Campanha comporta tudo, até proselitismo religioso de ateus declarados, como Manuela D’ávila. Mas, em política, o termo “cristianização” nada tem a ver com o processo de conversão de indivíduos ao cristianismo. Remonta à campanha presidencial de Cristiano Machado, em 1950. Traído ou “cristianizado” por políticos do próprio partido, o PSD, o então candidato a presidente da República acabou trocado durante a corrida eleitoral por Getúlio Vargas, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Resultado: em 3 de outubro daquele ano, Vargas regressou ao Palácio do Catete, após permanecer no poder entre 1930 e 1945. Depois de 1950, o fenômeno da cristianização ocorreu em 2002, quando Serra foi abandonado pelo PFL, e em 1989, na eleição de Collor, em que tanto o PFL cristianizou Aureliano Chaves, quanto o PMDB fez o mesmo com Ulysses Guimarães, em favor do ex-caçador de marajás.
Claro que o uso da expressão para se referir a Haddad guarda mais relação com abandono do que com traição propriamente dita. Na verdade, quem se sentiu traído, desde o nascedouro da campanha, foi Ciro Gomes. É notório que Lula da cadeia fez o diabo para desidratar a candidatura do PDT. Atuou para implodir seu arco de alianças e, conforme recente reportagem de ISTOÉ, chegou a articular envios de remessas de dinheiro por meio de jatinhos, a fim de cooptar caciques do Nordeste para o palanque de Haddad.
Sérgio Pardellas - IstoÉ
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