Não é nada perto do que o PT fez com ele antes da campanha começar
Terceiro colocado no primeiro turno, com 13,3 milhões de votos, Ciro Gomes abandonou
Fernando Haddad à própria sorte e decidiu embarcar para a Europa. Não é
nada perto do que o PT fez com ele antes das eleições começarem, mas
ainda assim é uma punhalada profunda na estratégia traçada pelo
ex-presidente Lula.
Assim como Jair Bolsonaro, Ciro Gomes começou
a organizar sua corrida eleitoral anos atrás. Foi no início de 2016 que
duas páginas — “Cirão da Massa” e “Ciro Gomes Zoeiro” — inundaram o
Facebook com vídeos do pedetista em palestras e eventos país afora.
Desde então, conquistaram, somadas, mais de 800.000 curtidas.
Na virada deste ano, Ciro havia se tornado a
principal força eleitoral da esquerda depois de Lula. No entanto, após a
condenação do ex-presidente em segunda instância, que o tornava
inelegível, o petista optou por fazer valer a hegemonia de seu partido.
Dono de um quarto do eleitorado brasileiro, Lula apostava que colocaria
qualquer nome no segundo turno. A história provou que tinha razão.
Optou, então, por lançar Fernando Haddad, de
seu próprio partido, para seguir controlando a esquerda sem que ninguém
lhe fizesse sombra. Em seguida, deu início à estratégia de moer aliados.
Primeiro, obrigou o PCdoB a entrar na coligação petista, ameaçando
atuar para que os comunistas não ultrapassassem a cláusula de barreira —
o que acabou ocorrendo. Em seguida, inviabilizou a aliança do PSB com
Ciro, avisando que lançaria Marília Arraes na disputa contra o
governador socialista de Pernambuco, Paulo Câmara, caso o partido
apoiasse o pedetista. Assim, Ciro acabou relegado a uma estreita aliança
com o Avante, que esvaziou seu tempo de TV.
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