O Congresso deveria entrar em recesso nesta semana. Mas as férias,
como de hábito, foram antecipadas. Antes de entregar o Legislativo às
moscas, na semana passada, os congressistas enfiaram uma bomba-relógio
dentro do Orçamento da União para o ano fiscal de 2019. Eles criaram
despesas sem cobertura e anularam fontes de receita. Agiram assim
políticos da oposição e também do governo. Ainda não se sabe quem será o
próximo presidente da República. Mas uma coisa já está clara: seja quem
for, sua prioridade será desarmar a bomba fiscal.
Curiosamente,
os principais candidatos ao
Planalto reagiram à maluquice dos congressistas com um silêncio insano.
Agiram assim porque estão metidos em articulações políticas para atrair
aliados. E não querem comprar briga com partidos que podem lhes ceder
alguns segundos adicionais no rádio e na TV. Os donos desses segundos
são os mesmos partidos que aprovaram a bomba fiscal.
Os
presidenciáveis fazem silêncio diante a perspectiva de uma explosão
fiscal com potencial para mandar o futuro governo para os ares. E isso é
perturbador. Revela que, quando a política atinge a fronteira do bom
senso, o país entra no estágio da loucura, como ocorre agora no Brasil.
Ironicamente, os candidatos se fingem de malucos justamente para não
prejudicar a costura de alianças que aumentarão o tempo da propaganda
eleitoral em que cada um exibirá suas credenciais para dirigir o
hospício. A loucura, como se vê, tem razões que a sensatez desconhece.
Blog do Josias de Souza
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