"O PT certamente dirá que só houve panelaço porque as pessoas, agora, podem ter panelas". Ricardo Noblat
Quando pararem de culpar os suspeitos de sempre (que, segundo o PT, são os jornalistas) quem sabe conseguirão ver, através da poeira levantada por suas manobras desajeitadas, que o labirinto em que estamos metidos pode não ter saída? Que me desculpem os economistas, mas tenho sempre um pé atrás com planos econômicos. Fiquei traumatizada com o maldito Plano Collor e tenho a maior dificuldade em acreditar que alguém, por mais brilhante que seja, possa sentir-se suficientemente seguro para mexer com a vida de todos nós.
Estamos numa fase negra. Basta uma voltinha em cidade grande como o Rio para ver que o desemprego aumenta, que a fome cresce e que os sem-teto invadem as calçadas ao cair da noite. E, no entanto, foi agora que resolveram mexer com o seguro-desemprego e com o abono salarial, parte do ajuste fiscal. Se há necessidade de ajuste tão severo é porque houve uma esbórnia tremenda no governo Dilma I. Difícil para um leigo compreender: estava certo o ex-ministro Guido Mantega ou está certo o ministro Joaquim Levy? O mal é que, como sempre, o país só tomará conhecimento do acerto ou desacerto dos novos ajustes quando tudo isso já for passado.
Ate lá, percorreremos às cegas o labirinto. E entregues a quem? Ao PMDB! Você votou no PMDB para que ele envergasse a faixa presidencial? Não? Nem eu. Mas é sob essa batuta que o país marchará até 2018, pelo menos. Não precisa ser vidente para enxergar o ego de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) quando disse ontem, em plenário: “Houve uma vitória política de conseguir aprovar uma medida importante e que era simbólica. Eu não diria que o governo está com a base sólida para qualquer votação. Eu diria que se construiu uma maioria que passa a passar (sic) a mensagem de equilíbrio das contas públicas, uma maioria que ficou sensibilizada com o risco que o país teria se perdesse uma votação dessas”. O Globo, 7/5/2015
E do Senado, não veio nada? Veio, sim. O intrépido Renan Calheiros (PMDB/AL) declarou, a respeito do adiamento da aposentadoria dos juízes do Supremo Tribunal Federal de 70 para 75 anos, que pretende regulamentar o tema. “Sua intenção é submeter os ministros a nova sabatina, já que terão mandato adicional”. Ilimar Franco, O Globo, 7/5/2015.
Não é sensacional? Quanto á tão badalada reforma política, parece que morreu de inanição. Precisamos consultar o senador Sibá Machado para saber se ele suspeita que a CIA foi contra. Como vocês bem sabem, Sibá Machado tem um intelecto exuberante e sua cultura política é notável.
Do PSDB não falo. Esse desfaleceu. Sem panelaço que abafasse o ruído de seu desmoronamento...
Por: Maria Helena Rubinato, professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat
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