O presidente tem de romper inércia do estado. E, para que se crie tal Autoridade Federal, a sociedade brasileira terá de debater de onde sairão os recursos
É preciso
colocar os devidos pingos nos is nessa questão dos presídios. Por
determinação constitucional, isso a que chamamos segurança pública, que
inclui os presídios, está afeta quase totalmente aos Estados. A
responsabilidade da União nessa questão é pequena. Curiosamente, um país
que resiste tanto a ser uma federação está, em matéria de segurança,
bem próximo da balcanização, não é mesmo? Cada Estado executa a sua
própria política — ou a falta dela —, e o resultado é o que vemos. Se os
entes federados não se entendem, tanto melhor para os bandidos.
Vamos ser claros? A sociedade brasileira
cobra há muito tempo, de forma clara ou silenciosa — está à espera —,
uma resposta do governo federal para a questão da violência. Sucessivos
presidentes se protegeram dessa demanda alegando os limites
constitucionais — que, obviamente, podem e devem ser mudados, não é
mesmo? E é claro que a questão não se esgota
nas fronteiras da Carta. Presidentes fazem conta: ora, se a União abraça
essa questão, de onde vai tirar recursos para investir no setor, de
forma contínua, pelos próximos, deixem-me ver, vinte anos ao menos? Esse
dinheiro, hoje, não existe. Ocorre que os Estados também estão
quebrados, como evidencia a recente renegociação de suas dívidas.
Andei falando com muita gente nos
últimos tempos, mesmo de molho em razão do aneurisma, que mandei para
sempre para o Regime Disciplinar Diferenciado. Inclusive com os
militares que contam. A crime assume tal proporção e organização no país
que a questão deixou há muito de ser um problema de… segurança pública.
Estamos lidando, meus caros, é com um problema de segurança nacional.
Para onde isso nos leva? Sim, eu estou aqui a esboçar uma
proposta. O presidente Michel Temer tem de ter a coragem de criar uma
Autoridade Federal — não precisa ser um ministério, em moldes
tradicionais —, com mandato devidamente sancionado pelo Congresso
Nacional, com um sistema de “accountability”, para que haja o máximo de
transparência no acompanhamento das metas. Sim, senhores!, é preciso estabelecer um
prazo para zerar o déficit de vagas nos presídios, o que certamente
inclui medidas pontuais, como mutirões judiciais, por exemplo. Mas é
claro que ações de curto alcance não respondem ao desafio.
O presidente tem de romper a inércia dos
entes estatais brasileiros nessa área. E, para que se crie tal
Autoridade Federal, a sociedade brasileira terá de debater de onde
sairão os recursos para cuidar dessa questão. Em primeiro lugar, é
preciso que lhe sejam fornecidas as devidas informações. A guerra em curso entre PCC e Comando
Vermelho vai muito além de uma rixa de grupos do crime organizado. O que
essas facções disputam hoje é, vamos dizer, a verticalização do crime.
Cada uma delas domina áreas da distribuição e venda de drogas.
Agora,
estão disputando também o controle da produção em países como Bolívia e
Paraguai. É preciso cuidar disso agora, não mais
tarde. Vão sobrando as evidências de que os criminosos já compram
influência em setores do Judiciário, do Legislativo e mesmo do
Executivo, por intermédio de prefeituras. Em razão da decisão
destrambelhada do Supremo, que vetou a doação de empresas a campanhas, a
bandidagem já deitou e rolou nas eleições do ano passado.
[presidente Temer, permita aos editores do Blog PRONTIDÃO TOTAL uma modesta opinião, que certamente conta com o apoio da maioria dos nossos dois leitores: 'ninguém' e 'todo mundo': por favor, pare de tratar bandidos como pessoas de bem; esse que estão morrendo agora, executados por seus comparsas, podem parecer aos desavisados, aos incautos, que são vítimas inocentes, mas, são todos bandidos e estavam presos por crimes graves - muitos deles são piores dos que os assassinaram.]
[presidente Temer, permita aos editores do Blog PRONTIDÃO TOTAL uma modesta opinião, que certamente conta com o apoio da maioria dos nossos dois leitores: 'ninguém' e 'todo mundo': por favor, pare de tratar bandidos como pessoas de bem; esse que estão morrendo agora, executados por seus comparsas, podem parecer aos desavisados, aos incautos, que são vítimas inocentes, mas, são todos bandidos e estavam presos por crimes graves - muitos deles são piores dos que os assassinaram.]
Atenção! O dano é muito maior do que o
perigo aparente. Esse tipo de organização põe em risco — sim, senhores! —
o próprio regime democrático. De onde sairão os recursos? A sociedade
aceitaria pagar um imposto para financiar a segurança? Não? Então de
onde? Privatização de presídios e parcerias público-privadas são
instrumentos de gestão do sistema. Não respondem à demanda por recursos. É preciso dizer claramente aos
brasileiros o que está em curso e alertar para os riscos. Se a escolha
for deixar tudo como está, estão se trata de optar pelo pior.
Já não é só a segurança pública. É a segurança nacional.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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