Este ano o
país só não perderá da Rússia, que está sob embargo
FMI vê Brasil com pior desempenho entre grandes nações em 2016
Fundo
está mais pessimista que economistas brasileiros
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira suas novas previsões
para o crescimento mundial, em seu encontro anual que acontece esta semana em
Lima (Peru). E, pelas projeções do Fundo, o Brasil deverá ter o segundo pior desempenho econômico entre
as maiores nações neste ano — perdendo apenas para a Rússia, que sofre
com a queda do preço do petróleo e com as sanções econômicas impostas após a
anexação de parte da Ucrânia. Em 2016, o Brasil estará na lanterna dos países mais relevantes. O Panorama da Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado pelo Fundo, prevê uma recessão
de 3% do PIB brasileiro neste ano e de 1% em 2016.
A piora nas projeções
do Fundo para o Brasil foram aceleradas: o FMI ampliou a previsão da
recessão brasileira em 1,5 ponto percentual desde o último levantamento,
feito em julho. Esta é a maior queda de
expectativas entre todas as grandes nações. Para 2016, o corte foi ainda maior, fazendo a expectativa do Brasil passar de alta de 0,7% no ano que vem
para a recessão de 1% em um intervalo de apenas três meses entre as
previsões. Novamente foi o país de maior redução nas estimativas econômicas.
Na
comparação com o levantamento de abril, o FMI cortou em 2 pontos percentuais a perspectiva
do resultado do Brasil neste ano e igual medida em 2016. “No Brasil, os negócios e a
confiança dos consumidores continuam a recuar em grande parte por causa da
deterioração das condições políticas, o investimento está declinando
rapidamente, e o necessário aperto na orientação da política macroeconômica
está colocando pressão descendente sobre a demanda interna”, afirma o
documento.
O FMI está mais
pessimista para o Brasil neste ano que os economistas locais, que segundo o Boletim Focus,
que capta semanalmente a análise dos economistas do mercado financeiro
brasileiro, esperam que o PIB caia 2,85%
neste ano. O Ministério do Planejamento divulgou no fim de setembro que espera
contração de 2,44% na economia neste
ano.
Dos
países destacados pelo Fundo, o Brasil é o único,
juntamente com a Rússia, que tem previsão de recessão em 2016. Para a economia russa, o WEO prevê queda de
3,8% (maior entre os países
destacados) neste
ano e de 0,6% no ano que vem. E a revisão deles foi mais suave:
sobre julho, queda de 0,4 ponto percentual em 2015 e 0,8 ponto percentual em
2016. Segundo o Fundo, o forte corte nas expectativas de resultado do Brasil nos
dois anos tem impacto negativo em toda a região, que deverá, com isso,
ter recessão neste ano, com queda de 0,3%. O pior resultado na América
Latina em 2015, contudo, será da Venezuela, que deverá ver sua economia retrair
em 10% neste ano e outros 6% em 2016, mas este país não está destacado entre as
grandes nações globais.
CORTE
PARA TODO O MUNDO NESTE ANO
O FMI
reduziu marginalmente a previsão de crescimento de todo o mundo para este ano,
passando de alta de 3,3% no levantamento de julho para 3,1% agora. Para 2016, a
queda também foi de 0,2 ponto percentual entre os dois levantamentos, ficando
em 3,6%. Segundo o documento, uma menor atividade na
China, a queda no preço das commodities (produtos básicos de cotação global, como
petróleo, minério de ferro e soja) e a expectativa
de alta dos juros nos Estados Unidos (que
devem atrair recursos para o Brasil, dificultando os investimentos em outras
partes do mundo) são as principais causas destes cortes de projeção.
“O crescimento econômico de curto
prazo ainda parece mais forte nas economias avançadas, em comparação com o
passado recente, mas mais fraco nas economias emergentes e em desenvolvimento
de mercado, que respondem por uma parcela crescente da produção mundial e ainda
representam a maior parte do crescimento mundial”, diz o documento.
ÍNDIA
SE DESTACA
Nos dois anos, o país que vai se destacar no
crescimento será a Índia, com alta
de 7,3% neste ano e de 7,5% em 2016. A China deve ter crescimento de 6,8% em
2015 e de 6,3% no próximo ano. O Fundo aumentou ligeiramente a previsão de
crescimento dos Estados Unidos neste ano para 2,6% (alta de 0,1 ponto percentual), mas reduziu em 0,2 ponto
percentual a perspectiva para 2016, quando
o país deverá crescer 2,8% segundo o WEO. Os países que adotam o euro devem crescer 1,5% neste ano e 1,6% em
2016, enquanto os países emergentes apresentarão, segundo o FMI, alta de 4%
agora e de 4,5% no próximo ano. “Seis anos após a mais grave crise da
economia mundial desde o pós-guerra , o ‘santo graal’ de uma expansão global
robusta e sincronizada permanece indefinida”, disse Maurice Obstfeld,
economista-chefe do FMI no documento.
“Apesar das diferenças consideráveis nas perspectivas específicas de cada país,
os riscos de redução para a economia mundial parecem mais acentuados que eles
fizeram apenas alguns meses atrás”, conclui.
“Para mercados emergentes e as
economias em desenvolvimento como um todo, nossa previsão é de que 2015 marcará
o quinto ano consecutivo de crescimento em declínio”, afirma o documento, que defende
o investimento em infraestrutura como forma de fomentar as economias emergentes
e a necessidade de fazer reformas de educação, trabalho e aumento da
produtividade.
COMMODITIES
TAMBÉM AFETAM RICOS
Obstfeld
afirmou que a queda no preço das commodities afeta também países ricos, como Canadá, Austrália e
Noruega, mas que o impacto maior será nas nações emergentes.
“Mas a tendência de queda nos
preços das commodities, que, como já observei, tem acelerado recentemente, está
tendo seus efeitos mais dramáticos na emergente e desenvolvimento exportadores
de commodities. Para este grupo de países — que agora representa bem mais da
metade do PIB mundial e ainda irá gerar a parte forte de crescimento mundial —
2015 o crescimento deverá cair para 4%, ante 4,6% de 2014. Esta taxa de
crescimento é muito menor do que o que vimos na recuperação da crise global, e
representa o quinto ano consecutivo de crescimento do PIB desacelerando nas
economias emergentes e em desenvolvimento”.
“Dito isto, nós tornaram-se
recentemente mais preocupado sobre os riscos potenciais de deterioração que
possam ameaçar essa recuperação — tanto mais porque alguns países têm espaço
político limitado para responder.
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