Câmara vota denúncia contra Temer; é mais vigarista do que a 1ª, mas golpistas estão inquietos
Será um resultado muito bom se o governo conseguir mais votos favoráveis do que contrários. E se estará diante de um número excepcional de houver um empate com a votação de 2 de agosto
[divertido será ver aquela dupla de senadores - um aquele sem projeto, de um estado do Norte e o outro de um partido que apesar do nome não pode nada.
Juntando os dois mais aqueles dois deputados do Rio, certamente vão impetrar um mandado de segurança exigindo que uma liminar mande contar em triplo os votos contra o presidente Temer.
Mais uma vez a oposição pode rebolar, pular, miar, falar grosso ou fino e não vai conseguir os 342 votos necessários - eles é que tem que carregar o fardo de colocar em Plenário, NO MÍNIMO, 342 deputados - ou não tem votação.
O negócio é tão difícil - vida de golpista incompetente é complicada - que mesmo a oposição conseguindo colocar 350 deputados em Plenário, quando Temer tiver o NONO voto a seu favor, pode encerrar a votação = TEMER permanece presidente.]
A Câmara vota hoje o relatório do
deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) sobre a segunda denúncia
apresentada por Rodrigo Janot, então procurador-geral da República,
contra o presidente Michel Temer e dois de seus ministros: Eliseu
Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral). Temer é
acusado de obstrução da investigação, e os três, de integrar organização
criminosa. Entre as votações da primeira e da segunda denúncias, vieram
a público os áudios que indicam as tramoias que resultaram na delação
de Joesley Batista e sua gangue, a atuação ilegal do então procurador
Marcelo Miller e as inverdades contadas por Rodrigo Janot sobre a
participação da Procuradoria-Geral da República nos preparativos que
resultaram na denúncia, o que é ilegal.
A votação desta quarta deveria ser um
passeio sem surpresas para o governo. E, no entanto, não será assim. É
claro que o movimento anti-Temer, incluindo fatias do lamentável PSDB,
não granjeará os 342 votos contra o relatório. Mas será um resultado
muito bom se o governo conseguir mais votos favoráveis do que
contrários. O Planalto estará diante de um número excepcional de houver
um empate com a votação de 2 de agosto (263 a 227), e se assistirá a um
verdadeiro milagre caso se supere, em favor de Temer, a marca anterior.
Os realistas falavam, na noite desta terça, em 260 adesões ao texto de
Andrada. Os otimistas chegavam a 270. Vamos ver.
Essa dificuldade, por si, já é um
escândalo. As duas denúncias são picaretagens jurídicas de Janot. Mas a
de agora é ainda mais frágil. Ancora-se um tanto, mas pouco, nas
acusações dos irmãos Batista, com a credibilidade que têm, e em grande
parte na delação de Lúcio Funaro. Este, por sua vez, atribui todas as
flechas de bambu contra Temer a coisas que lhe teriam sido relatadas por
Eduardo Cunha. É uma vergonha que aquela porcariada tenha sido
homologada por Edson Fachin, o relator ilegítimo do caso no STF. É uma
vergonha, mas não uma surpresa.
E por que o governo pode encontrar mais
dificuldades agora do que antes? Porque as forças do “Fora Temer”,
especialmente da imprensa — e do grupo Globo em particular — não
sossegaram. Ao contrário. À medida que o maior grupo de comunicação do
país percebeu que, pela primeira vez, desde 1964, havia o risco de se
manter no poder um governo que estava fora de sua, digamos, alçada,
foi-se qualquer noção de pudor. É bem verdade que os vazamentos que
resultaram na primeira denúncia ainda serão um dia matéria de interesse
científico. Apostou-se, então, tudo na segunda.
As inabilidades dos açougueiros de
casaca com os gravadores e o trabalho da banda séria da PF desmontaram a
farsa da primeira denúncia. Sim, tudo caminhava para que a segunda
transcorresse sem contratempos. Mas se estava aquecendo o ovo de
pequenas serpentes, que terão vida política curta, podem apostar. Uma
delas se chama Rodrigo Maia. Nunca antes na história do deputado — e
nunca depois, podem apostar! — ele concedeu tantas entrevistas. As mais
bombásticas sempre a veículos do grupo… Globo!
Em todas, sem exceção, e se somem a isso
suas quase-coletivas destrambelhadas, exigia ser reconhecido como o
condestável da República, o donatário do mandato de Temer, o seu
verdadeiro senhor. Chegou ao cúmulo de cobrar elogios e rapapés por não
ter aderido àqueles que tentaram derrubar o presidente. Cada um faça o
juízo que quiser. Asseguro que tentou, sim. É que foi incompetente para
isso. No dia 5 de outubro, escrevi aqui e comentei na TV:
“Maia quer derrubar Temer
agora? Não! Acho que ele e alguns golpistas, seus amigos e
interlocutores, agora se empenham apenas em fabricar um placar mais
apertado do que o da votação anterior. Afinal, o Brasil está em franca
recuperação econômica, em razão de medidas adotadas pelo governo, e não
se deve dar àquele que tentaram derrubar em uma semana a chance de se
recuperar.”
Ainda nesta quarta, indagado sobre suas relações com Temer, afirmou: “Em política, não tem amiguinho. Muito menos para sempre”. Que grande pensador! Que grande moralista! Em política, em suma, há interesses. Quais são os desse patriota? Também contou na crispação política a divulgação ilegal dos vídeos com os depoimentos de Funaro. Não!
Nada
que, se relevante fosse, ainda que falso, não estivesse na denúncia. Mas
sempre é constrangedor ouvir e ver um picareta a disparar acusações.
Note-se, à margem, que, de todo modo, essa denúncia só prosperou porque o
STF, que interfere até na forma como o Congresso decide fazer suas
votações, se negou a enviar para o lixo uma denúncia que fere
frontalmente o Artigo 86 da Constituição, que impede que o presidente
seja responsabilizado, no curso de seu mandato, por eventos estranho a
este, ainda que verdadeiros. Curioso esse Supremo, né? Nega existir
jurisdição para o que está explícito na Carta e a declara para o que não
está.
E tome pancadaria! Mas o fato é que os
que querem a deposição de Temer não conseguirão os 342 votos
necessários. O presidente continuará no cargo. Muito se especula sobre o
que virá depois. Uma coisa é certa. Tudo fica mais fácil sem a espada
na cabeça. Aguardem e verão.
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