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sábado, 4 de novembro de 2023

Agora a corrupção é legalmente permitida para quem está do lado do “sistema” - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - VOZES
 
 Juscelino Filho

Auditoria encontrou irregularidades em contratos para pavimentação na cidade de Vitorino Freire, governada por irmã de Juscelino Filho.| Foto: reprodução/Facebook Juscelino Filho
 
O ministro Juscelino Filho é um desses fenômenos que, somados uns aos outros, vão se transformando numa grife dos governos Lula
Não existe registro público de que tenha feito alguma coisa, qualquer que seja, para melhorar as comunicações no Brasil – a única função que poderia justificar a sua presença no serviço público. 
Em compensação, em apenas dez meses de governo, já apareceu três vezes na crônica policial da baixa política brasileira.
 
Esteve envolvido numa história sobre uso de verbas federais para asfaltar uma estrada a 500 metros de sua fazenda no Maranhão – o Maranhão, mais uma vez. 
Depois foi flagrado usando um jato da Força Aérea Brasileira para ir a um leilão de cavalos de raça em São Paulo. 
Em sua última aparição no noticiário, é acusado de transferir 13,4 milhões de reais do “orçamento secreto” para a própria irmãque já esteve metida em problemas com a Polícia Federal e foi afastada, entre acusações de corrupção, do cargo de prefeita de uma cidade do mesmo Maranhão. (Já está de volta, por ordem do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal.)
O Brasil tem um novo ordenamento penal. Segundo as regras hoje em vigor, ninguém ligado a Lula ou apoiado por ele pode ser preso por corrupção.
É a terceira confusão em menos de um ano; nesse ritmo, quantas ele vai ter acumulado até o final do governo Lula-3? 
Uma coisa é certa: pode fazer quantas quiser que não vai acontecer nada com ele, assim como não aconteceu com a irmã. 
Juscelino tem o apoio fechado do presidente – que mal fala com ele, como não fala com a maioria dos ministros, mas não assina a sua demissão. Mais ainda do que isso, conta com a absolvição prévia, automática e plenária do STF, faça lá o que fizer. Está, nesse caso, em plena segurança da multidão.
 
Desde que a “suprema corte” tirou Lula da cadeia onde cumpria pena pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, anulou todos os processos contra ele e o colocou na Presidência da República (como diz o ministro Gilmar Mendes), o Brasil tem um novo ordenamento penal. Segundo as regras hoje em vigor, ninguém ligado a Lula ou apoiado por ele pode ser preso por corrupção. 
Nem o ex-governador Sérgio Cabral, que estava condenado a 400 anos de prisão e foi solto?
A coisa toda vai muito além disso. Na verdade, o Brasil vive no momento uma situação extraordinária: não há nenhum corrupto preso, o que deveria nos colocar entre os países mais honestos do mundo em termos de vida pública. 
Deveria, mas nem uma criança com 10 anos de idade seria capaz de acreditar nisso. 
A ausência de corruptos no sistema penitenciário nacional prova exatamente o contrário – prova que a corrupção, para efeitos práticos, é legalmente permitida no Brasil, desde que o ladrão esteja do lado certo do “sistema”.
 
O ministro não tem de se preocupar com nada
Só tem de ficar acordado, 24 horas por dia, para não lhe tirarem a cadeira no tiroteio cada vez mais bravo por verbas e cargos no governo. 
Pode ir para o espaço em dois palitos, como já foram a ministra do Esporte, o ministro dos Portos, a presidente da Caixa e sabe-se lá quantos outros que virão pela frente. Lula, aí, não vai nem atender o telefone.
 
Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
 

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


domingo, 7 de maio de 2023

Governo e STF estão quase fazendo do Brasil uma ditadura - Gazeta do Povo

Vozes - Flavio Quintela

Liberdade de expressão - Quase lá - Gazeta do Povo

Dias Toffoli liberou para julgamento ação que pode criar regulamentação de mídias sociais por via judicial.| Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Tenho de começar este artigo pedindo desculpas pelo artigo anterior. Afinal, este ingênuo que vos escreve imaginou que a pressão popular pudesse impedir a votação do PL da Censura e que isso seria suficiente para frear, ainda que momentaneamente, a rápida deterioração da democracia brasileira no tocante à liberdade de expressão. [Comentário: atenção especial com o ministro Toffoli e suas ideias; apesar de alguns percalços que não conseguiu superar no inicio de sua carreira, dado que a condição de ex-advogado do PT e amigo da então esposa do Lula, o levou ao STF, ocasião em que demonstrou uma habilidade para 'emplacar', digamos, coisas diferentes. 
Foi dele, então na presidência da Suprema Corte, a ideia de 'criar'  o inquérito do fim do mundo = diferente de tudo, mas que continua sobrevivendo. 
Foi dele também a ideia de monocraticamente emendar a Constituição Federal e elevar o STF - instância  máxima do Poder Judiciário - à condição de Poder Moderador = ficando dois poderes em um só. Só não colou devido o fato ter ocorrido fora do território brasileiro  portanto sem validade.
Mas que a ideia foi plantada não há o que discutir.]

Sim, fui ingênuo. Ou esquecido. Ou ambos. No meio do caminho havia um STF. Havia um STF no meio do caminho.

A decisão de Dias Toffoli, na última quinta-feira, de liberar para julgamento a ação sobre regulação das redes sociais e de plataformas da internet, de sua própria relatoria, é a essência do que se tornou o sistema de poderes do Brasil. O parlamento não apita mais nada. O sistema de freios e contrapesos que deveria nos proteger dos arroubos ditatoriais de qualquer um dos poderes foi reduzido a pó.

    Estamos assistindo à criação da casta mais perniciosa de poderosos sem escrúpulos e sem representatividade eleitoral que esse país já viu

O Brasil caminha tão rapidamente em direção ao autoritarismo que já podemos ser saudosistas em relação ao papel que o Centrão teve no passado recente. 
Ah, que saudades da época em que o PMDB segurava as pontas e não permitia que o governo petista aprovasse projetos de lei demasiadamente abusivos. Éramos felizes e não sabíamos. 
 Em nosso momento atual, não existe quem se contraponha ao Supremo Tribunal Federal e sua marcha ativista
O único freio constitucional seria o Senado, com sua prerrogativa de iniciar processos de impeachment de ministros do Supremo. 
Mas o Senado está sob o domínio de um político pusilânime, um mero capacho dos outros poderes. E esse sujeito não vai fazer absolutamente nada para conter o avanço do ativismo judiciário.

A coisa fica muito pior em assuntos nos quais governo e STF convergem, como na regulação das mídias sociais. Em uma república séria, onde os papéis dos poderes são respeitados, a coordenação de esforços entre Executivo e Judiciário para passar algum tipo de projeto de lei já seria temerosa. No Brasil, em que o STF faz o que quer e constantemente usurpa o poder do Legislativo, essa coordenação é desastrosa. 

O que estamos vendo em relação ao PL da Censura é um crime, é o rasgar de nossa Constituição, é a humilhação do Congresso e do Senado, é um deboche do Executivo e do Judiciário, é a consolidação do poder nas mãos de cada vez menos pessoas eleitas diretamente. Estamos assistindo à criação da casta mais perniciosa de poderosos sem escrúpulos e sem representatividade eleitoral que esse país já viu.

Sinceramente, não tenho conhecimento de outro remédio nesse momento que não inclua uma revolta geral das pessoas contra o que lhes está sendo enfiado goela abaixo. Ligar e mandar e-mails não resolve. Como acabamos de ver, basta o Congresso não votar algo de interesse do governo ou do STF que o Supremo arruma um jeito de votar ele mesmo.
Veja Também:

    Como faz falta uma Primeira Emenda

    Espelho Negro

    Para que serve uma suprema corte?

Quando eu ainda morava no Brasil, pouco antes de me mudar para cá, aconteceram as grandes mobilizações do “não é por R$ 0,20”. Tínhamos Dilma no poder, fazendo um governo desastroso. 
Será que precisamos de um aumento na tarifa dos ônibus para acender de novo essa turma? A situação é muito pior agora. Muitíssimo pior. Todas as liberdades e direitos que tínhamos se deterioraram de alguma maneira. O país está nas mãos de um ex-condenado e o Ministério da Justiça, sob o comando de um “comunista de carteirinha”
O partido do presidente da República é presidido por uma mulher que compara a manutenção da taxa básica de juros a genocídio.
 
A continuar o atual ritmo de supressão de direitos no Brasil, em muito breve não será mais possível à sociedade organizada discutir as mudanças que precisam ser implementadas para frear o autoritarismo no país. Esse tipo de discussão será o primeiro a ser proibido. 
O que significa que estamos chegando a um ponto de não retorno. 
Foi assim em Cuba, foi assim na Venezuela, está sendo assim no Brasil.

Tic-tac.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Flavio Quintela,
colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 4 de outubro de 2022

Contra tudo e todos do sistema, direita bolsonarista avança! - VOZES

Rodrigo Constantino - Gazeta do Povo

A conspiração falhou e vai ter segundo turno!
O PT já tinha contratado a festa da vitória, mas vai ter de enfrentar uma nova eleição, totalmente distinta. Agora é unir todo o Brasil decente contra o ladrão e seus comparsas!

Já podemos fazer um balanço mais acurado desse primeiro turno, marcado por suspeitas legítimas de fraude - não importa se Alexandre de Moraes queira tornar ilegal a simples desconfiança. Há resultados poucos coerentes, como em Minas Gerais, onde governador, senador e deputado são escolhidos aliados a Bolsonaro, mas o presidente mais votado é Lula.

Há notícias de hiperatividade cibernética no Brasil por sites especializados. Há relatos de limites iguais para votos em Bolsonaro em várias urnas. Há as pausas estranhas na contagem e as mudanças quase retilíneas dos percentuais, o que um algoritmo faria. Enfim, muitos brasileiros estão seguros de que houve sacanagem.

Mas vamos assumir, para efeito de análise, que os resultados são esses mesmos, até porque não há VAR possível aqui, não temos como fazer checagem. O que podemos extrair como lições importantes do pleito? Bolsonaro, apesar de toda a campanha contra do sistema, do massacre midiático, sai fortalecido, com um milhão de votos a mais do que no primeiro turno de 2018, e tendo feito uma bancada enorme para o PL e também apoiadores de outros partidos.

O presidente conquista a maior bancada para o PL e faz a maioria no Senado e na Câmara, além da ascensão nas assembleias estaduais. Tarcísio Freitas vai para o segundo turno com muita força e deverá prevalecer sem dificuldade em SP.

No Rio, a situação está resolvida, com Cláudio Castro, Romario e Pazuello eleitos, este último como o segundo deputado mais votado do estado.

Em Minas Gerais temos Romeu Zema reeleito derrotando o PT, Cleitinho eleito senador e Nikolas Ferreira o deputado federal mais votado da história no estado, com mais de 1,5 milhão de votos. O trio fará campanha por Bolsonaro no segundo turno.

No Rio Grande do Sul Onyx sai em primeiro com boas chances de vitória para o governo, e Mourão está eleito para o Senado.

Os "institutos" de pesquisa estão completamente desmoralizados, sem qualquer credibilidade. Todo o esforço do consórcio de imprensa, deturpando, distorcendo e manipulando a opinião pública contra Bolsonaro, não foi suficiente para resolver a parada para o PT, mesmo com a ajuda do ativismo bizarro do STF/TSE.

O PT viu ainda os ícones da Lava Jato serem reerguidos com força no Senado (Sérgio Moro) e na Câmara (Deltan), impedindo qualquer narrativa petista de que a mais importante operação de combate à corrupção foi derrotada nas urnas. O advogado petista (Arruda Botelho), por outro lado, não foi eleito.

Traidores do presidente tiveram um fim melancólico: os eleitores de Mandetta ficaram em casa e ele foi amassado por Tereza Cristina no Mato Grosso do Sul; Joice Hasselman, Alexandre Frota, Irmãos W, MBL, todos com resultados pífios e medíocres. Joice saiu de mais de um milhão de votos em 2018, bolsonarista, para patéticos 13 mil, número sugestivo para a agora tucana.

O PSDB, por falar nisso, praticamente acabou em São Paulo e no Brasil: José Serra não foi eleito, Aécio Neves quase não é eleito, Doria sai defenestrado, Alckmin é o vice do ladrão que quer voltar à cena do crime. O teatro das tesouras terminou. Alguém já sabe hora e local do enterro do PSDB?

Há, ainda, o choque de realidade entre narrativas e fatos. Ricardo Salles, por exemplo, teve o triplo de votos de Marina Silva em São Paulo, enquanto o delegado Saraiva, o marineiro que perseguiu o ex-ministro, não foi sequer eleito. O "Professor Papagaio", Marco Antonio Villa, que passou a campanha histérico xingando todo bolsonarista de nazista, não foi eleito.

Lição da noite: respeite o bolsonarismo. Você pode não gostar desses evangélicos caretas, desses ruralistas tacanhos. Mas hoje o principal muro de contenção da esquerda radical não é a centro-direita, ou a terceira via. É Bolsonaro, um líder extremamente popular. Respeite o bolsonarismo se você rejeita o lulopetismo!

Restam agora os desafios e as oportunidades para vencer no segundo turno:
Aliança com o União Brasil de ACM Neto na Bahia, que caiu na reta final e por pouco não fica de fora do segundo turno;
- Aliança com Zema em MG, que já deu sinais de que pretende apoiar Bolsonaro;
- NE: reduzir a enorme diferença de votos, comunicando melhor os feitos do governo (Auxílio Brasil, obras, resultados na economia);
- SP, RJ e RS ampliar a vantagem.

Vale lembrar do que está em jogo aqui, e também de que nosso adversário não costuma jogar dentro das quatro linhas. A filósofa petista chega a confessar:

Por fim, petistas como o imitador de focas depositaram no Nordeste a esperança de "salvar" o país. Eles basicamente admitem que o petismo explora a miséria tal como um parasita. Ou será que pensam que Ceará e Bahia são exemplos de qual Brasil queremos ter em vez de São Paulo e Paraná?

Por falar na Bahia, precisamos unir cientistas políticos, economistas, antropólogos e sociólogos, além de psiquiatras, claro, para explicar o estado que pariu nossa "máfia do dendê" na classe artística. Quase toda a diferença de votos no país vem dela…
O país está dividido. Está dividido moralmente, entre os que defendem o ladrão e os que defendem o combate à corrupção.  
Está dividido geograficamente, entre o sul que produz mais para o PIB e o nordeste que recebe mais transferências estatais
Está dividido politicamente, entre os que querem capitalismo liberal e os que miram nos exemplos da Argentina e da Venezuela.


Mas não é hora de esmorecer. Dá para virar esse jogo para presidente, mesmo desconfiando do processo eleitoral. Como já disse acima, agora é unir todo o Brasil decente contra o ladrão e seus comparsas!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo


quarta-feira, 17 de agosto de 2022

O teatro mequetrefe dos fantoches do sistema - Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Chega a ser hilário ver o grau de delírio na bolha jurídica! Por ossos do ofício, acompanhei quase na íntegra a cerimônia de posse de Alexandre de Moraes no comando do TSE. Escutar a rasgação de seda, os elogios exagerados, e as Fake News de que esse TSE estaria em total sintonia com o povo e que é orgulho nacional, quase me fez cair da cadeira de tanto gargalhar...

Mas não há a menor graça tal espetáculo, eis a verdade. Trata-se de um teatro mequetrefe de fantoches do sistema, cada um alimentando o ego alheio, flertando com a vaidade das autoridades poderosas ali presentes, sem qualquer compromisso com a verdade.

Justiça Eleitoral será célere, firme e implacável contra “fake news”, diz Moraes ao assumir TSE

Governo espera contratar mais R$ 100 bilhões em investimentos privados até o fim do ano

Finalmente descobri os maiores atributos de "Xande" para ocupar tal cargo: luta Muai Thai e torce pelo Timão. Mas dado o tamanho do troço, parece que não é um simples presidente do TSE, órgão administrativo que toca o processo eleitoral, que está assumindo, mas sim o imperador do Brasil. Ops!  "Somos a única democracia do mundo que apura e divulga o resultado da eleição no mesmo dia", disse Alexandre de Moraes, concluindo que isso é "motivo de orgulho nacional".  
Faltou explicar por que países tão mais ricos e desenvolvidos escolhem caminho alternativo, mais lento. Por ser também mais seguro e transparente?

Na bolha midiática, cúmplice desse teatro, os militantes estavam em polvorosa. Miriam Leitão escreveu: "A posse de Alexandre de Moraes no TSE, e o encerramento do mandato correto de Edson Fachin, está sendo uma forte defesa da democracia. O presidente Bolsonaro tem que ouvir tudo e ver todos os seus desafetos". Risos! Essa turma realmente acredita que basta falar em democracia para defende-la?

Mas não faltam "liberais" pregando voto em Lula, agora que está liberado pedir voto. Um deles, Pedro Menezes, disse que Lula é a única opção contra o "Chávez brasileiro", ignorando que é Lula quem sempre defendeu o modelo venezuelano.

Com medo de um golpe futuro imaginário, ele escolheu (sem esconder a empolgação) o ladrão do Foro de SP companheiro dos piores ditadores do continente, elegível por um golpe supremo
Nunca poderemos agradecer o suficiente a Bolsonaro pelo seu maior feito: fazer todos os petistas enrustidos saírem do armário e assumirem seu esquerdismo patológico em praça pública! Quanto "liberal" desmascarado!!!

Aliás, como sintetizou um seguidor meu, esse início de campanha foi bem simbólico e coerente: Bolsonaro foi na cidade onde teve uma segunda vida iniciada. Lula foi a um encontro com "juízes" que deram a ele uma segunda vida política, num malabarismo bizarro.

Por fim, ao ver juntos na cerimônia de posse de Alexandre os ex-presidentes Sarney, Lula, Dilma e Temer, sentados lado a lado, questionamos: como o Brasil conseguiu sobreviver apesar deles? Como ainda respiramos ares relativamente democráticos, não obstante tal passado podre? Isso é mesmo um enorme mistério!

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 14 de novembro de 2021

O ovo cru e o omelete - Alon Feuerwerker

Análise Política

Um aspecto tem passado algo despercebido em todo esse imbróglio sobre o novo valor do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família) e de onde virão os recursos: o assunto ter provocado a necessidade de aprovar uma emenda constitucional. Isso parece ter decorrido de dois fatores: a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre os precatórios e o teto de gastos ter sido lá atrás introduzido na Constituição.

Tudo sempre guarda alguma explicação, mas é bastante anômalo que decisões simples de governo tenham passado a depender de mudar sistematicamente a Constituição. É um sintoma de várias coisas, antes de tudo de ter caducado a ordem constitucional construída em 1988. [a Constituição cidadã caducou antes de outubro de 1988 = a partir de quando começou a conceder direitos sem a contrapartida dos deveres.] É sintoma também do grave enfraquecimento do Executivo. Uma tendência inaugurada pelas vicissitudes de Dilma Rousseff e acelerada no intervalo Michel Temer.

A eleição de Jair Bolsonaro representou um impulso à retomada da centralidade política do Palácio do Planalto, mas a tendência centrífuga retornou conforme o presidente se enfraqueceu devido aos próprios erros políticos, especialmente na abordagem da Covid-19. [em nosso entendimento,  o presidente Bolsonaro pode até ter pensado em errar em uma eventual abordagem da Covid-19, só que o Supremo ao conceder poderes supremos às autoridades locais, proibiu na prática e na teoria qualquer iniciativa do presidente da Repúblicano tocante a eventual combate à pandemia.
Impõe-se  perguntar: como poderia Bolsonaro tomar alguma iniciativa no combate à covid-19? tendo em conta que decisão do Supremo o proibiu de contrariar àquelas autoridades que, no afã do protagonismo, decidiam às cegas, sobre tudo e sobre todos, guiados apenas pelo interesse de se antecipar até mesmo a eventuais pensamentos do Chefe do Poder Executivo Federal? 
Outro erro atribuído ao presidente Bolsonaro foi nas alterações que buscou promover no 'estatuto do desarmamento', ao inicio do seu Governo, se valer de decretos para modificar leis = que lhe foram apresentados, não se sabe se por incompetência ou sabotagem, talvez nascida na Casa Civil, de apresentar decretos para alterar leis.
Várias tentativas de mudanças caíram, o que propiciou aos inconformados com sua eleição, chances de passar narrativas desautorizando  o presidente, que esquecendo  os sábios ensinamentos do poema "No Caminho com Maiakóvski, abriu espaço para muitas ações contrárias ao seu governo e que resultaram na situação atual, exposta adiante.] E chegamos à situação atual, quando mexer nos programas sociais depende de PEC, e a rotina diária dos ministros do STF supõe passar o tempo desfazendo o que o governo faz.
 
A situação agrada a quem está na oposição pois vai levando à progressiva paralisia governamental, e também neutraliza as teóricas vantagens operacionais da maioria congressual. 
 Antigamente, governar dava trabalho. 
Era preciso ganhar a eleição de presidente e formar base parlamentar sólida. Hoje em dia, basta eleger meia dúzia de deputados e recorrer ao STF quando o governo faz algo que desagrada à opinião pública. [sendo que muitas vezes a 'opinião pública' se resume a um punhado de deputados, integrantes de partidecos SEM noção, SEM votos, SEM representatividade, SEM nada e que acham que governar é judicializar qualquer coisa,  que entendam possa torná-los menores e mais inúteis.]

É uma situação confortável para quem, na política, não tem perspectiva de poder formal e regular, e também para quem mais influencia o ir e vir dos cordéis que movimentam a opinião pública. A dúvida é sobre a sustentabilidade. Um debate constante no Brasil é se as instituições estão funcionando. Estão funcionando sim, e funcionando tanto que o sistema de freios e contrapesos chegou ao estado da arte, com eficiência ótima: tudo travou.

A dúvida é como vamos sair da pasmaceira. Um caminho é sempre a eleição presidencial. O problema: faz muito tempo a humanidade já sabe como transformar ovo cru em omelete, mas a rota inversa é um mistério que permanece insolúvel, desde sempre, aos mais brilhantes cérebros científicos. É ilusão imaginar que bastará eleger alguém para “as instituições” recolherem-se à casinha.

Mas História não é Biologia ou Química. Na História, o omelete pode voltar a ovo cru. Geralmente, situações assim são destravadas por alguém que acaba cortando o nó górdio. Uma coisa é certa, como já foi dito: o cenário crônico de paralisia política, baixo crescimento econômico e travamento institucional não permanecerá indefinidamente. Alguma transição virá. Há apenas duas dúvidas: quem a fará e como.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

 

 

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

STF - A corte do fim do mundo - Gazeta do Povo

O Supremo Tribunal Federal resolveu declarar guerra ao governo federal. Grande novidade. Ele está guerreando contra o governo há anos, na cara de todo mundo – e não só contra o governo atual. Felizmente agora resolveu rasgar a fantasia e confessar que quer a ruptura. Melhor assim. Chega de dissimulação.

O presidente da corte, Luiz Fux, num discurso inflamado que oscilou entre o patético e o ridículo, disse que o STF estava cancelando unilateralmente a reunião que haveria entre os três poderes. Ótimo.  
Os ministros da suprema corte fazem política da hora que acordam à hora que vão dormir contra o presidente da República a quem já chamaram até de assassino. 
Agora ficarão mais leves para panfletar sob as togas sem ter que fingir que aquilo é uma alta representação judiciária.

As eleições de 2022 estão sob suspeita porque todas as perícias – da Comissão de Constituição e Justiça à Polícia Federal comprovaram a vulnerabilidade do sistema. Mas o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, vocalizando a posição política – repetindo: política – do STF desinforma reiteradamente sobre a segurança das urnas eletrônicas no sistema atual, afirmando tanto que não há vulnerabilidade, quanto que o processo é passível de auditagem.

Subsidiado por relatórios técnicos que não foram refutados por ninguém – com exceção da gritaria dos negacionistas o presidente da República passou a defender o aprimoramento do sistema de votação e aferição dos votos. Isto levou o STF e o TSE a uma guerra aberta contra essa proposta – porque, como se sabe, o nome do jogo é investir tudo no antibolsonarismo religioso, que dá muita manchete e espaço na TV. Eles acham que isso é poder. A história dirá se é mesmo.

Até simpatizante petista protagonizou campanha institucional do TSE – Barroso escolhe bem os símbolos da isenção para dizer que a urna eletrônica atual é segura. O próprio presidente do TSE passou a discursar dia sim outro também afirmando que o sistema é inviolável. Aí apareceu o que não podia aparecer de jeito nenhum: relatório da Polícia Federal mostrando que o sistema eleitoral foi invadido e violado em 2018.[invasão que foi confirmada em Nota Oficial do TSE, onde reconhece o acesso indevido.]

Pelo menos um invasor passou mais de seis meses dentro do sistema, a partir da captura de códigos fonte. Que tipo de fraude ele preparou lá (e outros que eventualmente tenham seguido o mesmo caminho) ninguém saberá porque o TSE apagou os arquivos que continham todos os registros do sistema nas eleições de 2018.

O presidente da República criticou a falsidade do ministro Barroso ao negar uma violação já constatada e reconhecida pelo próprio TSE. Aí veio a resposta ao feitio dos supremos companheiros: o TSE denunciou Bolsonaro por “fake news” e, surpresa, Alexandre de Moraes aceitou a denúncia enquadrando o presidente no famigerado inquérito do fim do mundo. Ainda bem que eles agora não precisam mais fingir que isso não é politicagem – viva a sinceridade.

Então é isso. O STF/TSE quer tirar Bolsonaro da eleição no grito, depois de ter colocado nessa mesma eleição, também no grito (ou no sussurro, como você preferir), o criminoso condenado Lula da Silva
Eles acham que bastam umas manchetes amigas tratando Lula como um homem bom, umas pesquisas providenciais dizendo que o ex-ladrão já está eleito e uma lavagenzinha de reputação por parte de FHC e outros sócios do clube dos ricos apontando sorridentes para o meliante que depenou o Brasil como se ele fosse uma “alternativa democrática”.
Será que basta isso? Talvez. Se bastar, você já sabe: o Brasil acabou. Quem sabe até pode ser uma boa mesmo transformar a nação em agremiação. Como diz o STF, chega de dissimulação.

O problema do STF não é com Bolsonaro. A corte esteve no centro do cerco ao governo Temer. Foi o palco da homologação em tempo recorde (Fachin) daquela delação arranjada de Joesley Batista – instruído pelo ex-braço direito do então procurador-geral Rodrigo Janot, que estava no front da armação com declarações tipo “enquanto houver bambu, lá vai flecha”. A delação acabou suspensa e Joesley preso, mas a mesma imprensa que trata hoje o STF como vítima do fascismo imaginário apoiou ostensivamente, por mais de ano, a tentativa de virada de mesa contra Michel Temer.

Até que enfim o STF admite que quer a ruptura. Antes tarde do que nunca. Como você já entendeu pelo exposto acima, ele aposta nela há bastante tempo. E você tem todo o direito de querer acreditar em eleições seguras com um árbitro desses. Mas tem um país inteiro saindo às ruas para dizer que sem auditagem do voto não vai dar. Essa imprensa que já conspirou contra dois presidentes finge que não vê o país nas ruas. E o clube dos ricos que manda nos altos burocratas do lobby (aqueles que envenenaram a comissão do voto auditável) finge que acredita na imprensa cega. Escolha a sua posição na foto. Se estiver com preguiça de afirmar a democracia, certamente terá um lugar quentinho na elite intelequitual que resolveu fingir que voto auditável é uma espécie de terraplanismo. Com tanto cínico saindo do armário cheio de charme você não há de ficar constrangido.

[Encerrando com duas perguntas que não podem calar:
-  Por que ser contra algo que pode tornar a votação mais segura?
- o que eles tem contra botar mais  uma tranca na porta da "urna"?
 
Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES