As
decisões do Tribunal Federal de Recursos da 4ª Região chamam a atenção pelo
rigor que sua 8ª Turma utiliza na reavaliação das condenações em primeira
instância dos casos da Operação Lava Jato, mas também dão margem a esperanças
por terem absolvido em duas ocasiões o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto,
depois de condenado pelo juiz Sérgio Moro. O
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha teria recuado de sua disposição de fazer
uma delação premiada por, entre outras coisas, ter esperança de que o TRF4 de
Porto Alegre o absolva. Está nas mãos também dos três juízes da 8ª Turma - os
desembargadores João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus – a
candidatura de Lula à presidência da República em 2018.
Condenado
em segunda instância, o ex-presidente ficaria inelegível pela Lei da Ficha
Limpa, mas haverá uma ampla batalha judicial para tentar mantê-lo na
disputa. Como já ressaltei aqui mesmo na coluna, além de não ser
automática, dependendo da decisão do colegiado, segundo o Superior Tribunal de
Justiça a condenação de segunda instância, se não for por unanimidade, não se
encerra antes que embargos sejam julgados.
Em
liminar deferida pela presidente Laurita Vaz ficou definido que “acórdão de
apelação julgado por maioria de votos não configura a confirmação da condenação
em 2ª instância para fins de aplicação da execução provisória da pena”. Ela
lembrou, ao julgar o recurso da defesa, que "na hipótese não se afigura
possível a imediata execução da pena restritiva de direitos, pois, embora já
proferido acórdão da apelação, o julgamento se deu por maioria de votos, o que,
em tese, possibilita a interposição de embargos de declaração e
infringentes." [mesmo que na Banânia um criminoso multiprocessado igual ao Lula ainda tenha direito a apelar para instâncias superiores, ela jamais será presidente da República e a razão é das mais simples: NÃO SERÁ ELEITO - CONFIRA AQUI.
Assim, mesmo que seus advogados consigam protelar uma sentença definitiva, o veredito do povo - embora permaneça válida a sábia afirmação do Pelé: 'o provo brasileiro não sabe votar' - será pela morte política definitiva do Lula.
Outro ponto a ser considerado é que Lula responde ainda a meia dúzia de processos - e outros virão - e sendo condenado em todos, serão tantas as condenações a depender de recurso que uma ou duas serão confirmadas por unanimidade.
Lula, o desejo de coração de todos os brasileiro é que você tenha vida longa e lúcida para que possa cumprir longa sentença de prisão. ]
Mesmo que
a Lei da Ficha Limpa se refira a condenação em segunda instância, não a
embargos, existe a possibilidade de a defesa do condenado afirmar que se o STJ
decidiu que o fato de ainda caber embargos infringentes significa que a segunda
instância não foi esgotada, só se considera que há uma condenação em segunda
instância quando esgotados todos os recursos cabíveis.
Todos
esses recursos darão condições à defesa de Lula para postergar uma decisão
final, tentando chegar a 15 de julho do ano que vem, quando começam, pela
legislação eleitoral, as convenções para definir os candidatos. Há
interpretações jurídicas de que, a partir da candidatura oficial registrada no
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não é possível mais embargá-la pela Lei da
Ficha Limpa, embora o próprio TSE tenha definido que um candidato pode ser
impugnado até mesmo depois de eleito.
Como a
média de tempo para uma decisão do TRF-4 tem sido de 10 a 12 meses, e a
condenação de Lula chegou na corte de apelação somente 40 dias depois da
sentença do juiz Sérgio Moro ter sido exarada, isto é, a 23 de agosto deste
ano, é possível prever que a decisão da segunda instância deve se dar entre
junho e agosto do próximo ano, em plena campanha eleitoral.
O
ex-ministro José Dirceu teve sua sentença de segunda instância definida 15
meses depois de ser sido condenado pelo juiz Sérgio Moro. Como na maioria dos
casos, o TRF4 aumentou a pena dele em 10 anos. O Tribunal Regional Federal da
4ª Região (TRF-4) tem por norma determinar a prisão dos condenados em segunda
instância, mesmo sendo essa decisão facultativa de acordo com a decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF).
Dirceu
continua em liberdade, com tornozeleira eletrônica, pois pode fazer recurso no
próprio TRF4. Depois poderá recorrer a instâncias superiores, mas provavelmente
da cadeia. Os desembargadores do TRF4 aumentaram em 218 anos o tempo de prisão
estipulado pelo juiz Sergio Moro desde o início da Operação Lava Jato, em
fevereiro de 2014.
Pelas
últimas estatísticas, 18 penas foram mantidas e 28 aumentadas. Em 11 vezes a
pena foi diminuída, numa redução de 73 anos de prisão em relação às decisões da
primeira instância em Curitiba. Em nove casos a absolvição foi mantida, e três
absolvições anularam as sentenças do Juiz Sérgio Moro, sendo o mais notório dos
casos o do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
Fonte: Merval Pereira - O Globo
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