Há um compêndio de fracassos dos bancos para evitar a lavagem de dinheiro
Num início de verão no Rio,
“Barbear” precisou encobrir a transferência de R$ 1,5 milhão ao exterior.
Convocou os doleiros “Fofinho” e “Boneca”, seus parceiros no lucrativo negócio
de lavagem de dinheiro. “Barbear” era Oswaldo Prado
Sanches, diretor das empresas do bilionário Julio Bozzano. “Fofinho” habitava a
pele de Henri Tabet, e “Boneca” na vida real era Dario Messer.
O dinheiro foi para o Bank of
China. “Fofinho” justificou-se ao banco: gastaria R$ 572 mil em anzóis e R$ 344
mil em bonés. Deu certo. Nas investigações da Lava-Jato há
um compêndio de fracassos dos bancos para evitar a lavagem de dinheiro. O
sistema global de vigilância bancária tem mais buracos que queijos suíços,
apesar das barreiras criadas após os atentados terroristas de 11 de setembro de
2001. Num exemplo, durante 60 meses uma
rede clandestina do eixo Rio-São Paulo conseguiu esconder o equivalente a R$
6,6 bilhões em dinheiro de corrupção em meia centena de países. Mobilizaram
quatro mil empresas em paraísos fiscais.
Há pedidos para investigação de
outras remessas a bancos em cidades como Zurique, Luxemburgo, Bruxelas, Dublin,
Madri, Hong Kong, Xangai, Seul e Dubai, entre outras.
Parte da bilionária lavagem
começou em Wall Street, nas casas bancárias J.P. Morgan, Citibank, Bank of America,
HSBC, Bank of New York, Barclays, Standard Chartered, Morgan Stanley, Wachovia
e UBS.
O fluxo de dinheiro de corrupção
lavado a partir do Brasil alcançou a média de R$ 110 milhões por mês, ou R$ 5,5
milhões a cada dia útil, entre 2011 e 2016. Dario Messer, um dos agentes da
Odebrecht, chegou a embolsar R$ 121 milhões em 48 meses de serviços na
camuflagem dos subornos pagos a políticos. Lucrou R$ 126 mil a cada dia útil. Depois da posse de Dilma
Rousseff, em 2011, Messer chegou a socorrer a Odebrecht numa ocasional escassez
de caixa, com empréstimo de R$ 32 milhões ao departamento de propinas do grupo.
Aparentemente, “Boneca” vive no Paraguai.
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