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terça-feira, 15 de março de 2016

Um ‘basta’ das ruas a Dilma, Lula e PT

Manifestações históricas forçam o andamento do calendário do impeachment, enquanto a economia se dissolve, sem perspectivas de mudanças

Em crises profundas e amplas como a atual, a evolução de suas vertentes política e econômica não costuma se dar na mesma velocidade. Neste domingo, impulsionados pelo maior conjunto de manifestações de rua da história do país, o calendário e o relógio da face política da crise apertaram o passo rumo a um desenlace. 

Até aqui, o processo assustador de liquefação da economia permanece sem uma perspectiva de solução mesmo que as melhores alternativas para reequilibrar as contas públicas, conter inflação, reativar investimentos e consumo sejam conhecidas. Porém, por desagradarem a PT e aliados, nada se faz. É neste ponto que as crises política e econômica se entrelaçam e interagem. 

Mas os milhões de manifestantes de domingo contra Dilma, Lula, PT, e a favor de Sérgio Moro e Lava-Jato não importa se 3,6, segundo as PMs, ou 6,9, de acordo com os organizadores — tiveram tal dimensão, maior que todos os eventos políticos de rua ocorridos até hoje no país, que forçam uma definição sobre o futuro de uma presidente acuada em Palácio.

Do roteiro para a votação do pedido de impeachment de Dilma já fez parte a convenção do PMDB, no sábado, em que o partido reconduziu o vice Michel Temer à presidência e se deu uma espécie de aviso prévio de 30 dias, durante os quais não aceitará cargo no governo e definirá a independência em relação ao Planalto. Não por acaso, neste prazo deverá ficar previsível o futuro de Dilma. O partido não foge ao estilo de manter os pés em duas canoas. Mas já conversa com tucanos sobre governo de transição.

Dilma e os ministros mais próximos, noticia-se, se curvaram ao fato estrondoso da ida às ruas em protesto contra ela, seu mentor e seu partido. Tratam de reparar as avarias, por meio de mais conversas com a base parlamentar. Deve vir por aí mais fisiologismo. A ver.


O inevitável é que o calendário do impeachment está em andamento, e amanhã prevê-se que o Supremo julgue os embargos de declaração (pedidos de esclarecimento) encaminhados pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para elucidar questões sobre o rito a seguir. Estabelecidas de vez as regras do impedimento, Cunha, de costas para o Planalto faz tempo, promete ser rápido. Continua incômoda a presença na Mesa da Casa de alguém com a ficha de Cunha, investigado pela Lava-Jato, já denunciado ao STF pela Procuradoria-Geral da República, também autora de pedido à Corte do afastamento do deputado da Mesa da Câmara. Mas, esteja ou não Cunha no cargo, o processo tramitará independentemente dele.

O PT, por sua vez, insiste no mantra do “golpe”, cada vez mais desafinado, diante das evidências de que tudo tramita sob o manto da Constituição. Inclusive na Lava-Jato. E assim precisa continuar a ser. Também é inócuo o partido maldizer a “classe média”, sempre presente em momentos políticos importantes, e não só no Brasil. Por sinal, foi ela que deu o empurrão decisivo para que um Lula convertido à paz e ao amor chegasse afinal ao Planalto em 2003 e lá ficasse por mais um mandato.

Mas precisam os militantes e a cúpula da legenda procurar entender por que perdem apoio em regiões em que vinham sendo bem votados nestes 13 anos de poder. Pelo menos, nos dias que antecederam o domingo, demonstrações de arrogância de Dilma, ao falar sobre renúncia, e ameaças de Lula com sua “jararaca” - minhoca - não devem ter contribuído para os interesses do partido.

Fonte: Editorial - O Globo

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Novo golpe militar? intervenção militar constitucional?



 Novo golpe Militar?

Série Visão fanática do mundo [não se trata de golpe militar, tentativa ou mesmo defesa da alternativa.
São cidadãos que exercem o direito constitucional de expressarem livremente o que pensam e defendem a ‘intervenção militar constitucional’.
Os defensores da intervenção estão acampados próximos a verdadeiros bandidos que são os integrantes das diversas gang’s camufladas sob o nome de ‘movimentos sociais’, inclusive facínoras do MST.]

Há um grupo de fanáticos acampado em Brasília que defende o impeachment da presidente (ou presidenta, conforme a Lei 2.749/56) assim como a imediata intervenção militar. Fanático “não é quem tem uma crença (teológica, ideológica ou outra qualquer) e a sustente com fervor, coisa perfeitamente admissível porque tampouco o ceticismo ou a tibieza são obrigatórios. O fanático é quem considera que sua crença não é simplesmente um direito seu, senão uma obrigação para ele e para todos os demais. O fanático é o que está convencido de que seu dever é obrigar a todas as outras pessoas a crer naquilo que ele crê ou a comportar-se como se acreditassem nisso”.[1]

O fanático, como se vê, não se limita a pensar de uma maneira e a expressar seu pensamento: vai além. Entra na esfera alheia e pratica atos tendentes a impor o seu ponto de vista, a sua visão do mundo. O fanático se torna pernicioso e censurável, em suma, quando pratica o fanatismo, que pode chegar ao terrorismo (os recentes ataques islâmicos, em Paris, evidenciam bem esse terror, decorrente do fanatismo).

O fanatismo golpista não passa de um populismo ultraconservador de direita (que ainda nem sequer foi devidamente testado nas urnas). De qualquer modo, seu objetivo principal (um golpe que conduziria a uma nova ditadura militar) é totalmente inconstitucional. Revela falta de repertório constitucional. Não há espaço para o fanatismo (prática de atos fanáticos) nas sociedades democráticas onde reina o Estado de Direito.

Toda manifestação ou reunião (enquanto desarmada) é constitucionalmente permitida. Eu mesmo até concordo com a necessidade impostergável de renúncia da presidente/a


sábado, 5 de setembro de 2015

Temer e a “guerreira Dilma”… Tenho uma ideia: vamos aposentá-la por desserviços prestados à contabilidade?



O vice-presidente da República, Michel Temer, é um homem livre. Fala o que quiser. Não é bobo e conhece os jornalistas. Nesta quinta, ele manteve um encontro com empresários em São Paulo, organizado pela empresária Rosângela Lyra, que faz parte do movimento Acorda, Brasil”, de oposição ao governo. Atenção! O jornalismo petista infiltrado na grande imprensa (uma praga!) a chama de “socialite”. Com a devida vênia, para mim, “socialite” passa o dia tomando champanhe e discutindo com seu cabeleireiro esquisitão como vai se mostrar em público. Rosângela trabalha. Se ela fosse do MTST, os jornalistas a chamariam de “ativista”.

Nota antes que continue: concedi uma palestra nesta terça a uma parte da comunidade judaica de São Paulo. Um dos presentes me perguntou se existe censura à imprensa no Brasil. Eu afirmei que a única censura é aquela imposta pelo jornalismo de esquerda. Rosângela Lyra é a representante no país de uma grife que é, se me permitem, grife na própria França. Ela trabalha. Ganha o pão com o seu talento. Se ela invadisse propriedade alheia, seria chamada de “militante”, “ativista” e até “mártir”. Não tenho mais saco para isso. Aliás, ninguém mais tem. Nem os leitores! Adiante.

Temer foi indagado, não tratou do assunto de moto próprio, das hipóteses que estão dadas para Dilma: renúncia, impeachment ou cassação pelo TSE. Respondeu com a devida tranquilidade. Afirmou não acreditar que a petista desista do mandato, lembrando que ela é “guerreira”. E que fique claro: ele usou a palavra “guerreira”, não “guerrilheira” ou “terrorista”, para ficar na espécie do crime que a presidente cometeu no passado.

Sobre o impeachment, ponderou:  “Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo [de popularidade]. Se a economia melhorar, acaba voltando um índice razoável”. Mas acrescentou: “É preciso trabalhar para estabilizar as  relações com a sociedade e a classe política! E ponderou: “Mas, se ela continuar com 7% e 8% de popularidade, fica difícil”.

Conspiração? Não! Senso de realidade. Até porque o vice tratou da hipótese de ele próprio deixar o cargo caso a chapa seja cassada pelo TSE: “Se o tribunal cassar a chapa, acabou. Eu vou para casa feliz da vida”. E emendou sobre Dilma: “Ela vai para casa… Não sei se vai feliz ou não, cada um tem a sua avaliação”.
Temer chegou a demonstrar alguma irritação quando um dos convidados perguntou se ele entraria para a história como estadista ou como oportunista: “Eu jamais seria oportunista, quero deixar muito claro isso. Em momento algum eu agi de maneira oportunista. Muitas vezes dizem: ‘Ah, o Temer quer assumir a Presidência’, mas eu não movo uma palha para isso”.

E, vá lá, justiça se faça, Temer, em conversas públicas ou privadas, tem reforçado a posição da presidente. A governanta é que não se garante, como é evidente.

O vice-presidente foi indagado ainda sobre o Orçamento com previsão de déficit, enviado pelo governo. Manifestou sua discordância: “Se você enxugar contratos, consegue fazer. Às vezes, tem um contrato de R$ 300 milhões que, na realidade, pode ser por R$ 220 milhões. Você economiza. Se, ao final, for preciso alguma oneração tributária, não é com a criação de novo tributo. Pode pegar um e outro tributo existentes e aumentar a alíquota temporariamente”.

Ou por outra: o vice-presidente voltou a se manifestar contra a recriação da CPMF, um dos desastres protagonizados por Dilma quando teve a ambição de que poderia ser a coordenadora política. O outro, gigantesco, foi justamente o envio de uma peça orçamentária prevendo déficit, decisão da qual ela já recuou.

Temer insistiu que a situação do Brasil tende a melhorar e deixou claro que acha que a presidente pode recuperar a popularidade. E, por óbvio, se negou a assinar recibo de idiota. Sabe que a economia, mais do que a Lava-Jato, está derrubando Dilma. Ele vocalizou o que todos estamos especulando: como ficar os próximos três anos sob o comando de uma presidente inerme?

Sei que muita gente se esquece, mas Temer também foi eleito. Pode e deve dar a sua opinião.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo


terça-feira, 7 de abril de 2015

O Brasil nos tempos de cólera



Não há paralelo na história republicana. O governo perdeu a legitimidade e mal completou três meses.
Nunca na história recente do Brasil o interesse por política foi tão grande como agora. Fala-se de política em qualquer lugar e a qualquer hora. O chato é, neste momento, o brasileiro que não está nem aí para os rumos do nosso país. Esta sensação perpassa as classes sociais, as faixas etárias e as diversas regiões do país. É um sentimento nacional de ódio aos corruptos, ao seu partido e a suas lideranças, especialmente aquela que se apresentou durante anos como salvadora da pátria e, hoje, não tem coragem de caminhar, sem segurança, por uma simples rua de alguma cidade. Transformou-se em um espantalho. Só assusta — se assusta — algum passarinho desavisado.

Vivemos um impasse. E não há nenhum paralelo com qualquer momento da história republicana. O governo perdeu a legitimidade e mal completou três meses. E ainda faltam — impensáveis — 45 meses. Se as eleições fossem realizadas hoje, Dilma Rousseff sequer chegaria ao segundo turno. E o que fazer? É necessário encontrar uma saída para a greve crise que vivemos. Não cabe dar ouvidos aos covardes de plantão, aqueles que dizem que temos de tomar cuidado com a governabilidade, que não podemos colocar em risco a estabilidade econômica e que o enfrentamento aberto do projeto criminoso de poder é um perigo para a democracia. Devemos silenciar frente a tudo isso? Não, absolutamente não. Esta é a hora daqueles que têm compromisso com o Brasil. Protestar, ocupar as ruas é a tarefa que se coloca. É seguir a lição de Mário de Andrade. Não sejamos “espiões da vida, camuflados em técnicos da vida, espiando a multidão passar. Marchem com as multidões.” E no dia 12 as ruas estarão tomadas por aqueles que não querem simplesmente espiar a vida, mas desejam mudar a vida.

O projeto criminoso de poder acabou transformando a corrupção em algo natural. E o volume fabuloso de denúncias que horroriza a nação é visto positivamente, pois as denúncias estariam sendo apuradas. É inacreditável: em uma manobra orwelliana, o petrolão é definido como uma ação saneadora do Estado, e não como o maior desvio de recursos de uma empresa pública na história da humanidade. Seus asseclas — supostos intelectuais — buscaram algum tipo de justificativa. Como se no Brasil houvesse uma cultura da corrupção, um fator de longa duração. Erro crasso: imaginam que os brasileiros são à sua imagem e semelhança. Não são. Eles é que são corruptos — e nem precisam sair do armário. Já assumiram e faz tempo.

Cabe ressaltar que o movimento da História é surpreendente e imprevisível. No início de junho de 1992, quando a CPMI sobre as atividades de Paulo César Farias denunciadas por Pedro Collor, irmão do presidente — estava iniciando seus trabalhos, o senador Fernando Henrique Cardoso fez questão de declarar que “impeachment é como bomba atômica, existe para não ser usado.” O deputado peemedebista Nélson Jobim foi enfático: “O Congresso não pode fazer uma CPI para investigar o presidente. Se vocês insistirem nisso, eu vou ao Supremo.” Mais cordato, mas não menos conciliador, o senador Marco Maciel (PFL-PE) declarou que a “CPI não vai produzir sequelas, pois as acusações foram feitas sem provas.” 

Líderes empresariais saíram em defesa do presidente. Emerson Kapaz, candidato a presidente da Fiesp, disse que as denúncias eram “uma grande irresponsabilidade. As pessoas precisam medir seus atos para não causar mais turbulência no Brasil, já tão afetado pela crise econômica.” E até juristas criticaram Pedro. Um deles, Celso Bastos, declarou que o irmão do presidente era de “um egoísmo elevado à última potência” e que ele “nunca pensou nos interesses da nação.” Quatro meses depois, Fernando Collor não era mais presidente do Brasil.

Hoje vivemos uma situação muito distinta em relação a 1992. Entre outros fatores, um é essencial: as ruas. Desta vez, são elas que estão impulsionando o Parlamento, e não o inverso, como naquele ano. O que ocorreu pelo Brasil, no dia 15 de março, é fato único na nossa história. Eu testemunhei dezenas de milhares de pessoas se manifestando em absoluta ordem na Avenida Paulista. Com indignação — e justa indignação — mas também com bom humor. Foi um reencontro com o Brasil. A auto-organização da sociedade civil é o novo, só não reconhece quem está comprometido com o projeto criminoso de poder — e são tantos que venderam suas consciências.

Esta será uma semana de muita tensão. E isto é bom para a democracia. Ruim é o silêncio ou o medo. As ruas voltaram a ser do povo, e não mais monopólio daqueles que têm ódio à democracia. Nós temos tudo para construir um grande país, mas antes temos uma tarefa histórica: nos livrar dos corruptos. E sempre dentro da democracia, da lei e da ordem. São eles e existem sim o nós e eles que sempre desprezaram o Estado Democrático de Direito. Nunca é demais lembrar que o PT votou contra o texto final da Constituição.

Vivemos uma quadra histórica ímpar. Não é exagero que nós teremos muito a contar aos nossos filhos e netos. É aquele momento de decisão, de encruzilhada do destino nacional. Para onde vamos? Continuaremos a aceitar passivamente a destruição dos valores republicanos ou tomaremos uma atitude cívica, de acordo com bons momentos da nossa história?

Eles não passarão. E não passarão porque — paradoxalmente — uniram o Brasil contra eles. Ninguém aguenta mais. É hora de dar um passo adiante, de encurralar aqueles que transformaram o exercício de administração da coisa pública em negociata, em mercadoria. E deixar duas saídas: a renúncia ou o impeachment.

Por: Marco Antonio Villa,  historiador – O Globo


sexta-feira, 27 de março de 2015

"A PRESIDENTE DO DESGOVERNO"

Carlos José Moreira, diretor editorial IstoÉ

Está tão acelerado o processo de esfacelamento do Governo que é difícil acompanhar o ritmo dos eventos que inviabilizam seu funcionamento. Ministro que sai atirando contra o Congresso, vazamento de documento sugerindo uso dirigido e ilegal da publicidade oficial, erros em cascata na resposta às ruas, um “salve-se quem puder” como poucas vezes se viu no Planalto. A presidente parece estar à frente de um desgoverno e para entornar de vez o caldo experimenta queda vertiginosa na sua popularidade. Pelo que se pode depreender da última pesquisa Datafolha, Dilma chegou ao ponto em que quase ninguém a aprova. Nem mesmo os aliados. Muito menos aqueles que a elegeram. 

A rejeição saltou para impressionantes 62% enquanto a sua aprovação desceu ao nível de 13%. São indicadores recordes. Algo jamais imaginável para quem se encontra ainda em início de gestão. Seus números só são comparáveis aos do presidente Collor às vésperas da renúncia. E se esse não é um sinal claro, evidente, de que ela está conduzindo o País por um rumo errado, não há mais como sensibilizar os sensores palacianos e, nessa toada, Dilma irá comandar sob o estigma da ilegitimidade. 

Uma coisa desde já é certa: caiu por terra o mito do Brasil dividido, que embalava as ilusões do Governo e do PT para se perpetuar no poder. Hoje Dilma não seria a escolhida da ampla massa de eleitores. Muitos mudaram de opinião e agora formam fileiras contra ela. A desculpa frágil de uma orquestração das elites, dos “ricos” e “coxinhas”, desabou frente a óbvia demonstração dos números estatísticos e das manifestações que galvanizam brasileiros do Oiapoque ao Chuí. No levantamento Datafolha, pela primeira vez, a maioria do público de baixa renda e com menor escolaridade classifica sua gestão como ruim ou péssima. Os protestos do último domingo já haviam dado um eloquente alerta – o que, para a maioria dos mandatários, seria mais do que suficiente para despertar preocupações e atitudes convincentes de humildade e compreensão do recado. No caso de Dilma serviu apenas e tão somente para repisar promessas de diálogo que ela nunca coloca em prática e para desengavetar um surrado projeto anticorrupção. A presidente até aqui foi incapaz de assumir um mea-culpa, de admitir publicamente os erros. 

Provavelmente não irá fazê-lo. E tamanha soberba tem irritado qualquer um que dela se aproxima. Sua falta de habilidade política, pouca paciência e muito de prepotência para ouvir a sociedade está levando o segundo mandato a um ponto de inoperância absoluta. Poucos acreditam em um desfecho positivo do processo. Seja nas rodas palacianas, nos corredores do Congresso, nas conversas de simpatizantes, aliados, amigos ou opositores, Dilma é vista como a antítese da governante que comanda em nome do interesse geral. Isolada e sob pressão intramuros do Planalto ela parece não perceber isso. 

Se atira aos mais desabusados rompantes de ciclotimia, considera a crise passageira e continua a distribuir ordens que não negocia com ninguém, tal qual uma soberana que se enxerga inabalável, absoluta e senhora da verdade. Ledo engano. Seria recomendável, em seu próprio proveito, um certo resguardo do mau humor, pitadas de modéstia e menos descaso e preconceito contra a horda de insatisfeitos que teima em desqualificar como uma minoria de burgueses brancos.

Editorial IstoÉ


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A vida de cada um



Vista assim do alto, a renúncia da presidente e mais cinco diretores da Petrobrás horas depois de ter sido acertado um cronograma com a Presidência da República que previa a saída para daqui a um mês pode parecer ato de retaliação. Algo como um troco à proposta de Dilma Rousseff de estender a fritura de cada um dos executivos, de Graça Foster em particular, e ainda adequá-la à sua conveniência de encontrar uma saída o menos traumática possível para nomear nova diretoria e ainda acertar os números do balanço trimestral da companhia.

O gesto não deixa de dar margem a essa interpretação. Inclusive porque, guardadas todas as proporções, lembraria a atitude da ex-ministra da Cultura Marta Suplicy, não obstante as diferenças abissais entre ambas. De propósitos e temperamentos. Algo, no entanto, une as duas: o limiar da desmoralização. Em Marta pesou a política; para Graça, de acordo gente próxima a ela, a fronteira de inadmissível ultrapassagem é a família.

Depois de tentar se demitir várias vezes e ter os pedidos recusados pela presidente, Marta tomou a decisão unilateral quando viu o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, sugerir a renúncia coletiva do ministério numa tentativa, segundo ela, de transformá-la de demissionária em demitida. Ciente de seu desgaste, Graça Foster pediu para sair no meio da crise. Ela chegou a combinar com Dilma Rousseff duas datas: uma logo após as eleições, outra logo após a posse no segundo mandato. Ambas adiadas por solicitação da presidente.  Até que ocorreu o episódio da divulgação do balanço não auditado da Petrobrás com aquele dado sobre a perda de R$ 88 bilhões em ativos. 

Os cálculos não estariam completos e Graça teria se precipitado ao autorizar a divulgação e Dilma, "furiosa", decidiu demiti-la.  Seja como for, a executiva que aceitara atender aos apelos de amizade, na hora de ser descartada, não recebeu apreço em contrapartida. Ficou mal na história. Com pecha de incompetente e precipitada, para todos os efeitos imposta pela amiga.  Mas, ainda assim, aceitou frequentar o limbo por mais um mês. Para resolver um problema da presidente. Ali no ambiente do Palácio do Planalto deve ter-lhe parecido que 30 dias a mais ou a menos talvez não fizessem diferença. Brasília não é seu hábitat.

Mas o Rio de Janeiro é. Enquanto Graça Foster pegava o avião de volta para a cidade, um grupo de manifestantes fazia um "panelaço" nas proximidades de sua residência, em Copacabana. Numericamente insignificantes, cerca de 30 pessoas. Simbolicamente, suficientes para criar constrangimento a quem, tendo feito carreira como servidora e não no embate duro da política, não está acostumada a ouvir frases como "Ô Graça Foster, o seu vizinho tem vergonha de você" nem a se expor a processos de desmoralização pública.

No entender de quem entende de Graça Foster, a preservação pessoal e o resguardo familiar pesaram mais na decisão que o acordo da lealdade de mão única da presidente Dilma.

Todos juntos. A explicação para cinco dos seis diretores da Petrobrás terem acompanhado a presidente na renúncia é um acordo anterior de que ninguém ficaria ou sairia isoladamente. Fossem quais fossem os motivos.

Fábula. Ao governo interessará, quem sabe, construir a narrativa de que a renúncia de Graça Foster estava combinada com a presidente Dilma.
O problema é que para que essa versão seja verossímil, o Planalto já deveria ter na manhã de ontem um nome escolhido para substituí-la na presidência da Petrobrás.

O prejuízo político é do Planalto. Mais um.

Fonte: O Estado de São Paulo - Dora Kramer, colunista