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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Operador ligado a Renato Duque assina acordo de delação premiada

Shinko Nakandakari é apontado como um dos intermediadores da Galvão Engenharia que pagavam propina ao ex-diretor da Petrobras 

O consultor Shinko Nakandakari fechou um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal na manhã desta quarta-feira. Ele é um dos onze operadores investigados na 9ª fase da Operação Lava-Jato, que desvendou o esquema de desvio de recursos e propinas pagas a políticos, diretores e gerentes da Petrobras. 
 
Segundo o delator Pedro Barusco, ex-gerente de Petrobras e subordinado a Renato Duque, diretor da área de Serviços na cota do PT, o valor das obras da Petrobras intermediadas por Nakandakari chegaria a R$ 4,36 bilhões. No total, pelo menos 87 obras foram prejudicadas pela corrupção que, segundo delatores, "fazia parte da relação" com fornecedores da estatal. 

Nakandakari trabalhou durante 16 anos na construtora Odebrecht, onde foi diretor até 1992, e é considerado peça importante na montagem do quebra-cabeça do esquema comandado por Duque, diretor da área responsável por licitação, execução e fiscalização de obras. 

Barusco listou 10 contratos que Nakandakari teria intermediado, fechados entre 2007 e 2010, a maioria para a Galvão Engenharia, sozinha ou em consórcio com outras empresas. Entre as obras estão edificações na Refinaria Abreu e Lima, unidades da carteira de diesel da Refinaria de Paulínia (Replan) e o gasoduto Cabiúnas, no Norte fluminense. A Galvão Engenharia nega que houvesse qualquer vínculo ou percentual de propina relacionado diretamente a contratos firmados com a estatal. 

O delator disse que, além da Galvão Engenharia, o Nakandakari teria intermediado o pagamento de propinas em obras executadas pela EIT Engenharia e Contreras. Segundo Barusco, Nakandakari lhe entregava a propina em dinheiro vivo em jantares ou drinks marcados em hotéis como Sofitel, Everest e Ceasar Park.

A delação de Shinko ainda precisa ser homologada no Supremo Tribunal Federal (STF). A colaboração do operador com os investigadores pode garantir benefícios, como redução de pena. O MPF comunicou a negociação e o início dos depoimentos à Justiça Federal de Curitiba.

Galvão Engenharia diz que foi extorquida
O executivo Erton Fonseca, da Galvão Engenharia, que está preso desde novembro passado na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, afirmou que foi extorquido por Nakandakari, que se apresentou como emissário de Duque. Ele teria sido orientado a fazer depósitos de propina na conta da empresa de Nakandakari, a LFSN Consultoria. Em depoimento à Justiça, Fonseca afirmou que cedeu à corrupção porque a Galvão Engenharia vinha sendo sucessivamente preterida, e o nome da empresa havia sido excluído da lista das “convidadas” a participar da licitação. 

Fonseca entregou notas de pagamentos feitos à LFSN num total de R$ 8,8 milhões da Galvão Engenharia entre 2010 e 2014. O último pagamento foi feito em junho passado, cerca de dois meses depois de a Operação Lava-Jato ter sido deflagrada. As notas têm valores entre R$ 115 mil e R$ 750 mil e o valor líquido da propina, descontados impostos, foi de R$ 8,3 milhões.
 
A assessoria de imprensa da Galvão Engenharia reiteirou que os pagamentos foram resultado de "extorsão e concussão", e que não houve pagamento para obtenção de contratos. Havia apenas ameaça de retaliação contra a empresa nos contratos em vigor.

Nakandakari: problemas também em obra em Viracopos
Shinko Nakandakari é ainda um dos denunciados num processo de improbidade administrativa envolvendo a construtora Talude, contratada pela Infraero para obras no aeroporto de Viracopos, em Campinas. O valor inicial do contrato, assinado em 2000, foi de R$ 13,892 milhões. Seis meses depois da assinatura, foi feito um aditivo de R$ 1,904 milhão. O segundo aditivo, de R$ 1.540.352,97, ocorreu em 2011. Para o Ministério Público Federal, não havia razões para firmar os aditivos, que tornaram a obra mais cara. O caso está na Justiça.

Em nota, a Odebrecht contestou a ligação de Shinko com a empresa. A empresa informa que o engenheiro deixou a empresa há 23 anos, em 1992, tendo ocupado o cargo de gerente . E que em nenhum momento “o engenheiro é citado por qualquer depoente ou testemunha como alguém que tivesse atuado em algum momento em nome da Odebrecht no contexto dos fatos investigados”.

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