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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Polícia Federal perde para 'operador' de 810.000.000.000 x ZERO na guerra das senhas

PF testa 810 bilhões de senhas, mas não abre arquivos de operador do PMDB

A Polícia Federal relatou ao juiz federal Sérgio Moro que, após 8 dias ininterruptos de 'ataques de força bruta', não obteve êxito na tentativa de descriptografar documentos sobre offshores de Jorge Luz, que confessou intermediar propinas ao partido 

Após 810 bilhões de tentativas frustradas, a Polícia Federal encerrou relatório sem conseguir acessar arquivos dos operadores Jorge e Bruno Luz, que confessaram pagamento de R$ 11,5 milhões em propinas a peemedebistas oriundos de contratos da Petrobras. A perícia sobre os documentos, que foram entregues pela própria defesa dos empresários, se encerrou após oito dias ininterruptos de testes com o fim de descriptografar arquivos referentes às offshores usadas por eles para o intermédio de vantagens indevidas.

Jorge e Bruno Luz são acusados de atuar junto aos lobistas Fernando Soares e Julio Camargo na operacionalização de propinas de R$ 15 milhões a políticos do PMDB oriundas da contratação do navio-sonda Petrobras 10.000 do estaleiro coreano Samsung ao custo de US$ 586 milhões entre 2006 e 2008. Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Jorge confessou pagamento de R$ 11,5 milhões aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), ao ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Silas Rondeau, e ao deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE). Os repasses teriam ocorrido em contrapartida do suposto apoio dos políticos para fortalecer os ex-diretores da área Internacional Nestor Cerveró e de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, na estatal, após solicitação de Fernando Soares, em 2005.

Em uma planilha entregue à Justiça Federal do Paraná, em agosto de 2017, Jorge Luz identifica US$ 418 mil dos R$ 11,5 milhões em propinas que confessou ter intermediado aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), ao ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula, Silas Rondeau, e ao deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE). Na mesma petição, ele entregou registros de entrada na Petrobras nos quais constam que ele entrou na estatal acompanhado do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) pelo menos três vezes para visitar os ex-diretores da Petrolífera Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró, delatores da Lava-Jato.

O operador do PMDB admitiu ser o controlador da Offshore Pentagram, apontada pelo Ministério Público Federal como uma titular de conta na Suíça utilizada para os repasses aos parlamentares do partido e lavagem de dinheiro. A defesa de Luz ainda entregou a Moro dois arquivos criptografados com os nomes 'CT Pentag ram vs Cap Dupell - Schahin.pdf.pgp' e 'CT Pentag ram vs Casablanca - Schahin (com carta de aceite).pdf.pgp', e admitiu que não conseguia abrir em razão da senha que os protegia. Os defensores pediram perícia sobre os documentos.

Moro ponderou que 'o conteúdo dos arquivos, dois contratos entre off-shores da Schahin com off-shore de Jorge e Bruno Luz, não parece fundamental para o julgamento, uma vez que os envolvidos confessaram, em princípio, os fatos', mas, mesmo assim encaminhou 'a mídia à Polícia Federal solicitando que seja verificada a possibilidade de acessar os arquivos e devolvê-los sem criptografia até 14/08'.

Em relatório ao magistrado, o perito criminal Henrique Bogo comunicou que os arquivos do operador 'foram processados no cluster de alto desempenho disponível neste SETEC/PR', que é capaz de efetuar 'grande quantidade de cálculos matemáticos e possibilita, com a utilização de aplicativos específicos, a realização de ataques criptográficos ou por força bruta em arquivos cifrados'.

"Foram realizados ataques de força bruta e com dicionários disponíveis no aplicativo de quebra de senhas. Estes ataques foram realizados por cerca de 8 dias, totalizando cerca de 810 000.000.000 (oitocentos e dez bilhões) de combinações distribuídas entre todos os arquivos, porém sem sucesso", concluiu.
 
Defesas
Com a palavra, Jader Barbalho:

"O senador Jader Barbalho diz que nunca teve conta na Suíça e que cabe a Jorge Luz provar ao juiz os depósitos, o número da conta e as datas. Também diz que conhece Jorge Luz, mas jamais teve algum tipo de negócio. Diz ainda que isso é declaração de criminoso que deve ser investigada pela Justiça".

Com a palavra, Renan Calheiros

"O senador Renan afirma que conheceu Jorge Luz há mais de 20 anos e desde então nunca mais o encontrou. Diz ainda que não conhece nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao juiz Sergio Moro como testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu nome é totalmente infundada".

Fonte: Correio Braziliense 

 


 

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