Texto da “Veja” relata que a Agência Brasileira de Informação estaria investigando o ministro; a fonte não tem rosto.
Presidente do STF tenta blindar ministro, que está obrigado a explicar suas relações com a JBS
Quando convenceram a ministra Cármen
Lúcia a perder a modéstia, ela perdeu junto o juízo. Notem: juíza sem
juízo…Eis aí um descasamento explosivo.
Cármen Lúcia: usado pesos e medidas diferentes na defesa de ministros da Casa.
A VEJA publica na mais recente edição a
informação de que a Abin (Agência Brasileira de Informação) estaria
investigando os vínculos entre o ministro Edson Fachin e a JBS. Segundo a
reportagem, um ministro de Michel Temer teria passado a informação. Sem
se revelar. Em off, é claro! Por que um aliado do presidente passaria
uma informação como essa a um jornalista, ainda que verdadeira fosse?
Bem, vai ver se trata de um inimigo oculto, não é?, infiltrado no
governo.
Muito bem! O que fez a gloriosa
presidente do Supremo, aquela que coonestou — desculpe a expressão,
Nobre Senhora — a conspirata contra o presidente, que uniu Joesley
Batista, Rodrigo Janot e o próprio Edson Fachin. Ah, ela soltou uma nota
furibunda, ameaçadora, tonitruante. Já chego à nota de “Prima
Carminha”. Antes, algumas considerações.
FACHIN E O HOMEM DA MALA –
o então candidato ao Supremo Edson Fachin visitou o gabinete de
senadores, em busca de votos, em companhia de Ricardo Saud, o segundo de
Joesley. Saud era, ele o confessou, o homem da mala. Era quem operava
as safadezas em nome do patrão. A JBS comprava e vendia vaca, galinha e
porco. A Saud competia comprar e vender homens. Por que o sujeito que se
orgulhada de ser dono “da maior bancada do Congresso” andou pra cima e
pra baixo com Fachin? Aliás, um dado curioso: o então candidato era o
preferido da JBS e também de João Pedro Stedile, chefão do MST, que é,
até hoje, um de seus orientadores espirituais.
FACHIN E O JANTAR –
informei neste blog que Fachin participou de um jantar na casa de
Joesley, em companhia de Renan Calheiros, que começou às 21h e terminou
às 6h da manhã seguinte. Quando isso acontece em Dois Córregos, a minha
terra, a gente diz que a pessoa “pousou” em determinado lugar. Isto:
Fachin pousou na casa de Joesley. Só cometi um erro: disse que o
episódio se deu quando era candidato. Não! Ele já era ministro — e,
portanto, relator do petrolão.
[além das respostas as questões acima e que despertam, no mínimo, a curiosidade de milhões de brasileiros, outras questões permanecem presentes e sem resposta, entre elas:
- Fachin viajou de carona no avião do Joesley para encontro com Renan Calheiros?
- o que fundamenta ser Fachin relator da delação do Joesley que nada tem a ver com o Petrolão?
Entre as muitas notícias que circulam em Brasília, uma delas é que Temer está sendo aconselhado a indicar ainda este mês, talvez esta semana, o substituto para Janot - o mandato do atual procurador termina em setembro, mas a indicação pode ocorrer com antecedência e é da competência exclusiva de Temer, incluindo os critérios de escolha do indicado - medida que deixa claro ao atual procurador que em setembro ele é ex-procurador e como é público e notório, no Brasil, qualquer autoridade em final de mandato, sem possibilidade de receber nova função, tem dificuldades até para ser servida de um cafezinho.
A antecipação da indicação mostrará aos golpistas o óbvio: Temer continua presidente e mesmo que a Câmara autorize o STF a processá-lo - autorização que não será concedida - até setembro só DEUS retira Temer da presidência da República.
Janot perdeu.]
A antecipação da indicação mostrará aos golpistas o óbvio: Temer continua presidente e mesmo que a Câmara autorize o STF a processá-lo - autorização que não será concedida - até setembro só DEUS retira Temer da presidência da República.
Janot perdeu.]
Aí este senhor homologa as delações de
Joesley, Saud e toda a tropa, livrando-os de qualquer processo judicial?
E isso se deu justamente depois de atropelar a lei e aceitar em juízo
uma gravação clandestina contra o presidente, o que fere, de pronto, o
Inciso LVI do Artigo 5º da Constituição — uma cláusula pétrea. E essa é
apenas uma das ilegalidades da operação, que resultou na crise que
vivemos e na impunidade de Joesley.
Temer ligou para Carmen Lúcia negando a
investigação. O mesmo fez o general Sérgio Etchegoyen, chefe do Gabinete
da Segurança Institucional, ao qual está subordinada a Abin. Não
adiantou para aplacar a fúria de Prima Carminha. Ela soltou a seguinte
nota. Leiam. Volto depois:
NOTA OFICIAL
“É inadmissível a prática de
gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a Democracia
e contra as liberdades, se confirmada informação de devassa ilegal da
vida de um de seus integrantes.
Própria de ditaduras, como é
esta prática, contrária à vida livre de toda pessoa, mais gravosa é ela
se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente
inaceitável numa República Democrática, pelo que tem de ser civicamente
repelida, penalmente apurada e os responsáveis exemplarmente
processados e condenados na forma da legislação vigente.
O Supremo Tribunal Federal
repudia, com veemência, espreita espúria, inconstitucional e imoral
contra qualquer cidadão e, mais ainda, contra um de seus integrantes,
mais ainda se voltada para constranger a Justiça.
Se comprovada a sua
ocorrência, em qualquer tempo, as consequências jurídicas, políticas e
institucionais terão a intensidade do gravame cometido, como determinado
pelo direito.
A Constituição do Brasil
será cumprida e prevalecerá para que todos os direitos e liberdades
sejam assegurados, o cidadão respeitado e a Justiça efetivada.
O Supremo Tribunal Federal
tem o inasfastável compromisso de guardar a Constituição Democrática do
Brasil e honra esse dever, que será por ele garantido, como de sua
responsabilidade e compromisso, porque é sua atribuição, o Brasil
precisa e o cidadão merece.
E, principalmente, porque não há outra forma de se preservar e assegurar a Democracia.
Brasília, 10 de junho de 2017.
Ministra CÁRMEN LÚCIA
Presidente do Supremo Tribunal Federal
Comento
Como se nota, a presidente do Supremo repudia uma coisa que, “se comprovada”… É patético. Bem, eu, que tive uma conversa vazada com uma fonte — o que mostrou que tenho conversas respeitosas —, pinçada entre mais de 2 mil gravações, em razão de uma ordem dada por Fachin, sei bem o que quer dizer “O Supremo Tribunal Federal repudia, com veemência, espreita espúria, inconstitucional e imoral contra qualquer cidadão (…)”
Como se nota, a presidente do Supremo repudia uma coisa que, “se comprovada”… É patético. Bem, eu, que tive uma conversa vazada com uma fonte — o que mostrou que tenho conversas respeitosas —, pinçada entre mais de 2 mil gravações, em razão de uma ordem dada por Fachin, sei bem o que quer dizer “O Supremo Tribunal Federal repudia, com veemência, espreita espúria, inconstitucional e imoral contra qualquer cidadão (…)”
Ah, sabem quem também se manifestou? Ele! Rodrigo Janot, o homem que negociou com Joesley Folgadão. Escreveu o seguinte:
É com perplexidade que se toma conhecimento de suposta
utilização do aparato estatal para desmerecer um membro da mais alta
corte do país, que tem pautado sua atuação com isenção e
responsabilidade.
A se confirmar tal atentado
aos Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito, ter-se-ia
mais um infeliz episódio da grave crise de representatividade pela qual
passa o país. Em vez de fortalecer a democracia com iniciativas
condizentes com os anseios dos brasileiros, adotam-se práticas de um
Estado de exceção.
Há uma colossal diferença
entre investigar dentro dos procedimentos legais, os quais preveem
garantias aos acusados, e usar o aparato do Estado para intimidar a
atuação das autoridades com o simples fito de denegrir sua imagem e das
instituições a qual pertencem.
O desvirtuamento do órgão de
inteligência fragiliza os direitos e as garantias de todos os cidadãos
brasileiros, previstos na nossa Constituição da República e converte o
Estado de Direito, aí sim, em Estado Policial.
O Ministério Público
Brasileiro repudia com veemência essa prática e mantém seu irrestrito
compromisso com o regime democrático e com o cumprimento da Constituição
e das leis.
Retomo
O homem que usou uma gravação clandestina para obter de um ministro do STF autorização para novos procedimentos ilegais vem a público defender a investigação “dentro dos procedimentos legais”? Não é o mesmo senhor que escreveu um artigo no UOL defendendo métodos não-convencionais de investigação?
O homem que usou uma gravação clandestina para obter de um ministro do STF autorização para novos procedimentos ilegais vem a público defender a investigação “dentro dos procedimentos legais”? Não é o mesmo senhor que escreveu um artigo no UOL defendendo métodos não-convencionais de investigação?
O Planalto também divulgou uma nota oficial, a saber:
O presidente Michel Temer jamais “acionou” a Agência Brasileira de
Inteligência (Abin) para investigar a vida do Ministro do Supremo
Tribunal Federal Edson Fachin, como publicado hoje pelo site da revista
Veja. O governo não usa a máquina pública contra os cidadãos
brasileiros, muito menos fará qualquer tipo de ação que não respeite aos
estritos ditames da lei.
A Abin é órgão que cumpre suas
funções seguindo os princípios do Estado de Direito, sem
instrumentalização e nos limites da lei que regem seus serviços.
Reitera-se que não há, nem houve, em momento algum a intenção do governo de combater a operação Lava Jato.
Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
Encerro, mas volto
Xiii, há muita coisa a ser dita. E vou dizê-la nos próximos posts:
a: o que se tenta é impedir qualquer questionamento que diga respeito à estranha relação Fachin-grupo J&F;
b: outros ministros foram atacados, e Carmen Lúcia se calou;
c: falta demonstrar como Carmen Lúcia seria o caminho para reconduzir Janot à Procuradoria-Geral da República;
d: ninguém menos do que o chefe da Polícia Federal disse a Gilmar Mendes que, num mandato de busca e apreensão, havia orientação dos procuradores para que os agentes da PF achassem “coisas contra o Gilmar”;
e: e nada de Prima Carminha.
b: outros ministros foram atacados, e Carmen Lúcia se calou;
c: falta demonstrar como Carmen Lúcia seria o caminho para reconduzir Janot à Procuradoria-Geral da República;
d: ninguém menos do que o chefe da Polícia Federal disse a Gilmar Mendes que, num mandato de busca e apreensão, havia orientação dos procuradores para que os agentes da PF achassem “coisas contra o Gilmar”;
e: e nada de Prima Carminha.
Nesse embate, infelizmente, parece que a presidente do Supremo tem lado. E atua como protagonista. Seu papel, isto sim, hoje, era defender institucionalmente o TSE. Mas ela não faz isso. Seu “público” quer outra coisa.
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