[querem enquadrar a procuradora -geral da República.]
Dodge diz que compreende 'ato de entrega de funções, mesmo dele discordando'. Chama a atenção para o momento de crise do país e para a inoportuna expansão de gastos do dinheiro público
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, jogou água fria na
intenção dos membros do Ministério Público Federal (MPF) de abandonar
cargos em grupos de trabalho, representações e coordenações. Ao sentir a
pressão para abrir espaço para mais um penduricalho - gratificação por
acúmulo de funções – agiu rápido pelas redes internas e apaziguou os
ânimos.
Com o restabelecimento do diálogo, a Associação Nacional dos
Procuradores da República (ANPR) já começa a admitir que a mobilização
para o protesto, que teria início nesta segunda-feira (11/2),
naturalmente se dissolverá. Na mensagem, Dodge diz que compreende “o ato
de entrega de funções, mesmo dele discordando”. Chama a atenção para o
momento de crise do país e para a inoportuna expansão de gastos do
dinheiro público. E dá um puxão de orelha: “o propósito de defesa da
integridade do MPF dispensa a exposição gratuita da instituição à
opinião pública, consequência natural de eventual entrega de funções”,
afirma.
“Queríamos justamente isso. Mas ainda falta ela marcar sessão
extraordinária do Conselho Superior do Ministério Público Federal
(CSMPF) para sentarmos e resolvermos as pendências”, afirma José
Robalinho Cavalcanti, presidente da ANPR e principal articulador da
mobilização. Ele insiste que a assimetria remuneratória com os juízes é
fundamental e que isso só depende da mudança na fórmula de cálculo para
expandir o pagamento da gratificação a maior número de membros. “Mesmo
com o aumento de 16,38%, com o fim do auxílio-moradia, na primeira
instância, houve queda mensal dos subsídios em torno de R$ 1,2 mil”.
Questionado se não seria o caso de o dinheiro do auxílio-moradia
retornar ao caixa do Tesouro para colaborar com o ajuste fiscal,
Robalinho explicou que “isso não existe, porque prejudicaria o futuro do
MPF, seria uma forma de encolher o orçamento nos próximos anos”.
De
acordo com especialistas em finanças públicas, o dinheiro que era usado
no auxílio-moradia, cuja quantia foi mantida em 2019, não está
exatamente sobrando e nem será devolvido. “Esses recursos podem ser
investidos em custeio ou em projetos importantes. Cabe lembrar que, em
passado não muito distante, a classe reclamava de falta de verba para
viagens, diárias, gasolina, entre outras. Houve categorias que fizeram
campanha para não usar veículos sem vistoria e sem condições de
trafegar. Então, chegou a oportunidade de o dinheiro que saiu do
auxílio-moradia, que era indenizatório e não integrava o salário, ir
para funções mais nobres”, criticou um técnico que não quis se
identificar.
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