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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Procuradoria do DF abre investigação formal contra Lula por suposto tráfico de influência

Em abril, o GLOBO revelou que um ex-diretor Odebrecht levou o ex-presidente a um périplo por Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013

A Procuradoria da República do Distrito Federal (PR-DF) decidiu converter um procedimento preliminar de investigação, em procedimento investigatório criminal (PIC), para investigar suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tráfico de influência no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para induzir a instituição a financiar obras da Odebrecht no exterior. Com a medida, a procuradoria abre uma investigação formal contra o ex-presidente.

Em abril, o GLOBO revelou que o ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar levou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em um périplo por Cuba, República Dominicana e Estados Unidos, em janeiro de 2013. A viagem foi paga pela construtora e, oficialmente, não tinha relação com atividades da empresa nesses países.

A Procuradoria já recebeu informações solicitadas ao Itamaraty e de outros órgãos sobre o caso. Segundo a assessoria, os dados são sigilosos. Está sendo apurado se Lula pode ser responsabilizado por tráfico de influência internacional junto a agentes políticos estrangeiros, com o objetivo de beneficiar a construtora Odebrecht. Além da abertura de uma investigação, foi solicitado o compartilhamento de informações da Operação Lava-Jato.

O prazo para o procedimento preliminar aberto pela procuradora Mirella Aguiar, responsável pelo caso, estava perto do fim e havia duas possibilidades: arquivar o caso ou convertê-lo em PIC. A Procuradoria optou pela segunda opção. Ainda não há ação na Justiça. 
Durante o procedimento preliminar, foi investigado se Lula exerceu tráfico de influência no BNDES para induzir a instituição a financiar obras da Odebrecht no exterior. Com a instauração do PIC, é possível recorrer a procedimentos comuns numa investigação, como a quebra de sigilo. 

Investigado na Operação Lava-Jato, que apura principalmente irregularidades em contratos da Petrobras, Alexandrino foi preso em 19 de junho, por determinação do juiz federal Sérgio Moro. Ele é acusado por três delatores de ser operador de pagamento de propinas para a empresa no exterior. A relação oficial de passageiros do voo, obtida pelo GLOBO, mostra que ele era o único que não fazia parte do círculo de convivência de Lula.

O documento de solicitação do serviço, da Líder Táxi Aéreo, mostra também que o contratante exigiu discrição. No campo “passageiro principal” do formulário, o funcionário da Líder escreveu: “voo completamente sigiloso”. Para evitar que fosse vinculada ao fretamento, a Odebrecht usou uma de suas parceiras para pagar a despesa: a DAG Construtora, da Bahia.  Na viagem paga pela Odebrecht, Lula foi a um evento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre o clima, visitou o presidente da República Dominicana e falou no congresso de trabalhadores da indústria nos EUA.

OUTRO LADO
O Instituto Lula informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que recebeu com surpresa a informação sobre a abertura do inquérito porque entregou, na semana passada, as informações solicitadas pela procuradora Mirella de Carvalho Aguiar. O instituto considera que houve pouco tempo para a procuradora analisar o material repassado, considerado bem "extenso e detalhado".

A entidade afirma ainda entender fazer parte das atribuições do Ministério Público investigar denúncias e diz que irá comprovar a legalidade e a lisura de todas as suas atividades.
Em nota, a Odebrecht informou que mantém com Lula uma relação institucional de forma "transparente e condizente com a posição e importância de seu papel como ex-governante do Brasil". Segundo a empresa, ele foi convidado apenas para fazer palestras para empresários, investidores, líderes políticos e formadores de opinião "em eventos voltados a defender as potencialidades do Brasil e de suas empresas, bem como estimular o exercício pleno da democracia e a inclusão social aliada ao desenvolvimento econômico".

A Odebrecht sustenta que presidentes e ex-presidentes estrangeiros fazem a mesma coisa para promover os negócios de seus países. A empreiteira também informou que os financiamentos feitos pelo BNDES são regulares e seguem as leis brasileiras e de outros países, negando que tenham sido obtidos por meio da interferência de terceiros.

Fonte: O Globo



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