncios da área econômica, do retorno à política do bandido armado e do cidadão à própria sorte, da volta do MST aos negócios fundiários, do desemprego que cresce, das empresas que desistem do Brasil, da bolsa que despenca, da criminalidade que volta a se elevar, dos regabofes servidos ao setor privilegiado do mundo cultural, da partidarização das estatais.

Lula nunca leu uma vírgula de Alexandre Dumas. No entanto, cercado de amigos, sente-se como o personagem Edmond Dantès de “O Conde de Monte-Cristo” voltando afortunado do exílio para se vingar de seus malfeitores. Só não sabe que, diferentemente dele, o injustiçado personagem era inocente. E mesmo assim, a vingança o fez mais perverso e infeliz do que os homens que o acusaram em juízo.

         Ai! Que vale a vingança, pobre amigo. Se na vingança, a honra não se lava? (Castro Alves, no poema “Anjo”).

Ela está encardida. Todos os brasileiros sabem quem é Lula e metade não se importa com o que ele fez. “Essa gentevai sofrer duplamente. 
Sofreu com as consequências do déficit moral de seus governos e agora padece com o preço da vingança do malfeitor. 
Assim vai a nação, cativa na trama de uma novela que parece não ter fim nem moral alguma.

O que ele falou, ocupando o cargo que ocupa – Chefe de Estado e Chefe de Governo é o mais eloquente discurso de ódio que já ouvi. Por muito menos, um deputado federal foi preso e acabou perdendo seu cargo e seus bens; por muito menos, cidadãos comuns sofreram restrições de direitos enquanto outros estão no exílio.

Imaginem se Bolsonaro tivesse falado algo assim, o que não estariam dizendo a mídia do consórcio, os companheiros do mundo jurídico, o saltitante senador pelo Amapá e os acelerados ministros do STF.

Que tudo isso sirva para pensarmos sobre a tragédia institucional e moral do país.

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Cabo de guerra - Jose Mauricio de Barcellos

Nestes meus setenta anos de vida com mais de cinquenta de vivência da política nacional a partir do meu estado natal, o Rio de Janeiro, nunca havia vivenciado a existência de um cerco social, político, econômico e jurídico tão perverso, vulpino e soez, como vem sofrendo Presidente eleito desde sua posse.

São poucas, mas marcantes, as lembranças que guardo da forte campanha contra Getúlio Vargas e o “Getulismo” que, revelando o mar de lama que corria debaixo da sede do governo da União, o Palácio do Catete, terminou por levá-lo ao suicídio, pondo fim dessa forma trágica a uma época da nossa história.

Assisti toda luta da antiga e velha República para se manter no poder que afastou os Presidentes Café Filho, Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros e João Goulart – dando lugar aos governos civil-militar que, por sua vez, nas décadas de 60 e de 70 nos livraram do comunismo ateu e assassino, evitando a implantação no País de uma ditadura do proletariado.

Aqui a coisa esteve realmente séria e a luta de vida ou morte que se travou contra a vermelhada comprada pela antiga União Soviética e por Cuba, conquanto tivesse sido dura e sangrenta como poucos tiveram conhecimento, nunca foi tão direta e determinada contra as figuras dos Presidentes da República da época, contra suas famílias e equipe de ministros, como hoje se constata em relação ao Presidente Bolsonaro.

Falando genericamente e sem pretender mergulhar em um estudo sociológico que não cabe no âmbito destes comentários, forçoso é concluir que a causa principal desta mudança dramática de procedimento, desde a época dos militares para esta parte, reside no fato de que, em nossa sociedade, o poder apodreceu e a elite que, no geral, sempre foi pior do que o povo tornou-se mais desprezível ainda.

Antes tínhamos uma classe política aproveitadora, preguiçosa e usurpadora, mas não era composta de bandidos, de ladrões e de assassinos, na sua maioria. Hoje, pelo menos até o advento da “Nova Ordem Brasileira” quando tudo mudou bastante, o que havia sobejado era uma classe política abjeta, integrada pelo que há de pior em nossa sociedade e muito bem exemplificada pela figura ignóbil do “Ogro Descondenado, o maior ladrão da coisa pública da história contemporânea.

Antes tínhamos um Poder Judiciário, liderado pelos Tribunais Superiores que se constituíam de magistrados tidos e consagrados como cientistas do direito e como exemplos de honradez, de dignidade e de competência para os togados no País inteiro, tanto quanto para a digna comunidade dos operadores do direito. Hoje, depois de tudo ultrajado na era do social-comunismo das quadrilhas de FHC a Temer, o que temos são instituições marginais, odiadas pelo povo, como um dia proclamou o corajoso jurista Modesto Carvalhosa.

Antes tínhamos uma parcela do poder nas mãos de uns poucos sanguessugas do suor de nossa gente, sempre abraçados pela intelectualidade vassala de seus feitiços e viciada em suas benesses. Hoje a luta é para se impedir a volta ao Planalto ou ao centro do poder de uma horda de banqueiros, de rentistas, de financistas e de empresários do atraso e da roubalheira, com os quais os “Contras” e os Terceiroviistas” conviviam alegremente em face dos benefícios que recebiam, fechando os olhos para o mal que faziam à Pátria em que nasceram.

Toda essa gente dos demônios, que sangra diariamente o Presidente de milhões de brasileiros e ultraja esta Terra de Santa Cruz, que é responsável pela instabilidade dos tempos de agora, que não aceita viver sem corromper, sem roubar ou, no mínimo, viver à custa da máquina governamental vai “fazer o diabo”, como proclamou a “Anta Guerrilheira” para tomar o poder na mão grande e não no voto, como petulantemente proclamou o bandidaço Zé Dirceu e repinicou um seu esbirro na Suprema Corte, o tal ex-defensor do terrorista sanguinário Cesare Battisti e discípulo do vigarista estuprador, João Teixeira (João de Deus).

Toda esta carnificina, contra Bolsonaro e sua gente, na qual se nutre e se banha a imprensa dos Barões das Comunicações, não vai parar até as eleições de outubro próximo e, depois dessa, enquanto o povo não se dispuser a se valer do verdadeiro poder que a Constituição da República colocou em suas mãos.

Posto que somente o povo de um País seja o senhor de seu destino, eu prazo aos Céus que nossa gente ponha a ferros todo esse sofrimento, conclamando aos patriotas que continuem fazendo cada um a sua parte.

O lamentável é que em virtude deste cabo de guerra que a Nação Verde e Amarela se vê na obrigação de puxar contra a vermelhada delinquente, quem mais sofre é a população antes vitimada pelas quadrilhas dos governos anteriores e de quem se continua surrupiando até as informações sobre as fantásticas realizações deste governo, no campo da economia e no social, para impedir a esperança que nasceu com Bolsonaro. Assim, vamos falar de algumas.

Assistindo, em um dia destes, a um vídeo que transita pela rede mundial de computadores, ouvi do ministro Adolf Sachsida um relato impactante acerca daquelas realizações, que a mídia canalha esconde deslealmente.

Destacou aquele economista e advogado formado pela universidade do Alabama – USA e membro da equipe econômica de Paulo Guedes, hoje ministro de Minas e Energia, que seis (6) relevantes reformas estruturais foram implantadas, nestes três últimos anos de governo, em relação às quais se fez de tudo para escondê-las do distinto público.

Começou citando a tremenda modernização da legislação trabalhista, ocorrida mais propriamente a partir das normas regulamentadoras da saúde e da segurança do trabalho, que desaguou em um significativo crescimento do emprego formal e informal, mesmo durante uma época de recessão mundial, imposta pela pandemia do vírus chinês.

Daí seguiu enfatizando a reforma administrativa, dizendo que hoje temos menos funcionários do que em 2011, o que ocorreu, também, em razão do enorme esforço feito para digitalização dos serviços públicos. Isto veio beneficiar (e muito) o povão, como exemplificou com a questão da tal “prova de vida” – que antes era uma verdadeira tortura para idosos e doentes – e que hoje pode ser ultimada até pelo celular.

Para os entendidos de uma figa que gritam sempre que o governo não fez reforma tributária alguma, Sachsida disse que se fez sim e que esta foi muito importante, a partir da redução permanente de 11 tributos – e se em seguida for aprovada o PL nº 488, então haverá uma redução permanente de 12 tributos – e acrescentou: “nunca se reduziu tanto tributo como nesse governo, aumentando assim a eficiência econômica e a eficiência locativa”.

Outra reforma relevante e escamoteada pela mídia safada e militante foi a reforma do setor financeiro e de mercado de capitais, com a criação de 14 novos instrumentos financeiros, com os quais se “desestatizou” o crédito. Segundo A. Sachsida, em 2015 o crédito livre na economia era responsável por 51% dos empréstimos, hoje por 60% e disse, igualmente, que os bancos privados respondiam, em 12/2015, por 44% dos empréstimos e hoje concedem 57%, sem falar que o BNDES está reduzindo sua participação nestas operações – se livrando das JBS da vida, digo eu – e o mercado de capitais está cada vez mais vigoroso, por conta desta desestatização do crédito.

Quanto às concessões e as privatizações, falou que as reformas dessas políticas públicas trouxeram uma mudança econômica fundamental. Antes ganhava a privatização quem oferecia o maior preço para o governo – para mais se ter nos cofres para roubar, penso eu – hoje, disse o Ministro, ganha quem oferece mais investimento privado, o que traz mais emprego e renda para nossa gente.

Neste campo, respondendo a caterva “criticante” de uma figa que pergunta sempre pelo trilhão prometido pelo Ministro Paulo Guedes, acrescentou o ministro Sachsida que tais concessões privatizações já renderam para o erário 200 bilhões, já colocados no caixa do tesouro nacional e os outros 800 bilhões virão sob a forma de investimento privado, através de contratos já assinados, dos quais 80 bilhões já chegaram por conta daqueles contratos, ressaltando que, mesmo durante a crise da pandemia, as concessões e as privatizações não pararam.

Por fim, falou o ministro das reformas microeconômicas dos marcos legais, quais sejam: do novo marco de ferrovias; do novo marco de cabotagem; do novo marco de saneamento; da autonomia do Banco Central e da melhoria do ambiente de negócios, para deixar claro que esta agenda de reforma microeconômica traz, na prática, um enorme crescimento econômico e grande melhoria da produtividade, em tempos difíceis e sem perspectiva para o mundo.

Não são por outras razões, explicou Sachsida, que os analistas e pregoeiros do caos falam sempre que o PIB vai cair e aí ele sobe. Em 2020 foi assim, em 2021 foi assim e em 2022 será assim também. Erraram três vezes e vão errar para 2023, porque esses agentes da banca voraz e cruel apenas estão olhando pelo lado da demanda, ou seja, estão olhando para uma economia que não existe mais. Sob a liderança do Ministro Paulo Guedes estamos olhando a economia pela ótica da oferta.

Explicando melhor para o povão, disse o ministro que este governo está deslocando a curva da oferta e que os tais analistas continuam olhando a curva da demanda, isto é, para a curva errada. Assim sustenta que se está fortalecendo o investimento privado e que é justo por isso que o investimento privado acabou de bater novo recorde, desde o 3º trimestre de 2014.

Continuando disse, também, que focando na geração de empregos e renda via mercado e não via estado, ao se deslocar a curva da oferta, a produção e a produtividade da economia aumenta, como um todo. Isto tudo sem se falar que é o que mata os vermelhuscos que apostam na oferta pública para voltar a aparelhar criminosamente a máquina governamental, eu acrescento.

Quanto às críticas relativas à política fiscal, Sachsida rebateu dizendo que este é o 1º governo que ao longo de 20 anos vai terminar seu ciclo de 4 anos gastando menos dinheiro em relação ao PIB do que quando entrou. Em 2018 o governo gastava 19,4% em relação ao PIB e se vai terminar gastando 18,9% do PIB.

No final arrematou: “a expectativa da dívida está caindo; o governo está gastando menos; está arrecadando mais e diminuindo impostos, ora vamos ser honestos, o Ministro Paulo Guedes é porreta”.

Em sendo desta forma, digo sem medo ou subterfúgio, há esperança e muita, vale a pena continuar na luta, vale a pena sustentar este cabo de guerra contra os traidores da Pátria.

 Publicado originalmente no excelente Diário do Poder

O autor é ex-Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado. 

 

domingo, 9 de maio de 2021

Isso não pode acabar bem - Revista Oeste

 
Rodrigo Constantino

Uma ala expressiva da esquerda tem justificado cada vez mais a intransigência, até com violência, contra a direita, toda ela considerada 'fascista'

Qual o desfecho possível para uma democracia quando uma parte considera que cerca de um terço da população é genocida, fascista, negacionista, assassina? 
A pergunta é retórica. Qualquer pessoa sensata vai concluir que é inviável uma democracia com tais características. Se há tanta gente assim dentro de tal sistema, ele vai inevitavelmente ruir, terminar até em guerra civil. Não há democracia possível com tantos inimigos
[o que nos conforta e nos propicia a certeza da  VITÓRIA, É QUE A esquerda SEMPRE PERDE;
Nos últimos cem anos os malditos esquerdistas perderam por cinco vezes (contando só as derrotas maiores, as pequenas derrotas que sofreram, ignoramos)= e a cada vitória mais nos convencemos de que devem ser extirpados politicamente.
Até os atos violentos, covardes e infundados do tal
'black lives matter', foram apenas alvoroços, estertores,  que de prático nada trouxeram, nem trarão, já que a razão não lhes assiste.

 
Mas é exatamente essa a narrativa que uma elite vem impondo. E o fenômeno é mundial, com claro agravamento na era das redes sociais. O tribalismo tem sido a tônica nos “debates” — e, em vez de aceitar a ideia de que seu adversário político pensa diferente ou está equivocado, a premissa cada vez mais usual é a de que se trata de um ser perverso, cruel, maligno. Não há diálogo possível com fascistas assassinos, há?

É crucial entender a origem do fenômeno moderno. A tentativa de demonizar o adversário, visto como inimigo mortal, não é novidade. O processo de desumanização do “outro lado” é uma tática comum em ideologias totalitárias. O exemplo mais evidente é o que os nazistas fizeram com os judeus. Se do lado de lá não há humanos que discordam das nossas bandeiras, mas sim vermes que querem nos destruir, então o extermínio desses “vermes” passa a ser pregado como algo aceitável.

O sociólogo e filósofo alemão Herbert Marcuse (1898-1979), com seu conceito de “tolerância repressiva”, deu a senha para que a esquerda pós-moderna encarasse qualquer um que não fosse socialista como um reacionário fascista, um perigo iminente, uma ameaça terrível. E, com base nessa ideia, toda reação a essa ameaça era legítima, justificada, um ato libertador. Palavras agridem, ideias são bombas, e agredir fisicamente quem as profere passa a ser legítima defesa.

Eis o resultado prático: grupos se vestem de preto, usam máscara, pegam armas brancas e incendeiam universidades para impedir a palestra de um conservador moderado como o advogado e escritor norte-americano Ben Shapiro. E eles se chamam de Antifa, ou seja, os antifascistas! Aquele que adota postura truculenta, intolerante e autoritária passa a ser o democrata tolerante em sua própria visão distorcida, tudo porque tem certeza de que está reagindo ao enorme risco fascista, que enxerga em cada esquina, em cada um que não defende sua mesma ideologia.

É por isso que Hillary Clinton se referiu a metade dos eleitores de Trump como “deploráveis”, e a esquerda “progressista” passou a considerar “discurso de ódio” a simples defesa de tradições, do casamento entre homem e mulher ou as críticas à ideologia de gênero. A mentalidade esquerdista hoje, de forma geral, é totalitária, pois não aceita que seja possível discordar dela com legitimidade, com boa intenção.

No Brasil, toda a direita tem sido demonizada faz tempo, e com a chegada de Bolsonaro ao poder a coisa piorou muito. 
O presidente passou a ser confundido com o próprio vírus chinês, acusado de cada óbito na pandemia, responsabilizado diretamente por tudo de ruim que acontece. 
Esta semana, com a morte do humorista Paulo Gustavo, vimos o ápice dessa postura. Paulo Coelho, Felipe Neto, Maitê Proença, a turma do MBL e muitos outros acusaram Bolsonaro pela morte do ator, com rótulos de “genocida”, “assassino” ou “verme.[juntando as três 'coisas' destacadas, surge algo bom?]

Qualquer um que ouse enxergar virtudes no presidente ou em seu governo é logo tachado de cúmplice de genocídio por essa gente. Não há diálogo viável, não há argumentos racionais que prestem para os “canceladores”. Só há um “pequeno” problema: segundo as pesquisas, Bolsonaro tem o apoio de cerca de um terço do povo brasileiro. Nas ruas no sábado passado, vimos um 1º de Maio atípico, com centenas de milhares de pessoas ocupando várias avenidas importantes pelo país em apoio ao presidente. Foi um recado bem alto.

Essa gente considera que há um golpismo no ar, que o establishment atua para impedir o governo, para boicotar ou derrubar o presidente. Não confia nas urnas eletrônicas e pede voto auditável
Joga tomates em imagens dos ministros supremos pois os considera traidores da Constituição e a serviço do corrupto que os indicou para o STF. Alguns clamam por uma ação militar, tamanhos o desespero e a sensação de impotência diante de um sistema corrompido.
Discordar de suas bandeiras ou de seus métodos é do jogo. Chamá-los de genocidas ou fascistas, porém, é retirar a legitimidade de um grito atravessado na garganta de milhões de brasileiros. Voltamos ao ponto inicial: como viabilizar uma democracia que rejeita quase metade dos eleitores? 
Como dirimir conflitos, aparar arestas e buscar consensos ou contemporizações se, em vez de oponentes políticos, enxergamos monstros assassinos do outro lado? 
Tentam a todo custo e com muito esforço, além da cumplicidade de boa parte da imprensa, transformar em pária social aquele que defende o grosso da atual gestão, que claramente possui inúmeros méritos mesmo. Você não está errado, segundo essa narrativa; você é “do mal”, e isso justifica todo o ódio “do bem” que vemos por aí, com gente desejando abertamente a morte de Bolsonaro e de seus apoiadores.

Isso não tem a menor chance de terminar bem. Até porque essa enorme parcela da população descobriu que pode ter um representante no poder, que existem outros milhões que pensam como ela, que o jogo é sujo para impedir seu direito de existência política. Não é possível voltar ao estado anterior, com uma mídia dominada de forma quase hegemônica pela esquerda e um teatro de tesouras entre petistas e tucanos como se fosse uma disputa entre esquerda e direita. A direita acordou, e um gigante desperto precisa ser levado em conta. Não dá para colocar um elefante embaixo do tapete e fingir que ele nem sequer existe.

Comentando os atos violentos do Black Lives Matter nos Estados Unidos, o sociólogo húngaro-canadense Frank Furedi escreveu em coluna desta revista: “O surgimento de uma nova filosofia que justifica esse tipo de protesto e os saques é resultado direto da poderosa influência exercida pela política identitária no mundo anglo-americano. Nos Estados Unidos, até pouco tempo atrás, o uso de violência e de ameaças politicamente motivadas tendia ao confinamento dos campi universitários. O exercício da cultura de cancelamento sempre continha a implicação de que a força poderia ser usada contra o alvo cancelado. O que mudou é que, em meses recentes, formas de comportamento que estavam confinadas às universidades migraram para o resto da sociedade. No ambiente menos refinado da urbanidade norte-americana, a cultura do cancelamento adquiriu uma dinâmica muito mais sombria”.

Ele concluiu em tom pessimista: “Quando uma mídia supostamente livre se recusa a pensar livremente e noticiar o que é evidente aos olhos de seus espectadores, você sabe que a liberdade está muito encrencada. Quando protestos violentos são ignorados e, em alguns casos, celebrados, o respeito pelo Estado de Direito está fatalmente comprometido. Agora entendo de verdade quando a garçonete me alertou sobre a possibilidade de uma guerra civil. Pessoas como ela sabem que seu modo de vida está sob ameaça quando o comércio para o qual trabalham pode se tornar um alvo legítimo para um ‘protesto intenso, mas basicamente pacífico’.”

Uma ala expressiva da esquerda tem justificado cada vez mais a intransigência, até com violência, contra a direita, toda ela considerada “fascista”. Essa estratégia pode surtir algum efeito em círculos da elite cosmopolita, que fica com “nojo” de tudo o que remeta ao conservadorismo, tido como “tacanho”, “obscurantista” ou “assassino”. 

 Mas vai esgarçando o tecido social até o ponto de ruptura. Toda ação leva a uma reação. É por isso que não podemos descartar nem mesmo um conflito eventual. A esquerda não pode achar que vai provocar tanto assim sem nenhuma consequência. Talvez alguns mais radicais e revolucionários desejem mesmo isso. 

Cabe aos outros compreender quanto antes o perigo, e resgatar o respeito por quem pensa diferente, por quem é de direita, e sim, por quem apoia o governo Bolsonaro.

Leia também “Uma guerra civil nos EUA?”

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste

 

sábado, 4 de maio de 2019

Minha casa, minha dívida ou a hipoteca reversa

“A hipoteca reversa é uma espécie de pulo do gato, nos dois sentidos, para aumentar o consumo da população, endividando ainda mais aposentados e pensionistas”

O governo acendeu a luz amarela em relação à atividade econômica, que está estagnada. Com a taxa de desemprego de 12,4%, em média, no trimestre encerrado em fevereiro, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de desempregados no Brasil subiu para 13,1 milhões de pessoas, uma alta de 7,3% em relação ao trimestre anterior. A última vez que esse número ficou na casa dos 13 milhões foi no trimestre encerrado em maio de 2018.

A taxa de desemprego tem três impactos na avaliação do governo Bolsonaro, embora seja uma herança da recessão do governo Dilma Roussef. Primeiro, frustra as expectativas dessa grande massa de desempregados e seus familiares em relação ao novo governo; segundo, gera ainda mais instabilidade na base do governo no Congresso, que começa a ser pressionada por seus eleitores; terceiro, aumenta a desconfiança dos investidores em relação aos próprios negócios, porque a redução da massa salarial e o fantasma do desemprego inibem os consumidores.
 
A população ocupada no país somou 91,9 milhões de pessoas, queda de 0,9% (menos 873 mil pessoas) em relação ao trimestre de outubro a dezembro. Essa queda tem características sazonais, por causa da dispensa dos trabalhadores temporários contratados no fim do ano, mas há de se convir que uma população de 65,3 milhões de pessoas fora força de trabalho é como um lastro móvel num navio, se desloca ao sabor das ondas, o que pode resultar até em manifestações espontâneas de insatisfação.

Uma saída para o governo seria acelerar programa de concessões e privatizações, para aumentar os investimentos, mas acontece que o interesse nesses negócios depende também de um ambiente macroeconômico mais saudável, ou seja, do enfrentamento da crise fiscal, principalmente por meio da aprovação da reforma da Previdência. É aí que começam a surgir os atalhos. No momento, a proposta mais criativa é a chamada “hipoteca reversa”, em estudos no Ministério da Economia.

O governo pretende capturar para essa modalidade de crédito os aposentados e pensionistas, que assim trocariam seu patrimônio por uma espécie de renda vitalícia, complementar ao que recebem da Previdência. As instituições financeiras seriam responsáveis pelo cálculo atuarial, com base na expectativa de vida de cada pessoa. A ideia do governo é deixar os bancos livres para estabelecer as regras do jogo, excluindo os mais jovens da modalidade. O contratante poderia optar por quitar o empréstimo antes de morrer, como forma de liberar seu imóvel, que foi dado como garantia; se quiser mudar de moradia, também precisará quitar a dívida.

Trocando em miúdos, é uma espécie de pulo do gato, nos dois sentidos, para aumentar o consumo da população, endividando ainda mais aposentados e pensionistas, que já estão pendurados nos empréstimos consignados. E também uma maneira de tirar mais dinheiro dos proprietários de imóveis tungados pela Caixa Econômica Federal (CEF) no programa Minha Casa, Minha Vida, carro-chefe da campanha de Dilma Rousseff nas eleições de 2010.

A perder de vista
Para se ter uma ideia de como as coisas funcionam, quem comprou um imóvel no valor de R$ 425 mil, com uma entrada de R$ 135 mil do Fundo de Garantia, financiando R$ 290 mil em 20 anos, que é o padrão de classe média, após pagar 62 das 244 prestações previstas, durante pouco mais de cinco anos, ou seja, aproximadamente R$ 200 mil, devido aos juros e outros encargos financeiros, continua devendo cerca de 217 mil. Assim, com a tal “hipoteca reversa” proposta pelo governo, os bancos tomariam os imóveis de volta, depois de a Caixa Econômica Federal exaurir as finanças familiares de aposentados e pensionistas, com os juros cobrados pelo programa Minha Casa, Minha Vida.


O expediente imaginado pelo governo Bolsonaro para aquecer a economia é um paliativo perverso, porque o verdadeiro problema é gerar atividade produtiva e renda para um contingente subutilizado da força de trabalho que chega a 25% da população, ou seja, o número recorde de 28,3 milhões, com alta de 5,6% (1,5 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior, e de 3% (mais 819 mil pessoas) na comparação anual. Esse grupo reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de procurar emprego) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos.

A subutilização foi puxada pela desocupação e pela força de trabalho potencial. O número de pessoas desalentadas subiu 3,9% (180 mil pessoas a mais) em relação ao trimestre anterior, atingindo 4,8 milhões de brasileiros. Já o contingente de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas se manteve estável em 6,8 milhões. Boa parte dessa população é mantida com os recursos dos aposentados e pensionistas, que garantem a sobrevivência de suas respectivas famílias. [a matéria é complexa, exige opinião de versados em economia, o que não é o nosso caso;
mas, a primeira impressão que fica é que a hipoteca reversa vai fazer com que o imóvel que muitas vezes o aposentado deixava de herança para os filhos, algumas vezes até parte da dívida era paga pelo seguro, fique com a CEF ou outro banco credor.
Tem que consultar fontes confiáveis para ver se a hipoteca reversa também na reverte a expectativa do aposentado.]

Nas Entrelinhas - Luis Carlos Azedo - Correio Braziliense