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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

De ator pornô a herdeiro da monarquia, a eclética bancada de Bolsonaro na Câmara

PSL elegeu 52 deputados e espera chegar aos 90, por conta da cláusula de barreira .  Militares, líderes pró-impeachment de Dilma e outsiders se colaram na figura do presidenciável

[oportuno iniciar destacando que a Cláusula de Barreira começou o processo de higienização da política brasileira, visto que o PCB e o PCdoB, não atingiram os requisitos mínimos para permanecer existindo e com isso serão extintos.] 

Militares, policiais, outsiders, ator que já gravou filme pornô, descendente da família real brasileira, ex-nadador olímpico, líderes de movimentos pró- impeachment de Dilma Rousseff (PT), jornalista processada por plágio, candidatos à reeleição ou apenas concorrentes fracassados em outras disputas que colaram sua imagem à de Jair Bolsonaro. [importante lembrar que antes do ex-ator pornô ser eleito deputado, a bancada LGBT da Câmara já era numerosa - um Parlamento que possui, há mais de uma legislatura, uma bancada gay, não vai diminuir por ter um deputado que foi ator pornô.] Assim é formada a eclética bancada que o partido do presidenciável, o PSL, fez na Câmara dos Deputados neste ano. Entre seus 52 eleitos, a segunda com maior representatividade no Legislativo atrás apenas da do PT, há três que se declararam negros, 14 pardos e 35 brancos. Nove são mulheres. A frente da bala é expressiva: ao menos 22 já trabalharam ou atuam em órgãos de segurança privada ou pública, como as Forças Armadas, empresas particulares, polícias Civil, Federal, Militar e Rodoviária Federal. A média de idade é jovem, 45 anos. E quase a metade, 24, nunca havia disputado um mandato eletivo.

Nesta semana, o EL PAÍS analisou no Tribunal Superior Eleitoral o perfil de cada um desses 52 eleitos pelo Partido Social Liberal. Também pesquisou o que eles afirmaram em algumas entrevistas, publicaram nas redes sociais ou nas páginas de autopromoção de candidaturas. 
Eis algumas das constatações: 
1) Juntos, eles obtiveram 7,6 milhões de votos; 
2) Arrecadaram 9,1 milhões de reais para suas campanhas; 
3) Ao menos 3,7 milhões de reais provieram dos fundos partidário e eleitoral; 
4) Apenas 19 desses concorrentes tiveram a ajuda do partido, sendo que o maior beneficiado foi o presidente licenciado e deputado reeleito por Pernambuco, Luciano Bivar. Sozinho, ele recebeu 1,8 milhão dos 9 milhões de reais aos quais a sigla tem direito. Ele diz que redistribuiu a verba para alguns dos concorrentes à Assembleia Legislativa de Pernambuco. Os dados sobre o financiamento são parciais, já que a prestação de contas definitiva para quem disputou o primeiro turno tem de ser entregue até o dia 6 de novembro.

Os discursos são semelhantes. Quase todos possuem um viés altamente conservador. Defendem a redução da maioridade penal, a revogação do estatuto do desarmamento, a proibição do aborto ou o projeto Escola Sem Partido. [todos são defensores da vida, contra bandidos e contra as malditas aborteiras.] Declaram ser defensores da “família tradicional” e, em alguns casos, se autodenominam opressores ou afirmam que “comunistas merecem apanhar". Alguns espalham boatos a torto e direito. Outros, mesmo sendo militares, dizem ser contra qualquer intervenção das Forças Armadas no Governo —este foi o caso de Coronel Armando, eleito por Santa Catarina.

A quantidade de eleitos surpreendeu até mesmo os bolsonaristas mais otimistas. “Não esperávamos chegar a esse número. A grande verdade é que a indignação social, felizmente, não estava só na cabeça do Bolsonaro e na minha cabeça, mas na de toda a sociedade. O Bolsonaro apenas acendeu a faísca e todos viram que ali tem luz”, disse Luciano Bivar, o presidente licenciado do PSL. Ele estima que a bancada pode ainda chegar a 90 parlamentares. O motivo é a cláusula de barreira que passou a valer neste ano para o Congresso Nacional. As legendas que não atingiram ao menos nove deputados eleitos em nove Estados distintos ou não chegaram a 1,5% do total de votos válidos passarão a ter restrições no acesso a fundos públicos. Assim, uma migração em massa não está descartada. Há 14 partidos nessa situação.

Foi na região Sudeste, a mais populosa do país e com maior número de assentos na Câmara, que o PSL elegeu o maior número de seus parlamentares: 29. Foram 12 no Rio de Janeiro, dez em São Paulo, seis em Minas Gerais e um no Espírito Santo. No Sul, obteve êxito nos três Estados. Foram dez deputados, assim distribuídos: quatro em Santa Catarina, três no Paraná e três no Rio Grande do Sul. No Centro Oeste, mais cinco. Foram dois em Goiás, dois no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso. No Nordeste, região que serviu de muro anti-Bolsonaro no primeiro turno, foram cinco: Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia —um representante em cada. Na região Norte, mais três ao total, em Amazonas, Rondônia e Roraima. Na sequência, alguns dos parlamentares que se destacaram por suas atuações na campanha ou antes dela mesmo começar.

Os campeões de votos
Em 2014, o policial federal Eduardo já havia notado o peso que o sobrenome de seu pai traria à sua pretensão política. Quando concorreu pelo Estado de São Paulo, mesmo pouco conhecido, obteve 82.224 votos e se elegeu pela média. Neste ano, contudo, diante da superexposição de Jair Bolsonaro, a onda para ele foi maior. Chegou a 1,8 milhão de votos e bateu o recorde de deputado federal mais votado da história brasileira. Na atual campanha ficou marcado por, entre outras razões, ter dito durante um ato de apoio ao seu pai que “mulheres de direita são mais bonitas do que as de esquerda”. “Não mostram o peito na rua e não defecam para protestar”, afirmou. “Ou seja, as mulheres de direita são muito mais higiênicas que as da esquerda”.

Outra puxadora e recordista de votos foi a jornalista Joice Hasselman, que teve mais 1 milhão de votos também pelo Estado de São Paulo. Entre a direita brasileira, ela já foi apontada como “a musa da operação Lava Jato”. Ex-repórter da revista Veja, já foi acusada de plagiar 65 reportagens. Ela nega a irregularidade e, quando da acusação, falou que o sindicato de jornalistas do Paraná, que constatou a fraude, representava a escória do jornalismo. De qualquer maneira, na atual campanha eleitoral, ela foi responsável por disseminar alguns dos boatos que inundaram as redes sociais e os grupos de WhatsApp de Bolsonaro, uma das principais ferramentas de divulgação do candidato. Entre eles o de que um meio de comunicação teria recebido 600 milhões de reais para “detonar” a candidatura de Bolsonaro e outro de que o criminoso Adélio Bispo de Oliveira, que esfaqueou o presidenciável, concederia uma entrevista para atribuir o crime à campanha dele. Seus principais financiadores foram a direção do PSL e o empresário Sebastião Bonfim Filho, da rede de materiais esportivos Centauro.

Helio Negão e Jair Bolsonaro.

No Rio de Janeiro, o campeão de votos foi o militar Hélio Fernando Barbosa Lopes, o Hélio Negão. Ele teve 345.234 votos. Seu crescimento exponencial, em comparação com outras eleições, deu-se por conta da proximidade com Bolsonaro, que lhe emprestou o sobrenome para amenizar a pecha de “racista” que seus opositores tentam colar nele. Além disso, o comitê do presidenciável bancou os 45.000 reais da campanha do candidato a deputado. Há dois anos, Hélio concorreu para vereador de Nova Iguaçu e teve míseros 480 votos.

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