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sábado, 13 de outubro de 2018

Questão de honra

Em momentos radicalizados como o atual, é preciso conter os impulsos primitivos que podem aflorar em militantes

O candidato Jair Bolsonaro deveria ser o primeiro a querer uma investigação rigorosa sobre os episódios de violência envolvendo seu nome nos últimos dias. Não basta dizer que não quer os votos de quem participa de tais atos, nem se eximir de culpa quanto a eles, alegando que nada pode fazer.  Cabe a um líder político da envergadura que ele se tornou, mais por circunstâncias da política do que por méritos próprios, dar o rumo a seus liderados, desencorajando a violência como método político.

Ao mesmo tempo, em momentos radicalizados como o que estamos vivendo, a luta política toma feições selvagens, e é preciso conter os impulsos primitivos que podem aflorar em militantes, que, além de atos violentos, são capazes de usar os novos meios de comunicação para espalhar calúnias contra os adversários. Há diversos exemplos dos dois lados em disputa de uso distorcido das redes sociais, com a disseminação de fake news. Os bolsonaristas espalharam, por exemplo, que o PT distribuirá nas escolas o tal kit gay, com descrição gráfica de objetos pornográficos para crianças. [não se trata dos bolsonaristas espalharem notícias sobre a distribuição do kit gay em escolas -  o PT vem tentando distribuir o KIT GAY desde o primeiro governo Lula e Haddad foi ministro da Educação de 2005 a 2012;
só em 2011, Haddad ainda ministro da Educação é que Dilma não aguentando as pressões contra o kit gay,  abortou o projeto.]
 
Os petistas, que Bolsonaro acabará com o Bolsa Família, recurso recorrente já tradicional nas campanhas presidenciais dos últimos anos. Um vídeo reproduz o que seria uma carreata de bolsonaristas em uma cidade do Nordeste, distribuindo grama para a população que votou maciçamente no PT.  Claramente uma fake news, pois quem deveria comer a grama seriam os bolsonaristas que supostamente bolaram tamanha burrice. Mas o vídeo de um comício com a presença do candidato Wilson Witzel e de um dos filhos de Bolsonaro, onde arrebentaram a placa com o nome de Marielle Franco, é um flagrante de violência permitida ou incentivada que não é admissível num ambiente democrático. [os que colocaram a placa homenageando a vereadora e afrontando a memória do legalmente homenageado pela placa antiga - instalada no local em cumprimento a Decreto da Prefeitura do Rio ´é que violaram as leis.
Os que retiraram e destruíram a placa pirata apenas estavam combatendo um ato criminoso.
Mais uma vez a maldita esquerda comete seus crimes e tenta passar para os adversários.]

É nesse contexto que, nos últimos dias, vários episódios de violência de supostos seguidores de Bolsonaro têm sido divulgados, o que exige uma investigação séria e um trabalho consistente da campanha do candidato do PSL para esclarecê-los, como o do capoeirista baiano morto a facadas supostamente por apoiar o PT. [o único indício do assassino ser apoiador de Bolsonaro é que o mesmo vestia uma camiseta da campanha do Bolsonaro - alguém usar uma camiseta de um candidato, ou qualquer material de campanha, quando comete um crime não é prova, sequer indício, de que cometeu o crime estimulado pelo candidato.
O parágrafo abaixo bem comprova o nosso entendimento.]  

O caso chocou o país, mas as versões do assassino e do dono do bar onde o fato ocorreu desmentem que a discussão tenha sido por questões políticas. Um esclarecimento oficial tem que ser dado. Em 1989, sequestradores do empresário Abilio Diniz foram presos antes da eleição usando camisas do PT. Depois, ficou comprovado de que o crime nada tinha a ver com o PT.

Outra situação que tem que ser encarada por Bolsonaro e sua equipe é o não comparecimento aos debates. Enquanto tem os laudos médicos avalizando sua ausência, não pode ser acusado de estar fugindo do debate. Mas, quando insinua que pode continuar não comparecendo “por estratégia”, Bolsonaro expõe-se à crítica da opinião pública. [qualquer médico pode comprovar que Bolsonaro além de uma facada violenta, que atingiu vários órgãos do candidato, em uma área altamente sujeita a infecções e depois foi submetido a duas cirurgias de grande porte, levará vários meses para estar plenamente recuperado.
Tentaram fazer que Tancredo Neves, gravemente doente, parecesse estar recuperado e o resultado todos sabemos.
Bolsonaro tem o DEVER para com os brasileiros e brasileiras, para com o BRASIL de envidar todos os esforços para ter uma pronta, rápida e completa recuperação.]
O então presidente Lula, em 2006, faltou ao debate no primeiro turno e foi castigado pelos eleitores, que claramente quiseram lhe dar um susto. Seu adversário, Geraldo Alckmin, esse mesmo que teve agora pouco mais de 4% dos votos, terminou o primeiro turno naquela ocasião com surpreendentes 41%, contra 49% de Lula.

Surpreso por não ter vencido a eleição logo, o que lhe tiraria também o complexo de ter perdido duas vezes para Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno, Lula ficou deprimido e trancou-se em casa por uma semana. Alckmin não soube aproveitar-se do momento e terminou a eleição com menos votos que no primeiro turno. Mesmo que Bolsonaro tenha constatado, por pesquisas, que seu eleitorado não o criticará, ou considerará uma esperteza positiva a falta aos debates, ele será, se eleito, presidente de todos os brasileiros, e tem que pensar no coletivo, não na sua história política pessoal.

Vencer esquivando-se do debate com o adversário fará com que possa ser considerado, por parte do eleitorado, inseguro de sua capacidade de dirigir o país. Há também a desconfiança em alguns setores de que não terá condições físicas para assumir a Presidência, um boato que coloca uma dúvida importante no tabuleiro eleitoral que só ele pode desfazer. O susto que Lula levou em 2006 não se repetirá desta vez, mesmo porque estamos no turno final e ninguém que votou contra o PT votará a favor agora para castigar Bolsonaro, castigando-se. Mas a liderança simbólica poderá ficar arranhada.

Merval Pereira - O Globo 

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