Neta de Tancredo e irmã de Aécio, Andrea Neves ganhou fama no caso Riocentro
Ela socorreu capitão do Exército. Nos anos 80, a jornalista e principal assessora do irmão, agora presa em Minas no âmbito da Lava-Jato, ajudou a fundar o PT no Rio
[existe um ditado que diz que a JUSTIÇA DIVINA tarda mas não falha e que explica o castigo que Andrea Neves recebe agora - prisão preventiva por suspeita de ter pedido dinheiro a Joesley Batista e como sabemos a prisão preventiva no Brasil tem um pouco de perpétua, tendo em conta que uma das principais características da perpétua é que não se sabe quando termina e algumas preventivas no Brasil também não é sabido o término.
A prisão de Andrea - tudo indica não merecida - é a punição tardia, mas, merecida, por um crime que ela cometeu há mais de 20 anos = ajudou a fundar o PT no Rio e viajou a Cuba para prestar homenagens ao tirano Fidel...]
Principal assessora do senador afastado Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB, a jornalista Andrea Neves foi, na juventude, personagem de um dos episódios mais marcantes do final do regime militar no Brasil (1964-1985). Na noite de 30 de abril de 1981, mais de dez mil pessoas assistiam ao show "1º de Maio" em homenagem ao Dia do Trabalho e em protesto contra a ditadura, no Riocentro, no bairro de Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, quando uma bomba explodiu dentro de um Puma no estacionamento.A explosão no carro, de placa fria, matou o sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário, que estava no banco do carona, e feriu gravemente o capitão Wilson Luís Chaves Machado, socorrido por Andrea Neves, que iria participar do evento com o namorado.
Na ocasião, a neta do então senador Tancredo Neves (PP-MG) não sabia que se tratava de um oficial do Exército ligado a grupos de extrema direita interessados em frear o projeto de abertura política no ocaso da ditadura militar, conduzido pelo presidente-general João Figueiredo. Andrea Neves, que tinha 22 anos, ajudou a levar o capitão Wilson Machado para o hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Diante da falta de iniciativa das pessoas que estavam no estacionamento do Riocentro após a explosão - não havia ambulância -, e vendo Wilson Machado ferido, Andrea contou, segundo reportagem do GLOBO em 1981, que decidiu levá-lo em seu próprio carro, um Passat branco, junto com o namorado, ao hospital na Barra. Na ocasião, a iniciativa da neta foi eleogiada por Tancredo Neves.
Braço direito de Aécio, gravado no âmbito da Lava-Jato pedindo propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono do Grupo JBS, Andrea é formada pela PUC-Rio no início dos anos 80. Ela morou na cidade desde o início da década de 1970 até 1982, quando ambos, Aécio e Andrea, voltaram para Minas Gerais para trabalhar na campanha que elegeu o avô governador do estado.
Andrea surgiu na vida política militando no movimento estudantil de esquerda e ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT) no Rio. Antes de fazer campanha do avô e do irmão, pediu votos para o ex-deputado do PT fluminense José Eudes e viajou a Cuba, onde se encontrou com Fidel Castro, em 1985, em reunião contra a dívida externa organizada pelo PCB. José Eudes, por sinal, acabaria sendo expulso do PT por discordar da direção nacional do partido ao votar em Tancredo no Colégio Eleitoral, em 1985, que o elegeu presidente da República.
Em 2003, Andrea ocupou um importante posto na campanha eleitoral do irmão ao governo do estado, o de coordenadora de comunicação. Eleito, Aécio a nomeou para a chefia do Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas), uma associação civil ligada ao governo que desenvolve projetos sociais em parceria com a iniciativa privada. Desde então, dividiu-se entre a entidade e a chefia do Grupo Técnico de Comunicação do Governo, conselho que cuidava da imagem do governador, das secretarias, empresas e demais órgãos oficiais.
Discreta, de voz mansa, porém firme, Andrea cuidava da imagem de gestor de Aécio, blindando o irmão das acusações feitas pelos seus críticos, durante as duas administrações em que foi governador de Minas. Conforme reportagem publicada no GLOBO no dia 8 de novembro de 2009, Andrea foi criticada pelo Sindicato dos Jornalistas por tentar interferir no noticiário dos jornais do estado, o que ela nega. No Palácio da Liberdade e no PSDB, ela era tida como uma figura onipresente, que aconselhava e costurava acordos políticos nos bastidores, além de influenciar na escolha de dirigentes do partido em Minas. Outra missão era assessorar o irmão na formulação de políticas públicas.
Andrea Neves teve sua prisão preventiva decretada, cumprindo mandado de prisão expedido pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Ela foi presa pela Polícia Federal no dia 18 de maio de 2017, em sua casa num condomínio de alto padrão em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, dentro da Operação Patmos deflagrada a partir da delação do dono do Grupo JBS, revelada pelo colunista Lauro Jardim, do GLOBO. Andrea teria sido a responsável pela primeira abordagem ao empresário Joesley Batista, por telefone e via WhatsApp. A jornalista é suspeita de ter tratado com ele a entrega dos R$ 2 milhões a Aécio. A polícia divulgou foto de Andrea já fichada e usando uniforme de presidiária - ela foi levada para a penitenciária feminina Estevão Pinto, na capital mineira.
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