Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Presidente opta por indicar Flávio Dino ao STF e deixa dúvidas sobre o futuro da pasta e da luta contra a criminalidade no país
Foram nos longínquos tempos da República Velha, há mais de cem anos, a última vez em que o Senado barrou uma indicação do presidente ao STF.
A tradição tem tudo para ser mantida na República Lula 3, mas a aprovação do nome de Flávio Dino ao Supremo, na sabatina prevista para a próxima quarta, 13, vem exigindo um esforço acima da média não apenas do Palácio do Planalto e de sua base política, mas também de alguns integrantes da Corte, de forma a evitar uma surpresa, por mais improvável que seja.
Tão importante quanto garantir esse aval será a escolha de quem assumirá o Ministério da Justiça, sendo que essa substituição ocorre em meio a uma grave crise de segurança no país.
À frente da pasta, Dino fez muito barulho com o lançamento de planos pirotécnicos de combate à criminalidade, que tiveram a eficácia de tiros de festim — avaliação compartilhada até mesmo dentro de núcleos importantes do PT.
Se não bastasse, o estilo espalhafatoso do ministro jogou no colo do Palácio do Planalto a responsabilidade sobre o problema, deixando por ora em segundo plano o papel fundamental dos governos estaduais nessa questão. “Foi um dos maiores erros políticos do Dino”, diz um aliado bastante próximo ao presidente.
Esse protagonismo resultou, de fato, em um autêntico tiro no pé. Conforme mostram algumas pesquisas, a sensação de insegurança nunca foi tão grande. Em setembro, o Datafolha constatou que, ao lado de saúde, a violência aparece em primeiro lugar entre as maiores preocupações da população.
Mais recentemente, uma sondagem do instituto Atlas Intel apurou que 60,8% consideram “criminalidade e tráfico de drogas” como os maiores problemas do país, enquanto 41% consideram “péssima” a atuação federal em relação à segurança pública. O mesmo levantamento indica que a aprovação a Lula caiu de 52% para 49,6% entre agosto e novembro, enquanto a avaliação do governo como “ruim” ou “péssimo” foi de 42% para 45%. “Pela primeira vez, o item aparece como o maior desafio a ser enfrentado pelo país”, diz Andrei Roman, CEO do Atlas Intel.
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O esforço para federalizar o combate ao crime não parou por aí. Outra medida controversa foi a inédita aplicação da Garantia da Lei e da Ordem em portos e aeroportos do Rio e São Paulo, alvo de críticas de especialistas por obrigar os militares a atuar no combate ao tráfico de drogas, algo para o qual não foram treinados. “O Ministério da Justiça acelerou o ritmo das ações operacionais neste ano. É onde estão a força e a fraqueza da atuação de Dino na pasta”, afirma o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima. “Alguns governadores perceberam que o Ministério da Justiça chamou para si a responsabilidade e jogaram a batata quente no colo do governo federal”, completa ele.
Em outras palavras, as ações promovidas tiraram do alvo principal das críticas os governos estaduais. Em novembro, Cláudio Castro recriou uma secretaria para a área após sugestão do ministro Flávio Dino, que desejava um canal direto de interlocução. Pesquisadores, no entanto, afirmam que, mais do que pastas, o que falta na relação do governo federal com os estados é uma integração constante e efetiva entre as polícias e um plano de atuação conjunto que considere os índices criminais de cada região. A percepção é que o ministério virou um balcão de serviços para os estados, fornecendo ajuda de varejo escamoteada como ação coordenada, mas que pouco resolve na prática. “O Rio tem mais de 55 000 homens, somando as polícias Militar e Civil. Está na cara que não precisa de 300 agentes da Força Nacional”, afirma o ex-secretário nacional de Segurança Pública e coronel da reserva da PM paulista José Vicente da Silva.
As ações muitas vezes desarticuladas de combate ao crime organizado encontram do outro lado quadrilhas cada vez mais armadas, especializadas e com maior abrangência territorial.
Décadas de descaso do poder público resultaram no fortalecimento de máquinas que hoje dominam o tráfico internacional, transformando o país num dos importantes entrepostos de envio de drogas e armas à Europa. Além disso, impõem verdadeiro estado de sítio à população das grandes, médias e até pequenas cidades, num processo de interiorização de suas atividades.
Em paralelo, observa-se o crescimento das milícias que dominam boa parte das atividades nas comunidades onde atuam, restringindo a cidadania e espalhando o terror.
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Na Amazônia Legal, a histórica disputa por território na imensa área de 5 milhões de quilômetros quadrados ganhou contornos extremamente violentos desde que as principais facções do Sudeste — PCC e Comando Vermelho — romperam e passaram a rivalizar com grupos locais e internacionais pelo controle do tráfico internacional de drogas e de outras ilicitudes, como o garimpo em terras indígenas, a pesca ilegal e a exploração sexual. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, ao menos 22 quadrilhas atuam em 178 dos 772 municípios dentro e fora da floresta. É ali que a quantidade de mortes violentas intencionais, como homicídios dolosos e latrocínios, cresceu em 2022. O índice por 100 000 habitantes chegou a 33,8, quando a média nacional ficou em 23,3. Ou seja, 45% a mais. O mesmo estudo mostra que o número de assassinatos avançou 7,3% nas cidades rurais no ano passado. Já nos municípios considerados urbanos também houve alta, mas menor, de 0,8%.
Boa parte das estatísticas já vinha piorando há mais tempo e, durante a transição do governo Bolsonaro para o de Lula, a equipe responsável pelo plano de segurança se impôs a tarefa de tentar quebrar o estigma de que partidos como o PT, ao chegar ao poder, mostram-se lenientes com bandidos, em nome das políticas de direitos humanos. Agora, diante do complicado cenário atual, é inevitável que a dificuldade enfrentada historicamente pelos governos de esquerda nesse campo seja explorada pelos adversários na eleição de 2024. Para alas importantes do PT, a passagem de Dino pelo Ministério da Justiça forneceu munição aos opositores. “Não deixou nenhum legado”, critica um dos aliados do governo.
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Os nomes aparecem acompanhados de argumentos que vão desde necessidade de apoio político até o aumento da representação feminina ou de partidos apoiadores do governo. Mas o importante é que seja um nome qualificado para fazer frente a um dos principais problemas enfrentados pela sociedade.
Embora não seja de uma ação sob a responsabilidade do governo federal, não é possível aceitar episódios como o vivido pelo empresário Marcelo Benchimol, de 67 anos. Ele caminhava pela calçada de Copacabana, no Rio, quando viu uma senhora sendo assaltada. Ao tentar protegê-la, foi roubado e agredido por dois homens até desmaiar. “Eu fico chateado porque não sei se isso tem final. Se prenderem esse grupo, outro vem e assim por diante”, desabafou o empresário, resumindo um pouco o desalento que toma conta do brasileiro.
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Outro caso de relevância global foi a política da “Tolerância Zero” em Nova York, promovida pelo prefeito Rudy Giuliani entre 1994 e 2001. Baseado na ampliação do policiamento, fortalecimento da autoridade policial e endurecimento das penas, o modelo entregou uma drástica diminuição de 61% dos homicídios e 44% da criminalidade em uma cidade assolada pela violência nos 1970 e 80. “É possível se inspirar em políticas de segurança pública de outros países, mas não se pode importar um modelo generalizado. É preciso realizar estudos regionais e locais, com foco nas zonas mais vulneráveis, para implementar projetos mais eficientes”, avalia Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP. Mas algo precisa ser feito. O presidente e outras autoridades precisam definitivamente parar de tratar de forma errática e demagógica um tema tão sensível e complexo. Afinal de contas, os brasileiros merecem ter paz — e segurança.
Dois artigos exibem o mosaico humano composto de 16 primeiras-damas do Brasil
As primeiras-damas: Ruth Cardoso, Maria Thereza Goulart, Marisa Letícia da
Silva, Michelle Bolsonaro e Janja da Silva | Foto: Montagem Revista
Oeste/Agência Brasil/Reprodução/Shutterstock
No quadro de Gustave Hastoy, o marechal que proclamou a República está prestes a assinar a primeira Constituição do novo regime. Empunhando a caneta, Deodoro da Fonseca é contemplado por 15 homens e uma mulher. Só ela está de costas. O rosto de Mariana da Fonseca é o único que o pintor ocultou.
Por ser casada com quem era, ela participou da cerimônia.
Mas em 1891 as brasileiras não votavam, não podiam meter-se em disputas eleitorais e aprendiam desde a infância que política não era coisa para mulheres.
Mesmo que fosse casada com o chefe de governo, uma mulher não tinha rosto. Durante a República Velha, aliás, ninguém chamava de primeira-dama a esposa do chefe da nação. A expressão passou a ser usada depois que os vitoriosos comandantes da Revolução de 1930 estenderam às brasileiras o direito de votar e ser votada.
A linhagem foi inaugurada pela gaúcha Darcy Sarmanho Vargas, que na primeira passagem de Getúlio pelo poder demarcou o campo de ação em que agiria: concentrou-se em programas sociais que ampliaram a força do marido entre eleitores pobres. Entre 1930 e 1945, e depois no governo constitucional de Getúlio, ela dividiu-se entre a administração de assuntos domésticos e a gestão de entidades como a Legião Brasileira de Assistência ou a Casa do Pequeno Jornaleiro. Darcy também ensinou que, na vida de uma primeira-dama, o triunfo pode ser a antessala da tragédia — ou o contrário.
Em menos de dez anos, foi testemunha e protagonista da deposição do marido, em 1945, da volta ao poder, em 1950, e do suicídio, em 1954.
Como Getúlio, que era mais sensível ao que ouvia da filha Alzirinha do que lhe dizia Darcy, Jair Bolsonaro parece ter encontrado nos filhos os consultores favoritos.
Mas nenhuma alteração no projeto da Nova Previdência foi acolhida com tanto entusiasmoquanto a supressão do tópico segundo o qual deficientes físicos e intelectuais deixariam de receber o benefício da pensão integral depois da morte dos pais. “Pedidos da primeira-dama são irrecusáveis e inadiáveis”, decretou o marido de Michelle.
A voluntariosa mulher do presidente da República mostrou que não seria uma figura decorativa já no dia da posse, quando recorreu à Língua Brasileira de Sinais (Libras) para discursar antes do primeiro pronunciamento do novo presidente. O episódio incluiu Michelle no diminuto grupo das primeiras-damas que ultrapassaram a fronteira riscada por Eloá do Valle: “Política é coisa para os homens”, conformou-se a mulher de Jânio Quadros.
A maioria das primeiras-damas adotou a doutrina da pouca interferência em questões políticas. Nem por isso escaparam de tempestades que não provocaram, e todas constataram que, no Brasil, o casamento com o nº 1 está longe de configurar um passaporte para o paraíso. Casada com Michel Temer, a paulista Marcela percorreu uma trajetória extraordinariamente menos atormentada que a imposta pelo destino à fundadora da linhagem. Livre de pequenos jornaleiros, pôde estabelecer uma rotina resumida numa capa da revista Veja: bela, recatada e do lar. Em contrapartida, a saga de Maria Thereza Goulart confirmou que o percurso entre o céu e o inferno, cronometrado pelo relógio da História, pode ser vencido num punhado de segundos.
Maria Thereza tinha 15 anos quando virou namorada do conterrâneo de São Borja que, a caminho dos 40, já fora ministro do Trabalho do governo Vargas e herdaria parte do espólio eleitoral de Getúlio.
Ainda era adolescente quando se casou com o vice-presidente da República. Acabara de passar dos 20 quando a renúncia de Jânio Quadros a transformou em primeira-dama.
Foi a mais jovem, bela e injustiçada das primeiras-damas do Brasil. O rosto anguloso e a expressão tristonha de miss no desfile de despedida ornamentaram incontáveis capas de revistas e fizeram suspirar tanto figurões nativos quanto dignitários estrangeiros.
Maria Thereza nem chegara aos 30 na madrugada de 2 de abril de 1964, quando soldados invadiram a Granja do Torto, onde vivia em Brasília, ordenaram-lhe que juntasse o que coubesse numa mala e a embarcaram rumo ao exílio. “Não sei o que foi feito dos meus vestidos, dos objetos pessoais, das minhas coisas”, lastimava Maria Thereza.
Ela deixou o país sem saber do paradeiro do marido, que reencontraria dias depois no Uruguai. Ela contaria mais tarde que Jango ignorou sistematicamente o apelo que formulou ainda nos tempos de noiva e repetiu até as vésperas da viuvez, consumada em 1976: ela só queria que o marido deixasse de ser mulherengo.
Esse traço comportamental talvez tenha sido a única semelhança entre João Goulart e Jânio Quadros. Ao contrário do gaúcho introvertido, o sul-mato-grossense de Campo Grande amava fantasiar-se de marido exemplar. “Eloá manda em mim”, jurava em público o homem que, sem desconhecidos por perto, jamais perdeu chance alguma de justificar a fama de priápico.
Nesse quesito, como atestam anotações nos diários de Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas, Jânio honrou a linhagem dos chegados a uma aventura extraconjugal. A gaúcha Darcy, com discrição de mineira, reagia com longos períodos de mudez à descoberta de furtivas incursões do marido por alcovas cujo endereço figurava entre os segredos de Estado. A mineira Sarah, com impulsividade gaúcha, explodia em bíblicos acessos de cólera, sobretudo depois que soube da paixão de JK pela socialite Lúcia Pedroso.
A antropóloga Ruth Cardoso foi a única da estirpe com profissão definida, luz própria e mente brilhante, singularidades que explicam a rejeição do título que lhe parecia depreciativo
Entre 1930 e 1964, a única primeira-dama dispensada de surtos de ciúme foi Carmela Telles.Ao casar-se com o tenente Eurico Gaspar Dutra, aquela viúva de 30 anos já era mãe de dois filhos e abrigava na cabeça a ideia que rimava com o apelido que a canonizou em vida: Dona Santinha. Ela não descansou até conseguir que o marido, em abril de 1946, decretasse o fechamento de todos os cassinos no Brasil. Foi o desfecho da conspiração arquitetada por amigas carolas, padres, bispos e outras autoridades eclesiásticas que visitavam o Palácio Guanabara quase toda noite. Eram tantos e tão assíduos que a residência oficial do presidente ficou com cara de palácio episcopal.
Aberto pelo viúvo Humberto de Alencar Castello Branco, o ciclo dos generais-presidentes ressuscitou a figura da primeira-dama em 1967, com a posse conjunta de Arthur e Iolanda Costa e Silva. A paranaense extrovertida e saliente usou o tempo gasto com gente fardada no convívio com ricaços ansiosos por uma audiência com o presidente. De março de 1967 a 28 de agosto de 1969, a tramitação de um pedido a Costa e Silva foi encurtada por colares, pulseiras ou brincos. Essa via rápida para o Planalto foi obstruída pelas também gaúchas Scylla Médici e Lucy Geisel, uma soma de duas introversões que resultou em dez anos de silêncio. O barulho recomeçou em 1979 com a ascensão do casal João e Dulce Figueiredo. Ela fazia de conta que não sabia das escapadas noturnas do marido: tão logo Dulce embarcava para uma festa no Rio, Figueiredo driblava o esquema de segurança cavalgando motocicletas e desaparecia na noite de Brasília.
Foi assim que Figueiredo se transformou no único presidente que produziu um filho fora do casamento enquanto tentava governar o país.
Em contrapartida, Dulce foi a única primeira-dama que dançou com o ator Omar Sharif.
As diferenças entre as sucessoras de Dulce Figueiredo confirmaram que não há uma só receita de primeira-dama. Marly Sarney ficou cinco anos no cargo sem que a alma e a cabeça saíssem do Maranhão.
Mulher do carioca Fernando Collor, que via no Brasil uma versão agigantada de Alagoas, Rosane Malta transformou a Casa da Dinda, onde morou em Brasília, numa extensão da Canapi em que nascera, e alternou contrafações de lua de mel com brigas conjugais de assustar o mais feroz dos cangaceiros.
A antropóloga Ruth Cardoso foi a única da estirpe com profissão definida, luz própria e mente brilhante, singularidades que explicam a rejeição do título que lhe parecia depreciativo. “Primeira-dama é uma caricatura do original americano, esse cargo não existe”, ensinou a paulista de Araraquara que concebeu o conjunto de ações enfeixadas no programa Comunidade Solidária. A mulher de Fernando Henrique Cardoso nem precisou pedir ao marido que fizesse algo. Bastou que FHC a deixasse agir.
O cenário político pós-eleição coloca ao presidente eleito o duplo
desafio:articular uma maioria parlamentar no Congresso conservador para
governar sem sobressaltos, e combinar isso com uma política de
governadores(não confundir com a expressão da República Velha) que
garanta estabilidade federativa, fator importante também para
estabilizar o Legislativo. E isso num ambiente político-partidário
nacional cindido. Não será trivial. [Temos o PENSAMENTO, OPINIÃO, que o ex-presidiário eleito, está na situação em que Carlos Lacerda descrevia para Getúlio: " ... não pode ser candidato, se candidato não pode ser eleito, se eleito não pode ser diplomado, se diplomado não será empossado, se empossado não pode governar. ..." O fim do Getúlio faz parte da história.]
Nem sempre a lógica prevalece, mas se der a lógica o presidente eleito
precisará enveredar, pelas razões expostas, por um caminho mais
aglutinativo que divisivo. Um fator trabalha a favor dessa tendência: a
necessidade de sobrevivência política.Mas outro fator trabalha contra:
apesar da frente ampla inorgânica que se agrupou em torno do vencedor,
em termos orgânico-partidários a aliança que o sustentou é
essencialmente puro-sangue.
Essa necessidade de convergir a um ponto médio num ambiente conflagrado
imporá certamente limitações a mudanças bruscas de política econômica, e
também desaconselhará radicalizar, por exemplo, a agenda dita
identitária. Se, novamente, der a lógica, o governo deverá buscar
soluções programáticas centrípetas e não centrífugas. A começar do ponto
nevrálgico imediato: a eleição para as presidências do Congresso.
Mais que ganhar as disputas pelo comando da Câmara dos Deputados e do
Senado, o fundamental para o governo é não ser derrotado. O ideal será
ter comandantes nas Casas alinhados com o Planalto, mas será preciso
acompanhar para ver o risco que o novo governo estará disposto a correr
nessas batalhas iniciais.
“No Estado de direito democrático, uma decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) não se discute, cumpre-se. Quando isso
não acontece, é um mau agouro”
O presidente Jair Bolsonaro vive num mundo só dele, que não é bem o
país que governa. É difícil fechar um diagnóstico sobre as razões, mas é
possível identificar os sintomas de que idealizou uma agenda, um
governo e um Estado centralizador e agora se vê diante de uma realidade
muito diferente daquela que imaginava. Primeiro, a agenda do país não é a
sua, focada nos costumes e nos interesses imediatos de sua base
eleitoral. [a agenda que o presidente Bolsonaro tentou seguir e não permitiram, é compatível com o desejo de quase 60.000.000 de eleitores.] Já lidava com dificuldades na economia quando a pandemia de
coronavírus virou tudo de pernas para o ar.
Todas as suas prioridades foram alteradas. Ninguém sabe exatamente
quando e como voltaremos à normalidade, mas sua insistência em antecipar
esse processo de retomada da economia, num momento de aceleração da
epidemia, vem se revelando um desastre do ponto de vista da saúde
pública. É como aquele sujeito que erra de conceito: seus bons
atributos, como iniciativa, coragem, combatividade, criatividade, força
etc. só servem para aumentar o tamanho do desastre. A agenda do país é
epidemia, epidemia e epidemia, pelo menos nas próximas duas semanas. Também idealizou um governo no qual seu poder seria absoluto, como
vértice do sistema. Está descobrindo que não é assim que funciona. Na
democracia, há uma tensão permanente entre os que governam e a
burocracia de carreira, responsável pela legitimidade dos meios
empregados na ação político-administrativa. A ética das convicções, que
motiva os políticos, não basta; ela é limitada pela máquina do governo,
que foi organizada, treinada e instrumentalizada para observar as leis
antes de agir, ou seja, zelar pela ética da responsabilidade. Bolsonaro
não consegue lidar com isso. Em todas as frentes, tenta atropelar,
substituir ou desmoralizar os que não aceitam decisões que são
equivocadas tecnicamente e/ou contrariam a boa política e o interesse
público. Bolsonaro também tem dificuldade de lidar com os mecanismos de freios
e contrapesos do Estado democrático de direito. Ontem, levou uma
invertida do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de
Moraes, que sustou a nomeação do novo-diretor da Polícia Federal,
Alexandre Ramagem, por desvio de finalidade. Diante da decisão, revogou a
nomeação para mantê-lo à frente da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), o que gerou uma situação de perda de objeto da ação do mandado
de segurança acolhido por Moraes. Foi por essa razão que a
Advocacia-geral da União desistiu de recorrer ao plenário do Supremo. [O ato que nomeava André Mendonça e Alexandre Ramagem, foi suspenso na parte que cuidava da nomeação do Ramagem por ato do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Na sequência, o presidente Bolsonaro torna sem efeito, via decreto, a nomeação de Ramagem e com isso a ação no STF perde o objeto. Pergunta que não quer calar: o que impede agora que Alexandre Ramagem seja nomeado, via Decreto, para o cargo de Diretor-Geral da PF?] Mesmo assim, Bolsonaro não caiu na real de que a Polícia Federal (PF) é
técnica e judiciária, em cujas investigações não pode interferir. Ontem, após a decisão do ministro do STF, mesmo assim, Bolsonaro
disse que pretende recorrer da decisão do ministro Alexandre de Moraes,
do Supremo Tribunal Federal (STF), e voltar a nomear Alexandre Ramagem
como diretor-geral da Polícia Federal. “Eu quero o Ramagem lá. É uma
ingerência, né? Vamos fazer tudo para o Ramagem. Se não for, vai chegar a
hora dele, e vamos colocar outra pessoa”, declarou. Questionado sobre o
posicionamento da AGU, disse que recorrer é um “dever do órgão”. E
disparou: “Quem manda sou eu”. Se isso ocorrer, é muito provável que
haja uma decisão unânime do STF contra a nomeação. Recado claro
O que houve, ontem, foi um recado do Supremo Tribunal Federal (STF) de
que o sistema de freios e contrapesos da Constituição de 1988 está
funcionando e que o Supremo ainda exerce o papel de Poder Moderador, em
decorrência do fato de que cabe àquela Corte dar a palavra final em
matéria constitucional. Como o STF é um poder desarmado, Bolsonaro
provavelmente não se conforma muito com isso. Afinal, historicamente,
esse papel foi exercido pelos militares, tanto na República Velha quanto
na Segunda República. E seu governo tem mais generais do que qualquer
outro no primeiro e no segundo escalões, mesmo comparado aos do regime
militar. Quando diz que ainda vai nomear o Ramagem para o cargo de
diretor-geral, Bolsonaro desnuda sua inconformidade, nos dois sentidos. No Estado de direito democrático, uma decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) não se discute, cumpre-se. Quando isso não acontece, é um
mau agouro. No governo Castello Branco, ou seja, após o golpe militar de
1964, o primeiro conflito sério com o Supremo ocorreu em 19 de abril de
1965. A Corte concedeu um pedido de habeas corpus impetrado pelo famoso
jurista Sobral Pinto, católico e liberal, em favor do ex-governador de
Pernambuco Miguel Arraes, que estava preso na ilha de Fernando de
Noronha, na costa daquele estado, desde a deposição do presidente João
Goulart. Dias antes, o coronel Ferdinando de Carvalho, já prevendo a
decisão, havia transferido o político pernambucano para a Fortaleza de
Santa Cruz, em Niterói (RJ). O chefe do estado-maior do Exército, general Édson de Figueiredo,
recusou-se a cumprir a decisão. O presidente do STF não teve outra
alternativa a não ser mandar prendê-lo, o que provocou uma crise,
somente debelada devido à intervenção pessoal de Castello,que chamou o
magistrado e o general para uma conversa a três. Nesse meio tempo, um
grupo de militares da chamada “linha-dura”, liderado pelo coronel Osneli
Martinelli, sequestrou Arraes e levou-o para um quartel da Polícia do
Exército. Foi preciso que Castello interviesse novamente, mandando
soltá-lo. Arraes, que não era bobo, vendo que havia em marcha um golpe
dentro do golpe, liderado pelo ministro da Guerra, o general Costa e
Silva, tratou de pedir asilo na embaixada da Argélia. Era o começo de um
processo que desaguou no Ato Institucional No. 5, em 13 de dezembro de
1968, mas isso isso já é outra história. Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense
Por tratar como caso de polícia o que era
uma questão social,
o
presidente Washington Luis acelerou a chegada da senilidade precoce à República
Velha, enterrada sem honras pela Revolução de 1930. Por tratarem como questão
social o que é um caso de polícia, os presidentes Lula e Dilma Rousseff
retardaram a chegada à maioridade de uma democracia ainda adolescente.
Porta-vozes de reivindicações elementares, os líderes do incipiente movimento
operário do século passado não mereciam cadeia. Mereciam de Washington Luis
mais atenção. Aprisionados a velharias ideológicas soterradas pela queda do
Muro de Berlim, comandantes de organizações criminosas disfarçadas de
“movimentos sociais” berram exigências que, no século 21, soam tão pertinentes
quanto a restauração da monarquia. Não merecem as atenções que Lula e Dilma
lhes dispensaram, nem a cumplicidade por omissão do atual governo. Merecem
cadeia.
A
varredura dos inimigos do Estado Democrático de Direito precisa começar pelo
MST, aconselha
o histórico da sigla que identifica o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra. Trata-se de um ajuntamento de estupradores do direito de propriedade,
que enxergam na reforma agrária a primeira escala do caminho que leva ao
paraíso comunista.
O
que parece mentira aos olhos de gente civilizada foi confirmado neste 25 de
julho, dia escolhido pelo general João Pedro Stédile
para a mobilização de tropas às quais caberia a execução de outra “jornada nacional de luta pela reforma agrária”. Com
a desenvoltura arrogante dos que se julgam condenados à perpétua impunidade,
os soldados deixaram as barracas de lona preta na madrugada da terça-feira para
atropelar o Código Penal em numerosos pontos do país, assolados por erupções de
violência ditadas pela palavra de ordem da vez: “Corruptos, devolvam nossas
terras”.
As
ofensivas do MST há bastante tempo têm ido muito além das invasões de terras
produtivas. Tais
ações beligerantes agora incluem a destruição de casas, máquinas, veículos,
plantações ou laboratórios, ataques armados aos seguranças das fazendas,
incêndios de benfeitorias e outras manifestações de selvageria. Nesta
semana, os órfãos da Guerra Fria aproveitaram a safra de ilegalidades
para avisar, em nota oficial, que a reforma agrária é também uma forma seletiva
de combate à corrupção: só entram na mira do movimento todos os acusados ou suspeitos
que não sejam devotos da seita que tem em Lula seu único deus. “Os
latifundiários que possuem estas áreas são acusados, no cumprimento de função
pública, de atos de corrupção, como lavagem de dinheiro, favorecimento ilícito,
estelionato e outros”, diz um trecho do palavrório.
Em
Mato Grosso, o papel de alvo preferencial coube ao atual ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, castigado pela
invasão da fazenda SM02-B, do grupo AMaggi, localizada no município de
Rondonópolis. Cerca de 500 militantes seguem acampados por lá, e o abuso não
tem prazo para terminar. O motivo da pena aplicada a Blairo é resumido em 20
palavras:“Ele exerce a função de ministro para garantir as
condições necessárias para o desenvolvimento das suas fazendas e do
agronegócio”.
O
primitivismo insolente é uma das marcas de nascença do MST, confirma outra frase, que tortura a língua portuguesa para revelar um segundo
pretexto invocado pelos órfãos da Guerra Fria para espancar a Constituição e
violentar leis comuns: “O MST também se posiciona pelo afastamento
imediato de Michel Temer da Presidência, primeiro presidente na História
acusado formalmente de corrupção pela Procuradoria Geral da República”.
Se
acreditassem no que escreveram, os guerrilheiros sem alqueires nem cérebro
já teriam invadido o sítio de Lula em Atibaia e, neste momento, estariam aplaudindo a sentença do juiz Sérgio Moro sobre o
caso do triplex do Guarujá.Um acusado, como Temer, joga em divisões
inferiores à série A. Nessa elite figura Lula desde que se tornou o
primeiro presidente da História do Brasil condenado por corrupção e lavagem de
dinheiro.
Nada
disso importa para a versão rural do PCC, composta por
lavradores de araque que jamais se interessaram pelo trabalho na roça e nunca
tiveram qualquer intimidade com as coisas do campo. Caso tentasse
manusear uma foice, por exemplo, Stédile acabaria
transformado no primeiro revolucionário do mundo que decepou a própria cabeça.
E os militantes que ousarem empunhar uma enxada dificilmente escaparão da perda
de um pé ou um braço. É compreensível que prefiram estudar marxismo ou rezar
pela alma de Stalin sob o olhar de Guevara no poster.Como o governo garante a cesta básica e a
impunidade, o MST pode lutar sem sobressaltos pelo extermínio da
democracia.
Ele parece ter saído de uma galeria da República
Velha, mas poderá ir para o segundo turno, contra o PT
Besouro
não deveria voar, mas voa. Geraldo Alckmin também. Aquele ex-deputado eleito vice-governador
em 1994 na chapa de Mário Covas era um tucano inexpressivo. Ademais, Covas era
um touro. Tão decorativo era o cargo de vice-governador que Alckmin decidiu se
licenciar e disputou a prefeitura de São Paulo. Perdeu, mas o touro teve um
câncer, e ele assumiu. Tornou-se o cidadão que por mais tempo governou São
Paulo desde os tempos coloniais, mas evita tocar nesse assunto. Disputou a
Presidência da República em 2006 e conseguiu ter menos votos no segundo turno
do que no primeiro.
Geraldo
Alckmin é candidato de novo. Sua posição nas pesquisas é pífia. Já sua
capacidade de agregação no mundo político-partidário marcha para a aliança com
uma poderosa coligação de caciques em cuja ponta final está Michel Temer. É
possível que Alckmin vá ao segundo turno, beneficiado por previsíveis
autocombustões de Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Uma disputa final entre ele e o
candidato de Lula espanta a banca que passou os últimos meses achando que a
campanha eleitoral aconteceria num cenário de debates parecido com o dos
seminários de universidades americanas. O susto da banca não vem de eventuais
defeitos de Alckmin, mas da possibilidade de vitória do candidato de Lula, o
temível “Poste”. [o poste do presidiário Lula não assombra ninguém;
Motivos:
Lula e a corja petista não deixarão que surja o porte = não não haverá poste = não haverá candidato;
se houver candidato não será eleito;
se eleito, não tomará posse;
se tomar posse não governará e ainda será impichado.]
Geraldo
Alckmin dispõe de um razoável patrimônio administrativo. Basta contrapor as
administrações tucanas de São Paulo desde 2001, quando ele se sentou na cadeira
de governador, com as do Rio de Janeiro. Naquele tempo estava lá o governador
Anthony Garotinho, sucedido por um ano pela petista Benedita da Silva, e em
seguida por Rosinha Garotinho (mulher de Anthony), Sérgio Cabral e Luiz
Fernando Pezão. De um lado, cinco pragas, do outro, o picolé de chuchu tentando
ser sorvete italiano. Pelo
estilo pessoal, Alckmin parece-se com um personagem da galeria de governadores
da República Velha que adornam paredes do Palácio dos Bandeirantes.Pelo estilo
político, também. Estacionado nas pesquisas, tornou-se uma potência televisiva
costurando alianças por cima sem enunciar uma só ideia.
Num
cenário de sonho ele teria ao seu lado as multidões que foram para a rua
pedindo a deposição de Dilma Rousseff. Já no cenário do pesadelo ele encarna a
maioria político-partidária que colocou Temer no Planalto. Trocou-se uma
presidente impopular [e incompetente] pelo campeão de impopularidade [porém, competente; tanto que começou a arrumar a economia até que maus brasileiros tentaram o 'golpe'.] . O andar
de cima já flertou com a candidatura do apresentador Luciano Huck, e sua banda
golpista sonhou com a alternativa apocalíptica de Jair Bolsonaro. Restaram-lhe
Alckmin e o medo do “Poste”.
Lula na
carceragem de Curitiba vem se transformando num Getúlio Vargas recluso em sua
fazenda de São Borja. Consegue isso muito mais pela soberba e inépcia de seus
adversários do que por suas qualidades. Noutra comparação, Lula encarna no
Brasil o fantasma argentino de Juan Perón. Por mais de duas décadas, los
hermanos cantaram: “Se siente, se siente, Perón está presente”. Com o
“centrão” aninhado na candidatura de Alckmin, resta-lhe a necessidade de fazer
uma campanha capaz de ser ouvida no andar de baixo. Até agora, nada.