[quem não quer ter seus crimes delatados, não os cometa, não seja um criminoso - só os criminosos, os bandidos, são delatados.]
Moro retira o sigilo de partes da colaboração premiada na qual o ex-ministro afirma que campanha de Dilma Rousseff de 2014 custou o dobro do valor declarado ao TSE.
A seis dias da votação do primeiro turno das eleições, a divulgação
de parte da delação do ex-ministro Antônio Palocci caiu como uma bomba
no Partido dos Trabalhadores (PT). O juiz Sergio Moro, da 13ª Vara
Federal de Curitiba, retirou o sigilo de alguns trechos do depoimento de
Palocci. Às autoridades, ele detalha como era o esquema de
aparelhamento da Petrobras e da captação irregular de verba para uso na
campanha da ex-presidente Dilma Rousseff. De acordo com Palocci, a
eleição e reeleição da petista, em 2010 e 2014, custaram R$ 1,4 bilhão,
sendo que a maior parte não foi declarada à Justiça Eleitoral — há
quatro anos, o custo foi o dobro do apresentado ao TSE. Ele também acusa
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de usar recursos do pré-sal
para beneficiar o PT.
De acordo com o ex-ministro, Lula indicou Paulo Roberto Costa para a
diretoria de Abastecimento da Petrobras, em 2010, para “garantir
espaços para a ilicitude”. A indicação dele teria ocorrido por conta da
Odebrecht ter encontrado dificuldades para negociar o preço de um
derivado de petróleo com o antigo gestor da área. Os interesses da
empreiteira estavam voltados para a Brasken, controlada pelo grupo. A
empresa, de acordo com a delação, se aliou ao Partido Progressista (PP),
que na época, encontrava dificuldades em conseguir cargos no Executivo e
juntos trabalharam para derrubar o antigo gestor. Palocci
conta que a posse de Paulo Roberto Costa atendeu aos interesses da
Odebrecht e do PP. “Luiz Inácio Lula da Silva decidiu resolver ambos os
problemas indicando Paulo Roberto Costa para a Diretoria de
Abastecimento; que isso também visava garantir espaço para ilicitudes,
como atos de corrupção, pois atendia tanto a interesses empresariais
quanto partidários”, disse.
A partir daí, houve
grandes operações de investimentos e, simultaneamente, ações ilícitas
voltadas para o abastecimento financeiro de partidos políticos. O MBD,
por sua vez, teria feito pressão, inclusive com votações no Congresso,
para obter a Diretoria Internacional da Petrobras. Palocci também
relatou uma reunião com ele, Lula, Dilma e o então presidente da
Petrobras, José Sérgio Gabrielli, no Palácio da Alvorada, a fim de
negociar repasses de R$ 40 milhões para a campanha de Dilma. Lula
trabalhou para que a Petrobras encomendasse a “construção de 40 sondas
(para exploração do pré-sal) com a finalidade de garantir o futuro
político no país e do Partido dos Trabalhadores”. Parte do dinheiro das
obras seria repassada em propina aos envolvidos. O ex-ministro apontou
que Dilma também estava na reunião, e que Lula sabia dos desvios na
Petrobras desde 2007.
Ligação
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando
Haddad, candidato do PT à Presidência, pode ter a candidatura atingida,
porque sua imagem está atrelada a de Lula. Outra candidatura que pode
ser prejudicada é da ex-presidente Dilma, que concorre ao Senado por
Minas Gerais. O cientista político Eurico Figueiredo, professor e
diretor do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal
Fluminense (UFF), ressalta que o impacto imediato pode ser no voto dos
eleitores indecisos. “Existe uma polarização muito grande neste primeiro
turno. A delação não vai influenciar quem já decidiu votar no Haddad e
demais candidatos do PT, mas poderá ter efeito nos indecisos que,
segundo as pesquisas, representam um terço das intenções de voto. A
liberação ocorreu na reta final da campanha”, afirmou.
O que diz Palocci
- As duas campanhas de Dilma à Presidência custaram R$ 1,4 bilhão, sendo que apenas R$ 503 milhões foram declarados ao TSE
- Lula indicou Paulo Roberto Costa para a Petrobras com a finalidade de “garantir ilicitudes”
- O pré-sal foi usado por Lula para conseguir dinheiro, a fim de financiar campanhas do PT
- MDB chegou a travar votações no Congresso para obter a Diretoria Internacional da Petrobras
- Medidas provisórias editadas nos governos do PT foram motivadas por propina
- Lula sabia da corrupção na Petrobras desde 2007 e optou pelo prosseguimento do esquema Correio Braziliense
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