A turma de
Jair Bolsonaro (PSL) espalha o boato de que está em curso uma vitória
já no primeiro turno. Por enquanto, considerando os números do Ibope,
isso é uma quimera. São estratégias para enfrentar os 18 dias que nos
separam do primeiro turno. Vamos ver.
A pesquisa
Ibope, divulgada nesta terça, que traz Jair Bolsonaro em primeiro
lugar, com 28% das intenções de voto, e Fernando Haddad, com 19%, parece
indicar um segundo turno entre o candidato do PSL e o do PT. Na
simulação, os dois aparecem rigorosamente empatados, com 40%. No dia 20
de agosto, segundo números do instituto, Bolsonaro tinha 20% das
intenções de voto. Um mês depois, tem 28%, um crescimento de 40%. No
período, Haddad foi de 4% para 19%, um salto de 375%. [4% para 19% causa um certo impacto, no crescimento do percentual;
mas, considerando o pouco representado pelos quatro por cento em números absolutos, se constata que os dezenove por cento não é um número tão expressivo quanto parece.
Quarenta por cento sobre vinte por cento é, em números absolutos, várias vezes superior aos 375%.] Isso significa que
o ungido de Lula vai ultrapassar o adversário? Não! Isso quer dizer que
está em curso uma transferência maciça de votos de Lula para aquele que
assumiu o seu lugar na chapa — e numa velocidade superior à imaginada
pelos petistas e pelos adversários.
O que
escapa pelas margens da antevisão do partido é a resiliência de Ciro
Gomes, que, agora, no Ibope, fica num terceiro lugar já distante, mas
com ainda apreciáveis 11%, e o fraco desempenho de Geraldo Alckmin. Não
deixa de ser curioso, mas a marca muito baixa do tucano é que preocupa
os petistas neste momento porque, por óbvio, ele não cresceria sobre
votos que iriam para Haddad. O que se esperava é que capturasse
eleitores de outros candidatos conservadores e que tomasse alguns de
Bolsonaro. Dados os números do Ibope, no entanto, isso não aconteceu.
Em uma
semana, Alckmin oscilou de 9% para 7%, e o candidato do PSL, de 26% para
28%. Três outros candidatos conservadores oscilaram para baixo no
período: Henrique Meirelles (PMDB), João Amoêdo (Novo) e Álvaro Dias
(Podemos) foram de 3% para 2%. Há que se ficar atento a esse trânsito.
Ainda que esses dados tenham se movido na margem de erro, que é de 2
pontos para mais ou para menos, notem que os nomes à direita perderam
cinco pontos (incluindo os dois de Alckmin), mas Bolsonaro ganhou apenas
2. Na semana em questão, no entanto, Haddad disparou incríveis 11
pontos. Ocorre que
a diferença de Haddad em relação a Bolsonaro é considerável: nos
extremos da margem de erro mais favoráveis ao PT, pode ser de 5 pontos;
nos mais desfavoráveis, de 13. Se o PT tivesse como, daria um jeito,
hoje, de turbinar a candidatura de Alckmin para que arrancasse votos de
Bolsonaro.
Vitória no primeiro turno? Está longe!
A conversa de que Bolsonaro pode ganhar
no primeiro turno é, por enquanto, um sonho de inverno. Levando-se em
consideração os números do Ibope, que aponta 14% de votos brancos e
nulos, Bolsonaro estaria hoje com 32,5% dos válidos. Ainda que, em razão
da margem de erro, os inválidos sejam 16% e que Bolsonaro tenha 30%,
chegaria a 35,7%.
Há outros
elementos a considerar. É possível que a transferência de votos para
Haddad diminua de ritmo, mas tudo indica que ainda não tenha acabado. O
petista avançou em todas as regiões, mas em especial no Nordeste: passou
de 13% para 31% em um mês. Ocorre que Lula chegou a ultrapassar a marca
de 50% na região. O petista também cresceu no Sudeste: de 6% para 15% —
mas, nesse caso, fica bem atrás de Bolsonaro, que tem 29%. Entre os que
ganham cinco salários mínimos ou mais, o candidato do PSL está com com
41%, mas conta com apenas 12% entre os que recebem até um mínimo. De todo
modo, o PT passou a ficar atento ao risco de uma disparada do
adversário. E chegou à conclusão de que a amenização do discurso para
não empurrar eleitores do centro para a órbita de Bolsonaro terá de ser
operada já no primeiro turno.
Blog do Reinaldo Azevedo
".......................
E Bolsonaro? Por enquanto, não há sinais de que o candidato esteja disposto a amenizar o discurso. Embora o alto-comando tenha se surpreendido com o ritmo da ascensão de Haddad, o núcleo duro da campanha avalia que ele pode ser positivo se isso tornar o deputado o desaguadouro do antipetismo. Por enquanto, a avaliação e que o “risco PT” acabará por elegê-lo.."
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